CENA 01. CASA BRUNO. SALA. INT. DIA.

CLOSE numa mão com luva preta segurando um revólver, cujo gatilho é destravado. Suspense. Dois tiros seguidos. A mão se abaixa e sai do plano.

CENA 02. RUA. EXT. DIA.

Zoraide pega um saco plástico que contém um objeto parecido com um revólver e o coloca discretamente dentro da bolsa. Põe esta no ombro e anda como se nada tivesse acontecido. Alice vem no sentido contrário da calçada e se aproxima. Esta segura firmemente a bolsa junto ao corpo.

ALICE
Zoraide?

ZORAIDE
O que tá fazendo aqui, Alice?

ALICE
Vim resolver algo que já tava me matando. Mas não fala nada pra minha mãe, ou ela acaba comigo.

ZORAIDE
Tá bom. Faz o mesmo por mim, amiga.

ALICE
Você também se meteu em encrenca?

ZORAIDE
Das grandes.

CENA 03. APARTAMENTO RÉGIS. SALA. INT. DIA.

Carlos Eduardo entra desorientado. Bate a porta com força. Senta no sofá. Põe as mãos na cabeça e começa a chorar copiosamente.

CENA 04. DELEGACIA. SALA DELEGADA. INT. DIA.

A delegada, sentada à mesa, conversa com dois policiais, que estão de pé.

DELEGADA
Uma morte? Quando e onde?

POLICIAL
Ainda há pouco, na casa do Bruno Vermont. Uma moça que estava por perto fez uma denúncia pelo zap. Ouviu dois tiros.

DELEGADA
Vamos pra lá agora!

A delegada se levanta e sai apressada com os dois policiais.

CENA 05. ESCOLA DE MÚSICA. SALA BRUNO. INT. DIA.

Ana guarda um pote suspeito dentro de um saco plástico e depois enfia este na bolsa. Ana está tensa. Fecha a bolsa e a coloca num canto, no chão. Quando se encaminha para a porta, Rubens entra atordoado.

RUBENS
Ana, você precisa me ajudar.

ANA (disfarça)
O que houve, Rubens? Parece que viu um fantasma.

RUBENS
E vi mesmo.

ANA
Senta e me fala com calma.

Eles se sentam nas cadeiras e conversam.

CENA 06. PENSÃO ZORAIDE. CORREDOR. INT. DIA.

Vicky anda pelo corredor e encontra Germano vindo no sentido contrário.

VICKY
Oi, Germano. Você viu a Jô por aí?

GERMANO
Não. Pensei que ela estivesse com você.

VICKY
Que nada! Tô tentando ligar pra ela há um tempão, mas ela não me atende. (o celular toca) É da delegacia. (atende) Alô?… Sim, sou eu… Também tô querendo falar com… O quê?… Sabe quem morreu?… Ainda não?… Tá, vou correndo pra aí. Obrigada. (desliga)

GERMANO
Mais uma morte no Rio de Janeiro?

VICKY
Pior. Mataram um conhecido nosso. Foi lá no Bruno.

GERMANO
Na escola?

VICKY
Pior. Foi na casa mesmo. Vou correr lá.

GERMANO
Vou com você.

Vicky e Germano saem pelas escadas.

CENA 07. PENSÃO ZORAIDE. SALA. INT. DIA.

Vicky e Germano se aproximam da porta da saída, enquanto conversam. Mercedes, que reza sentada no sofá, observa os dois.

VICKY
Com Armando e Helena à solta, qualquer um pode ter morrido.

MERCEDES (se apavora e corre até Vicky)
Do que está falando?

VICKY
Mataram alguém na casa do Bruno.

MERCEDES
Ai, meu Deus! Mataram o Sandro. Eu disse pra ele não sair…

GERMANO
Calma, Mercedes! A gente ainda não sabe direito o que aconteceu.

VICKY (mente)
Pode ter sido um trote que passaram pra polícia. Você sabe que tem muita gente sem noção…

MERCEDES (chora)
Se o Sandro morrer, eu não sei o que vou fazer.

VICKY
Germano, fica aqui com ela. Quando souber de alguma coisa, te ligo. Fica tranquila, Mercedes. O Sandro está bem.

CENA 08. APARTAMENTO GIOCONDA. SALA. INT. DIA.

Lena leva uma bandeja de café e a coloca na mesinha de centro. Senta-se ao lado de Ângela no sofá. Cada uma pega uma xícara de café.

ÂNGELA
O cheiro tá muito bom. Amo café. (bebe)

LENA
Eu também. Faz bem pra alma e pro coração, como dizia o Fábio.

ÂNGELA
Fábio era o marido da Gioconda, não era?

LENA
Sim. Era uma excelente pessoa. Faz tanta falta nesta casa. (pausa) Onde será que a Gioconda se meteu?

ÂNGELA
Espero que não faça nenhuma loucura.

LENA
Ela, acredito que não. Mas a Helena…

ÂNGELA
Sei bem como ela é. Sofri muito nas mãos dela.

LENA
Ainda bem que Deus intercedeu a seu favor e te livrou das garras dela.

ÂNGELA
Agradeço todos os dias por escapar sã e salva. Rezo sempre por aqueles que se foram nas mãos dela, como a dona Zilda. Ela, sim, era uma patroa de ouro.

Toca a campainha. Lena abre a porta para Estêvão.

ESTÊVÃO
Como vai, Lena? A Gioconda está?

LENA
Ela saiu faz um tempo. Estou morta de preocupação com ela. Entra.

ESTÊVÃO
Com licença. (entra e vê Ângela; Lena fecha a porta) Você por aqui?

ÂNGELA
Fico em qualquer lugar, menos naquela casa. Tenho pavor de dar de cara com a dona Helena.

LENA (se aproxima)
Não é pra menos.

ESTÊVÃO
Também não consigo falar com meus filhos. Régis saiu no meio do plantão, e Leila faltou à aula na faculdade. Também não encontro o Bruno, o Sandro, ninguém. E só agora a Ana me atendeu. Está na escola de música com o Rubens.

LENA
Que coisa estranha! Todo mundo sumindo ao mesmo tempo.

CENA 09. CASA NOÊMIA. SALA. INT. DIA.

Música toca no rádio: All Cried Out – Alison Moyet. Noêmia varre o chão, enquanto fala sozinha.

NOÊMIA
Pelo menos essa rádio pra tocar música boa. Lá sou mulher de ficar ouvindo funk e o cacete a quatro? Meu ouvido não é penico. Nem minha casa. Uma varrida e depois uma passada de cera, e isso aqui fica brilhando. (toca a campainha) Será que a Alice esqueceu a chave? Ela não é disso.

Ela desliga o rádio (a música para) e abre a porta para Zoraide.

ZORAIDE
Amiga, que bom que está aqui!

NOÊMIA
Que houve, Zô? (Zoraide entra e fecha a porta)

ZORAIDE
Acho que me meti numa encrenca.

NOÊMIA
Mais uma, né?

ZORAIDE
Não brinca, que a coisa é seria.

CENA 10. CASA BRUNO. FRENTE. EXT. DIA.

Dois carros da polícia param na frente da casa. A delegada sai com dois policiais de uma viatura e andam até o imóvel; outros dois deixam o veículo e ficam a seu lado. A delegada vê o portão e a porta da sala abertos e entra com os acompanhantes.

CAM em Bruno, do outro lado da calçada. Ele estranha a movimentação na casa e se aproxima dos policiais que ficaram do lado de fora.

BRUNO
O que está acontecendo aqui?

POLICIAL
Se afaste. Houve um assassinato.

BRUNO
Como assim, assassinato? Essa é a minha casa. (se dá conta) Não pode ser!

Vicky vê Bruno e corre até ele.

VICKY
Oi, Bruno! Você viu…?

BRUNO
Vi o quê? Saí de casa faz tempo. Quando volto, tá essa confusão, que mataram alguém.

POLICIAL
A senhora, quem é?

VICKY
Victória Arruda. Sou jornalista. Vim cobrir a tragédia pro meu blog.

POLICIAL
Só entra se a delegada autorizar. Ela tá lá dentro.

BRUNO
Fico destroçado só de imaginar quem está lá dentro. Podia ser eu.

VICKY
Bruno, não fica assim. Vai que a pessoa que tá lá dentro ainda tá viva, ou que foi só um trote…

JÔ (se aproxima)
O quê que aconteceu, gente?

VICKY
Nossa! Você sumiu, hein?! Parece que mataram alguém aí dentro.


Aposto que foi coisa do Armando ou da Helena. Sabia que eles iam aprontar.

VICKY
Se foram eles ou não, a gente tem que esperar.


Vou esperar o cacete. Vicky, vem comigo. A gente entra, nem que seja à força.

POLICIAL
As senhoras não podem entrar.


Já entramos!

Jô e Vicky driblam os policiais e entram na casa. Bruno treme de tão apreensivo.

CENA 11. APARTAMENTO RÉGIS. SALA. INT. DIA.

Leila e Régis entram. Ela fala com Estêvão ao celular, enquanto Régis socorre Carlos Eduardo, que está aos prantos e bêbado com uma garrafa de vodca na mão. Há outras cinco garrafas no chão e na mesa de centro.

RÉGIS
O que está fazendo?

CARLOS EDUARDO
Me deixa, que eu quero beber! Quero acabar com a minha vida!

LEILA (ao mesmo tempo)
Estava com o Régis no enterro da professora. Te falei ontem, lembra?… O celular não pegava lá…

RÉGIS
Vou te levar pro chuveiro agora mesmo. (tenta segurar Carlos)

CARLOS EDUARDO
Me solta!

LEILA
…A gente está bem, mas o Carlos está péssimo. Parece que bebeu aos montes… Vou ajudar o Régis e já ligo de volta. (desliga)

RÉGIS
Me ajuda aqui, Leila.

CARLOS EDUARDO
Já disse que não quero, caralho!

Régis e Leila seguram Carlos Eduardo e o arrastam em direção ao banheiro.

RÉGIS
Uma chuveirada vai dar um jeito.

Os três saem de cena.

CENA 12. LANCHONETE. INT. DIA.

Sandro se aproxima da lanchonete e presta atenção no noticiário da TV.

JORNALISTA
(VO) Morte trágica no Rio! Uma pessoa foi assassinada, há uma hora, com dois tiros. (tela) O incidente ocorreu na casa do músico Bruno Vermont. A vítima e o assassino não foram identificados. Uma mulher teria ouvido os disparos e fez a denúncia à polícia civil. (VO; CAM em Sandro) A qualquer momento, mais informações sobre o caso.

SANDRO
Será que é o que estou pensando? (pausa) Tenho que falar com a Mercedes.

Ele pega o celular e disca para ela.

CENA 13. PENSÃO ZORAIDE. SALA. INT. DIA.

Aliviada, Mercedes fala com Sandro ao celular. Germano está ao lado dela.

MERCEDES
Graças à Virgem! Que bom que está bem, Sandro. Onde você está até essa hora?

SANDRO (VO, celular)
Saí pra dar uma volta pela Lagoa e tentar esquecer um pouco os problemas. As coisas já estavam me matando: Gioconda, Armando, Helena, Alice… Agora estou na lanchonete. Não comi nada desde que saí.

MERCEDES
Foi só isso mesmo? Você estava muito estranho quando saiu daqui.

SANDRO (VO, celular)
Foi sim. Fica tranquila. Encontrei com Ivan, um amigo da Zilda, por lá. Ele pode confirmar.

MERCEDES
Não, tudo bem. Confio em você cegamente. Sei o homem honrado que criei com muito amor. Você me deixou muito aliviada. Quando puder, vem pra casa, tá? E toma cuidado com os dois malucos. Sabe-se lá se e quando vão aparecer. Já mataram um, e você sabe que eles querem o sangue de muita gente.

SANDRO (VO, celular)
Sei disso. Deixa comigo, que eu sei me cuidar. Fica bem.

MERCEDES
Te amo. (desliga; a Germano) Sandro foi sincero.

GERMANO
Sandro jamais faria uma atrocidade de matar alguém de propósito.

MERCEDES
Mas é alvo fácil. Foi ele que comandou todo o esquema pra desmascarar os bandidos.

CENA 14. CASA BRUNO. SALA. INT. DIA.

A delegada e os policiais conversam. O cadáver não aparece.

DELEGADA
Dois tiros à queima-roupa. O assassino estava com muito ódio da vítima.

POLICIAL
Pelo que parece, a morte foi instantânea.

Jô e Vicky entram na sala e ficam chocadas com o que veem.

DELEGADA
O que estão fazendo aqui?


Nosso trabalho. Vicky, tira fotos.

DELEGADA
Não! Sem fotos. Já que vieram, quero que nos ajudem. Vicky, faz uma lista de todos que poderiam matar a vítima e descobre onde cada um está e o que está fazendo. Mas não vaza o nome da vítima.

VICKY
Sim, delegada.

DELEGADA
Jô, fica aqui comigo.

JÔ (enquanto Vicky sai)
Que morte horrível!

CENA 15. PENSÃO ZORAIDE. SALA. INT. DIA.

Sandro entra e se junta a Mercedes e Germano. Ela abraça Sandro.

MERCEDES
Que bom que voltou!

GERMANO
Soube de mais alguma coisa?

SANDRO
Só sei que a Jô e a Vicky conseguiram entrar lá, mas a delegada não deixou as duas contarem quem morreu. Mas garanto que vou ficar muito feliz se for o Armando.

CARLY (entra)
Porque ele te tomou a fazenda, não é?

GERMANO
Olha só quem voltou.

CARLY
Ficou com raivinha porque ele foi mais esperto, né, Sandro? É, o Armando é mesmo muito foda. (olha Sandro de cima a baixo) Você também é um tipão, mas não passa de um fraco. Enjoei de você. O Armando não morreu e ainda vai te matar. Sandro de bosta!

Mercedes se coloca à frente de Sandro e dá um tapa em Carly.

MERCEDES
Víbora! Sabia que era uma putinha, mas não que fosse tão suja e desclassificada.

CARLY (devolve o tapa)
Me esfreguei, sim, assim como você ficava de fogo nas ventas quando o Chico dava em cima…

Mercedes puxa Carly pelos cabelos e a estapeia várias vezes.

MERCEDES
Agora você vai aprender a respeitar as pessoas. Toma, vadia!

GERMANO
Larga ela, Mercedes.

SANDRO
Deixa. É bom a Carly tomar uma lição, antes que tenha o mesmo fim da Jéssica. Vou subir. (se afasta)

CENA 16. ESCOLA DE MÚSICA. SALA BRUNO. INT. DIA.

Alice e Ana conversam sentadas nas cadeiras.

ALICE
A Zoraide tá lá em casa. Bruno e Jô estão na casa dele, e até a idiota da Carly já apareceu.

ANA
E o Sandro?

ALICE
Vi entrando na pensão. A família da Helena também foi achada. Já ela e a Gioconda simplesmente evaporaram.

ANA
O Armando também desapareceu. Tem gente que jura de pés juntos que viu o Fábio vivo num hotel, mas nada dos três.

ALICE
Que horror! O Fábio morreu faz tempo.

CENA 17. HOTEL. QUARTO IVAN. INT. DIA.

Fábio (grisalho e de barba) e Ivan estão sentados na cama.

FÁBIO
Por muito pouco. (pausa) Por sorte o Bruno percebeu que eu tinha sofrido, na verdade, um ataque de catalepsia. A Lena, sem falar nada pra ninguém, procurou a polícia. Juntos, aproveitaram pra armar um velório e passar pra todos que eu tinha morrido. Principalmente pra aquela que tentou matar a mia Gioconda. Depois, fui trocado por um mendigo, e o enterro foi feito. Entrei pro serviço de proteção à testemunha e me mudei pra Brasília, onde estive até agora. Os capangas do Armando sofreram com a insistência do Mário Casiraghi. (ri) Esse é meu nome desde que acordei no hospital e que me recuperei do tiro, da catalepsia e dos hematomas que a doida da Helena me deixou quando me derrubou do caixão.

IVAN
Te derrubou do caixão? Não entendo.

FÁBIO
Mais um dos ataques que você conhece bem. (ri)

IVAN
A Gioconda sabe que você…?

FÁBIO
Desde o dia do enterro.

Gioconda entra afobada e fica feliz ao ver Fábio. Ele se levanta e abraça Gioconda.

GIOCONDA
Fábio!

FÁBIO
Meu amor! Até que enfim! (beija-a)

GIOCONDA
Fiquei pra morrer quando o Bruno me falou que você tinha…

FÁBIO
Ele me salvou. (Ivan fecha a porta) Já não aguentava mais a saudade que tinha de você. Tinha que dar um jeito de te ver, de saber como está.

GIOCONDA
Nada bem. Meu filho me achou…

FÁBIO
Não me diga!

GIOCONDA
Encontrei meu filho e descobri que ele quer se vingar de mim. Não sei o que faço pra ter o perdão dele. Foi ele que jogou meu passado aos quatro ventos, como se eu fosse uma imunda, acredita? Com a ajuda daquela jornalista de quinta. Ela me detesta por causa do Bruno. E agora a Helena ficou louca de vez e quer matar todo mundo, junto com aquele que tenho que chamar de noivo.

FÁBIO
Noivo? Que história é essa de noivo?

GIOCONDA
Helena contou sobre meu passado pra ele, e o canalha me obrigou a casar com ele. Ficamos noivos. Até que um dia ele tentou me estuprar. Só não conseguiu porque o Sandro chegou bem na hora. Foi preso, mas escapou com ajuda de uma piriguete que faz propaganda pra Aquapaper.

IVAN
Por isso é importante que vocês dois não se exponham. Eles são capazes de qualquer coisa.

GIOCONDA
A única coisa que quero agora é colocar a conversa com meu marido em dia.

FÁBIO
Marido em termos. Oficialmente você é viúva.

CENA 18. CASA BRUNO. FRENTE. EXT. DIA.

Sonoplastia: suspense. Grande movimentação de pessoas, entre jornalistas e curiosos, em frente à casa. Uma jovem de cabelo rosa consegue entrar pelo portão sem ser vista. Pega um celular e se aproxima da porta da sala, prestes a tirar uma foto.

CAM em Bruno. Ana e Alice se aproximam dele.

ANA
E aí, Bruno? Alguma novidade?

BRUNO
Nada ainda. A Vicky passou por mim, fez umas perguntas, mas não disse nada.

ALICE
Essa curiosidade tá me matando.

ANA
Pelo que parece, só cinco pessoas ainda não apareceram e podem estar lá dentro.

ALICE
Armando, Helena, Raul, Wilson…

BRUNO (se desespera)
Gioconda, não! Não sei o que faço se for ela!

ANA
Ela ainda não apareceu, não deu notícias. Liguei pra Lena, e ela falou que a Gioconda saiu sem dizer pra onde ia.

ALICE
Vamos torcer pra que não seja ela.

CENA 19. PENSÃO ZORAIDE. SALA. INT. DIA.

A sonoplastia para. Sandro entra e se senta com Germano, que assiste ao telejornal.

SANDRO
Mercedes caiu no sono. E a Carly?

GERMANO
Saiu atrás do Armando.

SANDRO
Deixa ela. Mais alguém foi encontrado?

GERMANO
Só o Wilson. Saiu do hospital direto pra delegacia. Vai passar um tempo na cadeia até prenderem o Armando, e logo será posto em liberdade.

SANDRO
É, ele colaborou muito. Acho que se arrependeu de ser cúmplice do maldito.

GERMANO
Quase morreu, né? No fundo, parece ser um bom rapaz. Só estava cego pela ambição.

SANDRO
Pode ser.

RAUL
(entra) Zoraide, cadê você? (vê Sandro) Quem te viu, quem te vê. Gostou de matar mais um, justiceiro de merda?

SANDRO (se levanta)
Não vou admitir que venha me acusar…

RAUL (tom)
Eu que não admito que venha me enfrentar.

GERMANO (também se levanta)
Espera aí, Raul. Abaixa o tom, que você não está no seu jornal. O Sandro é inocente, e eu sou testemunha.

SANDRO
E você? Enche a boca pra puxar o saco do Armando, mas ele não está nem aí pra você. É só mais um fantoche. Aliás, é bem mais fácil ele ter te humilhado, colocado abaixo da terra, e você ter matado o Armando só de raiva.

RAUL (grita)
Não sabe o que fala!

SANDRO
Ah, não? (encara) Tenho pena de você.

Sandro vai até a saída da pensão e deixa Raul com raiva. Este também sai. Germano volta pro sofá e assiste à TV.

CENA 20. CASA TERESÓPOLIS. SALA. INT. DIA.

A governanta arruma os livros numa prateleira. Amanda desde as escadas e se aproxima dela.

GOVERNANTA
Está melhor, minha flor?

AMANDA
Sim. Foi só mais um enjoo. Acho que vou ligar pra minha irmã. Você viu meu celular?

GOVERNANTA
Vi, sim. Em cima da mesa naquele canto.

AMANDA
Ah, é verdade. Deixei carregando. (vai até o aparelho e o pega) Nossa! Quanta mensagem!

Ela olha as mensagens. De repente dá um grito de horror ao ver uma em especial. Joga o celular em cima da mesinha e corre até o sofá. Chora desesperada.

GOVERNANTA
Que houve, Amanda?

AMANDA
Uma coisa horrível! Me abraça!

A mulher a abraça. Amanda chora copiosamente.

CENA 21. PENSÃO ZORAIDE. FRENTE. EXT. DIA.

Dois jovens na calçada olham para seus celulares, incrédulos. Raul desce a escadaria e fica no portão.

RAPAZ
Que merda é essa?

MOÇA
O povo não tem noção! É só acontecer alguma coisa assim, que já espalha pra tudo mundo.

RAUL (sai pelo portão e fala com o casal)
Qual é o meme da vez?

MOÇA
Você não vai querer ver. É sangrento.

RAUL
Sou jornalista. Não tenho medo de sangue. Mostra logo.

A moça titubeia para mostrar a foto a Raul. A foto não aparece para CAM.

CENA 22. CASA BRUNO. COZINHA. INT. DIA.

Jô entra com a delegada.


Alguém entrou sem a gente ver e tirou a foto do defunto.

DELEGADA
Impossível. A gente tá de olho.


Será mesmo? (mostra-lhe o celular)

DELEGADA
Aff, o povo quando quer atrapalhar nosso trabalho… Vai lá fora e anuncia o nome da vítima, antes que…

Jô e a delegada saem de cena.

CENA 23. HOTEL. QUARTO. INT. DIA.

Ivan mostra a mensagem que recebeu a Fábio. Este arregala os olhos ao ver a foto do cadáver.

GIOCONDA
O que foi, Fábio?

FÁBIO
Você nem imagina o que acabou de acontecer.

IVAN
Mataram a sangue frio.

GIOCONDA
Deixa eu ver.

Ivan mostra a foto a ela, que também fica surpresa.

IVAN
Foi hoje de manhã.

GIOCONDA
Tenho pena, mas… teve o fim que procurou. Me abraça, Fábio.

Ela a abraça e beija a sua testa.

CENA 24. CASA BRUNO. FRENTE. EXT. DIA.

Jô sai pela porta da sala. Grande alvoroço em volta. Bruno fica mais trêmulo ao ver a moça. Ela sai pelo portão e chama os jornalistas.


Silêncio, que eu vou falar! (para a confusão) A delegada envolvida no caso, Cláudia Veloso, me autorizou a revelar o que ocorreu dentro desta casa. (suspense) Uma pessoa foi morta com dois tiros a queima-roupa na manhã de hoje. O assassino está foragido. O nome da vítima acaba de ser espalhado pelas redes sociais, junto com sua imagem postmortem. Com licença.

Jô caminha até Bruno, que está prestes a chorar.

BRUNO
Será que a Gioconda…?

ANA
Não temos certeza ainda. A Jô tá vindo.

ALICE
Pode ser outra pessoa. Tem que ser.

ANA (quando Jô chega)
Oi, Jô! E aí?


A Helena já era!

Bruno dá um grito e cai ajoelhado. Chora de alívio.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

Leia mais Histórias

>
Rolar para o topo