PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ALFREDO

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA

MAZÉ

MIGUEL

MURILO

PEDRO

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

CENA 01. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Continuação não imediata da cena 20 do capítulo anterior. Conversa a meio.

KARINA       —  Não brinca! Então dá certo mesmo isso?

SOL               —  Sim. Foi assim que eu descobrir que o meu grande amor do passado realmente me amava.

KARINA       —  Mas e se ele notar alguma coisa?

SOL               —  Ele não vai notar, boba! Você acha mesmo que homem presta atenção em detalhes minúsculos quanto este? Claro que não!

KARINA       —  Então eu vou fazer isso assim que puder, por que a noiva não sai da cola dele. Se bem que eu acho que amanhã ela tá numa aula que eu não tô. Isso! Nesse intervalo da faculdade eu faço o teste.

SOL               —  Você tá estudando o quê?

KARINA       —  Arquitetura.

SOL               —  Que bom. E vocês nesse curso aí aprendem o que exatamente?

KARINA       —  Bom, a arquitetura é criar espaços, organizar ambientes para abrigar os diversos tipos de atividades humanas.

SOL               —  Ah sim. E quem cursa isso pode ser designer de interiores?

KARINA       —  Não é necessariamente designer, mas, eu particularmente, conheço bastante a área..

SOL               —  Ah, tá. É que eu cheguei ao Rio ontem e comprei um tríplex, mas eu não estou sentindo firmeza do designer que eu contratei. Então se não der com ele, eu já sei quem eu posso contratar.

KARINA       —  Ah, que isso? Eu ainda nem me formei.

SOL               —  Mas você tem o jeito de que tem ótimas ideias. Você vai se tornar uma profissional excelente. Arquiteta, designer de interiores e decoradora.

Fecha em Karina que sorrir.

CORTA PARA:

CENA 02. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

VICENTE      —  Você tá investigando a minha vida, é?

CRISTINA     —  Não vem dá uma de vítima não! Você está falando com essa piranha que se chama Flávia e eu quero saber quem ela é!

VICENTE      —  Tá bom, Cristina, você venceu! A Flávia é a cliente que eu ando me encontrando.

CRISTINA     —  E por que você nunca me falou que o cliente era mulher? Já sei! Vocês estão saindo juntos, não estão?

VICENTE      —  De fato nós estamos!

CRISTINA     —  (Batendo nele) Seu safado, cachorro, sem vergonha! Eu sabia!

VICENTE      —  Para com isso, Cristina! Eu estou saindo com a Flávia a negócios!

CRISTINA     —  Não quero saber! Eu quero essa Flávia aqui no escritório o quanto antes!

VICENTE      —  E você acha mesmo que uma mulher ocupada como ela vai poder vir aqui agora?

CRISTINA     —  Não sei. Dá o seu jeito! Caso contrário, lá em casa você não entra!

Ela sai da sala e ele fica ali.

VICENTE      —  (P/si) Onde eu fui me meter meu Deus?!

Ele fica ali tenso. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE MARTA. QUARTO-GÊMEOS. INT. DIA.

Miguel ali deitado pensativo.

MIGUEL        —  (P/si) Não dá! Eu não consigo! Eu não posso ficar mais tempo assim com o Gael! Poxa, ele é meu irmão! Gêmeo ainda por cima! Nós não podemos continuar desse jeito! Mas o que eu posso fazer pra que ele não fique com raiva de mim? Aí é que está! Ele é teimoso feito uma mula! (Tem ideia) Já sei! A internet pode me ajudar!

Ele se senta à mesa e começa a pesquisar. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. IPANEMA. PEDRA DO ARPOADOR. EXT. DIA.

Gael ali sentado pensativo. Pedro chega ali com roupa de corrida, descontraído e ao ver o amigo, vai falar com ele.

PEDRO          —  E aí, cara? O que você faz por aqui?

GAEL            —  Eu? Estou aqui pensando na vida.

PEDRO          —  Mas sobre o que exatamente da vida?

GAEL            —  Sei lá. Você acha que as pessoas nasceram pra ser infelizes?

PEDRO          —  Não! Que isso, cara? Você se acha infeliz?

GAEL            —  As vezes sim. Pra falar a verdade, ultimamente eu tenho me sentido assim diariamente.

PEDRO          —  Não fale isso cara. O que você está passando é passageiro.

GAEL            —  Você já me disse isso e eu não confiei em nada!

PEDRO          —  Tudo bem que as coisas não estão nada boas entre você e a sua família, mas isso não é motivo pra você se sentir assim!

GAEL            —  Não?

PEDRO          —  Claro que não! Uma coisa que minha mãe sempre me diz é que as vezes coisas ruins acontecem porque as coisas boas estão a caminho.

GAEL            —  Nossa! A dona Tereza é uma poeta e eu não sabia?

PEDRO          —  (Sorrir) Pois é.

Os dois ficam ali conversando e sorrindo fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. CONSTRUTORA MACEDO. SALA RICARDO. INT. DIA.

Ricardo e Ana ali ouvindo atrás da porta.

ANA              —  Você ouviu?

RICARDO     —  Ouvi. Acho que a Cristina descobriu alguma coisa?

ANA              —  Será que ela descobriu quem é o tal cliente?

RICARDO     —  Acho que não. Se fosse só isso, ela não estaria falando daquele jeito.

ANA              —  Verdade. Pelo jeito é outra coisa que a gente ainda não sabe.

RICARDO     —  Mas agora a questão que fica é: o quê?

ANA              —  Não se preocupe que daqui a pouco a gente fica sabendo do que se trata.

RICARDO     —  Pois é. Agora volta lá pra sua mesa antes que sobre pra gente.

ANA              —  Verdade. Qualquer novidade me avise.

RICARDO     —  Pode deixar.

Ela sai da sala e fecha a porta.

RICARDO     —  (P/si) Nesses momentos eu fico pensando como seria se eu trabalhasse com a Rosangela. Um caos! Imagine ela trancada dentro do escritório o dia todo e não indo pra casa fazer o seu papel de esposa? Se bem que ela já faz isso. Mas pelo menos eu não tenho que passar o dia todo vendo ela ali obcecada pelo trabalho.

Ele fica ali pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.

Takes descontínuos do anoitecer no Rio completíssimo, incluindo todos os bairros da zona sul.

CORTA PARA:

CENA 07. APART DE MARTA. SALA. INT. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Miguel ali sentado pensativo. Mazé vem do quartinho pronta pra ir embora.

MAZÉ            —  Ah, Miguel. Avisa a sua mãe que a comida está pronta e quentinha.

MIGUEL        —  Tá.

MAZÉ            —  Mas que cara é essa?

MIGUEL        —  Nada não, Mazé. Só tô aqui pensando em como as coisas estão.

MAZÉ            —  Um caos! Eu sei que não tá sendo nada fácil pra vocês esse negócio do Gael não querer nem olhar na cara de vocês, mas não se preocupe que isso é passageiro. Uma hora ele vai ter que dar o braço a torcer.

MIGUEL        —  Só que até isso acontecer a gente fica aqui, vivendo nesse clima chato.

MAZÉ            —  Bom, isso infelizmente é inevitável. Mas você tá aí desse jeito não é só por isso não. Tá acontecendo mais alguma coisa que eu sei, não tá?

MIGUEL        —  Nossa! Você me conhece mesmo, hein, Mazé!

MAZÉ            —  Claro. Trabalho nessa casa com vocês, desde quando vocês eram pitiquiquinhos. Mas me diz aí o que mais tá te deixando com essa cara de abestado?

MIGUEL        —  É que eu estou com dúvidas sobre o meu relacionamento com a Adriana.

MAZÉ            —  Olha, eu vou ser bem sincera com você. Eu não sei como duas pessoas tão diferentes podem se gostar. Mas é aquele ditado, né? Os opostos se atraem!

MIGUEL        —  Pode até ser. Mas a questão que fica é: será que essa atração um dia acaba?

MAZÉ            —  Aí eu não sei, meu filho. Pergunta aí praquele negócio que é de voz que é só você falar “ok” que ele pesquisa pra você que eu tô indo pra casa. Tchau.

MIGUEL        —  (Sorrindo) Tchau, Mazé.

Ela sai e ele arremata.

MIGUEL        —  (Sorrindo) Essa Mazé é uma figura.

CORTA PARA:

CENA 08. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.

Jandira e Murilo ali brincando de bonecos.

MURILO       —  Vó, eu posso te perguntar uma coisa?

JANDIRA      —  Claro que pode.

MURILO       —  E a senhora promete que não mente pra mim?

JANDIRA      —  Prometo. Mas o que você vai me perguntar é tão sério assim?

MURILO       —  É. Me conta a verdade, vó. Por que o meu pai só aparece aqui de vez em quando?

JANDIRA      —  Ai, Murilo… Você faz cada pergunta, hein! Olha, há certas coisas que crianças da sua idade não entenderiam.

MURILO       —  É isso que mais me dá raiva! Vocês não me contam as coisas!

JANDIRA      —  Você vai entender quando tiver mais velho que nós fazemos isso pra proteger você.

MURILO       —  Não aguento mais ouvir isso! Se o meu pai não gosta de mim é só me falar a verdade!

Ele vai para o quarto com Jandira arrematando.

JANDIRA      —  Não é isso, Murilo! Volta aqui! Vamos conversar! (P/si) A Flávia tem que acabar com isso de uma vez por todas! Tá ficando ainda mais explícito que isso tá afetando o garoto!

CORTA PARA:

CENA 09. LEBLON. ORLA. EXT. NOITE.

Orla vazia. Poucas pessoas ali passando. Sol e Karina ali em pé.

SOL               —  Agora que eu estou com o seu número, vai ficar mais fácil, caso o que o outro me apresente seja uma porcaria.

KARINA       —  Então tá, Sol. Foi um prazer te conhecer.

SOL               —  O prazer foi todo meu. Adoraria ter uma filha assim como você para conversar.

KARINA       —  É… Quem não tem que gostaria de ter e quem tem não tá nem aí.

SOL               —  Como assim?

KARINA       —  Nada não. Agora deixa eu ir lá. Tchau.

SOL               —  Tchau.

Karina vai se afastando. Sol arremata.

SOL               —  (P/si) Tá aí… Se os meus gêmeos estivessem aqui comigo, eu adoraria tê-la como minha nora!

Sol vai caminhando para fora da orla. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. NOITE.

Carlito ali deitado no sofá. Juliana vem da cozinha.

CARLITO      —  Nossa! Minha filha, mas que cheiro divino é esse que tá perfumando toda a casa?

JULIANA      —  É a minha carne assada+

CARLITO      —  Se o gosto estiver do mesmo jeito que o cheiro eu vou comer até entrar em coma.

JULIANA      —  (Sorrir) Que horror, pai! Também não exagera!

CARLITO      —  Não exagerar o quê? Se tiver bom, eu vou comer muito! Vem cá filha, você nunca pensou em trabalhar com comida não? Você leva muito jeito pra isso.

JULIANA      —  Pensar eu nunca pensei, mas pode ser uma boa opção. Mas sinceramente, pai…. Eu tô querendo uma coisa mais séria mesmo.

CARLITO      —  Então tá. Mas aviso logo que você tá perdendo uma ótima oportunidade de ganhar bastante dinheiro.

JULIANA      —  A única forma de eu trabalhar com comida seria vender quentinhas.

CARLITO      —  Tá aí. “A quentinha da Ju”! Seria um bom nome.

JULIANA      —  Até seria. Mas com certeza algum cara engraçadinho ia fazer um trocadilho com o nome quentinha… Da Ju!

CARLITO      —  (Cai na real) Verdade. Não ia pegar nada bem e eu ainda seria obrigado a quebrar a cara de alguém!

Fecha em Ju que sorrir. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE MARTA. QUARTO MARTA. INT. NOITE.

Marta ali mexendo no guarda roupa. Ela acha uma caixinha preta e arremata.

MARTA        —  (P/si) Nossa! Eu ainda tenho isso?

Ela pega a caixinha e se senta na cama.

MARTA        —  (P/si) Pensei que você já tinha ido pro lixo!

Ela abre a caixinha e tira de lá um diário velho. Ela foleia o diário arrematando.

MARTA        —  (P/si) Aqui eu escrevia todas as minhas aventuras de quando era jovem.

Ela para em uma página e fica ali a ler

MARTA        —  (P/si) Aqui está o clímax do meu diário!

Ela continua a ler. Entra aqui a voz dela lendo.

MARTA        —  (OFF) Querido diário, acabei de fazer uma coisa da qual eu não sei se me arrependerei algum dia. Acabei de roubar as duas crianças da Sol no hospital com a ajuda da enfermeira Maria de Fátima. Estou dentro do ônibus a caminho do Rio. Creio que no Rio eu vou recomeçar a minha vida. Ainda mais com a ajuda da Maria me deixando ficar na casa dela.

MARTA        —  (P/si) Uma pena que a Maria foi morar em Brasília. (Olhando o diário) Nossa! Nunca pensei que leria isso de novo. Já faz uns vinte anos!

Ela fica ali a olhar o diário. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 12. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Ana ali a trabalhar. Cristina sai de sua sala pronta para ir embora.

CRISTINA     —  Ana, o Ricardo está? Eu tô ligando pra ele e ninguém atende.

ANA              —  O Ricardo já foi, dona Cristina.

CRISTINA     —  É um absurdo isso! O empregado sai antes dos donos! Em falar em donos… O Vicente ainda está aí?

ANA              —  Está sim senhora. Dona Cristina, eu queria até falar com a senhora sobre o negócio do cliente. Eu não conseguir nada. Mas eu juro pra senhora que eu tentei.

CRISTINA     —  Não tem problema não, Ana. Eu já descobrir quem é o tal cliente.

ANA              —  Ah é? E quem é?

CRISTINA     —  Mas o que é que isso? Que espírito de fofoca é esse? Vade retro! Eu hein! Eu não devo satisfações da minha vida a uma secretariazinha!

ANA              —  Desculpe, dona Cristina.

CRISTINA     —  (Saindo) Aonde já se viu uma coisa dessas? A secretária querendo saber da minha vida.

Ela chama o elevador, que chega rápido. Ela de dentro do elevador faz um “tô de olho em você”.

ANA              —  (P/si) Quem tem que dizer vade retro sou eu! Ninguém merece ter que trabalhar com uma demo…. Melhor nem falar mais nada!

Ela começa a guardar as coisas que estão sobre a mesa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. APART DE FLÁVIA. QUARTO MURILO. INT. NOITE.

Atenção Sonoplastia: Instrumental triste entra aqui.

Murilo ali deitado chorando muito. Instantes.

MURILO       —  (P/si, chorando) Meu pai não gosta de mim. Ninguém me contou, mas eu sei que ele não gosta de mim. É por isso que ele mal fica em casa. Ele me odeia!

Ele continua ali a chorar. Instantes. Tristeza.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 14. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. NOITE.

Glória ali a olhar pela janela. Sol chega da rua.

GLÓRIA        —  Nossa! Isso lá são horas? Posso saber aonde a senhorita estava enfiada até a essa hora?

SOL               —  Ih… Mãe! Deixa de mim. Descola.

GLÓRIA        —  Que isso? Você não tá mais na idade pra usar essas gírias.

SOL               —  (Sorrir) Eu sei. Mas é sempre bom relembrar essa época.

GLÓRIA        —  Bom só se for pra você, né? Porque pra mim era péssimo+ Principalmente na parte em que você queria sair pra baile todos os dias.

SOL               —  Ah, tá, mãe. Agora respondendo a sua pergunta sobre onde eu estava. Eu estava por aí conversando com uma jovem.

GLÓRIA        —  Uma jovem? Mas o que significa isso, Solange? Você agora tá dando pra ficar conversando com jovens? Já é o terceiro jovem só nesses dois dias de Rio de Janeiro.

SOL               —  Ih, mãe! Deixa eu socializar. E além do mais essa jovem não era uma jovem qualquer não.

GLÓRIA        —  Ah não?

SOL               —  Não.

GLÓRIA        —  E eu posso saber o que ela tem de tão diferente dos outros jovens?

SOL               —  Ela é madura. Uma menina de aproximadamente vinte anos. Mas que sabe conversar bem é estudiosa.

GLÓRIA        —  Ah sim. Vejo que você adorou essa menina.

SOL               —  É, eu gostei dela. Ela é a jovem que todo mundo quer ter ou uma nora.

Fecha em Glória meneando a cabeça negativamente.

CORTA PARA:

CENA 15. APART DE FLÁVIA. QUARTO FLÁVIA. INT. NOITE.

Flávia ali deitada na cama falando no cel.

FLÁVIA        —  (Ao cel.) Ai para com isso, meu amor. Vai, desliga você primeiro. Não. Desliga você.

Jandira sai entrando e já arrematando.

JANDIRA      —  Para com a putaria aí nesse celular que a gente precisa conversar!

FLÁVIA        —  Ai mãe. Como a senhora entra no meu quarto desse jeito?

JANDIRA      —  (Tom/alto) Espero que você esteja falando com o canalha do Vicente

FLÁVIA        —  Fala baixo, mãe! Quer que o Murilo escute?

JANDIRA      —  Quero! Ele tem que saber o crápula mentiroso que o pai dele é!

FLÁVIA        —  (Ao cel.) Meu amor, depois a gente conversa. A minha mãe tá descontrolada aqui.

Ela desliga.

FLÁVIA        —  O que deu na senhora, hein?

JANDIRA      —  O que deu em mim é que eu não vou tolerar mais você ficar mentindo pro meu neto.

FLÁVIA        —  De novo essa historinha, é?

JANDIRA      —  Historinha? Seu filho pergunta, suplica pelo pai ausente e eu estou de historinha? É o cúmulo isso!

FLÁVIA        —  Tá, mãe. Fala logo o que a senhora quer.

JANDIRA      —  O que eu quero você não vai fazer por ser conivente com a mentirada. Mas o seu filho acaba de dizer lá na sala que o pai não gosta dele e que a gente não quer falar a verdade.

Fecha em Flávia preocupada com o que ouviu da mãe. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.

Ricardo ali sentado lendo um livro. Karina chega da rua.

RICARDO     —  Até estranhei quando cheguei e você não estava.

KARINA       —  É que eu fiquei na orla hoje.

RICARDO     —  A tarde toda? Porque eu perguntei a empregada e ela disse que você não voltou desde que saiu de manhã pra faculdade.

KARINA       —  É que eu estava conversando com uma mulher super legal.

RICARDO     —  Ah, tá!.

KARINA       —  Como está no trabalho? O senhor parece tenso.

RICARDO     —  Tensão pra quem trabalha na área financeira, ainda mais vivenciando essa crise que o nosso país está enfrentando. É a coisa mais normal do mundo.

KARINA       —  Mas não deve ser só isso. Tá acontecendo mais alguma coisa?

RICARDO     —  Não, filha. Eu só estava analisando como seria a minha vida se eu trabalhasse com sua mãe, assim como os meus patrões.

KARINA       —  Seria exaustivo.

RICARDO     —  Verdade. É por isso que eu acho que a relação dos dois está desgastada. Eles passam “tempo” demais juntos.

KARINA       —  Mas será mesmo que quando você ama alguém, se você passar tempo demais com aquela pessoa, pode fazer com que a relação se desgaste?

RICARDO     —  Eu acho que sim, filha.

Fecha em Karina refletindo.

CORTA PARA:

CENA 17. JORNAL. REDAÇÃO. INT. NOITE.

Redação quase vazia. Rosangela ali ao computador. Alfredo desliga o PC e vem até a mesa dela.

ALFREDO     —  Não vai embora, Rosangela?

ROSANGELA — Ainda não.

ALFREDO     —  Mas o que tanto você faz aí? Eu não me lembro de ter te dado nenhuma tarefa.

ROSANGELA — Não foi você. Foi o Celso que pediu um roteiro básico pra amanhã.

ALFREDO     —  Como é que é? O celso anda te pedindo as coisas?

ROSANGELA — Sim, ele me pediu e eu não pude dizer não.

ALFREDO     —  Poderia sim. Por que ele não pediu alguém da equipe dele pra fazer isso? Tinha que ser justamente alguém da minha equipe. Esse celso quer ver eu perder a cabeça.

ROSANGELA — Que isso, Alfredo? Não precisa de tudo isso não. Eu também sou culpada. Eu não deveria ter aceitado.

ALFREDO     —  Não mesmo. Amanhã eu vou ter uma conversa séria com ele.

ROSANGELA — (Se levanta) Tá bom, Alfredo. Você venceu! Eu não vou fazer mais o roteiro.

ALFREDO     —  Acho bom mesmo. Agora vamos pra casa que amanhã tem mais.

Ela desliga o PC e sai junto de Alfredo.

CORTA PARA:

CENA 18. APART DE RENATA. QUARTO-CASAL. INT. NOITE.

Renata ali com uma lingerie preta e com um chicotinho frente ao espelho.

RENATA       —  (P/si) Hoje você não me escapa, Alfredo. Eu vou fazer o nosso casamento sair dessa mesmice.

Ela fica ali ensaiando umas chicotadas ao ar. Bruna entra.

BRUNA         —  Mãe, a senhora tem um pouco de creme de cabelo aí pra me dar? Que isso gente?

Ela se tapa rapidamente.

RENATA       —  Como você sai entrando dessa maneira sem antes bater?

BRUNA         —  Desculpa, mãe. Vai rolar o creme ou não?

RENATA       —  Pega aí.

Ela pega o creme e vai saindo, quando arremata.

BRUNA         —  (Debochando) Adorei a lingerie.

RENATA       —  (P/si, indignada) Grota enxerida. Ela não deveria ter visto isso.

Ela vai trancar a porta e respira mais aliviada.

RENATA       —  (P/si) Agora sim eu vou ter privacidade dentro de meu próprio quarto.

Ela continua a treinar as chicotadas ao ar. Instantes. Sedução.

CORTA PARA:

CENA 19. IPANEMA. PEDRA DO ARPOADOR. EXT. NOITE.

Pedro e Gael caminhando de volta a rua.

PEDRO          —  Espero que você tenha gostado da nossa conversa.

GAEL            —  Gostei. Acredite cara, eu não sei o que seria de mim sem os seus conselhos.

PEDRO          —  Não é à toa que eu faço psicologia, né?

GAEL            —  Verdade. E você será um ótimo profissional. Apesar de que você vai saber lidar perfeitamente com uma pessoa como eu…. Já que eu sou sua cobaia mesmo.

PEDRO          —  Você sabe muito bem que não é bem assim. A gente conversa, eu te dou conselhos porque somos amigos. Eu me preocupo com você.

GAEL            —  Obrigado, cara.

PEDRO          —  Precisando é só falar que eu estou aqui todo ouvidos.

GAEL            —  Valeu, cara.

PEDRO          —  Valeu.

Gael vai se afastando e Pedro arremata.

PEDRO          —  (P/si) Vida louca, mas eu gosto desse meu amigo.

Ele vai caminhando. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.

Takes descontínuos do passar de algumas horas.

CORTA PARA:

CENA 21. RODOVIÁRIA NOVO RIO. ÁREA DE DESEMBARQUE. EXT. NOITE.

Um ônibus ali parado com uma placa indicando: “São Paulo/ Rio de Janeiro”. Várias pessoas saltando do ônibus. Uma mulher desce, ela está de chapéu e óculos pretos, (mesmo sendo noite). Ela pega sua mala se vira pra CAM. Tira o óculos e sorrir.

MARIA DE F. —  Finalmente, Rio de Janeiro!

Ela fica ali com um sorrisinho maligno estampado no rosto. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 15º CAPÍTULO

 

 

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