CENA 01. GOIÂNIA. FAZENDA NOVAK. SEDE. ESCRITÓRIO. INT. NOITE.

Sonoplastia: suspense. Sandro abre a porta, entra e acende a luz. CAM se alterna entre a imagem de Chico morto e debruçado sobre a mesa, com um tiro na cabela, e a de Sandro chocado e desesperado. CLOSE neste.

SANDRO (grita)
Pai!

Sonoplastia: dramática. Corre para abraçar o cadáver. Chora compulsivamente. Mercedes entra e fica parada a dois passos da porta, chocada com a cena. Também fica aos prantos.

MERCEDES
Santa Virgem!

SANDRO
Por quê, pai? E agora? O que vou fazer sem você?

JUCA
(entra falando) Com licença! Eu ouvi um tiro… (vê Chico) Meu Deus!

MERCEDES
Sim, Juca. Infelizmente.

JUCA
Vou chamar ajuda.

MERCEDES
Por favor, Juca. Obrigada. (Juca sai; ela se aproxima de Sandro) Sandro, vem comigo. Não vai te fazer bem ficar aí com…

SANDRO (grita)
Eu quero ficar com ele. Me deixa, Mercedes!

MERCEDES
Está bem. Se precisar de alguma coisa, estou na sala. Vou ajudar o Juca.

Ela anda até a porta. Dá uma olhada pra trás e olha Sandro com dó. Em seguida, ela sai. Sandro segue chorando.

CENA 02. BOATE NOÊMIA. SALÃO. INT. NOITE.

Música: Demais – Ângela Rô Rô. Salão quase vazio. Um único casal de idosos dança na pista. Outro casal está sentado a uma mesa. Perto do balcão estão Noêmia, Zoraide e Alice. Elas observam a movimentação.

ALICE
Mãe, olha só como está o salão. Desse jeito, nunca vamos conseguir pagar as dívidas.

NOÊMIA
Está vazio agora, por causa da crise. Daqui a pouco as coisas melhoram.

ZORAIDE
Amiga, você fala isso faz meses, e não veio nenhum cliente novo.

ALICE
São os mesmos casais de sempre.

NOÊMIA
Amigos da família, desde que seu pai estava vivo.

ALICE
Quando papai estava vivo, as boates para a terceira idade estavam na moda. Hoje estão pra lá de ultrapassadas. As pessoas de hoje, mesmo os idosos, querem bailes dos anos 80. Dançar Menudos, Madonna, músicas da Xuxa. É isso que pode salvar a gente.

NOÊMIA
E daqui a pouco vai ser o quê? Festa dos anos 90 com gente ralando na boquinha da garrafa? Deus me livre! Não aceito!

ZORAIDE
Deixa de ser teimosa, mulher. Sua filha está certa. E você não está em condições de recusar.

NOÊMIA
Ah, não? Quero ver quem vai me fazer mudar meu negócio.

CENA 03. COPACABANA. RUA. EXT. NOITE.

Bruno, Rubens e Ana andam e conversam animados.

ANA
Não consigo acreditar que já vou fazer 50 anos. Gente, estou ficando velha.

RUBENS
Você está muito bem pra idade. Ninguém te dá 50 anos.

BRUNO
Se eu não soubesse, eu não te daria nem 40.

ANA
Vocês são dois fofos. Adoro vocês! Sabem o que eu queria agora? Comemorar meu aniversário numa festinha anos 80. Relembrar os velhos tempos. Requebrar a noite toda. Cantar no karaokê.

RUBENS
Até que não seria uma má ideia. Faz tempo que não vamos a uma festa de arromba.

ANA (vê Bruno distraído)
Bruno!? Hello, Terra chamando! ET te pegou?

RUBENS
Pegou. E sabemos muito bem o nome do ET.

BRUNO
Estava pensando nela, sim. Gioconda. Dançando comigo no aniversário dos 20 anos dela. Era janeiro de 84.

ANA
Mas agora você vai pensar na minha festa, ok? Beleza? Sacou? Faço questão de vocês dois lá.

BRUNO
Não falto por nada desse mundo.

Gioconda e Fábio do outro lado da rua. Gioconda e Bruno de costas um para o outro. CAM enquadra Fábio e Gioconda.

FÁBIO
O jantar estava ótimo.

GIOCONDA
Estava mesmo. Bem que me falaram que este restaurante era hoje um dos melhores do Rio.

FÁBIO
(olha para cima) Está vendo ali a Lua? (aponta) Se eu pudesse, traria de presente pra você.

GIOCONDA
Se você pudesse, já teria me dado não sei quantas luas.

FÁBIO
É porque te amo muito. Não existe nada mais divino quanto você, Gioconda.

GIOCONDA
Você é muito bom pra mim, sabia?

FÁBIO (sorri)
Sabia!

GIOCONDA
Convencido!

FÁBIO
Todos ficam convencidos com uma mulher como você do lado.

GIOCONDA (olha o relógio)
Nossa! Já é quase meia-noite!

FÁBIO
Muito cedo para os amantes. Ainda quero fazer mais um programa com você antes de dormir. (cochicha ao ouvido dela; ela ri) Vamos?

CAM em Bruno, Rubens e Ana. Fábio e Gioconda seguem caminho e saem de cena.

ANA
Não sei se vocês repararam, mas fiquei vidrada no casal que acabou de passar pelo outro lado da rua. A mulher deslumbrante e o marido todo charmosão. Ai, que inveja!

BRUNO (se vira para olhar)
Que casal?

ANA
Eles já foram. Aliás, eu também já vou, que amanhã eu levanto cedo. Boa noite, rapazes!

BRUNO e RUBENS
Tchau, Ana!

Ela dá um beijo no rosto de cada um e se afasta. Os dois homens continuam a conversa.

CENA 04. GOIÃNIA. FAZENDA NOVAK. SEDE. SALA. INT. NOITE.

Padre Urbano, Juca e Mercedes conversam, todos de pé.

PADRE URBANO
Onde está o Sandro?

MERCEDES
Lá dentro. Inconsolável, coitado. Perdeu a fazenda e o pai ao mesmo tempo.

JUCA
Muito triste pelo patrãozinho.

PADRE URBANO
Pelo menos o corpo do Chico já foi para o IML. Acredito que seja liberado logo.

MERCEDES
Se Deus quiser. Que Ele o receba de braços abertos, apesar da forma que ele partiu.

PADRE URBANO
É o que mais peço agora, Mercedes. (pausa) Acabei de lembrar que o delegado está vindo para tomar os depoimentos.

MERCEDES
Ai, meu Deus! Ainda tem isso.

CLOSE em Mercedes angustiada.

CENA 05. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Música: Metamorfose Ambulante – Verônica Sabino. Letreiro: “Dias depois”. Amanhece. Imagens de alguns pontos turísticos da cidade: Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Jardim Botânico, Museu do Amanhã, Praia do Leblon.

CENA 06. MANSÃO ARMANDO. SALA. INT. DIA.

Soraya fala ao celular.

SORAYA
Mamãe está com saudades.

CARLOS EDUARDO (voz, telefone)
Amanda e eu voltamos em uma ou duas semanas.

SORAYA
Ela está te tratando bem? Filho, me fala.

CARLOS EDUARDO (voz, telefone)
Mãe, não se preocupa. Nós dois estamos muito bem.

SORAYA
Você sabe que eu só acredito vendo. Manda fotos, selfies, vídeos.

Armando desce as escadas e vê Soraya.

ARMANDO
Soraya, para com isso. Deixa nosso filho viver a vida dele em paz.

CARLOS EDUARDO (voz, telefone)
O pai está aí? Manda um abraço nele.

SORAYA
Ele te ouviu e te mandou um abraço. (ao filho) Não demora. Você não vai querer matar sua mãe de tanto esperar, não é?

ARMANDO
Deixa de ser louca, Soraya. Me dá esse celular.

Armando tenta arrancar o aparelho da mão dela. Quando enfim consegue e fala com Carlos Eduardo, a ligação já caiu.

SORAYA
Ele desligou? Bem feito!

ARMANDO
Soraya, você nunca vai deixar seu filho em paz, não é? Não sei como você consegue ser tão possessiva.

SORAYA
Não sabe, porque você não é mãe. Ser mãe, meu amor, é o sentimento mais sublime da natureza. Por isso foi feito só para nós mulheres.

ARMANDO
Tudo frescura! É por isso que as mulheres querem dominar o mundo, mas não conseguem. Por causa dessas frescuras sentimentalistas. Mulher só serve pra parir, gastar no shopping e cuidar das coisas do homem. Agora, se me dá licença, tenho que cuidar dos negócios. Eles, sim, governam o mundo. E disso só os homens são capazes.

SORAYA (enquanto ele sai)
Cuida dos seus negócios, que eu fico aqui cuidando do meu filho.

Ela senta no sofá e pega uma revista para folhear.

CENA 07. ESCOLA DE MÚSICA. SALA DE AULA. INT. DIA.

Distraída, Alice toca violino. Bruno entra para assistir por alguns segundos. Ao perceber a presença dele, Alice para de tocar.

ALICE
Bruno? Não te vi aqui.

BRUNO
Cheguei ainda há pouco. (vê que ela está com baixo astral) Algum problema, Alice?

ALICE
Nada, não. Problemas pessoais. Por isso estou tocando, pra ver se me distraio deles.

BRUNO
Você quer desabafar? Pode ajudar.

ALICE
É a minha mãe. Ela está toda endividada e a boate não tem dado retorno algum. Tento ajudar com o que ganho aqui, mas não dá pra muita coisa. Dia desse eu sugeri pra ela fazer festas dos anos 80, mas ela não me dá ouvidos. Insiste em continuar com os bailes da terceira idade, mas nem os idosos têm ido mais. Muita gente fica chamando a boate de espelunca, por trás.

BRUNO
Você falou em festa dos anos 80? A Ana estava mesmo querendo uma. O que você acharia de eu conversar com sua mãe, pra ver se ela cede a boate pra festa? Pago bem.

ALICE
Você pode tentar, mas já vou avisando que vai ser difícil. Você sabe como ela é. Quando empaca…

BRUNO
Deixa comigo. Eu sei um jeito de dobrar a Noêmia.

ALICE
Nem sei como te agradecer.

BRUNO
Depois de tudo que você tem feito pra me ajudar aqui na escola de música, nada mais justo. Torce por mim!

CENA 08. GOIÂNIA. CEMITÉRIO. EXT. DIA.

Sonoplastia: dramática. Cerca de cinquenta pessoas em volta do caixão de Chico. Entre elas, Sandro, Mercedes e o padre.

PADRE URBANO
Estamos aqui nesta manhã de sábado para nos despedir de Franco Novak, nosso companheiro de todas as horas e grande figura de Goiânia. Hoje ele deixa seu filho muito amado, Sandro. Pedimos ao Senhor que Franco seja bem recebido entre os Seus.

CORTA para o caixão sendo colocado dentro do túmulo. As pessoas jogam pétalas de rosas sobre o caixão; Sandro, aos prantos, é o último. Este é consolado por Mercedes. O túmulo é fechado. Mercedes e Sandro saem lentamente, abraçados. O padre caminha atrás deles. Fim da sonoplastia. FADE OUT.

CENA 09. AQUAPAPER. SALA ARMANDO. INT. DIA.

Sentado à mesa, Armando fala ao celular.

ARMANDO (tom)
Enxotem a família, nem que seja à força. Quero hoje mesmo a fazenda no meu nome… Não interessa se hoje é sábado. Dá um jeito!… Me deixa informado… Ok.

Ele desliga o celular. Wilson entra.

WILSON
Com licença, Armando. Os jornalistas já estão aí. Está pronto?

ARMANDO
Sim, Wilson. Vamos!

Ele se levanta e sai da sala. Wilson sai em seguida e fecha a porta por fora.

CENA 10. AQUAPAPER. SALA DE IMPRENSA. INT. DIA.

Armando está sentado no centro da bancada. Wilson está de um lado; Soraya, do outro.

ARMANDO
A Aquapaper é uma grande empresa com ramificações por todo o Brasil. Nossa principal meta é a produção de papel com os meios mais ecológicos e, ao mesmo tempo, econômicos…

CAM em Jô e Vicky, que cochicham entre os jornalistas.


Quanta lorota! Esse é um dos maiores bandidos do Brasil. Nem te conto o que ele já arrumou por aí.

VICKY
Sei que ele trai a dondoca ali com tudo que é mulher.


Isso não é nada, perto do que o Justo me mandou lá de Goiânia. Tem até políticos envolvidos nas armações dele.

WILSON
Alguém deseja fazer alguma pergunta ao doutor Armando?

Um jornalista levanta o dedo. Autorizado a falar, ele se levanta.

JORNALISTA
Doutor Armando, o senhor acredita ser possível a produção de papel por meios sintéticos, sem o desmatamento em grande escala que temos hoje no Brasil?

JÔ (cochicha com Vicky; debocha)
É sério isso?

ARMANDO
Acredito, sim. E isto vai acontecer em no máximo cinco anos, de acordo com as pesquisas elaboradas pelos nossos técnicos mais capacitados…

A entrevista segue.

CENA 11. GOIÂNIA. FAZENDA NOVAK. ENTRADA. EXT. DIA.

Sonoplastia: dramática. Sandro, Mercedes e Padre Urbano andam lentamente em direção à porteira.

SANDRO
Vamos pegar nossas coisas e, depois, passar a fazenda pro novo dono.

PADRE URBANO
E vocês sabem pra onde vão?

MERCEDES
Minha afilhada me chamou pra morar com ela. Chamei o Sandro, mas ele não quis ir comigo.

SANDRO
Não quero causar incômodo a seus parentes, Mercedes. Só isso.

PADRE URBANO
E você não tem outro lugar pra ir?

SANDRO
A princípio pra uma pensão, enquanto me sobra algum dinheiro.

PADRE URBANO
De jeito nenhum. Você vai morar comigo lá na igreja. É um espaço humilde, mas vai ser um prazer recebê-lo.

SANDRO
Não sei se devo.

PADRE URBANO
Você deve e vai morar comigo. Já está decidido.

SANDRO
Não sei como agradecer, padre.

PADRE URBANO
Não precisa. Apenas vá comigo, o que já me deixa feliz e satisfeito.

Os três passam pela porteira, que está aberta. Sonoplastia: suspense.

MERCEDES
Que estranho! Nós fechamos a porteira ao sair.

Vários capangas, alguns a pé e outros montados a cavalo, cercam os três.

NECO
O que acham que estão fazendo aqui?

SANDRO
Quem são vocês?

NECO
Estamos sob as ordens do doutor Armando, dono das terras.

SANDRO
Só viemos pegar nossas coisas. Não queremos fazer mal.

NECO
Vocês vão dar meia volta e sair agora mesmo, ou mando prendê-los por invasão de propriedade.

MERCEDES
Invasão?

SANDRO
Por favor, nos deixe pegar os objetos pessoais e já deixamos a fazenda pra nunca mais voltarmos.

NECO (aponta uma espingarda para Sandro; tom)
Já falei pra saírem agora! Nem que tenha que ser à bala.

PADRE URBANO
Não é necessário. Já estamos de saída. Abaixe essa arma.

O padre puxa Sandro em direção à saída. Mercedes os segue. Neco continua com a arma apontada para Sandro. Quando os três já estão fora, Neco enfim abaixa a arma. Sandro, Mercedes e Padre Urbano se afastam, até que saem de cena.

NECO (aos outros capangas)
Fiquem de guarda. Se esse sujeitinho voltar, matem sem dó.

CENA 12. BOATE NOÊMIA. SALÃO. INT. DIA.

Bruno conversa com Noêmia. Ambos estão de pé. Alice observa, sentada à mesa mais próxima.

NOÊMIA
Já disse que não! Sua amiguinha que vá procurar a casa da Mãe Joana pra fazer o vuco-vuco dela. Aqui é lugar de respeito.

BRUNO
Com o que me disponho pagar e com o que você vai arrecadar com a festa, é possível pagar boa parte das dívidas.

NOÊMIA
Você está querendo dizer que não sou capaz de ganhar dinheiro por mim mesma, e que preciso da sua esmola? Me respeite, seu moleque!

ALICE (censura)
Mãe! Não é hora de ser orgulhosa.

NOÊMIA
Sou orgulhosa, sim. Tenho decência. Aliás, coisa que eu te ensinei muito bem a ter. Já te disse pra arrumar coisa melhor e sair da escola desse estrupício sedutor de mocinhas.

BRUNO
Não admito que venha me acusar de seduzir quem quer que seja, sem provas. Eu jamais cheguei perto da sua filha.

ALICE
Não dá satisfação pra ela, Bruno. Eu disse que ela não ia aceitar a ideia.

BRUNO
Pelo visto, perdi meu tempo mesmo. Passar bem, Noêmia. Você vem comigo, Alice.

NOÊMIA
Nem se atreva, menina!

ALICE
Vou sim. Vê se toma jeito, mãe! E não me espera aqui à noite. Vou direto pra casa e pensar num outro jeito de salvar a senhora do buraco.

Alice sai irritada, junto com Bruno. Noêmia pensativa.

CENA 13. IGREJA. SACRISTIA. INT. DIA.

Padre Urbano, Sandro e Mercedes sentados.

MERCEDES
Vou passar aqui todos os dias pra te ver, Sandro. Não sou sua mãe, mas ajudei a te criar.

PADRE URBANO
Vai ser muito importante durante o luto dele.

MERCEDES
Seu Chico era uma grande pessoa. Nunca que eu podia imaginar que ele…

Batidas à porta.

PADRE URBANO
Entra.

RUTH (entra)
Com licença, padre. Não sei se me conhece, pois não sou de frequentar a igreja. Eu me chamo Ruth. Fui uma grande amiga de muitos anos do Franco.

SANDRO
Ele nunca me falou da senhora.

RUTH
Não? (pausa) Ele deixou algo comigo para que eu lhe entregasse, assim que ele partisse. Uma carta. (pega da bolsa e entrega a Sandro)

Curioso, Sandro pega a carta e começa a ler o que está escrito no bilhete colado com durex ao envelope.

CHICO (VO)
Querida amiga Ruth. Deixo esta carta para você guardar até que eu morra. Então você deve entregá-la ao meu filho Sandro. (Sandro abre o envelope e abre a folha de papel) Querido filho. Espero que um dia possa perdoar seu velho pai pelo que escrevo aqui. A verdade é que nunca tive coragem de falar sobre isso com você. Seria doloroso demais para dizer que sua história não começou no quarto de sua mãe Rita na fazenda. Na época em que você nasceu, eu estava morando por um tempo no Rio de Janeiro. Eu me sentia muito deslocado e solitário. Até que, num dia frio com muita chuva, alguém deixou um cesto com um bilhete e com um bebê à minha porta. O bilhete também está no envelope, para você ler. Naquele mesmo instante, senti um amor imenso por você. Decidi te adotar e te criar como meu filho. Poucos dias depois, consegui regularizar nossa situação e te levei pra morar comigo na fazenda. A sua mãe Rita ficou tão feliz com a novidade, que decidimos retomar o casamento. Peço mais uma vez que me perdoe por minha covardia por todos esses anos. Fiquei com muito medo de te perder. (Sandro chora)

MERCEDES
O que diz a carta?

SANDRO
Leia você mesma.

Ele lhe entrega a carta, enquanto pega o outro bilhete para ler.

SANDRO (VO)
Quem escreve é uma jovem mãe desesperada que foi obrigada a deixar seu bebê para alguém que possa dar o amor que eu não pude dar. Ele se chama Sandro e nasceu em 6 de março de 1984, aqui no Rio. (para de ler; grita) O que significa isso? Estão de brincadeira comigo, não estão?

Mercedes chocada com o que leu no primeiro bilhete.

MERCEDES
Nunca imaginei que seu Chico tivesse feito uma coisa dessa.

SANDRO
Você não sabia, Mercedes?

MERCEDES
Não, Sandro. Nunca desconfiei.

SANDRO (chora)
Agora sou um homem sem casa, sem pai, sem mãe e sem passado! O que fiz de tão ruim pra perder tudo, meu Deus?

Close alternados entre Mercedes, Padre Urbano e Ruth. CAM volta para Sandro.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

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  • Fantástica. Coitado do Sandro agora sem pai e sem destino. Espero que ele encontre suas origens e as respostas para suas perguntas.

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