Olá, leitor(a)! Como vai o domingão? Espero que melhore agora com a resenha de duas obras que preparei especialmente pra hoje, uma da Megapro e uma do Rajax.
Na última segunda-feira (30), a Megapro lançou sua mais nova novela: Amada Família, escrita por Everton Brandão. A premissa da trama está na forma com que um acidente de trânsito une as vidas de três jovens e seus núcleos familiares: o doce Adolfo, a moderna Amanda e o decidido Ariel. Vamos aos destaques do que foi apresentado até agora.
Ariel já aparece na primeira cena da novela, em que dança sensualmente e em destaque numa boate, ao som de Vogue, cantada por Madonna. Inicialmente de terno preto, a drag queen tira cada peça de roupa até revelar um maiô branco. A exemplo da telenovela Celebridade, de Gilberto Braga, Ariel e os demais protagonistas são mostrados em flashes junto com os nomes.
Amanda entra em cena numa situação pela qual ninguém deseja passar: ela foi traída em plena noite de núpcias pelo marido-estorvo Walter. Após uma discussão acalorada na qual até o nome da cantora Anitta é mencionado (!), o matrimônio é rompido. Depois rola uma troca de farpas entre Amanda e sua irmã Alice, porque esta acredita que Amanda é um fracasso em matéria de segurar homem.
Adolfo, por sua vez, namora a chatinha Stéfani, que fala mal das duas mães do rapaz, Adriana e Débora, na cena 3. Elas são duas mulheres que se amam incondicionalmente e que lideram a bela família Monsoon, da qual também participam as filhas Cecília e Marina. Todos com cabeça aberta e muito amor uns pelos outros. A meu ver, o melhor núcleo de Amada Família. Everton Brandão caprichou.
A família de Ariel é formada por Luciano e pela arrogante e preconceituosa Vanessa. Esta embrulha o estômago dos leitores desde o início, principalmente quando critica as mães de Adolfo no hospital (capítulo 2). Mal imagina ela a realidade do próprio filho. Professora, ela não se sente preparada para o ensino na rede pública, onde passa por todo tipo de perrengue com os alunos. Já o núcleo de Amanda é formado por Fernando, Emília e a já citada Alice, além da empregada Lígia. Fernando é um advogado bem-sucedido que nem imagina se tornar alvo da mais nova contratada, Rafaela, num plano de vingança elaborado com a cúmplice Letícia. Qual será o motivo? Isso fica para os próximos capítulos.
Da metade pro final do capítulo inicial, os destinos dos três personagens principais se cruzam. Ariel foge de uma abordagem homofóbica de dois estranhos e consegue abrigo no carro de Amanda. Adolfo, por sua vez, faz seu percurso de moto. Suspense. Na última cena, o acidente! O carro e a moto se chocam, e o trio termina acidentado. Amanda pouco se fere, Ariel tem mais escoriações e Adolfo, o menos sortudo, entra em coma e assim ficará por vários capítulos. Resultado: no segundo episódio, Adriana entra em parafuso e, ao descobrir que Amanda estava no volante no carro, arma um escândalo com Emília. Já no capítulo 3, o destaque é a cena entre Ariel e Amanda, que fazem amizade no hospital. Melhor diálogo da novela desde o início: muito bonito e espontâneo.
Amada Família promete ser a melhor novela da Megapro em 2020, pelo menos entre o material apresentado até aqui. O autor teve uma ideia incrível de unir três vidas, bem como criar uma relação de amor e ódio entre os demais personagens, sempre a partir do núcleo AAA (Adolfo-Amanda-Ariel). Assim como em outras atrações do canal, temas atuais também se fazem presentes na história, como o casamento homoafetivo, o feminismo, a assexualidade e o mundo drag, mas o autor aborda tais assuntos de forma natural na maioria das cenas, ou seja, sem a dita “lacração forçada”.
Ocorrem pequenos erros ortográficos e de pontuação — como em “melância” e “cassete” (melancia e cacete) — que em nada comprometem o prazer e a fluidez da leitura. Boa formatação de roteiro, no geral; apenas uma coisinha ou outra me incomodaram, mas são coisas que pouco interferem na ação. O mesmo aconteceu em três ou quatro diálogos, mas no geral eles são bem agradáveis. O autor está de parabéns em sua estreia em novelas. Parabéns, Everton!
Amada Família é postada às segundas, quartas e sextas, sempre às 21h.
Também na última segunda-feira, a Rajax estreou sua primeira novela: Relações Destrutivas, de Paulinho Perigoso e Megan Clarke. Assim como em Amada Família, os núcleos familiares também se mostram importantes, só que numa faceta nem sempre feliz — daí o título da obra. A batalhadora Patrícia e a fútil Megan são amigas (pero no mucho), até que surge o galã Eduardo, paizão em casa e tarado fora dela, para ser disputado pelas gatas.
O primeiro capítulo começa com uma cena típica de comercial de margarina entre pai e filha — Eduardo e Manuela; mas logo o clima é cortado quando, na cena seguinte, o mocinho nada ortodoxo joga um balde de água com gelo no dorminhoco Ícaro, irmão gêmeo da garota. Atitude meio forçada para um pai de família, mas é essa a intenção da novela: fazer rir.
Na cena seguinte, a patricinha Megan rompe o relacionamento com Abner, apenas porque ele olhou para o traseiro de outra mulher. Pior: ela mesma tira a roupa no meio da rua e se exibe para quem quiser ver. O sortudo é Eduardo, que baba pela moça sem a menor cerimônia quando ela posa em cima do carro dele.
Se a apresentação de dois dos protagonistas, Eduardo e Megan, não revelou muito sobre eles até então, a próxima personagem já mostra as garras e promete ser a melhor da novela: Alessandra, a vovó desbocada, moderna e pra lá de saliente. As melhores tiradas são dela. Já de cara, olha toda afoita uma revista de beleza masculina em pleno café da manhã, enquanto conversa com a maquiavélica e homofóbica filha Doroteia e a empregada Isolda sobre a possibilidade de contratar um diarista. Adivinha quem é o sortudo?
No bloco seguinte, surge Patrícia como a “orelha” de Megan. Aí está uma falha de roteiro. Uma protagonista central jamais deve começar a novela fazendo as vezes de coadjuvante. A primeira impressão é a que fica, cuidado!
Em outra cena é que Patrícia mostra a que veio e defende o irmão Fabrício dos comentários maldosos de Doroteia, mãe deles. Assim também acontece quando Megan mostra as garras de onça quando humilha Antônio, o pai. Madá, a irmã, toma as dores e chega a bater na vilã nos capítulos seguintes. Será que Megan tem andado com o Henrique de Falso Amor e com o Guilherme de Escândalo? Pelo sim, pelo não, ela merece um bom castigo.
Enquanto Fabrício se encontra com o namorado Gabriel — palmas para a dupla pela relação mais amorosa da novela (excelente!) —, Doroteia despeja nos ouvidos de um pobre taxista palavras pejorativas como viado, bicha e baitola. Encontra-se com Megan e sugere a ela uma parceria: oferece dinheiro para a jovem se passar por namorada de Fabrício. De volta pra casa, passa o serviço ao novo diarista. Rapidamente Eduardo se envolve em mais uma cena caliente, quando Patrícia despeja vitamina na camisa dele e o faz ficar seminu, para a alegria dos/das fãs do ator Rafael Cardoso. O capítulo inicial termina com Paty flagrando os olhares de Megan — novamente seminua — e Eduardo.
Nos dois capítulos seguintes, além do mencionado tapa de Madá em Megan, o que se destaca mais são as novas aventuras da Dona Alê: folheando as páginas de uma G Magazine, encontrando-se com um senhorzinho atraente na boate ou levando-o para um motel de um jeito que só Neuza Borges saberia fazer. É a melhor personagem desenvolvida pela dupla Paulinho e Megan (xará da vilã) nesta novela. O núcleo familiar dela tem ótimas cenas, inclusive as de Doroteia soltando veneno contra o filho e o genro.
Como dito antes, os três protagonistas demoram um pouco pra mostrar suas funções reais na trama. Começam espevitados, sensuais, e só depois se definem como mocinha, galã e vilã. Algumas cenas entre eles ficaram um pouquinho exageradas no episódio inicial, mas se diluem aos poucos nos capítulos seguintes. O que se encaixa em Alessandra nem sempre pode ser adequado ao time principal. Não que os três não possam ter humor, mas é só a dosagem mesmo; senão ficam caricatos e pouco críveis. Cada personagem deve ter um tom diferente. Exemplo bem elaborado nesse aspecto é o de Antônio, o ser mais dramático da novela.
Relações Destrutivas não é e nem faz questão de ser um folhetim clássico cheio de clichês. Sua principal marca é ser politicamente incorreta e debochada, no bom sentido. Se você curte novelas assim, dê uma chance para a atração do Rajax. Segundas, quartas e sextas às 19h.
O Observatório fica por aqui, mas daqui a pouco tem o Cyber Backstage e depois o Nostalgia. Fique ligado(a). Até já!
Tá aí, gostei da crítica.
Eu também acho que a trama central deu uma deslizada, mas ela vai sim se sair melhor nos próximos capítulos, acredito que pelo fato dela ser mais clichê e não envolver tanta “polêmica” ou “escândalo” como o Fabrício e a Dorotéia, elas acabam se sobressaindo mais, mas realmente a sua crítica é valida.
Ansioso pra ler os próximos capítulos, bem como o desenrolar das aventuras de Eduardo, Patrícia, Megan, Dorotéia e sua turma. Teve esses pequenos deslizes, mas a trama me pegou logo de cara. Parabéns! RD promete ser um dos destaques de 2020 no MV. Parabéns a você e à Megan pela iniciativa. 😉
[…] Destrutivas, que ganhou resenha no Observatório de hoje, bateu recordes de audiência na Rajax em plena semana de […]
Tomara que se mantenha assim. <3