PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ANA

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

PEDRO 

RENATA

RICARDO

SOL

VICENTE


CENA 01. PRÉDIO DE MARTA. FRENTE. EXT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Maria ali diante do prédio de Marta, ela sorrir e arremata.

MARIA DE F. —(P/si, sorrir) Demorou, mas finalmente esse dia chegou! Algo me diz que nós vamos nos divertir muito nesse nosso reencontro Marta. Pensou que aquilo ficou no passado? Mas não ficou não.

Ela fica ali a olhar por um instante para o prédio e vai caminhando enquanto arremata.

MARIA DE F. —(P/si) Agora eu vou para os meus aposentos bolar um plano. É, Marta… Você não perde por esperar!

CAM deixa ela se afastando.

CORTA PARA:

CENA 02. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CANTINA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 19 do capítulo anterior. Adriana não para de encarar Karina.

MIGUEL        —  Oi, Adriana. Eu estava aqui conversando com a Karina.

ADRIANA     —  Conversando sobre?

MIGUEL        —  Estava contando pra ela como estão as coisas lá em casa.

ADRIANA     —  Ah sim!

KARINA       —  E como você está, Adriana?

ADRIANA     —  Bem, até chegar aqui!

KARINA       —  (Sem graça) Que bom. Agora se vocês me dão licença eu preciso ir.

Ela se levanta e se afasta. Adriana se senta seríssima.

MIGUEL        —  Que isso, Adriana? Que cara é essa?

ADRIANA     —  Cara de quem não gostou nada da cena de vocês dois aqui conversando!

MIGUEL        —  Olha, eu nem vou me dar ao trabalho de continuar essa conversa. Com licença.

Ele se afasta com ela arrematando.

ADRIANA     —  Espera aí, Miguel. Pra onde você tá indo?

Ela bufa e instantes depois arremata.

ADRIANA     —  (P/si) Ele pode até tá na inocência, mas essa Karina tá com segundas intenções com o meu namorado e eu sei disso!

CORTA PARA:

CENA 03. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali a trabalhar. Ricardo chega.

RICARDO     —  Bom dia, Ana.

ANA              —  Bom dia por enquanto, né!

RICARDO     —  (Não entende) Como assim?

ANA              —  Daqui a pouco você vai desejar não ter chegado a essa empresa.

RICARDO     —  Tá acontecendo alguma coisa e eu não sei?

ANA              —  A dona Cristina tá em tempo de dá um treco pelo seu atraso.

RICARDO     —  Ah, pelo amor de Deus! E eu crente que tava acontecendo alguma coisa mais séria!

ANA              —  E você não acha isso sério? Deixa só ela te ver. Você vai se arrepender de ter saído da cama e ter vindo trabalhar.

RICARDO     —  Pra mim não vai fazer a menor diferença! Minha vida em casa tá um caos mesmo, portanto, se estiver um caos aqui não vai fazer a menor diferença!

Ele vai pra sua sala.

ANA              —  (P/si) Ih… Parece que é coisa ruim isso! O casal dono tá em crise, agora o diretor financeiro também… Ainda bem que eu nem sou casada. Eu hein!

CORTA PARA:

CENA 04. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Campainha tocando. Jandira vem do quarto.

JANDIRA      —  (P/si) Será que a Flávia esqueceu as chaves?

Ela abre a porta e Renata arremata.

RENATA       —  Olá. Bom dia. A Flávia está?

JANDIRA      —  Não. Quem é você?

RENATA       —  Eu sou Renata. Amiga dela.

JANDIRA      —  Ah, sim. Entre, Renata.

Ela entra.

JANDIRA      —  A Flávia foi levar o Murilo na escola. Já deve tá quase chegando.

RENATA       —  Estranho ela não ter chegado ainda. Ela me mandou uma mensagem dizendo que já estava vindo pra casa.

JANDIRA      —  Mas já faz muito tempo isso?

RENATA       —  Foi a uns quarenta minutos atrás.

JANDIRA      —  Então ela já deveria ter chegado. Estranho mesmo! Aceita uma água, um suco?

RENATA       —  Não, não. Obrigado. Tô bem.

JANDIRA      —  Então fique à vontade que eu vou ao meu quarto guardar umas coisinhas… Eu não demoro.

RENATA       —  Tá bom.

Jandira vai para o quarto e Renata fica ali reparando o apartamento da amiga.

RENATA       —  (P/si) Onde você tá, hein, Flávia?

CORTA RÁPIDO PARA:


CENA 05. PRÉDIO DA CONSTRUTORA. FRENTE. EXT. DIA.

Rua com movimento mediano de carros e pedestres. Um carro se aproxima e para em frente a construtora. Desce o vidro e vemos que é Flávia. Ela olha para o alto do prédio e arremata.

FLÁVIA        —  (P/si) Então é aqui que você trabalha…? Mas cadê alguma coisa indicando que é aqui mesmo a construtora?

Ela fica ali olhando.

FLÁVIA        —  (P/si) Ah sim. Agora eu vi. (Lê) Construtora Macedo.

CAM mostra o letreiro do prédio.

FLÁVIA        —  (P/si) E agora? O que é que eu faço? Eu subo pra ver como o Vicente está ou não?

Ela fica ali indecisa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.

Sol ali deitada nostálgica… Instantes e ela arremata.

SOL               —  (P/si, séria) Eu já deveria ter imaginado que a Marta tinha inveja da minha vida. Ela ali presenciando o quanto o Alfredo e eu éramos felizes, logo aproveitou na primeira oportunidade pra dar o bote. Essa cascavel. (Cai na real) Mas é claro… Como eu não percebi isso antes? Como eu pude ser tão burra assim? É óbvio que ela me jogou na roda pro Alfredo ficar furioso comigo, pensando que eu queria blindar ele de falar com ela, mas ela se ferrou. Eu engravidei e essa história ficou pra trás. Pelo menos nisso aquela desgraçada se ferrou.

CORTA PARA:

CENA 07. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta e Gael sentados. Em pé, diante deles está Mazé.

MAZÉ            —  (Surpresa) Gente. Então quer dizer que o Gael sai de casa um dia pra viver só e é preso!? (Sorrir) Inacreditável isso.

GAEL            —  Isso, Mazé. Fica rindo mesmo! Tá rindo porque não foi você que passou a noite naquela cela horrível.

MAZÉ            —  Desculpa, Gael. Mas é que se você parar pra pensar é engraçado.

MARTA        —  Já eu vejo essa experiência de outra forma.

GAEL            —  Que outra forma?

MARTA        —  Isso só serviu pra me mostrar que você não sabe se cuidar sozinho ainda!

GAEL            —  Ah, mãe pelo amor de Deus! Eu sou um homem de vinte anos!

MARTA        —  Sim, um homem de vinte anos que só se mente em encrenca! Você precisa da mamãe aqui.

GAEL            —  (Sério) Vou tomar um banho que eu ganho mais!

Ele vai para o banheiro.

MAZÉ            —  A senhora tá até mais aliviada agora, né, dona Marta?

MARTA        —  Nem me fale, Mazé. Essa noite foi uma das piores da minha vida.

CAM mostra que Gael ia voltando, quando ele fica ali a ouvir.

MARTA        —  Só de pensar que meu filho tava por aí, me dava um aperto no coração.

MAZÉ            —  Sei bem como é isso, dona Marta. Eu só tenho uma filha, Juliana, da mesma idade dos seus meninos e quando ela sai eu fico muito preocupada.

MARTA        —  Eu acho que isso já está no extinto de mãe, sabe? Seus filhos podem ter até quarenta, cinquenta anos, mas você sempre vai se preocupar com eles como se tivessem sete, oito….

MAZÉ            —  Verdade.

MARTA        —  O Gael tem esse jeito doido dele de ser. Mas eu amo o meu filho! E não me perdoaria se acontecesse alguma coisa com ele na rua!

CAM mostra Gael que sorrir e vai para o quarto.

CORTA PARA:

CENA 08. UNIVERSIDADE NOVO RIO. PÁTIO. EXT. DIA.

Miguel ali sentado. Ele avista Pedro chegando a faculdade e o aborda.

MIGUEL        —  Ei, você!

PEDRO          —  Fala aí, cara. Você é o Miguel, não é isso?

MIGUEL        —  Isso. Eu sou o Miguel. Vem cá, cara. Você sabe do paradeiro do meu irmão? A dona Marta estava em tempo de arrancar os cabelos de tanta preocupação com o Gael.

PEDRO          —  O seu irmão está bem. Eu e a dona Marta fomos até a delegacia buscar ele.

MIGUEL        —  (Se preocupa) Delegacia? Mas o que aconteceu?

Atenção Sonoplastia: O sinal toca.

PEDRO          —  Cara, agora eu preciso ir, mas ligue pra dona Marta que ela vai te explicar melhor.

Ele vai andando a passos largos. Miguel fica ali sem entender nada quando arremata.

MIGUEL        —  (P/si) Por que ninguém me avisou nada?

CORTA PARA:

CENA 09. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali organizando algumas papeladas. Cristina sai de sua sala.

CRISTINA     —  Ana, eu preciso que você ligue/

ANA              —  (Corta) O Ricardo já chegou.

CRISTINA     —  Ah, chegou, é? Legal! Depois eu cuido do caso do Ricardo. Agora eu preciso que você ligue para o marketing que eu preciso de um relatório urgente.

ANA              —  Sim senhora. Mas a diretora do marketing está de férias.

CRISTINA     —  Verdade. Eu tinha me esquecido. Quem é que cuida do departamento mesmo?

ANA              —  O seu Vicente. Ele é quem coordena a equipe do marketing na ausência da diretora.

CRISTINA     —  Droga! Não queria ter que olhar pra cara daquele ser! Mas fazer o que, né!

Ela vai pra sala de Vicente.

ANA              —  (P/si) Gente… Tô falando que a coisa nessa empresa tá feia! A bruxa tá solta!

CORTA PARA:

CENA 10. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente ali a encarar Cristina que está em pé, diante dele.

CRISTINA     —  Que fique claro uma coisa: eu só estou colocando os meus lindos e maravilhosos pés nesta sala, porque assuntos relacionados ao marketing tem que ser tratos diretamente com você!

VICENTE      —  Fique tranquila, Cristina. E uma coisa: negócios a parte do casamento.

CRISTINA     —  Ah é. Por que se os negócios fossem como o nosso casamento, estaríamos falidos faz tempo!

VICENTE      —  Mas diz aí o que você quer saber sobre o marketing.

CRISTINA     —  Eu quero um relatório em minha mesa com os custos.

VICENTE      —  Pra quê?

CRISTINA     —  Como “pra quê”? Você sabe, então eu tenho o direito de saber também!

VICENTE      —  Ah é?! Se vamos seguir essa mesma linha de raciocínio, que tal então colocarmos na roda os vários contratos que você faz que eu sequer sei de que empresa se trata e quanto estamos ganhando com tal contrato?

CRISTINA     —  Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com outra!

VICENTE      —  Ah não? Então me explique por que!

CRISTINA     —  Porque você não entende bulhufas de contratos, o mesmo acontece comigo relacionado ao marketing!

VICENTE      —  Ah para com isso que tá feio já! 

CRISTINA     —  O que é que tá feio? O que é que tá feio?

VICENTE      —  Você não sabe nada de marketing! A única coisa que você olha são os números! Toda divulgação, tudo fica nas minhas costas! Você não chega sequer pra dar uma opinião!

CRISTINA     —  Chega! Eu acho que essa conversa já foi longe demais!

VICENTE      —  Não só a conversa como todo o resto já foi longe demais!

CRISTINA     —  Sejamos sinceros, Vicente… Nós dois dentro dessa empresa nunca daria certo! Pensando nisso, acabei criando uma solução.

VICENTE      —  Que seria?

CRISTINA     —  Você me vender a sua parte na Construtora!

VICENTE      —  Como é que é?

Closes alternados nos dois ali seríssimos. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Renata e Jandira sentadas conversando e sorrindo.

RENATA       —  Nossa, Jandira. Eu não tinha noção de que você era tão divertida assim.

JANDIRA      —  Já sei. Aposto que a Flávia só fala mal de mim.

RENATA       —  É… Digamos que a Flávia pode não concordar com o seu modo de viver.

JANDIRA      —  Não concorda porque é careta! Quem me olha assim nem imagina que eu sou viajada. Já fui pra Europa, Cuba, Estados Unidos… Recentemente eu tenho um enorme interesse em conhecer o Canadá!

RENATA       —  Ouvir dizer que é um belíssimo país.

JANDIRA      —  Eu sei, menina… Eu quero ir conhecer as lindezas de Vancouver. Quero ficar nua em meio àquela geleira.

RENATA       —  Você é maluca, Jandira? Você vai morrer congelada. Nesses lugares são graus abaixo de zero.

JANDIRA      —  E daí? Pra uma mulher como eu que tem uma temperatura corporal altíssima… Pode ser até cinquenta abaixo de zero que eu tô de boa!

RENATA       —  (Sorrindo) Só você mesmo, Jandira!

As duas ficam ali sorrindo e conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. PRÉDIO DA CONSTRUTORA. FRENTE. EXT. DIA.

Flávia ali dentro do carro aflita e indecisa.

FLÁVIA        —  (P/si) Ai meu Deus… Será que eu devo subir ou não? Mas o Vicente tem mulher. Se ela me ver… Acabo com toda a farsa. Melhor ligar pra ele.

Ela pega o cel. E disca

FLÁVIA        —  (Ao cel.) Oi, meu amor. Como você está? Por que não é uma boa hora?

Ele desliga na cara dela.

FLÁVIA        —  (P/si, indignada) Mas que filho da mãe! Desligou na minha cara. E eu aqui toda preocupada com ele. Vá te catar, Vicente!

Ela furiosa, dá um soco no volante e arremata.

FLÁVIA        —  (P/si, lembra) Ai meu Deus. A Renata tá me esperando. Mamãe lá com ela sozinha pode traumatizar a coitadinha. Tenho que ir antes que seja tarde demais.

Ela dá a partida e o carro se afasta pela rua. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.

Sol ali deitada nostálgica… Instantes e ela arremata.

SOL               —  (P/si, sorrir) Diante de tantas coisas ruins que aconteceram, pelo menos uma lembrança boa com o Alfredo eu tenho. Quer dizer… Inusitada!

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 14. HOSPITAL. SALA DE PARTO. INT. DIA.

Entra aqui umFLASH-BCK da cena 22 do capítulo 02.

Obstetra e mais duas assistentes ali. Sol fazendo muita força. Alfredo ali segurando a mão da amada.

ALFREDO     —   Força meu amor! Eu tô aqui contigo! Força!

Ela faz força e um bebê nasce. Todos ali olhando pra criança todos babões.

OBSTETRA    —   Vamos lá que ainda não acabou não!

Ela faz força.

ALFREDO     —   Eu vi isso num filme. Faz respiração de cachorrinho.

Ele ensina e ela faz.

SOL               —   Não tá adiantando nada!

ALFREDO     —   É porque você tá não tá fazendo direito! É assim ó!

Ele faz novamente.

SOL               —   Alfredo, eu juro que se você não sair da minha frente eu me levanto daqui com dilatação mil e parto a tua cara!

Reação de Alfredo ali assustado.

OBSTETRA    —   Vamos lá, Solange! Falta pouco!

Ela continua a fazer força por mais um instante e o segundo e último bebê nasce. Sol respira mais aliviada.

ALFREDO     —   Os nossos filhos não são lindos?

Sol se descontrola e dá um tapa na cara dele.

ALFREDO     —   Que isso, meu amor! Por que você fez isso?

SOL               —   Eu aqui morrendo de dor e você aí imitando cachorrinho! Queria ver se fosse você aqui no meu lugar!

ALFREDO     —   Caramba, meu amor! Eu só tava querendo ajudar.

OBSTETRA    —   Acho melhor o senhor esperar lá fora.

Alfredo fica indignado e sai.

CORTA PARA:

CENA 15. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.

Sol ali deitada, quando arremata.

SOL               —  (P/si, sorrir) Me arrependo de ter feito isso! Mas eu lá sentindo a maior dor e ele fazendo cachorrinho na minha frente. Essa ele mereceu.

Ela fica ali a sorrir. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. LEBLON. PRAÇA INDETERMINADA. EXT. DIA.

Maria de Fátima ali sentada com um caderninho na mão.

MARIA DE F. —(P/si) Se bem que se eu fizer assim pode ser melhor. (Sorrir) E não é que a desgraçada criou bem os meninos? Com certeza aquele era um dos gêmeos. Pelo menos isso ela fez bem. Criar os gêmeos. Pensando bem, os gêmeos podem ser o passaporte pra minha vingança. Essa Marta não perde por esperar. Eu ainda vou triunfar o meu plano de vinte anos.

Ela fica ali sorrindo malignamente. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 17. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 10.

VICENTE      —  Eu acho que não entendi direito! Você tá querendo comprar a minha parte?

CRISTINA     —  Sim.

VICENTE      —  Mas é muito cara de pau mesmo! 

CRISTINA     —  Cara de pau por quê? Eu estou fazendo uma proposta, agora, você aceita se quiser!

VICENTE      —  Eu nunca pensei que fôssemos chegar a esse ponto. Você tem noção do que está me propondo, Cristina?

CRISTINA     —  Vicente, pra que esse drama todo? Foi só uma proposta.

VICENTE      —  Só uma proposta que pra você é totalmente viável! Nós dois construímos isso tudo aqui juntos! Eu nunca venderia a minha parte!

CRISTINA     —  Tudo bem. Tá vendo só como foi fácil? É só dizer sim ou não. Com licença.

Ela sai.

VICENTE      —  (P/si, indignado) Inacreditável uma coisa dessas! Eu nunca abandonaria o barco! Essa construtora é tanto dela quanto minha!

CORTA PARA:

CENA 18. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali ao PC. Cristina ali encostada na porta da sala de Vicente respirando fundo.

ANA              —  Tá tudo bem, dona Cristina?

CRISTINA     —  Não vem bancando a dondoca não que eu sei muito bem você tava atrás da porta ouvindo tudo!

ANA              —  Que isso, dona Cristina. Eu não sou dessas não.

CRISTINA     —  Sei!

Ela vai pra sua sala. Vicente sai de sua sala transtornado e chama o elevador que chega na mesma hora e desce.

ANA              —  (P/si, horrorizada) Jesus Cristo… Realmente a bruxa tá solta nessa empresa! Cada dia é uma nova polêmica.

Ela fica ali trabalhando. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 19. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali ao cel. Mazé tirando pó da estante.

MARTA        —  (Ao cel.) Não precisa se preocupar, filho. Agora tá tudo bem. Eu não te liguei pra avisar porque foi tudo uma loucura. Quando você chegar a gente conversa melhor. Outro. Tchau.

Ela desliga.

MAZÉ            —  Deixa eu adivinhar… Era o Miguel.

MARTA        —  Ele mesmo. Ligou pra saber como estão as coisas.

MAZÉ            —  Mas como ele ficou sabendo o que aconteceu lá da faculdade?

MARTA        —  Parece que ele se encontrou com o Pedro e ele acabou comentando o que aconteceu.

MAZÉ            —  Ah sim. E o Gael?

MARTA        —  Saiu. Disse que ia dar uma voltinha na orla. 

MAZÉ            —  Dona Marta, desculpa perguntar, mas o Gael mal vai na faculdade, o que ele tá fazendo lá ainda?

MARTA        —  Acredite se quiser, Mazé. Mas mesmo o Gael não indo a faculdade, até que ele tira umas notas consideráveis.

MAZÉ            —  Muito triste pra gente ver um garoto tão talentoso quanto ele nesse caminho.

MARTA        —  Verdade. Mas o que é que eu posso fazer? Só dar conselhos. Mas aí fica a critério dele aceitar ou não.

Fecha em Mazé que meneia a cabeça concordando.

CORTA PARA:

CENA 20. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Instrumental triste.

Juliana ali sentada, lágrimas escorrem pelo seu rosto. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 21. ESCRITÓRIO. INT. DIA.

Entra aqui uma cena flashback não gravada!

Juliana e mais um homem ali, entrevistando-a.

HOMEM        —  Mas essa casa em que vocês moram é própria?

JULIANA      —  Sim.

HOMEM        —  Nossa! Impressionante como a raça tá conseguindo as coisas.

JULIANA      —  (Não entende) Como assim?

HOMEM        —  É que até a alguns anos atrás vocês não tinham nada e agora tem até casa própria.

JULIANA      —  Aonde você tá querendo chegar?

HOMEM        —  Que vocês negros não tem nada desde a escravidão! Essas cotas nas universidades mesmo eu acho lastimável!

JULIANA      —  Não sei como uma pessoa com sua ignorância está num cargo como este.

HOMEM        —  Eu te respondo essa. Porque sou mais bem cotado no mercado, queridinha.

JULIANA      —  Mas do que é que adianta ser branco com um cérebro menor que uma ervilha! Só pessoas promíscuas como você pensam assim!

HOMEM        —  (Pega ela pelo braço) Escuta aqui sua neguin/

JULIANA      —  (Corta, firme) Você que se atreva a fazer alguma coisa contra mim! (Se solta das mãos dele) Com licença!

Ela sai da sala e ele fica ali sério. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 22. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Instrumental triste continua aqui do mesmo ponto aonde parou na cena 20.

Juliana ali sentada.

JULIANA      —  (P/si) Não sei como podem existir pessoas assim em pleno século XXI. Isso sim é lastimável!

Gael se aproxima e se senta no mesmo banco que ela. Ela o olha e ele está seríssimo.

JULIANA      —  Pelo visto você também está tendo um dia de cão.

GAEL            —  Nem me fale! Passai a madrugada no maior sufoco.

JULIANA      —  Bem-vindo ao clube! Acabei de sair de uma entrevista de emprego aonde o cara que me entrevistou era um tremendo babaca racista!

GAEL            —  Nossa! Mas que calhorda. Você tem que denunciar esse infeliz. Nenhuma pessoa merece passar por isso. Qual é o seu nome?

JULIANA      —  Juliana.

GAEL            —  Prazer, Juliana. Eu sou o Gael.

Eles se cumprimentam com um aperto de mãos e os dois ficam ali conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 23. UNIVERSIDADE NOVO RIO. PÁTIO. EXT. DIA.

Karina ali sentada escrevendo no diário. Adriana se aproxima na maldade.

ADRIANA     —  (Dá um tapa no diário que cai longe) Escuta aqui garota!

KARINA       —  Que isso? Por que você fez isso, Adriana?

ADRIANA     —  Como se você não soubesse! Não adianta querer dar uma de desentendida pro meu lado não que eu conheço e sei qual é a sua real intenção!

KARINA       —  Do que é que você tá falando sua louca?

Um grupo de curiosos começa a se formar.

ADRIANA     —  Eu sei que você gosta do Miguel e está querendo ficar com ele!

KARINA       —  Você só pode ter ficado maluca! O Miguel e eu somos apenas amigos!

ADRIANA     —  Amigos que se gostam até demais! Escuta aqui: se eu ver você chegar perto do Miguel de novo eu vou/

Miguel já chega interrompendo-a

MIGUEL        —  (Corta) Você vai o que Adriana? Posso saber?

Closes alternados nos três. Adriana toda sem graça. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 19º CAPÍTULO

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