CENA 01. CASA BRUNO. FRENTE. EXT. DIA.

Continuação da última cena do capítulo anterior. Bruno abre a porta para Sandro.

BRUNO
Pois não?

SANDRO (vira-se para Bruno)
Desculpa incomodá-lo… Bruno Vermont… Ele mora aí?

BRUNO
Sim. Sou eu mesmo.

SANDRO
Ufa! Você por acaso é filho de Augusto Vermont?

BRUNO
Por que você quer saber? Nem sequer te conheço…

SANDRO (corta)
É muito importante. Vim de Goiânia justamente pra resolver algo importante da minha vida, e você talvez seja a única pessoa que pode me ajudar. Me chamo Sandro. Posso entrar?

BRUNO
Está bem, entra. Mas precisamos ser rápidos, pois tenho um compromisso daqui a pouco.

CENA 02. CASA BRUNO. SALA. INT. DIA.

Sandro entra e Bruno fecha a porta.

BRUNO
Por favor, sente-se.

Ambos se sentam, um de frente ao outro.

SANDRO
Seu pai se chamava Augusto, não?

BRUNO
Sim, esse era o nome dele.

SANDRO
E ele esteve em Goiânia há cerca de 30, 35 anos? Preciso que confirme essa história.

BRUNO
Ele viajava muito, sim. Ele foi a Goiânia muitas vezes. Não duvido de que tenha ido lá nessa época.

SANDRO
Ele chegou a comentar com você sobre alguma mulher que tenha abandonado o filho nessa época, aqui no Rio? Sobre ele ter procurado pela criança em Goiânia.

BRUNO
Não que me lembre. Além do mais, todos os dias uma criança abandonada é levada de uma cidade pra outra.

SANDRO
Você já ouviu falar de algum Franco Novak? Também era conhecido como Chico.

BRUNO
Esse nome não é estranho. Meu pai teve um amigo chamado Chico sim, e acho que ele se chamava Franco. Ficou aqui no Rio por pouco tempo e depois sumiu, pra nunca mais voltar. Eu devia ter uns 20 anos na época.

SANDRO
Ele era meu pai.

BRUNO
Você vai me desculpar, mas esse homem, que me lembre, não tinha filhos.

SANDRO
Meu pai adotivo. Fui abandonado por alguma mulher daqui do Rio. Ela me deixou ainda recém-nascido na porta da casa dele. Chico me adotou e me levou pra Goiânia, de onde nunca mais saímos. Ele me criou como filho. Até que ele se foi, há poucos dias. Descobri a verdade da pior maneira e agora estou disposto a conhecer meus pais de verdade. Nem que eu tenha que varrer o Rio de Janeiro e o mundo todo.

BRUNO
Você sabe que o Rio de Janeiro é enorme, não? É como procurar agulha num palheiro. Muitas maternidades não devem ter mais registros de mulheres que passaram por lá depois de tanto tempo.

SANDRO
Pode ser difícil, mas não é impossível. Não arredo o pé sem descobrir quem me jogou fora como se fosse um saco de lixo. Peço… Aliás, suplico por sua ajuda.

CENA 03. APARTAMENTO GIOCONDA. QUARTO. INT. DIA.

Música: Memory – Barbra Streisand. Gioconda, sentada no chão, coloca uma caixa de fotos sobre a cama. Abre-a; olha diversas fotos da juventude, uma a uma. CLOSE numa foto dela com Estêvão. CAM de volta a Gioconda, de cujos olhos saem lágrimas. Ela vê outra foto, agora com Bruno. Lena entra. A música para.

LENA
Bom dia, Gioconda! Vendo essas fotos de novo?

GIOCONDA (enxuga os olhos)
Pois é, Lena. Estava matando as saudades da juventude. Você sabe que eu gosto de fazer isso sempre que posso.

LENA
E sempre sofre quando relembra o passado.

GIOCONDA
Tenho meus motivos. Queria tanto poder voltar ao passado, só pra não cometer os mesmos erros.

LENA
A vida não é assim, amiga. Mas ainda é possível consertá-los.

GIOCONDA
Será? Tenho tanto medo.

LENA
Medo de quê? O seu marido, que sabe de toda a história, te perdoou. A sua mãe também. Por que as outras pessoas não vão te perdoar também?

GIOCONDA
Fábio se casou comigo depois de me conhecer por inteiro. Nunca escondi a verdade dele, embora pudesse. E mãe não conta. Mãe é mãe. Que Deus a tenha. Mas o Bruno, o Estêvão, a Helena?

LENA
Você acha que tem que se preocupar mesmo com a Helena? Pelo que você me conta, ela nunca valeu o prato que come, é rancorosa e maldosa.

GIOCONDA
Mas o Bruno não merece tamanha decepção. Não sei como a Helena não contou até hoje pra ele.

LENA
Ou tentou contar e ele não acreditou. Ele parece gostar muito de você.

GIOCONDA
Sim, um grande amigo pra todas as horas.

LENA
E o que acha de guardar as fotos e ver as flores que acabaram de chegar pra você. Presente do seu marido.

GIOCONDA
Fábio não tem jeito mesmo.

LENA
Ele te ama. Queria eu viver um amor assim, como o de vocês dois.

GIOCONDA (guarda as fotos na caixa)
E ainda pode. Você ainda é moça e muito bonita. Aposto que tem muito homem querendo você.

LENA
Meu tempo já passou. Se for pra me juntar com homem, que seja por muito amor. Não estou mais disposta a aventuras, a noitadas.

Gioconda guarda a caixa no armário e sai do cômodo com Lena.

CENA 04. CASA BRUNO. SALA. INT. DIA.

Bruno e Sandro seguem a conversa, sentados nos sofás.

BRUNO
É tão importante assim você conhecer suas origens a essa altura da vida?

SANDRO
Perdi meu chão, quando li a carta do meu pai e o bilhete daquela que me jogou no mundo. Agora é uma questão de honra. Não vejo a hora de estar de frente pra ela e lhe dizer o que está entalado na minha garganta.

BRUNO
Você não está pensando em se vingar da sua mãe. Está?

SANDRO
Quem sabe? Não só dela, como também daquele que causou a morte do meu pai. Mas este pode ficar pra mais tarde.

BRUNO
Entendo que você esteja revoltado com tudo que lhe aconteceu, mas…

SANDRO
(corta) Você vai me ajudar? Se não quiser fazer o serviço sujo, não precisa. Mas me ajuda pelo menos a achar meu passado. É só o que lhe peço. (chora)

BRUNO (abraça Sandro)
Não fica assim, Sandro. Conta comigo pro que precisar.

Bruno consola Sandro por alguns segundos.

CENA 05. GOIÂNIA. FAZENDA ARMANDO. SEDE. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Armando fala ao celular, sentado à mesa. Neco de pé, próximo à porta.

ARMANDO
Wilson, como estão as coisas por aí?… Que terras?… Aquelas do Acre? Sei… Manda o advogado de lá passar hoje mesmo pro meu nome… Que se foda a lei… Está bem… Sim, já tomei posse… Me deixa informado… Qualquer coisa, me liga… (desliga)

NECO
Alguma instrução, doutor?

ARMANDO
Sim. Vou para a sauna com a dona Jéssica, e não quero ser incomodado em hipótese nenhuma por alguém que não seja o Wilson.

NECO
Sim, senhor.

Armando se levanta e sai do escritório. Neco sai em seguida e fecha a porta por fora.

CENA 06. CASA BRUNO. SALA. INT. DIA.

Continua a conversa entre Sandro e Bruno.

BRUNO
Você tem algum lugar pra ficar? Se não, convido você pra morar aqui. Eu e meu amigo Rubens estávamos mesmo querendo mais uma pessoa aqui.

SANDRO
Agradeço o convite, mas acho melhor não. Acabei de me hospedar numa pensão aqui perto.

BRUNO
Tem certeza? Pensões estão tão caras hoje em dia. Aqui você só precisaria ajudar um pouco com as contas. Graças a Deus, não pagamos muito aqui.

SANDRO
Consegui um lugar mais barato, logo ali embaixo. A dona de lá é muito simpática e hospitaleira. Também não tem bagunça por lá. Prefiro mesmo ficar na pensão.

BRUNO
Mas se mudar de ideia…

SANDRO
Agradeço de verdade, mas assim vai ser melhor.

BRUNO
Já que insiste… (olha para o relógio na parede) Agora tenho mesmo que ir. Fica com meu cartão. Se precisar de algo, estou sempre com o zap ligado. Sempre que conseguir, olho a mensagem e respondo. E costumo já estar em casa depois das sete, a não ser quando rola alguma coisa.

SANDRO
Já te atolei bastante por hoje. Não sei como agradecer por todo o seu apoio, Bruno.

Bruno e Sandro seguem a conversa, enquanto saem de casa.

CENA 07. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.

Música: (I’ll Never Be) Maria Magdalena – Sandra. Letreiro: “Uma semana depois”. Imagem das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon; dos morros do Corcovado e da Urca; da Avenida Nossa Senhora de Copacabana; do Maracanã e do Sambódromo.

CENA 08. CASA HELENA. SALA. INT. NOITE.

A música para. Helena anda de um lado pro outro. Zilda sentada no sofá.

ZILDA
Helena, pelo amor de Deus, senta e para de ficar andando como barata tonta, que já está me deixando aflita.

HELENA
Não consigo, mamãe. Estou morta de ansiedade pela volta da minha filha.

ZILDA
Mas ela não ia passar primeiro lá na casa da Soraya?

HELENA
Ela disse pra Leila que ela e Carlos Eduardo vinham pra cá antes. (som de carro) Viu, mamãe? Eles já chegaram. Vou lá.

ZILDA
Nada disso! Deixa eles entrarem com toda a calma do mundo. Ângela!

ÂNGELA (entra)
Sim, dona Zilda?

ZILDA
Prepara um chazinho de erva cidreira pra mim e outro pra Helena.

ÂNGELA
Sim, senhora.

HELENA
Agora, sim, meu dia se encheu de felicidade.

Ângela sai. Jairo abre a porta e entra com três malas. Em seguida entra Estêvão, que fica de pé atrás do sofá. Zilda se levanta contente com a volta dele. Helena fecha a cara.

ESTÊVÃO
Boa noite, Helena.

HELENA (furiosa)
Péssima noite! Mamãe, manda a Ângela me chamar quando a Amanda chegar.

Helena sobe, enquanto Zilda abraça Estêvão.

ZILDA
Não esperava que voltasse de surpresa. Mas estou muito contente. (pausa) Como foi a viagem, meu genro?

ESTÊVÃO
Muito boa. Bem melhor do que voltar pra casa. Mas quero saber da senhora.

ZILDA
Eu estou com a vidinha de sempre. Curtindo os dois netos que ficaram, aturando as neuroses da Helena… Nada de novo. E você? Não me esconda nada. Vamos sentar. Ângela?

ÂNGELA (entra novamente)
Sim, dona Zilda. Que bom que o senhor voltou, doutor Estêvão!

ZILDA
Além do meu chá, prepara também uma bebida do jeito que meu genro gosta.

ÂNGELA
No capricho. Com licença.

Zilda e Estêvão se sentam e conversam em FADE.

CENA 09. PENSÃO ZORAIDE. CORREDOR. INT. NOITE.

Jô e Vicky conversam. Esta segura toalha, roupão e outros materiais de banho.

VICKY
Estou doida pra tomar um bom banho, que é pra tirar o cheiro de fumaça daquele hospital. Cobrir incêndios é a coisa que menos gosto de fazer.


Mas os jornais adoram, pois mortes em massa sempre aumentam as vendagens dos jornais.

VICKY
A verdade é que o ser humano enche a boca pra falar em paz, amor e vida, mas gosta mesmo é de uma boa tragédia. Deixa eu ir lá, menina.


Depois de você, é minha vez. Ainda bem que a Carly saiu, se não ela ficaria mais de uma hora na banheira.

Vicky entra no banheiro, e logo Sandro sai do seu quarto. Sonoplastia: suspense. Fica parado em frente à porta, distraído. Jô observa o olhar de ódio do homem. Segundos depois, ele volta a si e vê Jô. Fim da sonoplastia.

SANDRO
Algum problema?


Não. Só estava olhando. Você me passa um ar de mistério, sei lá. Nesses dias, mal falou sobre sua vida, sobre o que veio fazer numa cidade tão grande. Fiquei curiosa.

SANDRO
Para quem não estava nem aí pra minha presença, você está interessada demais agora. Se me dá licença, tenho mais o que fazer.

Sandro sai de cena, em direção à escada.

JÔ (fala sozinha)
Ainda descobro o que tem por trás desse homem. Ou não me chamo Jô.

CENA 10. CASA NOÊMIA. SALA. INT. NOITE.

Noêmia e Zoraide conversam na sala. TV ligada.

ZORAIDE
Sou doida nessa novela. Vejo todo dia, nem que seja pelo celular. É antiga, sim, mas são as novelas velhas que mais me atraem.

NOÊMIA
As atrizes eram todas novinhas, na flor da idade. E agora estão todas cheias de botox ou de rugas. E outras já partiram dessa pra melhor.

ZORAIDE
E os galãs? Um mais lindo que o outro. (suspira)

NOÊMIA
A boate vai ser reinaugurada amanhã.

ZORAIDE
Estou me roendo toda pra ver como ficou a obra de arte.

NOÊMIA
Isto é surpresa. Você vai ver amanhã. A Monique deixou tudo no capricho. Eu jamais faria uma lindeza daquela sozinha. A aniversariante não tem do que se queixar.

ZORAIDE
Se é o que estou pensando…

NOÊMIA
Muito melhor, amiga. De deixar muita festinha de bacana no chinelo.

ZORAIDE
Então a coisa ficou boa mesmo. (vibra) E a Alice?

NOÊMIA
Ficou lá pra acertar os últimos detalhes. Daqui a pouco chega em casa. (toca a vinheta) Voltou.

Ambas assistem com atenção à novela.

CENA 11. CASA HELENA. GARAGEM. EXT. NOITE.

Música: Lady In Red – Chris de Burgh. Um carro cinza entra pelo portão e estaciona próximo a outros dois carros. Carlos Eduardo e Amanda saem do carro. Abraçam-se e beijam-se encostados à traseira do veículo, por alguns segundos. A música para.

CARLOS EDUARDO
Estamos de volta.

AMANDA
E a primeira parte da encenação do seu pai e da minha mãe foi cumprida com sucesso.

CARLOS EDUARDO
Enquanto isso temos que pensar numa forma de pôr fim à situação ridícula a que fomos colocados.

AMANDA
Impossível. Doutor Armando jamais permitiria. Dona Helena, muito menos. Ainda bem que nos gostamos de verdade, ou nossa vida seria um inferno. Quer dizer… Somos muito amigos, temos atração um pelo outro. Amor? Acho que ainda não.

CARLOS EDUARDO
Segundo minha mãe, amor vem com o tempo. Que ela não me ouça, mas nunca vi amor assim lá em casa. E pro meu pai, sou apenas o sucessor nos negócios da família e no poder que ele exerce na sociedade brasileira. É só pra isso que me preparo desde que nasci. Pra ser um empresário de prestígio, um fazendeiro de renome, um chefe de família influente e pra ter uma mulher objeto a meu lado.

AMANDA
É exatamente assim que minha mãe me vê. Como um objeto mas mãos dela e do seu pai que vai dizer sim a tudo que eles quiserem através de você. Como uma mulher submissa aos valores arcaicos que, segundo minha mãe, a Leila acabou de desmoralizar quando entrou para a faculdade. Caramba, eu não sou assim! Também quero ter minha vida. Quero ser mulher com uma vida plena. (pausa) Mas nos resta apenas obedecer, enquanto o poder ainda estiver nas mãos deles.

CARLOS EDUARDO
E lá vamos nós continuar o fingimento. Fazer o quê? Sua mãe nos espera.

AMANDA
Vamos lá. Vou pedir pro Jairo e pra Ângela pegarem nossas malas.

Carlos Eduardo e Amanda andam juntos em direção à entrada da casa.

CENA 12. CASA HELENA. SALA. INT. NOITE.

Amanda e Carlos Eduardo entram. Estêvão e Zilda se levantam do sofá para cumprimentá-los.

ESTÊVÃO
Minha filha, que bom ver você de volta!

AMANDA
Não aguentava mais tantos dias lá em Paris. Se bem que a viagem foi muito boa.

ESTÊVÃO
Foi mesmo? Ou foi sua mãe que mandou vocês dois falarem isso?

ZILDA (antes que Amanda diga alguma coisa)
Seu pai acabou de voltar também, meu amor.

CARLOS EDUARDO
E como foi, doutor Estêvão?

ESTÊVÃO
Amanhã eu conto. Primeiro vamos falar de vocês dois.

ZILDA
Também quero saber. Como foi passear na gôndola?

HELENA (entra em cena e desce as escadas)
Por que não me avisaram que minha filhinha querida já tinha chegado?

Helena abraça e beija Amanda.

CARLOS EDUARDO
Como vai, dona Helena?

HELENA
Nem vi você aí, Carlos Eduardo. Já está bem acompanhado de minha mãe, então não vai se importar se eu pegar a Amanda por uns instantes, não é?

CARLOS EDUARDO
Claro que não.

HELENA (subindo as escadas de mãos dadas com Amanda)
Com licença. Vem comigo, filha. Não me esconda nada sobre a sua viagem…

Assim que Helena e Amanda saem de cena, os demais seguem com a conversa.

CARLOS EDUARDO
Já vi que nada mudou por aqui.

ZILDA
Pensei que o noivado de vocês fosse aquietar um pouco minha filha, mas ela só piorou.

ESTÊVÃO
Minha volta não fez bem a ela, isso sim.

ZILDA
Nada disso! Não se culpe pelo comportamento da Helena. Sou a mãe dela, mas não tenho o direito de fechar meus olhos para as fraquezas de caráter dela. Se alguém errou com a educação dela, fomos eu e meu marido, que agora descansa em paz. Você é um genro de ouro, Estêvão. E acredito que você, Carlos Eduardo, fará muito bem à minha neta, apesar dos pesares. Ela gosta muito de você.

CENA 13. PENSÃO ZORAIDE. QUARTO SANDRO. INT. NOITE.

Sonoplastia: suspense. Jô entra sorrateiramente no quarto de Sandro. Vasculha a escrivaninha, e depois todo o armário do moço, assim como debaixo do travesseiro e da cama. Não acha nada. Deixa tudo arrumado como antes. Tenta abrir a gaveta da escrivaninha, mas esta está trancada. Ouve a voz dele do andar de baixo, e sai rapidamente.

CENA 14. PENSÃO ZORAIDE. QUARTO JÔ E VICKY. INT. NOITE.

CLOSE em Vicky chocada.

VICKY
Você ficou doida, mulher?


Fiquei, sim. Mas adora não desisto até descobrir o que há por trás do Sandro. Alguma coisa me diz que ele esconde algo muito sério. Meu faro de jornalista é mais forte que de cachorro.

VICKY
Se ele te pega, nem sei o que te acontece.


Ele vai me dedurar pra Zoraide? Pode dedurar, mas ele ainda vai ficar na minha mão. Nessa noite eu sonhei que o Armando estava pra matá-lo com uma foice nas costas.

VICKY
E desde quando sonhos revelam alguma coisa? Ou você agora deu pra ter premonições.


Não acredita? Espera, amiga. Ainda vou escrever uma bela notícia no jornal sobre Sandro.

VICKY
Quando você é teimosa, nem guindaste desempaca.

GERMANO (OS)
Aproveita que o chuveiro está muito bom, Sandro.

SANDRO (OS)
Obrigado, amigo.


Ouviu? Saiu de cena de novo. Lá vou eu. (sai)

VICKY
Volta aqui, Jocasta!

CENA 15. PENSÃO ZORAIDE. QUARTO SANDRO. INT. NOITE.

Sonoplastia: suspense. Jô entra no quarto de Sandro e fecha a porta com cuidado. Anda silenciosamente até a gaveta da escrivaninha, que agora está aberta. Pega uma fotografia dele com Chico e um cavalo no meio deles.

JÔ (fala sozinha)
Não posso acreditar no que estou vendo. O que o Justo me falou…

Depois pega uma folha dobrada. Quando começa a ler o conteúdo da carta, Sandro entra no quarto e a flagra.

SANDRO
O que significa isso?


Eu posso explicar.

SANDRO
Acho bom mesmo. Você entra no meu quarto, fuça as minhas coisas… Será que não posso ter o mínimo de privacidade, que já vem uma enxerida futucar a droga da minha vida?


Eu sei que errei em entrar no seu quarto, mas…

SANDRO
Mas? Mas o quê?

JÔ (mostra-lhe a foto)
Este que está com você é seu pai, não é?

SANDRO
O que te interessa?


Interessa, que estou investigando golpes que têm sido dados em pequenos fazendeiros como seu pai. Entrei, sim, curiosa pra saber mais de você. Você é tão misterioso, calado… Mas depois do que vi nessa foto, eu tenho certeza de que posso te ajudar. Sei quem é o golpista e quero tanto quanto você colocá-lo atrás das grades.

SANDRO
Não sei do que está falando. Saia do meu quarto ou…


Armando Alighieri! O maior bandido do Brasil.

Fim da sonoplastia. CLOSES alternados entre Sandro chocado e Jô confiante.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

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