CENA 01. CASA HELENA. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Helena põe o telefone no gancho, satisfeita. Não percebe a presença de Ângela na porta.

HELENA
Tentou me enfrentar? É isso que acontece, Jairo.

ÂNGELA
Com licença, dona Helena.

HELENA (susto)
Ai! Que foi, assombração?

ÂNGELA
Desculpa, dona Helena. Só vim ver se a senhora vai tomar café.

HELENA (nervosa)
O que acha? É claro que vou! A Amanda já desceu?

ÂNGELA
Já está na mesa.

HELENA
Então corre pra servir, embuste!

ÂNGELA
Não precisa mandar de novo.

Ângela sai assustada com a reação de Helena. Esta sai em seguida.

CENA 02. CASA HELENA. SALA JANTAR. INT. DIA.

Helena e Amanda tomam café da manhã à mesa. Clima de silêncio. Ângela de pé num canto. Helena bebe uma xícara de café, como se nada tivesse acontecido. Amanda com expressão depressiva.

ÂNGELA
Você está bem, Amanda?

AMANDA
Não, Ângela.

HELENA
Vai pra cozinha ver se te serviço, criada.

AMANDA
Mãe, não fala assim com a Ângela. Ela só tá preocupada comigo.

HELENA
Deveria ter ficado antes de você engravidar do…

AMANDA (corta)
Eu já sou maior de idade e sabia muito bem o que estava fazendo. A Ângela não tem nada a ver com isso. Deixa ela de fora. Engravidei do homem que amo, sim, e pretendo ficar com ele, você queira ou não.

HELENA
Nunca! Eu não botei você no mundo pra ter filhos de um motorista xexelento. Além do mais, já botei o Jairo pra correr. Aqui ele não trabalha mais.

ÂNGELA
E nem vive.

HELENA
Hoje, no máximo amanhã, vou obrigar o Carlos Eduardo a assumir esse filho e se casar com você. Nem que eu precise pedir ajuda pro Armando naquele lugar fétido.

AMANDA
Você esqueceu que ele foi deserdado, mamãe?

HELENA
Faço o Armando reconsiderar a decisão se o Carlos se unir a você.

AMANDA
Você é doente, mãe! Não vê que assim afasta todo mundo de você? O Régis já tá cansado dos seus chiliques. A Leila não quer mais olhar na sua cara. A vovó não liga mais pra cá. O papai, muito menos. Com licença, que meu bebê precisa de tranquilidade. (se levanta)

HELENA (agarra Amanda pelo braço)
Isso se esse filho da pouca vergonha nascer.

AMANDA
Experimenta tirar meu filho, que eu conto tudo que sei de você em tudo que é lugar. (se solta da mãe e se afasta) Ângela, me ajuda a arrumar minhas coisas. Vou passar uns dias lá na Bianca.

ÂNGELA
Sim, Amanda.

Amanda e Ângela saem. Helena fica com ódio.

CENA 03. HOSPITAL. CONSULTÓRIO ESTÊVÃO. INT. DIA.

Estêvão conversa com Ana. Estão sentados à mesa do médico.

ESTÊVÃO
Era a Amanda. Vai passar um tempo na casa da amiga. Teve uma briga feia com a Helena e… Vai ser até bom, por causa da gravidez. Acredita que a Helena falou em aborto pra menina?

ANA
Que horror! (faz sinal da cruz) Desculpa, mas isso não pode ser mãe.

ESTÊVÃO
Helena sempre foi muito egoísta. Sempre se colocou na frente de todos. Até mesmo dos filhos.

CENA 04. HOSPITAL. QUARTO GIOCONDA. INT. DIA.

Gioconda repousa, mas está acordada. Bruno entra lentamente e fecha a porta. Troca olhares com Gioconda.

GIOCONDA
Bruno? Achei que já tivesse…

BRUNO
Ido? Foi por pouco. O Estêvão me falou que você estava aqui.

GIOCONDA
Fui atacada pelo traste do Armando.

BRUNO
Por que raios você foi se envolver com ele?

GIOCONDA
Ele me chantageou. Não tinha como fugir.

BRUNO
Tinha sim. Mas preferiu esconder o passado e cedeu aos caprichos dele e da Helena. Não adiantou nada. Ela me contou tudo.

GIOCONDA
Não sei nem como posso me desculpar ou justificar…

BRUNO
Você escondeu uma coisa tão grave de mim, Gioconda.

GIOCONDA (chora)
Eu queria te poupar. Você ficou naquele estado, em coma, tinha toda uma recuperação pela frente…

BRUNO
E preferiu fugir com o Fábio pra não me ver na pior… Ele sabia?

GIOCONDA
Sabia sim. (pausa) Desde o começo.

BRUNO (chora)
E o idiota aqui foi o último a saber.

GIOCONDA
Não fala assim. Você não foi idiota. Eu não queria que sofresse como está sofrendo agora. Nunca foi fácil pra mim esconder de você…

BRUNO
Fala com sinceridade. Sou só um amigo qualquer que você expõe como troféu na sua estante de vaidade, não sou?

GIOCONDA
Não, claro que não. Por que está falando assim comigo? Bruno, a Helena te envenenou contra mim?

BRUNO
Não foi a Helena. Foi você mesma. Desde o dia em que começou a esfregar na minha cara seus inúmeros namorados, ficantes, maridos ou o raio que os parta.

GIOCONDA
Do que está falando?

BRUNO
Eu te amo, caramba! Será que você não é capaz de enxergar isso? Eu te amo, Gioconda! (ela fica assustada) Se eu fiquei do seu lado desde sei lá quanto tempo, é porque sempre fui apaixonado por você. (pausa) Como você acha que me senti quando a Helena me falou que você teve um filho com um qualquer?

GIOCONDA
Não sei nem o que dizer. Pra mim você sempre foi o melhor amigo que tive. Jamais pensei que te fizesse tão mal. Se eu soubesse… O Fábio tentou me avisar, mas…

LENA (entra)
Gioconda, fiquei apavorada quando a Ana me ligou e… Aconteceu alguma coisa aqui?

BRUNO
Não, está tudo bem. Vou dar uma volta. Fica com ela, Lena. (sai)

LENA
Pelas caras de vocês, teve discussão.

GIOCONDA
Antes fosse. Como pude ser tão burra, amiga?

Lena se coloca ao lado de Gioconda e a abraça.

CENA 05. DELEGACIA. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Sandro e Jô entram no recinto e se encaminham ao recepcionista.

RECEPCIONISTA
Em que posso ajudar?

SANDRO
Sou próximo do Armando Alighieri. Segurança pessoal da noiva dele. Ele está recebendo visitas?

RECEPCIONISTA
Muito restritas. Apenas parentes e pessoas do círculo social. Ordens da delegada. A moça vai junto?


Não, só ele.

RECEPCIONISTA
Só um instante. Me aguardem aqui.

SANDRO
Obrigado.

JÔ (a Sandro)
Enquanto você enfrenta a fera, vou dar uma passada lá no covil. A Ângela disse que tem bomba nova da Helena. Te cuida.

SANDRO
Você também.

Jô sai da delegacia. Sandro espera no balcão.

CENA 06. HOSPITAL. CONSULTÓRIO ESTÊVÃO. INT. DIA.

Estêvão continua a conversa com Ana.

ESTÊVÃO
Helena está se isolando a cada dia. Pior: o envolvimento com o Armando pode sujar o nome dela diante de todos.

HELENA (entra)
Estêvão, precisamos conversar urgente. Bota essa mulherzinha pra fora.

ANA (se levanta)
Como é que é? Você se acha, hein, madame.

HELENA

Não testa a minha paciência, vagabunda.

ANA
Vagabunda, não! Me respeita, que eu não sou da sua laia.

ESTÊVÃO
Parem de brigar na minha sala.

HELENA
Então ensina a essa oferecida o lugar dela.

ESTÊVÃO
O lugar dela é ao meu lado. É minha namorada, por quê?

HELENA
Namorada, uma ova. Você ainda é meu marido e exijo respeito.

ANA (ri)
Essa é boa. Trata as duas filhas igual bosta de cavalo e ainda quer respeito? Se toca! Ninguém atura gente louca como você. Agora sei por que todo mundo prefere a Gioconda.

Helena levanta a mão pra bater em Ana, mas esta a segura.

ESTÊVÃO (grita)
Fora daqui, Helena!

HELENA
Não saio! Me solta, vadia! (Ana solta a mão de Helena) Se está pensando que vai se livrar de mim, Estêvão…

ESTÊVÃO
Já me livrei! Nosso casamento acabou e o processo de divórcio já está rolando.

HELENA
Ah, então é assim? Vai me trocar por essa desclassificada? Ela vai enjoar de você rapidinho, quando souber que não dá no couro. (a Ana) Sabe o que tive que fazer pra ficar com esse frouxo?

ESTÊVÃO
Não começa, Helena!

HELENA
Tive que engravidar de outro homem pra fazer o Estêvão amadurecer e se casar comigo.

ESTÊVÃO
Você está passando dos limites.

HELENA
Bem que eu queria que o Régis tivesse o seu sangue, Estêvão. Mas não foi possível. Tive que engravidar de outro.

RÉGIS (entra; a Helena)
Como é que é, mãe? Ele não é meu pai?

HELENA (surpresa)
Régis? Você…

Régis foge, antes que Helena continue a falar.

ESTÊVÃO
Viu o que fez, Helena?

Estêvão sai atrás de Régis. Ana e Helena se entreolham.

CENA 07. DELEGACIA. CELA ARMANDO. INT. DIA.

Armando sentado numa cama improvisada na cela especial. Sandro e um policial se aproximam da cela.

POLICIAL
Tem visita. (a Sandro) Quando terminar, é só chamar. (se afasta)

ARMANDO
O que faz aqui?

SANDRO
Ver o que mais queria desde que vim de Goiânia. O assassino do meu pai apodrecer na cadeia.

ARMANDO
Se você está falando do Franco Novak…

SANDRO (corta)
É dele mesmo. Ele foi enganado e roubado da maneira mais covarde e mesquinha por um empresário de merda com sede de poder, assim como muita gente pelo Brasil todo. Se achou que ia se safar dos crimes que cometeu… Te peguei, canalha! Sabe que as grades combinam com você?

ARMANDO
Não vou ficar por muito tempo. Pode ter certeza disso. E quando eu sair…

SANDRO
Vai me matar? (pausa) Você não vai sair tão cedo. Já impugnaram sua candidatura, sabia? Seu vice já declarou ter nojo de você e recusou a continuar como candidato no seu lugar.

ARMANDO
Você está jogando.

SANDRO
Bem que eu queria. Mas é mais divertido ver um bandido do colarinho branco preso como um animal sarnento. Desde que meu pai morreu e que eu fui expulso com a roupa do corpo lá da fazenda, que eu queria pisar em você como uma barata. Ver a gosma saindo por todas as partes do seu corpo. Ouvir o estalo.

ARMANDO
Vejo que você é tão cruel quanto eu.

SANDRO
Só quando necessário. Ao contrário de você, tenho uma coisa chamada caráter. Coisa que você não conhece, não é? (pausa) Ah, outra coisa. O Carlos Eduardo, seu filho, e o Wilson, seu ex-secretário, passaram pro meu lado. Nesse ponto, eles foram mais espertos. Entregaram cada coisa de você.

ARMANDO
Eles são dois bananas. Não servem pra nada.

SANDRO
Só serviam pra executar os seus mandos e desmandos. Principalmente o Wilson, porque o Carlos acordou a tempo de não se casar com a Amanda só pra satisfazer o seu ego e o da Helena. Seu jogo está no fim, Armando.

ARMANDO
É o que veremos.

SANDRO
Não. É o que os corpos da Soraya e da Jéssica vão dizer no IML. Achou que ninguém iria achar a fazendinha de bosta onde enfiou a Jéssica? (pausa) Fica aí com sua pose de macho pegador da terceira idade. (aponta para os outros presos) Talvez um deles queira uma noitada com você.

Sandro se afasta até a porta de saída. Armando com expressão de ódio.

ARMANDO (grita)
Isso não vai ficar assim, Sandro Novak! O destino do seu pai será o mesmo que o seu!

PRESO DA CELA À FRENTE
Acho que o bacana saiu do sério. (gargalha)

CENA 08. HOSPITAL. CONSULTÓRIO RÉGIS. INT. DIA.

Régis entra aos prantos e senta no sofá. Estêvão entra em seguida e abraça Régis..

RÉGIS
Aquilo que ela disse…

ESTÊVÃO
É verdade, sim, filho. Ela usou sua gravidez pra me prender.

RÉGIS
Como ela pôde?

ESTÊVÃO
Você sabe que ela nunca teve comportamento muito normal, não é? (pausa) Eu sei que você está sofrendo, e não poderia ser diferente. Mas eu quero que saiba que você vai ser meu filho pra sempre, porque fui eu que te criei.

RÉGIS
Não tô questionando isso, mas a covardia da mamãe.

ESTÊVÃO
Ela já tinha tentado fazer isso uma outra vez, mas não deu certo. Ela perdeu o bebê. Depois tentou de novo e aí conseguiu. Sua mãe sempre foi cruel, manipuladora.

RÉGIS
Você sabe quem é meu pai? Aquele que me botou na barriga da mamãe?

ESTÊVÃO
Não importa quem ele é.

RÉGIS
Importa sim. Preciso saber até onde vai a loucura da Helena.

ESTÊVÃO
Tem certeza? Não sei se deveria…

RÉGIS
Se você sabe quem é, fala.

ESTÊVÃO (suspense)
Tá bom… Numa noite, após mais uma briga entre ela e sua avó, a Helena embebedou o seu avô e…

RÉGIS (grita)
Sou filho de um incesto? Como ela pode ser tão podre? Não vai me dizer que a Leila e a Amanda também…

ESTÊVÃO
Não. Elas são minhas filhas, sim. Ou pelo menos acho que são. Já não posso acreditar em mais nada que venha da sua mãe.

Régis chora copiosamente no ombro de Estêvão.

CENA 09. APARTAMENTO BIANCA. SALA. INT. DIA.

Amanda fala com Leila pelo tablet. Bianca está sentada com Amanda no sofá.

AMANDA
Eu não posso acreditar, Leila.

LEILA (tela)
Também tô horrorizada. Tô com calafrios até agora. Papai quer conversar com a gente depois. Acho que ele vai pedir exames de DNA, só pra ter certeza.

AMANDA
Mamãe passou de todos os limites. Ainda bem que saí de lá.

LEILA (tela)
Fez muito bem, mana. Ela tá ficando incontrolável.

AMANDA
E onde que ela tá agora?

LEILA (tela)
Aqui no hospital ainda. Tá tentando fazer a cabeça do nosso irmão. Mas vai ser difícil. Ele não quer nem olhar pra cara dela.

AMANDA
Nem eu.

CENA 10. CASA HELENA. QUARTO ÂNGELA. INT. DIA.

Ângela conversa com Jô discretamente.


Então foi ela?

ÂNGELA (tremendo de medo)
Acho que sim. Ouvi ela rindo porque se livrou do Jairo. Foi porque ele engravidou a Amanda. Ele tinha um caso com as duas, e estava querendo assumir a filha.


E feriu o orgulho da mãe. Bem que a Vicky, minha amiga, tinha me ligado no caminho pra falar que um homem tinha morrido a facadas por aqueles cantos. Vou investigar. Mas não fala nada pra sua patroa. Temos que deter essa mulher o quanto antes.

ÂNGELA
Com certeza. (pausa) Tô morrendo de medo dela.


Eu sei. Mas logo você vai ter que contar o que aconteceu na morte da Zilda.

ÂNGELA
Eu sei, mas a dona Helena me apavora só de olhar pra mim.


Tá. Age normalmente e me deixa informada, tá bom?

ÂNGELA
Tá.

CENA 11. HOSPITAL. QUARTO GIOCONDA. INT. DIA.

Gioconda conversa com Lena.

GIOCONDA
Como é que eu podia imaginar que o Bruno sentia por mim algo mais que amizade?

LENA
Não fica irritada comigo, mas sempre foi nítido que ele te amava.

GIOCONDA
Achei que ele soubesse que… E agora? O que faço?

LENA
Não sei. Vai depender do que seu coração mandar. O que você sente por ele?

GIOCONDA
Já não sei mais o que sinto ou o que deixo de sentir. Estou com as emoções todas embaralhadas. Ainda mais agora que…

LENA
Agora o quê?

GIOCONDA
Lena, meu filho estava perto de mim e só agora descobri. Lembra do que te falei sobre o Sandro?

LENA
Lembro… Mas…

GIOCONDA
É ele mesmo, Lena. Reconheci pela marca de nascença, enquanto ele brigava com o Armando.

LENA (feliz)
Mas isso é muito bom, amiga! Já falou com ele?

GIOCONDA
Ainda não. Não tive coragem.

LENA
O que tá esperando? Assim que ele vier, você deve contar tudo pra ele. Bom do jeito que é, o Sandro vai adorar saber da novidade. Não era ele que estava procurando pela mãe?

GIOCONDA
Era. Mas ele falava com tanto ressentimento. Como se viesse pra se vingar de mim, sei lá.

LENA
Devia ser a emoção. Ele viveu sem a mãe, não? Tem paciência, que logo vocês vão se entender.

CENA 12. RUA. EXT. DIA.

Sandro anda pela rua. Alice surge do outro lado e se aproxima dele.

ALICE
Oi, Sandro!

SANDRO
Oi, Alice.

ALICE
Como você tá? Esqueceu a ideia de se vingar…

SANDRO (corta)
Não! Agora que comecei, vou até o fim. Acabei de vir da delegacia. Falei umas boas verdades pro Armando.

ALICE
Pra que isso, meu amor? Deixa que a polícia faz justiça contra ele. Você não precisa se envolver.

SANDRO
Estou envolvido desde o dia em que ele acabou com a minha vida. Tomou minha casa, matou meu pai. Quero que ele tenha o mesmo fim. É pedir demais?

ALICE
Eu sei que isso te machuca até hoje. Mas ele já está pagando pelos crimes, não está?

SANDRO
Gente assim só aprende a lição da pior forma, e olhe lá. Armando não me conhece.

ALICE
Só espero que você não termine de se destruir por causa dele. Se precisar de mim, sabe onde achar. Mas só aparece se for pra me amar. Até mais! (se afasta)

SANDRO
Alice, não faz assim. Alice! Droga! (chuta uma lata de lixo)

CENA 13. HOSPITAL. CANTINA. EXT. DIA.

Lena conversa com Bruno, enquanto lancham na cantina.

BRUNO
Que história é essa, Lena?

LENA
Isso mesmo que você ouviu. A Gioconda é a mãe do Sandro.

BRUNO
Meu Deus! Ele já sabe?

LENA
Imagino que sim. A Jô deve ter contado.

BRUNO
Tenho medo do que pode acontecer de agora em diante. Ele veio pra se vingar dela, Lena. Temos que impedir que o Sandro cometa essa loucura.

LENA
Que horror! É sério mesmo?

BRUNO
Infelizmente é. O Sandro fala em acabar com ela desde que chegou aqui no Rio. Pensando bem, não tiro a razão dele. A Gioconda foi covarde e egoísta.

LENA
Mesmo assim, isso não vai acabar bem.

BRUNO
Por isso que preciso da sua ajuda. Precisamos unir mãe e filho. (pausa) Ela te contou quem é o pai dele?

LENA
Contou sim. Faz uns dias. Ele se chamava Franco Novak.

BRUNO
Franco Novak? Mas esse é o nome do homem que criou o Sandro lá em Goiânia.

LENA
Pois é. Ela colocou o bebezinho na porta dele, sem dizer que era ela. Acho que o homem morreu sem saber que criou o próprio filho.

CENA 14. RIO DE JANEIRO. PRAIA COPACABANA. EXT. NOITE.

Música: Spanish Eddie – Laura Branigan. Imagem de pessoas correndo e andando no calçadão; em seguida, tomadas AÉREAS da praia lotada.

CENA 15. CASA BRUNO. SALA. INT. NOITE.

Bruno, Ana, Rubens, Jô e Sandro conversam na sala.

RUBENS (sobre Régis)
Ele deve estar passando um aperto.

ANA
Descobrir da pior forma o jeito com que veio ao mundo… Não queria estar na pele dele.


Nem eu. Vindo daquela louca, tudo é possível. Mas ela que se prepare. Já tô preparando um dossiê completo sobre ela. O Estêvão, os filhos, o Ivan e até a empregada já me deram uma ajuda e tanto.

SANDRO
Vamos convir que ela nunca bateu bem das bolas.


Um lugar no manicômio já tá sendo preparado especialmente pra ela.

RUBENS
O que ela estava fazendo com a Amanda é desumano.


Isso sem falar na tramoia que ela fez contra você. Depois vou dar uns apertos na Kika e fazer ela soltar o que sabe sobre a Helena.

ANA
Desde que ela fique longe de nós, tá ótimo. Ai, gente, acho que vou dar uma volta, pegar um ar fresco. Hoje a energia tá pra lá de carregada.

RUBENS
Quer companhia?

ANA
Ai, você é um fofo! Quero sim. Mais alguém?


Não. Vou ficar aqui mesmo. Quero conversar umas coisas com o Sandro e o Bruno.

ANA
Tá bom. Depois a gente se vê.

Ana e Rubens saem pela porta.

BRUNO
Foi bom eles terem ido. Tem uma ideia me encafifando na cabeça. É sobre a Gioconda e tem a ver com nós três.

SANDRO
Se for o que estou pensando, a Jô acha que ela é mesmo a minha mãe.

BRUNO
E eu tenho certeza.

SANDRO
Tem certeza?


Você sabe de alguma coisa que não sabemos, Bruno?

BRUNO
A Lena me falou hoje. Você tem uma marca de nascença nas costas, em cima do traseiro… Não tem, Sandro?

SANDRO
Tenho sim.

BRUNO
A Gioconda te reconheceu por ela e contou pra Lena toda a história. Foi ela que te deixou na porta do seu pai.


Então não foi só um delírio…

BRUNO
Não. Foi assim que aconteceu. Ela o conheceu no hospital, quando fiquei em coma, e achou que ele criaria você melhor do que ela. Foi então que ela te colocou na porta dele, sem dizer que era ela.

SANDRO
Mas isso é nojento! Como ela pôde ser tão…?


Estava mais preocupada com a própria reputação e com a vida social. Infelizmente ainda tem muita gente assim.

SANDRO
Ela se recusou a me alimentar, a me amar. Não há maior crueldade do que essa. Se não fosse por meu pai adotivo, não sei o que seria de mim. Se eu morresse, ela estaria feliz de qualquer maneira.

BRUNO
Não é bem assim, Sandro. Ela era uma menina assustada e despreparada…

JÔ (corta)
Uma mulher mimada, egoísta e que mentia pra todo mundo, até pra você. Nada justifica o que ela fez.

SANDRO
E ainda se junta com o Armando pra esconder as próprias falhas de caráter. Gioconda não vale nada. Chega a ser pior que ele e que Helena. Mas ela vai aprender a lição mais amarga que alguém pode dar. A quem vem de um filho desprezado. E vocês dois vão me ajudar.

CLOSES alternados entre Sandro, Jô e Bruno.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo