CENA 01. PENSÃO ZORAIDE. QUARTO SANDRO. INT. NOITE.

Sandro conversa com Jô após flagrá-la revirando sua gaveta.

SANDRO
Você disse Armando Alighieri? Não sei de quem se trata. (fecha a porta)


Sabe sim. Seu pai era viciado em jogo. Perdeu as terras, enquanto jogava com um comparsa do Armando. Já investiguei essa história. Sou jornalista, esqueceu?

SANDRO
Afinal o que você quer de mim? Entrevista? Não sou de alimentar sensacionalismos de uma jornalista vaidosa.


Eu quero provar com todas as letras o calhorda que o Armando é, só isso. Você me ajuda com os fatos, e eu te ajudo com a vingança. É o que você quer, não é? Conheço homens como você faz tempo.

SANDRO
E por que acha que eu deveria me aliar a você?


Porque juntos será mais fácil de colocar nossos objetivos em prática. Ninguém sabe, mas estou montando um dossiê sobre o salafrário. A cada dia minha pasta fica mais recheada de escândalos que o Armando faz questão de esconder.

SANDRO
E a morte do meu pai é mais um deles?


Não só a dele, como as de mais de dez pessoas. Só no ano passado, ele colocou mais de cinquenta famílias na rua por todo o Brasil. Fora os golpes que ele dá no Caribe, nos Estados Unidos, e também as contas muito suspeitas que mantém na Suíça e nas Ilhas Cayman. A quantidade de laranjas? Isso nem se fala.

SANDRO
Então ele é pior do que eu pensava.


Pra você ver.

Silêncio por cinco segundos. CLOSES alternados entre Sandro e Jô.

SANDRO
Você chegou a ler a carta que estava na sua mão?


Não. Foi na hora em que você chegou…

SANDRO
Então lê. Aí está o outro motivo de minha chegada ao Rio.

Jô pega a carta e começa a ler.

CENA 02. CASA HELENA. SALA. INT. NOITE.

Zilda, Estêvão e Carlos Eduardo conversam no sofá.

ESTÊVÃO
Me diga com sinceridade, Carlos. Você e minha filha se amam?

CARLOS EDUARDO
A gente se gosta muito, sim. Sua filha é uma ótima companhia.

ESTÊVÃO
Pergunto isso porque me preocupo com vocês dois. Às vezes penso que vocês, apesar de se darem muito bem, só estão juntos por livre e espontânea pressão do Armando e da Helena. Você acha que vale a pena mesmo levar o noivado adiante?

CARLOS EDUARDO
Já conversei sobre isso com a Amanda várias vezes. Eu não descartaria a chance de continuar o noivado com ela, se não fosse por nossos pais. Mas a cobrança do meu pai e da mãe dela está minando nosso relacionamento a cada dia.

ZILDA
Isto quer dizer que o casamento de vocês dois já está arriscado muito antes de começar, assim como foi com seus pais. Me dá uma aflição de saber que erros assim se repetem de geração em geração, geralmente por causa da ambição, das tradições, da reputação na sociedade.

ESTÊVÃO
Sociedade hipócrita e mesquinha. Carlos, ouça bem o que vou dizer. Se você e Amanda acharem que não devem seguir com o noivado, sejam fortes e façam o que for melhor pra vocês. Armando e Helena não têm o direito de usar vocês como troféus. Prefiro que vocês sejam felizes separados a viverem atormentados por um casamento vil por toda a vida. Falo isso de experiência própria.

ÂNGELA (entra)
Com licença. O jantar já está na mesa.

ZILDA
Já vamos, Ângela. Obrigada. (Ângela sai) Carlos, pensa nisso com carinho. Estêvão e eu daremos a força necessária pra vocês. Conta conosco.

CARLOS EDUARDO
Sim, dona Zilda. Pensarei nisso.

ZILDA
Agora vamos para a mesa, porque estou com uma fome de leão. Ah, Estêvão, a Leila e o Régis só vão voltar mais tarde…

Os três saem em direção à sala de jantar.

CENA 03. LANCHONETE. INT. NOITE.

Leila e uma amiga conversam à mesa.

LEILA
Hoje a aula foi puxada. Achei que fosse cair de sono no final.

AMIGA
Só Jesus na causa. E a professora também não ajuda.

LEILA
Se ela fosse homem, ela poderia se chamar Morfeu. (as duas riem)

AMIGA
Pior que ela, só as provas. Nem a Corrida de São Silvestre esgota tanto.

LEILA
Não sei como consegui gabaritar a prova. Também pudera: fiquei a madrugada inteira me matando de estudar.

GARÇONETE (aproxima-se)
O pedido de vocês.

LEILA
Ah, obrigada. Veio na hora certa. Esse sanduíche está com uma cara ótima.

AMIGA
Obrigada!

GARÇONETE
Com licença. (afasta-se)

As moças comem seus sanduíches. Rubens e Ana entram e se sentam a uma mesa no fundo. Rubens de frente para Leila. CAM em Ana.

ANA
Não acredito que já é amanhã! Eu cinquentona. Estou me sentindo velha, anciã. Não tô preparada.

RUBENS
Você está ótima. Ninguém te dá essa idade.

ANA
Obrigada. Você é muito fofo, já falei isso. Mas eu tenho horror de ser chamada de acabada por alguma mulher por aí. Nossa! Se um dia isso acontecer, eu piro. Corro pra cirurgia plástica, sei lá. (Rubens troca olhares com Leila) Falando nisso, amanhã eu tenho que ficar poderosa. Tô doida pra sacudir o esqueleto, requebrar a noite toda. A Noêmia me falou que o salão ficou maravilhoso. Rubens, você tá me ouvindo? Rubens?

RUBENS
Desculpa, me distraí com uma linda moça que está ali do outro lado.

ANA (olha Leila)
A ruivinha ali? Nossa! Ela é linda mesmo.

RUBENS
Muito.

ANA
Uma bonequinha. Mas ela não me é estranha. (volta para Rubens) Já vi essa moça lá na escola.

CAM em Leila e sua amiga.

LEILA
Você sabe que me amarro num coroa. Mas tem um aqui que é uma perfeição. Disfarça e olha o gato.

AMIGA (obedece)
Uau!

LEILA
E pensar que quase fui direto pra casa.

AMIGA
Mas ele tem namorada, né? E ela é linda de morrer.

LEILA
Namorados não ficam sentados desse jeito. Ele nem faz o tipo dela.

AMIGA
Como você sabe?

LEILA
Ela foi professora de dança da minha irmã. E ela sempre preferiu caras mais velhos, grisalhos, do tipo do meu pai.

AMIGA
Já minha química é perfeita com esse eggcheesebacon. A mistura dos sabores é uma festa na minha boca, como diz Gordon Ramsay. Amo!

LEILA
Xiii! Vejo que você continua viciada nesses reality shows de comida.

AMIGA
Amo. Vou fazer o quê?

As duas riem, enquanto Leila e Rubens trocam olhares novamente.

CENA 04. PENSÃO ZORAIDE. QUARTO SANDRO. INT. NOITE.

Jô com a carta de Sandro na mão.


Sandro, eu tô passada. Como é que você vai achar essa mulher? Ela pode estar aqui no Rio, mas pode estar em outro lugar do mundo ou até morta.

SANDRO
Não me importo. Mas eu preciso saber pelo menos quem ela é. Só assim vou poder pisar em uma base de novo. Sentir que tenho raízes.


Eu posso te ajudar nisso também, se quiser. Sempre quis investigar algo assim. Ajudar um filho a encontrar sua família. Tá, é diferente porque você já é adulto, mas em compensação o frio na barriga é bem maior.

SANDRO
Então vamos combinar o seguinte. Tem um amigo meu que está a par da situação. Ele se chama Bruno Vermont. Você o conhece?


De nome. A Zoraide costuma falar nele.

SANDRO
A gente se encontra às dez na casa dele. Fica perto do pet shop. E aí combinamos o que fazer.


Você não vai-se arrepender de contar comigo. Quero tanto quanto você esclarecer a sua vida e colocar o inimigo no lugar em que merece.

SANDRO
Como dizem por aí, a união faz a força. Não é mesmo?


Concordo totalmente.

CENA 05. CASA HELENA. SALA JANTAR. INT. NOITE.

Helena sentada à cabeceira da mesa. Carlos Eduardo e Estêvão à direita, Zilda e Amanda à esquerda. Todos jantam. Régis entra e cumprimenta um a um: as mulheres com um beijo no rosto e os homens com um abraço. Senta-se ao lado de Carlos Eduardo.

ZILDA
Como foi no hospital hoje?

RÉGIS
O de sempre. Hoje foi uma cirurgia de… Depois eu conto, para não estragar o jantar.

ESTÊVÃO
Vejo que sua residência está melhor do que pensava. Meu filho vai ser um bom médico.

ZILDA
Não tenha dúvidas disso, meu genro.

HELENA
Com tanta coisa melhor pra escolher, foi cometer esse único deslize na vida.

ESTÊVÃO
Suas agulhadas não vão me atingir logo hoje, Heleninha.

AMANDA
Leila não veio com você, Régis?

RÉGIS
Não. Acho que ela foi dar uma volta com uma amiga, ir à lanchonete depois da aula.

HELENA
Depois reclama de que está gorda.

ZILDA
Seria até bom que ela engordasse mesmo. Assim como você, filha. Vocês estão magérrimas. Não sei como param em pé.

HELENA
Não vou nem responder a isso, mamãe.

CARLOS EDUARDO
Régis, depois me lembra de te entregar o livro que você tanto procurava. Amanda achou por acaso em Paris, e trouxemos pra você. Nova edição.

RÉGIS
Caramba, não precisava.

CARLOS EDUARDO
Fizemos questão. Trouxemos presentes para todos vocês, inclusive.

AMANDA
Mamãe, você vai amar o seu.

CENA 06. MANSÃO ARMANDO. SALA JANTAR. INT. NOITE.

Armando, Soraya e Wilson jantam à mesa. O primeiro está à cabeceira.

SORAYA
Meu filho ainda não chegou. Estou preocupada.

ARMANDO
Ele ficou de jantar e passar a noite na casa da Helena.

SORAYA
Isso não é certo! Nem pra ver a própria mãe no dia da volta?

ARMANDO
Querida, ele tem muito mais o que fazer na vida. Desapega do teu filho e vá arrumar algo pra você também. Quem sabe algum serviço de mulher. Faz tempo que você não lava a louça.

SORAYA
Ouviu o que ele acabou de falar, Wilson? Quanto machismo tenho de aturar do meu marido. (a Armando) Não lavo nem as suas cuecas, quanto mais aquela cozinha encardida. Eu sou madame, meu bem! Empoderada!

ARMANDO
Quanta bobagem! Empoderada? Papo de mulherzinha que enche a cabeça de minhocas. Vocês não funcionam sem um trato de um bom homem.

SORAYA (gargalha)
Que bom homem? Você? Querido, você já passou faz tempo da validade. E eu continuo linda e gostosa. Não acha, Wilson?

WILSON (inibido)
Assim a senhora me coloca em maus lençóis.

ARMANDO
Não é o que você fala de mim na cama. Com licença. Já estou satisfeito. Wilson, me encontre no escritório assim que terminar.

WILSON
Já terminei. Com licença, dona Soraya.

Armando e Wilson se levantam da mesa e seguem para o outro cômodo. Soraya com raiva.

CENA 07. APARTAMENTO GIOCONDA. QUARTO GIOCONDA. INT. NOITE.

Gioconda está na cama, recostada no travesseiro e de camisola. Ela termina de ler um livro e coloca-o sobre a mesinha de cabeceira. Fábio, de terno, entra com um envelope na mão e já falando.

FÁBIO
Meu amor, você viu o convite que chegou?

GIOCONDA
Não. O que é?

FÁBIO (abre o envelope e lê o conteúdo)
Festa de aniversário de uma moça chamada Ana. Vai ser amanhã de noite, numa boate que vai reinaugurar. Foi o Bruno que mandou pra gente.

GIOCONDA
Será que a Ana, amiga dele lá da escola de música?

FÁBIO
Acho que sim. Tema: anos 80. Já vi a aquarela que vai estar a decoração. (ri)

GIOCONDA
Não sei se devemos. Você sabe que essa década me remete à pior fase da minha vida.

FÁBIO
Pois acho que você deveria tentar. E nem sei se outras pessoas, além do Bruno, vão comparecer.

GIOCONDA
Posso pensar até amanhã de manhã. É só o que peço.

FÁBIO
Por mim, tudo bem. Mas não deveríamos fazer esta desfeita com o Bruno, ainda mais depois desse convite.

CLOSE em Gioconda apreensiva.

CENA 08. LANCHONETE. INT. NOITE.

Continuação da cena 03. Leila e Rubens trocam olhares. Ela termina de lanchar com a amiga.

AMIGA
Leila, preciso ir. Já está ficando tarde.

LEILA
Vou ficar mais um pouco. Amanhã a gente se fala.

AMIGA
Tá bom. Beijo, miga!

As duas se levantam e trocam beijos de rosto. A amiga sai e Leila volta a se sentar. Chama a garçonete sem tirar os olhos de Rubens.

GARÇONETE (poucos segundos depois)
Chamou, senhora?

LEILA
Fecha a conta pra mim, por favor.

A garçonete afirma com a cabeça e se afasta. Rubens se levanta da mesa em que está e vai até Leila. Ana senta na cadeira em que ele estava, para assistir.

RUBENS
Posso?

LEILA
Claro. Senta.

RUBENS (senta-se)
Estava ali com minha melhor amiga, mas não consigo tirar os olhos de você por um instante. Como se chama mesmo?

LEILA
Leila.

RUBENS
Prazer. Sou Rubens. Gostei muito de você, sabia? O que acha de a gente se conhecer melhor? Se eu não estiver…

LEILA
Vou adorar. Bem, agora não vai dar, mas a gente pode marcar amanhã por aqui mesmo.

RUBENS
Não. Amanhã não posso, porque já tenho um compromisso. Se bem que você poderia me encontrar lá. Vai ter a festa de aniversário da Ana, minha amiga, e gostaria muito de convidar você. (retira um convite do paletó e dá para Leila) Aqui está o endereço, a hora, tudo direitinho.

LEILA
Faço questão de ir.

GARÇONETE (traz a conta)
Com licença! Obrigada.

RUBENS (pega a conta antes de Leila)
Eu pago.

LEILA
Não, por favor. Não precisa, é sério.

RUBENS
Eu pago, e você me encontra na festa amanhã.

LEILA
Já que insiste, só me resta agradecer. Você é um lorde.

Rubens paga a conta à garçonete, que logo se afasta. Quando ele está para pegar nas mãos de Leila, Ana se aproxima deles.

ANA
Com licença. Como vai? Não sei se você se lembra de mim, mas eu fui professora de dança da sua irmã. Você é a Leila, não é?

LEILA
Sim, sou eu mesma.

ANA
Vi que meu amigo aqui deixou um convite pra você. É meu aniversário amanhã, e quero reforçar o convite pra toda a sua família. A Amanda está bem?

LEILA
Sim, está ótima. Ela voltou de viagem hoje.

ANA
Ai, que bom! Fala pra ela que estou com muita saudade. Espero vocês amanhã, tá? Adorei te ver, querida. (elas trocam beijos de rosto) Rubens, te espero no carro. Tá, lindo?

RUBENS
Já estou indo. Até já. (Ana sai) Não liga, não. Parece cena de ciúmes, mas é só uma amiga avoada mesmo. (eles riem)

LEILA
Então nos vemos amanhã.

RUBENS
Com todo prazer.

Leila e Rubens trocam sorrisos e olhares. Em seguida ela sai. Rubens continua sentado à mesa.

CENA 09. RIO DE JANEIRO. PRAIA DE COPACABANA. EXT. DIA.

Música: The Locomotion – Kylie Minogue. Amanhece. Homens jogam vôlei na areia; mulheres deitadas de bruços; jovens surfam; pessoas caminham pelo calçadão; mulher passeia com um cachorro.

CENA 10. CASA HELENA. SALA. INT. DIA.

Amanda e Leila conversam sobre Ana no sofá.

AMANDA
É hoje? Caramba, como eu sou esquecida.

LEILA
E ela deixou um convite pra gente. Mandou um beijo pra você também.

AMANDA
Onde está o convite?

LEILA
Com a mamãe. Ela convidou a família toda. (pausa) Na verdade, quem convidou primeiro foi… (Helena aparece e desce as escadas) Ela faz questão da presença de todo mundo. Vai ser na boate que vai ser reinaugurada. Ouvi dizer que foi a Monique Veloso que fez a decoração.

AMANDA
Mentira!? Eu me amarro na Monique!

HELENA
Acabei de confirmar a nossa ilustre presença no evento. Não que eu vá com a cara da aniversariante, mas vai ser bom para colocar a conversa em dia com figuras mais importantes.

LEILA
Achei que você nem fosse se interessar, mamãe.

AMANDA
Temos um problema: como vamos nos virar com os vestidos, o salão…?

HELENA
Já resolvi tudo isso. Marquei uma hora para a gente no salão do Henri-Jacques e depois na estilista. Não é o melhor a se fazer, pois o tempo é muito curto, mas vamos nos produzir muito bem para a ocasião. Algo me diz que uma coisa muito importante está prestes a acontecer. Leila, depois da faculdade exijo que nos encontre no Henri-Jacques.

LEILA
Sim, mamãe. Mas agora preciso ir, ou me atraso para a faculdade. Vou com o Jairo, tá? (beija a mãe no rosto) Tchau, mãe! Tchau, Amanda!

Leila sai. Helena abraça Amanda toda contente.

CENA 11. MANSÃO ARMANDO. SALA. INT. DIA.

Armando, Soraya e Carlos Eduardo sentados no sofá.

CARLOS EDUARDO
Enquanto a Amanda se divertia, consegui fechar algumas parcerias para a Aquapaper. Entre eles os donos do Banco Liberté e do Banco France d’Or. Eles entrarão em contato com você nos próximos dias para fechamento de contratos e outras burocracias.

ARMANDO
Sabia que meu sucessor não iria falhar. Você é de ouro, meu filho.

SORAYA
E com a Amanda? As coisas estão mais calientes?

ARMANDO
Não seja vulgar, Soraya.

SORAYA
Só estou querendo saber como está o noivado do meu filho. Toda mãe tem o direito de saber nos mínimos detalhes.

CARLOS EDUARDO
Está tudo bem, sim, mãe. Não se preocupe.

SORAYA
Ainda não engoli aquela história do freezer.

CARLOS EDUARDO
Mãe, esquece isso. Eu estou bem, não estou?

SORAYA
Pra uma mãe, um filho nunca fica bem por inteiro.

ARMANDO
Fecha essa matraca, mulher! Em conversa de homens, mulher não abre a boca. Quantas vezes já te disse isso?

CARLOS EDUARDO
Pai, não fala assim com ela.

ARMANDO
Aprende uma coisa, meu filho. Mulher tem que ser tratada na rédea curta. É assim que você vai ter que lidar com a Amanda. A gente sabe que ela puxou o gênio da Helena. O Estêvão não soube se impor, deu no que deu.

SORAYA
Até o dia em que uma mulher der uma lição bem dada no seu pai. Depois vai lá no meu quarto, pra gente conversar mais, longe desse machista. (sobe as escadas e sai)

ARMANDO
Mulheres e seus fricotes. Fala mais sobre os acordos que fez em Paris.

Eles continuam a conversa em FADE.

CENA 12. BOATE NOÊMIA. SALÃO. INT. DIA.

Diversas pessoas dão o acabamento ao local para a festa: decoração, equipamentos de som e de luz, comes e bebes. Noêmia e Zoraide entram. Esta fica encantada.

ZORAIDE
Meu Deus! Noêmia! Isso aqui ficou lindo demais. Não lembra nem de longe aquela boate caindo aos pedaços. Menina, isso aqui vai lotar.

NOÊMIA
Não sonha, Zô. Vai encher hoje, por causa do aniversário e da reinauguração. Amanhã eu já não sei.

ZORAIDE
Pensa positivo, amiga. Não tem como dar errado.

ALICE (entra)
Gostou, Zoraide?

ZORAIDE
Amei!

ALICE
E o tempão que a gente levou pra colocar a mudança na cabeça dura da mãe, não foi?

NOÊMIA
Minha filha vai jogar na minha cara pelo resto da vida.

ALICE
Porque eu te amo e muito. (beija o rosto de Noêmia) Só vim te dar um beijo. Vou lá pra escola de teatro. Tem aula de violino hoje.

NOÊMIA
Vê se não volta tarde.

ALICE
Tchau, mãe!

ZORAIDE
Sua filha é um tesouro, amiga. Tomara que ela encontre um rapaz maravilhoso igual a ela.

NOÊMIA
Deus queira. Tenho muito orgulho dela.

CENA 13. APARTAMENTO GIOCONDA. QUARTO GIOCONDA. INT. DIA.

Fábio acaba de acordar e se espreguiça. Gioconda sai do banheiro e termina de se arrumar.

FÁBIO
Bom dia, meu amor! Vai a algum lugar? (boceja)

GIOCONDA
Decidi que hoje vai ser o primeiro dia em que vou consertar minha vida. Vou enfrentar os fantasmas do meu passado.

Efeito de fim de capítulo: imagem congela; FADE TO BLACK. Sonoplastia: vento.

A Widcyber está devidamente autorizada pelo autor(a) para publicar este conteúdo. Não copie ou distribua conteúdos originais sem obter os direitos, plágio é crime.

  • Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

    Leia mais Histórias

    >
    Rolar para o topo