PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ALFREDO
ALVINHA
GLÓRIA
MARCÍLIO
MARIA
MARTA
SOL
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
DELEGADO, DIRETOR (HOSPITAL), ENFERMEIRA, JORGE, JORNALISTA (ÂNCORA), MÉDICO, RECEPCIONISTA.
CENA 01. MANSÃO MORAES. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
Sol ali tomando café da manhã. Alfredo vem da sala de estar.
ALFREDO — Já acordada, meu amor?
SOL — Se você quer saber eu nem conseguir dormir!
ALFREDO — Imagino! Eu vi você olhando pela janela as três da manhã.
SOL — Não consegui pregar o olho! Se eu pudesse, teria dormido lá no hospital.
ALFREDO — Mas não ia adiantar de nada, Sol.
SOL — Ah, sei lá. Mas quando você está em casa, parece que tá incapaz! E se ela precisou de mim durante a noite?
ALFREDO — Calma, meu amor! A dona Glória tá cercada de profissionais qualificados! Se ela precisou de alguma coisa, creio que eles ajudaram ela lá.
SOL — Senta aí pra tomar café que daqui a pouco nós vamos pra lá!
ALFREDO — Ok, general!
Ele se senta à mesa.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE MARIA. SALA. INT. DIA.
Maria ali sentada com os gêmeos. Marta vem do quarto toda produzida, lindíssima.
MARTA — E então…? Como é que eu estou?
MARIA — Ótima! Você está linda até demais pra quem vai a uma entrevista de emprego.
MARTA — Ih… O que é que é hein, Maria? Só porque é entrevista eu tenho que ir feito uma baranga? Não senhora! Eu me recuso a sair de casa sem estar linda!
MARIA — Desse jeito aí você vai acabar conquistando o solteirão.
MARTA — Será? Tudo que eu queria na minha vida era um homem rico. Mas mudando de assunto agora… Por que você ontem sumiu depois que a Alvinha chegou aqui?
MARIA — (Mente) Eu tive que sair.
MARTA — Mentira! Você estava em casa, saiu só porque a mulher chegou! Saiba você que isso não pegou nada bem, tá?
MARIA — Tô nem aí! Só aceitei que ela entrasse dentro da minha casa porque ela finalmente está fazendo alguma cosia de útil por alguém.
ALVINHA — (OFF) Marta! Vamos que já estamos atrasadas!
MARIA — Vai, Marta! Vai antes que essa mulher cisme que tem que entrar aqui.
MARTA — Tá bom! Me deseje sorte!
MARIA — Vai lá! Boa sorte!
Marta sai e Maria começa a brincar com o bebê.
MARIA — Coisinha mais linda da titia!
Close no bebê que sorrir pra ela. Instantes. Fofura.
CORTA PARA:
CENA 03. RUA. CASA DE MARIA. FRENTE. EXT. DIA.
Alvinha ali arrumada pra ir ao trabalho. Marta se aproxima.
ALVINHA — Nossa, hein, Marta! Tá um arraso, hein!
MARTA — Que isso, Alvinha? Eu só gosto de sair bem vestida!
ALVINHA — Sei! Mas do jeito que você tá aí, parece que vai encontrar com alguém!
MARTA — E não é um encontro profissional? Eu hein! Vamos!
ALVINHA — É… Vamos que a gente tá atrasada!
As duas vão caminhando.
CORTA PARA:
CENA 04. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Delegado com a enfermeira ali.
DELEGADO — Bom… E aqui estamos de novo!
ENFERMEIRA — Não sei por que eu estou aqui, mas tudo bem!
DELEGADO — Sério mesmo que você não sabe? Ou você está atuando? Porque se tiver, você atua muito mal.
ENFERMEIRA — Diga logo o que você quer!
DELEGADO — Eu quero que você assuma o que fez!
ENFERMEIRA — Eu nunca vou assumir uma coisa que eu não fiz!
DELEGADO — Ah é? Mas eu se fosse você não falaria que não fez. Porque há controvérsias!
ENFERMEIRA — Que controvérsias?
DELEGADO — Tá vendo só? Por que você não assume logo que fez parte do sequestro que economiza mais o meu e o seu tempo. Só estamos aqui gastando ele que é tão precioso!
ENFERMEIRA — Tá bom… Eu admito! Eu fiz sim parte do plano!
DELEGADO — Ok! Agora sim estamos começando a nos entender! Agora me diga mais detalhadamente como vocês agiram.
A enfermeira começa a falar fora de áudio. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 05. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Alfredo e Sol chegam e vão até a recepcionista.
SOL — Bom dia! Glória Moraes!
RECEPCIONISTA — No momento ela está com visita no quarto.
SOL — Visita? Mas visita de quem?
RECEPCIONISTA — Não estou autorizada a passar esse tipo de informação!
SOL — Tá ok! Obrigado!
Eles vão se sentar.
ALFREDO — Vocês conhecem mais alguém?
SOL — Não pelo que eu saiba!
ALFREDO — Estranho! Então quem será que está no quarto com a sua mãe?
Eles ficam ali intrigados. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. APART DE MARCÍLIO. SALA. INT. DIA.
Marcílio ali sentado lendo um jornalzinho. A campainha toca. Ele vai atender a porta, quando abre, ele olha Marta em SLOW e os cabelos delas voam como nos comerciais.
MARCÍLIO — Deseja falar com quem?
MARTA — Com o senhor Marcílio!
MARCÍLIO — Sim, sou eu! Mas pode me chamar só de Marcílio mesmo!
MARTA — Prazer! Eu sou a Marta!
MARCÍLIO — Ah sim. A moça da limpeza. Entre.
Ela entra e ele fecha a porta.
MARCÍLIO — Confesso que fiquei surpreso. Uma moça tão linda quanto você trabalhar com esse tipo de coisa.
MARTA — Fazer o que né, Marcílio? Para sustentar os filhos, temos que fazer de tudo!
MARCÍLIO — Tem filhos?
MARTA — Gêmeos! Recém-nascidos!
MARCÍLIO — Que bom! E por que você acha que dá conta de trabalhar e cuidar dos seus filhos?
Ela começa a explicar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 07. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Alfredo e Sol ali ainda intrigados.
SOL — Quem será que tá lá no quarto com a mamãe?
ALFREDO — Não sei! Só vamos ficar sabendo quando essa pessoa sair.
CAM mostra um homem de terno e gravata vindo em direção a eles.
SOL — Você? O que você está fazendo aqui?
Closes alternados em todos. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 08. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Enfermeira ali com o delegado. Conversa a meio.
DELEGADO — Recapitulando aqui… Vocês pegaram as crianças na incubadora e saíram pelos fundos?
ENFERMEIRA — Sim!
DELEGADO — E qual foi o veículo utilizado na fuga?
ENFERMEIRA — Um táxi! A Marta tinha deixado um táxi na rua de trás esperando. Foi o taxista, não foi?
DELEGADO — Não posso passar essa informação!
ENFERMEIRA — Claro que foi ele! Quem mais poderia ter sido?
DELEGADO — Alguém pode ter visto e vocês nem perceberam!
ENFERMEIRA — Só pode ter sido o taxista! Nós não deixamos pista alguma de que teria sido a gente.
DELEGADO — Fora o fato de você sair pela porta dos fundos, mas tudo bem…. Agora, a pergunta que não quer calar… Pra onde essa Marta levou as crianças?
Fecha na enfermeira indecisa se fala ou não. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 09. HOSPITAL. SALA DE ESPERA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 07. Clima de tensão no ar.
ALFREDO — Quem é esse homem, Sol?
SOL — Ele é o responsável pelas coisas ruins que aconteceram no casamento dos meus pais!
JORGE — Calma, Sol! Eu só vim ver a sua mãe!
SOL — Não me chame de Sol! Sol é para os mais íntimos e não para aqueles que acabam com o casamento de duas pessoas que se amavam!
JORGE — Você vai me desculpar, mas eu não obriguei a sua mãe a nada! Ela rompeu com o seu pai porque ela quis!
SOL — Me engana que eu gosto, Jorge! Eu sempre soube o galinha que você era!
JORGE — Eu não sou obrigado a ficar ouvindo esse tipo de coisa! Com licença!
Ele sai com ela arrematando.
SOL — É isso aí! Sai mesmo seu distraidor de casamentos!
ALFREDO — Calma, meu amor! E fala mais baixo que nós estamos num hospital!
SOL — Desculpa! Mas é que esse cara me tira do sério!
Os dois vão falar com a recepcionista fora de áudio.
CORTA PARA:
CENA 10. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Glória já acordada. Com a cabeça enfaixada. Alfredo e Sol entram.
GLÓRIA — (Sorridente) Vocês vieram me ver!
ALFREDO — Que bom que a senhora está bem dona Glória!
SOL — O que aquele homem estava fazendo aqui, mãe?
GLÓRIA — Filha… Eu estou bem, obrigada por perguntar!
SOL — Nada de mudar de assunto, mãe! Eu quero saber o que aquele homem estava fazendo aqui!
GLÓRIA — Ele veio me fazer uma visita.
SOL — Mas é muita acara de pau mesmo, né? Depois de tudo que fez ainda tem a cara de pau de vir fazer visitinha?!
GLÓRIA — E você queria que eu fizesse o quê? Que eu expulsasse ele daqui?
SOL — Sim! Era o que a senhora deveria ter feito!
GLÓRIA — Se você é mal-educada desse jeito, minha filha, eu não sou não!
SOL — (Ameaça) Olha só, mãe. Só te falo uma coisa. Se você voltar com aquele homem! Pode esquecer que tem uma filha!
Ela sai do quarto.
GLÓRIA — Eu aqui me recuperando de um grave acidente e a Sol me entra nesse quarto nem pra perguntar se eu estou bem ou se eu estou precisando de alguma coisa.
ALFREDO — A Sol é desse jeito, dona Glória!
GLÓRIA — Eu não sei como você aguenta, meu filho!
ALFREDO — (Sorrir) Deixa eu ir atrás dela!
Ele sai com ela arrematando.
GLÓRIA — Vai, vai lá meu filho.
CORTA PARA:
CENA 11. HOSPITAL. CORREDOR. INT. DIA.
Sol ali indignada. Alfredo se aproxima.
ALFREDO — Que isso, Sol? O que é que foi aquilo? Você tratou a sua mãe super mal!
SOL — Eu sei! É que só de ver aquele homem dá vontade de matar ele!
ALFREDO — Que isso!? Não fale uma coisa dessas nem de brincadeira!
SOL — Só eu sei o que o papai sofreu quando a minha mãe resolveu sair de casa pra viver essa aventura amorosa dela.
ALFREDO — Meu amor, tenta entender que pra sua mãe ter saído de casa, o motivo poderia ter sido outro.
SOL — Como assim? Você tá querendo insinuar que o casamento dos dois não era bom, é isso?
ALFREDO — Claro que não, Sol! O que eu estou tentando te dizer é que as vezes casais necessitam de tempo pra pensar no futuro da relação!
SOL — Você acha que a gente vai precisar disso futuramente?
ALFREDO — Se você continuar agindo feito uma louca… Nós vamos precisar sim!
SOL — (Sorrir) Você é o meu tudo sabia? Sempre aqui pra me apoiar e me aconselhar quando eu estou a mil!
Ela abraça a amada.
ALFREDO — Pois é! Mas você tem que aprender a se controlar mais e saber em quais locais você pode agir de determinada forma! Dentro de um hospital não se faz o que você fez!
SOL — Eu sei meu amor! Desculpe!
ALFREDO — Tá bom, agora vamos entrar naquele quarto e você vai se desculpar pelo que fez! Poxa, a sua mãe está se recuperando e na primeira oportunidade que você tem de vê-la consciente, age desta maneira! Lastimável isso!
SOL — (Brinca) Tá bom, general Alfredo! Vamos!
Os dois vão caminhando.
CORTA PARA:
CENA 12. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 08.
DELEGADO — E então? Pra onde a Marta levou essas crianças?
ENFERMEIRA — (Debochada) Olha, eu não estou autorizada a dar esse tipo de informação!
DELEGADO — Ah sim. Então você prefere dar cobertura a essa Marta do que falar a verdade e diminuir alguns anos de pena?
ENFERMEIRA — Mas de quanto tempo seria a diminuição da pena?
DELEGADO — Eu não sei ao certo! Mas se você colaborar, será uma redução drástica!
ENFERMEIRA — Ela foi para o Rio de Janeiro.
DELEGADO — Sim, e o que mais?
ENFERMEIRA — É só isso que eu sei! Ela não abriu o jogo pra mim não!
DELEGADO — Sim, mas falou se ia pra casa de alguém?
ENFERMEIRA — Não! Mas provavelmente ela deve ter ido.
DELEGADO — A cada vez que penso que estou dando um passo à frente, estou dando três, quatro pra trás! Eu precisava de informações mais concisas. O Rio de Janeiro é imenso! Vai ser como procurar agulha no palheiro!
CORTA PARA:
CENA 13. APART DE MARCÍLIO. SALA. INT. DIA.
Continuação não imediata da cena 06. Conversa a meio. Os dois sorrindo.
MARCÍLIO — Ai, Marta. Eu estou precisando de uma pessoa assim como você! Feliz, alto astral!
MARTA — Que bom, Marcílio! Mas eu acho que você ainda vai entrevistar outras candidatas, né?
MARCÍLIO — Ia! (Rasga o papel) Não vou mais!
MARTA — Isso quer dizer que…?
MARCÍLIO — Você está contratada!
Ela num ato de alegria dá um super abraço em Marcílio que se assusta.
MARTA — Desculpe! Você tem jeito de que não gosta muito dessas coisas!
MARCÍLIO — Claro que gosto! Um abarcinho de vez em quando não machuca, né?
MARTA — Verdade!
MARCÍLIO — Aceita alguma coisa?
MARTA — Eu gostaria de uma água. Tô morrendo de sede.
MARCÍLIO — Que água o quê? Que tal se a gente bebesse champanhe?
Corte descontínuo. CAM focada ali na rolha da garrafa de champanhe. Ele estoura e os dois bebem.
MARTA — Nossa! Champanhe é delicioso!
MARCÍLIO — É deliciosíssimo! A quanto tempo eu não fazia isso.
MARTA — Isso o quê?
MARCÍLIO — Estourava um champanhe!
MARTA — Você vive aqui sozinho!
MARCÍLIO — Sim!
MARTA — (OFF) Com esse daqui então vai ser moleza! Solitário!
Eles ficam ali bebendo e conversando fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Alfredo e Sol ali diante de Glória
SOL — Eu queria pedir desculpas pra senhora, mãe!
ALFREDO — E por que você queria pedir desculpas, Sol?
SOL — Porque eu não deveria ter me preocupado com o Jorge, quando a senhora está aqui se recuperando de um acidente grave!
ALFREDO — Muito bem!
GLÓRIA — Vocês ensaiaram isso, é?
SOL — O Alfredo me disse o que falar! A senhora sabe que eu não sou muito de me desculpar com ninguém!
GLÓRIA — Sei! Até hoje ela não fala com uma menina que pegou a boneca dela. E ela só tinha oito anos na época! Um dia desses a menina apareceu lá em casa e ela destratou a coitadinha
SOL — Coitadinha… Coitadinha de mim que fiquei sem a minha boneca preferida!
ALFREDO — Mas só de olhar pra cara da Sol, já percebe-se esse tipo de coisa!
SOL — Ei! Eu estou aqui!
Eles permanecem conversando fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INT. DIA.
Delegado ali sentado pensativo.
DELEGADO — (P/si) E agora? Como que eu faço pra descobrir pra onde essa tal Marta possa ter levado as crianças? Ela não tem nenhum parentesco aqui em São Paulo. Já sei…. A família Moraes pode saber de alguma coisa!
Ele pega suas chaves que estavam sobre a mesa e sai apressado. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 16. APART DE MARCÍLIO. SALA. INT. DIA.
Marcílio e Marta ali na janela bebendo champanhe.
MARTA — Deve ser massa morar num apartamento como esse!
MARCÍLIO — É legal, mas eu acho meio chato. Preferia morar numa mansão.
MARTA — E por que não mora, homem?
MARCÍLIO — Porque não tem como morar numa mansão, sendo o único morador!
MARTA — Verdade. (Brinca) Seria a mansão da solidão.
MARCÍLIO — (Sorrir) E eu seria o senhor solitário!
MARTA — Mas agora falando sério… Você nunca pensou em ter uma família, não?
MARCÍLIO — Não quero falar sobre isso!
MARTA — Tudo bem. Desculpe então. Eu não deveria tocar num assunto tão íntimo assim.
Marta olhando Marcílio intrigada.
CORTA PARA:
CENA 17. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Alfredo, Sol e Glória ali com o Delegado.
DELEGADO — Eu sei que esse não é o ambiente adequado, mas eu queria fazer algumas perguntinhas sobre a Marta, empregada de vocês?
SOL — A Marta? O que é que tem ela?
DELEGADO — A enfermeira admitiu que ajudou a Marta a sequestrar a criança!
Reação de todos surpresos.
ALFREDO — Mas por que a Marta faria uma coisa dessas?
SOL — E eu pensando que aquela desgraçada era minha amiga esse tempo todo.
GLÓRIA — Calma, filha! (P/delegado) Mas por que vocês desconfiam justamente da Marta?
DELEGADO — Vocês não estão entendendo. Não é uma desconfiança! A enfermeira disse com todas as letras que foi a Marta quem contratou ela pra sequestrar os gêmeos!
SOL — Mas que desgraçada! Se eu pegar essa mulher, eu acabo com a raça dela!
DELEGADO — Diante disso tudo, a enfermeira ainda disse que a Marta levou as crianças para o Rio de Janeiro!
GLÓRIA — Eu encontrei com ela na madrugada em que tudo aconteceu e ela tinha me disse que ia pra Joinville.
SOL — Pronto! Agora os meus filhos estão aonde?
Closes alternados em todos ali aflitos e indignados. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Takes descontínuos da cidade maravilhosa em 1999.
CORTA PARA:
CENA 19. CASA DE MARIA. SALA. INT. DIA.
Maria ali com um dos gêmeos. Marta chega feliz da vida.
MARIA — Nossa! Que cara é essa? Pelo jeito a entrevista foi boa, hein!
MARTA — Foi ótima, meu amor! E advinha só… Eu sou a mais nova empregada da área!
MARIA — (Feliz) Não brinca amiga, jura? Nossa que bom! Eu fico feliz por você!
MARTA — Graças a Deus as coisas estão começando a melhorar pro meu lado!
MARIA — E se Deus quiser, as coisas tendem a melhorar ainda mais!
MARTA — Tomara, amiga! Tomara! Agora se você me der licença! Eu tenho que ir tomar um banho!
MARIA — É, mas vai e leva seu filho que pelo jeito ele tem uma surpresinha marrom pra você!
MARTA — Ai Jesus! É só esperar a mamãe chegar, hein!
Ela pega o “filho” e vai para o quarto.
MARIA — (P/si) Agora que eu tô livre de criança, vou ver o que tem de bom na TV.
Maria liga a TV.
JORNALISTA — Começa agora o jornal das duas! Veja os destaques desta sexta-feira….
CORTA PARA:
CENA 20. HOSPITAL. QUARTO. INT. DIA.
Sol e Glória ali.
SOL — Então é por isso que ela se recusava a falar sobre a família! Ela era uma mentirosa isso sim!
GLÓRIA — Só de pensar que eu acreditei nela… Ela disse que estava indo para Joinville porque o pai dela estava nas últimas.
SOL — Nas últimas… Nas últimas ela vai ficar quando eu colocar as minhas mãos nela!
GLÓRIA — Clama, filha! Se tem uma coisa que eu aprendi com esse acidente, é que as coisas não se resolvem desta maneira!
SOL — O que o Alfredo foi fazer atrás do delegado, hein?
GLÓRIA — Ele disse que quer ficar por dentro das novidades!
SOL — Eles foram pra onde mesmo?
GLÓRIA — Pra rodoviária! Foram ver pra onde a mentirosa e ladra de bebês foi! Se foi pra Joinville, como ela me falou, ou se foi para o Rio, como a canalha da enfermeira confessou.
Closes alternados nas duas ali aflitas.
CORTA PARA:
CENA 21. CASA DE MARIA. SALA. INT. DIA.
Maria ali sentada assistindo TV.
JORNALISTA — E agora notícia urgente! Dois recém-nascidos foram sequestrados em um dos hospitais mais renomados de São Paulo. Segundo a polícia, uma enfermeira que ajudou no sequestro apontou para a empregada da família como a mandante do sequestro!
Marta vem do quarto descontraída. Maria olha ela seriamente.
MARTA — Que foi, Maria? Por que você tá me olhando com essa cara?
MARIA — Você tem alguma coisa a ver com o sequestro de duas crianças recém-nascidas em São Paulo?
Fecha em Marta séria. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 6º CAPÍTULO