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programa criado e dirigido por WELLYNGTON VIANNA
apresentação de MARCELO DELPKIN
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Olá, querido(a) leitor(a)! O Observatório da Escrita de hoje traz um pouco sobre os vícios de linguagem em Nossa Língua. Não perca, pois o programa entra no ar já.
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Todos nós, quando escrevemos uma história ou uma redação, por exemplo, tentamos construir as melhores frases que conseguimos. Pelo menos esse é o objetivo. Porém acabamos cometendo alguns pecados ao tentar tornar nosso texto mais sofisticado ou elegante. É o que denominamos vícios de linguagem. Alguns deles soam engraçados e até vulgares (como o filme As Branquelas), outros pra lá de repetitivos (como A Lagoa Azul), e há também aqueles muito desagradáveis de se ler/ver (como Jogos Mortais). Vamos aos principais defeitos de linguagem:
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1) Pleonasmo vicioso ou redundância:
Pleonasmo é a repetição intencional de uma informação. Embora pode ser utilizado como recurso de ênfase num poema ou numa narração literária, o uso em outras situações é inadequado e deselegante. Portanto, evite-o. Exemplos:
Lucas entrou para dentro do ônibus para Laranjeiras.
Fionna teve uma inesperada festa surpresa.
A nova série é baseada em fatos reais.
Quem entra, é claro que se desloca para dentro. Ninguém entra pra fora. Além disso, toda surpresa é inesperada. É óbvio, assim como todo fato é real. Não existe fato que ocorre na imaginação ou no sonho.
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2) Solecismo:
Este nome estranho significa desvio na construção sintática, ou seja, relativa à concordância, à regência ou à colocação pronominal.
Ivo assistiu o show da banda pela TV.
Alicia não aguentava-se de desejo por William.
Vende-se casas.
O verbo assistir, no sentido de ver um espetáculo ou um programa, pede o artigo A; mas este não aparece na primeira frase. Já o pronome SE, na frase protagonizada pela vilã de Excelsior, deveria estar após o advérbio negativo (NÃO) em vez do verbo. Por fim, um erro de concordância é a causa do solecismo na última frase. O verbo deveria vir no plural, pois “vendem-se casas”.
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3) Estrangeirismo:
É o uso excessivo ou esnobe de palavras estrangeiras, em especial quando existe uma forma na língua oficial. Termos em inglês, francês e italiano formam os casos mais frequentes.
O aplicativo tem uma ótima performance. (= desempenho)
Visite o nosso showroom. (= mostruário)
Amber tem um imenso savoir-faire. (= experiência, prática)
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4) Preciosismo:
Uso excessivo de “vocábulos difíceis”, apenas para demonstrar um conhecimento (ou memorização) de um grande número de palavras do dicionário, muitas delas já em desuso. Geralmente a mensagem é pouco clara e beira ao esnobismo.
“Seu gesto altruísta e empreendedor ensombrece e, decerto, oblitera a existência dos demais mortais que o configuram como a figura exponencial de nossa organização empresarial, baluarte de nossas vitórias.” (trecho retirado do Wikipédia)
A não ser que a frase seja dita num sarau de leitura de obras de Machado de Assis ou contemporâneos, o(a) homenageado(a) ficaria mais contente ao ouvi-la com palavras mais simples e cotidianas.
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5) Arcaísmo:
Esta “moda retrô” causa um efeito até engraçado. O arcaísmo é o uso de expressões antigas e já não mais usadas.
Vosmecê quer um pedaço de bolo?
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6) Clichê, chavão ou lugar-comum:
Clichê significa uma tendência seguida repetitivamente por um grupo social qualquer. Por exemplo, os livros eróticos sobre CEOs (estrangeirismo equivalente a “altos executivos”!) no Wattpad. Como vício de linguagem, ele define o uso de expressões do senso comum, como as que seguem e que são reproduzidos quase instintivamente em textos de todos os estilos:
A união faz a força.
Viva um dia de cada vez.
Lugar de mulher é na cozinha.
Muitos clichês representam mensagens (pseudo)moralistas, quando não trazem conteúdo preconceituoso e pejorativo. Em termos gerais, escondem a falta de criatividade e de originalidade ao que se deseja comunicar. A política e a propaganda também se utilizam de chavões a fim de capturar possíveis votos e compradores.
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7) Ambiguidade ou anfibologia:
É a construção de frases que permitem duas ou mais interpretações, de forma que não há clareza do que se quer expressar:
Luana e Valquíria viajaram no seu carro. (Quem é a dona do carro?)
Ivan serviu lasanha a Solange em sua casa. (Na casa de quem?)
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8) Tabuísmo:
É o uso de palavras ou frases em contexto que configure um tabu social ou religioso, ou seja, o uso de “palavrões”, vocábulos sexuais, doenças, morte, elementos escatológicos e afins. Muitas vezes é preferível fazer eufemismos ou hipérboles “inocentes” para evitar o tabuísmo; depende do contexto.
Os vermes devoravam o corpo do pobre homem ao relento. (Eca!!!)
Ela perfurou o cabaço com uma caneta porque queria forçar um casamento com Eduardo. (Pesado, não?)
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9) Barbarismo:
É um desvio feito na pronúncia, acentuação, ortografia, flexão ou significado. Observe alguns exemplos:
Lígia deixou sua rúbrica no contrato de modelo.
(O certo é rubrica, com o I mais forte na pronúncia)
Se eles quizerem, a votação será adiantada para hoje.
(Quiserem e suas variações se escrevem com S em vez de Z)
Pedro e Carla proporam um conserto de Natal.
(As formas corretas na frase são: propuseram, concerto)
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10) Cacofonia:
Esta “praga” muito difícil de se perceber enquanto se escreve pode ter efeitos tão devastadores quanto o item anterior. Quando alguém lê em voz alta e aparece um cacófato, babau!
O médico francês beijou a boca dela.
Alice nunca gasta somente o necessário.
Cuba lança uma campanha pela candidatura de César Évora à presidência.
Certamente você está morrendo de rir, de vergonha ou de raiva de ler frases aparentemente simples, mas que trazem “sem querer querendo” sons de palavras não muito agradáveis, como cadela e balança. Pois é, esse é o efeito pegajoso deste vício de linguagem.
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11) Gerundismo:
Também conhecido como a “praga do telemarketing”, ele é caracterizado pelo uso indevido do gerúndio.
Geraldo, vamos estar providenciando as artes e a data da postagem de seu conto.
Para começar, a construção com três verbos é desnecessária e deselegante para o que será dito ou escrito. Um “vamos providenciar” resolve com mais eficiência e em acordo com as normas da nossa língua. O gerúndio (verbos em -NDO) só deve ser usado quando tiver o sentido de continuidade, de seguimento. Por exemplo:
Sylvana também está escrevendo um conto novo.
Escrevendo um pouco por dia, você não perderá o foco de sua série.
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Se você conhece outros tipos de vícios de linguagem e quiser colaborar nos comentários, fique à vontade.
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O Observatório termina por aqui, mas daqui a pouco tem mais uma edição do Backstage. Está imperdível. Hoje tem convite da Néka Martins, só pra dar uma amostra. Até já!