PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JOÃO

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

VENDEDORA, ZÓI E HOMEM1

CENA 01. LEBLON. LOJA DE MÓVEIS. INT. DIA.

Clima sofisticado. Loja chique. Alto padrão de qualidade. Sol e Glória ali escolhendo os móveis da casa na companhia de uma vendedora.

VENDEDORA —E que tal esse sofá? Ele é todo de coro.

SOL               —  Eu não gostei.

GLÓRIA        —  Nem eu. Simpleszinho demais! Nosso tríplex merece coisa melhor, mais sofisticada!

Corte descontínuo: as duas escolhem o sofá. Depois vão para a parte da cozinha e escolhem os móveis.

Corte descontínuo: as duas escolhendo os móveis dos quartos da casa e se divertindo nas camas macias. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 21 do capítulo anterior.

JANDIRA      —  Ah, oi, Ricardo.

RICARDO     —  O que você tá fazendo aqui na construtora?

JANDIRA      —  Eu? Eu… Eu…

Ela olha para Vicente que está nervosíssimo.

VICENTE      —  (Disfarça) Ela veio… Ela veio aqui para conversar comigo sobre o tal apartamento que está à venda lá no prédio, não é, Jandira?

JANDIRA      —  (Percebe o disfarce) É… É isso! Eu vim aqui entregar o contato do dono pessoalmente para o Vicente!

RICARDO     —  Ah, tá.

VICENTE      —  Vem pra minha sala Jandira, que a gente conversa melhor!

Eles vão pra sala de Vicente.

ANA              —  Você entendeu o que acabou de acontecer aqui?

RICARDO     —  Sinceramente? Não.

ANA              —  Estranho que do jeito que ela chegou aqui parecia que tava com vontade de matar o seu Vicente!

RICARDO     —  Muito estranho isso. Mas a sorte do Vicente é que a Cristina saiu com a Adriana. Se ela tivesse aqui, a coisa seria ainda pior.

ANA              —  Pior que isso é verdade.

RICARDO     —  Vou cuidar dos meus afazeres que eu ganho mais!

Ricardo volta para sua sala.

ANA              —  (P/si, horrorizada) Jesus… Cada dia é uma coisa nova nessa empresa! Impressionante!

CORTA PARA:

CENA 03. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente e Jandira ali. Vicente já reagindo.

VICENTE      —  Você ficou maluca, Jandira? O que você veio fazer aqui na construtora?

JANDIRA      —  Vim aqui pessoalmente olhar pra essa sua cara de mentiroso! Mais uma vez você e a Flávia conseguiram enganar o Murilo!

VICENTE      —  Ah, pelo amor de Deus, Jandira! Eu não acredito que você veio até aqui colocar tudo em risco por causa disso!

JANDIRA      —  Do jeito que vocês falam até parece que não tem importância nenhuma o menino ficar sendo enganado!

VICENTE      —  Eu sei que o que eu estou fazendo não é certo, mas daí você vir até aqui e colocar tudo que eu construir em risco por causa disso é ridículo!

JANDIRA      —  A única coisa ridícula aqui é você! Um pai enganando o próprio filho! Eu só vim aqui porque não poderíamos ter essa conversa lá em casa que a Flávia iria se meter!

VICENTE      —  Era só isso que você tinha pra dizer, Jandira? Agora se retire que eu preciso voltar a trabalhar!

JANDIRA      —  Ainda não acabei! O próximo jogo do Murilo será semana que vem… Se você não aparecer, eu conto toda a verdade pra ele!

VICENTE      —  Você não teria coragem!

JANDIRA      —  Não me subestime que você não sabe do que eu sou capaz! Eu tive coragem de vir até aqui falar com você pessoalmente. De certa forma, colocando tudo em risco… A sua farsa poderia acabar agora… Portanto, se você não for ao jogo, já sabe a consequência!

Ela sai de sua sala deixando ele ali griladíssimo. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 04. BECO. EXT. DIA.

Zói e Homem1 ali sentados. Carlito se aproxima indignado.

CARLITO      —  Vem cá seus idiotas, o que eu disse pra vocês sobre ligar lá pra casa? Minha filha atendeu o telefone e ficou muito desconfiada!

HOMEM1      —  Nem fala comigo, quem cometeu a burrada foi o Zói!

CARLITO      —  Tinha que ser! Você como sempre fazendo idiotices!

ZÓI                —  Desculpa, chefe! É que eu tinha crédito só pra fixo! Por isso que eu não liguei pro seu celular!

CARLITO      —  Na próxima mais atenção, hein, palerma!

ZÓI                —  Chefe, você precisa ver as roupas que nós comprou!

Ele puxa umas sacolas e Carlito tira de dentro algumas peças de roupa e analisa.

CARLITO      —  Pelo menos isso vocês fizeram certo! Roupas de playba mesmo! Agora só falta dá um trato nessas caras de vocês!

HOMEM1      —  E depois?

ZÓI                —  Depois nós começa, né, chefe?

CARLITO      —  Claro! O quanto antes fizermos isso, será melhor! Mas antes… A gente vai precisar da ajuda do playba de verdade!

ZÓI                —  Ah é, chefe…

Eles ficam ali conversando fora de áudio. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 05. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta vem do quarto arrumada para sair. Miguel chaga da rua.

MARTA        —  Nossa! Lembrou que tem casa, é? Eu nunca pensei que falaria uma coisa dessas com você! Onde é que você ficou a tarde toda?

MIGUEL        —  Eu estava por aí.

MARTA        —  Sim, mas por aí com quem?

MIGUEL        —  O Gael não te falou?

MARTA        —  Sim+

MIGUEL        —  Então por que a pergunta?

MARTA        —  Porque eu quero ouvir isso da sua boca.

MIGUEL        —  Ah, mãe pelo amor de Deus!

Miguel vai para o quarto com Marta arrematando.

MARTA        —  Que isso, hein, Miguel? Você nunca foi disso! Nunca vi você falando comigo dessa maneira! (P/si) Melhor sair antes que eu me estresse ainda mais!

Ela sai para a rua.

CORTA PARA:

CENA 06. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.

Alfredo e Rosangela ali.

ROSANGELA —Alfredo do céu! Quem diria que essa mulher voltaria pra sua vida desse jeito depois de tantos anos.

ALFREDO     —  Pois é, Rô. Como esse mundo é pequeno. Depois de vinte anos sem ter notícias dela.

ROSANGELA —A Renata tem toda razão de tá com ciúmes. Você ainda sente alguma coisa por essa mulher, não sente?

ALFREDO     —  Não sei, Rô. Eu não sei o que estou sentindo, sabe? É como se esse nosso reencontro fizesse com que eu ficasse sem emoções.

ROSANGELA —Deve ser por causa do tempo, né!

ALFREDO     —  É. E fora o filme que se passa na sua cabeça, né. Tudo que eu vivi com ela está vindo à minha mente.

ROSANGELA —Então desde que essa mulher saiu daqui você tá vivendo de flashback?

ALFREDO     —  Tô. Mas mudando de assunto agora, como estão as coisas lá na redação?

ROSANGELA —Ah é… Eu Esqueci de te falar. A diretoria me escolheu para assumir o seu cargo.

ALFREDO     —  (Feliz) Sério? Eles não poderiam ter escolhido melhor! Você é muito bem preparada. Se eles não tivessem suspendido aquela promoção, você seria promovida sem dúvidas!

ROSANGELA —É… Mas com a promoção vem mais responsabilidade e exige mais paciência de você!

ALFREDO     —  Que história é essa de paciência?

ROSANGELA —É que a Joana tá insinuando que eu vou tomar o seu lugar!

ALFREDO     —  A Joana como sempre encrenqueira! Mas não liga pra ela não. Isso é inveja de você, Rô.

ROSANGELA —O pior é que eu tenho que engolir a seco o que ela fala, fui lá na diretoria se queixar dela e ainda sair como a culpada.

ALFREDO     —  Não acredito que a diretoria agiu dessa forma. Se eles confiaram esse cargo a você, isso é sinal de que a única pessoa preparada era você!

ROSANGELA —Pois é, Alfredo. Vá saber o que se passa na cabeça da alta cúpula do Jornal.

Fecha em Alfredo meneando a cabeça concordando.

CORTA PARA:

CENA 07. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.

Bruna ali na porta com João.

BRUNA         —  Muito obrigado mesmo pela sua visita, João.

JOÃO            —  Que isso? Sempre que precisar é só avisar. (Pega na mão dela) Eu quero que você saiba que não está sozinha nessa. Eu estou aqui do seu lado.

CAM mostra Renata vindo do quarto. Ela percebe o clima, se esconde e fica a observar.

BRUNA         —  (Solta a mão dele) Obrigado, João. Pode deixar que se eu precisar, você será a primeira pessoa.

JOÃO            —  Então tá. Tchau.

Ele vai dar um beijo na boca dela, mas ela desvia e ele fica sem graça. Ele então dá um abraço nela. Ela fecha a porta.

RENATA       —  Mas o que é que foi isso?

BRUNA         —  Eu é que pergunto o que é que foi isso? A senhora tava me espionando, é?

RENATA       —  Não. Apenas vim lá do quarto no momento e não quis estragar o clima!

BRUNA         —  Que clima? Não tinha clima nenhum!

RENATA       —  Sei. Vem cá, filha. Você nunca pensou em me dar a alegria de ter o João como genro não?

BRUNA         —  Não! Eu nunca pensei porque isso é impossível! E eu não vou ter essa conversa com a senhora de novo. Com licença!

Ela vai para o quarto.

RENATA       —  (P/si) Sei que ainda vai rolar alguma coisa entre esses dois!

CORTA PARA:

CENA 08. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.

Takes descontínuos aéreos do anoitecer lindo no rio, com ênfase em Copacabana, Leme, Leblon. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE MAZÉ. QUARTO DE JU E ANA. INT. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Juliana e Ana sentadas fofocando.

JULIANA      —  Eta! Então o dia lá na construtora foi movimentado?

ANA              —  O que, menina? Foi movimentadíssimo! Teve a filha dos donos chegando arrasada. Acho que ela tá com problemas com o noivo. Depois a reunião deu em confusão. Daí chegou uma senhora vestida como se fosse novinha lá gritando pelo Vicente.

JULIANA      —  Nossa! Trabalhar nessa construtora então é divertido. Todo dia tem um fato marcante.

ANA              —  Pois é. Mas me diz aí o que você queria dizer desde a hora em que eu cheguei, mas não pôde porque sua mãe não deixou!

JULIANA      —  Você não vai acreditar no telefonema que eu atendi hoje…

Instantes de suspense.

ANA              —  Fala criatura! Assim eu fico curiosíssima!

JULIANA      —  Um cara ligou pra cá dizendo que eles tinham comprado a roupa para o esquema!

ANA              —  Mas como assim, gente?

JULIANA      —  Não sei! Meu pai disfarçou dizendo que poderia ser trote, mas eu tenho as minhas desconfianças.

ANA              —  Por quê?

JULIANA      —  O cara desligou rapidamente quando viu que não estava falando com a pessoa certa. Se fosse trote ele teria insistido.

ANA              —  Verdade… Ih amiga. Será que o buraco é mais embaixo do que a gente pensava?

JULIANA      —  Não sei. O pior é que agora eu só fico pensando nisso.

Closes alternados nas duas. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.

Flávia e Vicente sentados.

FLÁVIA        —  Eu não acredito que a mamãe fez uma coisa dessas!

VICENTE      —  Shiii… Não fala alto pra ela escutar!

FLÁVIA        —  Por que não?

VICENTE      —  É que eu tô com medo dela abrir a boca pro Murilo!

FLÁVIA        —  Que isso, Vicente? Eu nunca ouvi você falar que tá com medo da mamãe fazer alguma coisa! Você tá escondendo alguma coisa?

VICENTE      —  (Disfarça) Não! Claro que não! De onde é que você tirou essa ideia, meu amor?

FLÁVIA        —  Ah, sei lá! Você tá todo estranho!

VICENTE      —  Deve ser impressão sua.

FLÁVIA        —  Assim espero, Vicente! Assim espero! Mas a sua ex-mulher viu a mamãe?

VICENTE      —  Não. Por sorte ela tinha saído com a minha filha antes.

Atenção Sonoplastia: Cel. de Vicente começa a tocar.

VICENTE      —  Desculpa, meu amor, mas eu preciso atender.

FLÁVIA        —  Claro! Vai lá!

Ele se levanta e a vai para a janela.

VICENTE      —  (Ao cel.) Alô? Oi, filho. Como vai? Que bom… Mas o que aconteceu pra você tomar essa decisão? Mas Enrico… Você tem certeza que é isso mesmo que quer? Então tá, né. Agora só me resta te apoiar na sua decisão. Tá bom. Não deixe de ligar dando notícias. Tá bom.. Assim que tudo estiver resolvido, me ligue. Tchau.

Ele desliga.

FLÁVIA        —  Filho? Você nunca me disse que tinha um filho, Vicente!

Fecha em Vicente sem saber aonde enfiar a cara. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.

Karina ali sentada séria mexendo no cel. Ricardo chega do trabalho.

RICARDO     —  Boa noite, filha.

KARINA       —  (Séria) Boa noite.

RICARDO     —  Nossa! Que séria! Aconteceu alguma coisa?

KARINA       —  Aconteceu, mas eu não quero falar sobre isso!

RICARDO     —  Tudo bem. Direito todo seu. E sua mãe?

KARINA       —  Ainda não deu o ar da graça!

RICARDO     —  (Estranha) Tem certeza que você não quer falar sobre o que aconteceu, filha? Eu nunca ouvi você falar desse jeito!

KARINA       —  O Miguel me beijou!

RICARDO     —  O quê? Mas como assim?

KARINA       —  É o garoto que eu gostava que está noivo!

RICARDO     —  Mas você não ama ele, filha?

KARINA       —  Amava! Depois do beijo de hoje eu vi que ele não é a pessoa certa pra mim.

RICARDO     —  Tem certeza, filha? Você já sofreu muito por esse rapaz e agora quando vocês finalmente se beijam, você acha que ele não é a pessoa certa pra você? Por quê?

KARINA       —  Ah, sei lá, pai! É como se o que nós fizemos fosse errado, sabe?

RICARDO     —  Ele ainda está com a tal menina, noiva dele?

KARINA       —  Eles deram um tempo.

RICARDO     —  Só um tempo não é o suficiente! Agora eu entendo porque você tá aí desse jeito. Antes dele te beijar, deveria ter terminado tudo com essa menina!

Fecha em Karina séria, pensativa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. APART DE MARTA. QUARTO GÊMEOS. INT. NOITE

Miguel ali pensativo, sério. Gael, mexendo no cel. e percebendo como o irmão está.

GAEL            —  Tá tudo bem contigo, cara? Desde que você chegou não disse uma palavra.

MIGUEL        —  Tá tudo bem.

GAEL            —  Quem te conhece que te compre, Miguel! Eu sei que tá acontecendo alguma coisa.

MIGUEL        —  Tá bom, eu falo! É que eu fiz uma coisa idiota, sabe?

GAEL            —  Como assim?

MIGUEL        —  Eu beijei a Karina.

GAEL            —  Caraca, cara! Eu não acredito que você fez isso! Seu garanhão!

MIGUEL        —  Pode parar! Eu fiz isso, mas não me agrado de ter feito!

GAEL            —  É porque você é muito certinho.

MIGUEL        —  Não é isso. É que a Karina não gostou.

GAEL            —  Como não? Eu pensei que vocês dois se gostavam.

MIGUEL        —  Eu também pensei. Mas pelo visto eu estava enganado.

Miguel sai do quarto deixando Gael ali sem entender nada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.

Continuação imediata da cena 10.

VICENTE      —  Desculpa não ter falado nada antes, mas é que/

FLÁVIA        —  (Corta) Além de estar enganando a sua verdadeira esposa com o nosso relacionamento, agora isso?! Eu sinceramente não sei o que pensar de você!

VICENTE      —  Calma, meu amor! Eu posso explicar!

FLÁVIA        —  Então vai lá! Explique-se!

VICENTE      —  Eu nunca comentei nada disso com você porque eu nunca pensei que meu filho fosse querer voltar a morar aqui no Brasil!

FLÁVIA        —  Ele mora no exterior?

VICENTE      —  No Estados Unidos! Ele tá lá desde os dez anos de idade. Eu o mandei pra lá com a mãe dele. Só que há um ano atrás a mãe dele morreu e ele agora quer voltar pro Brasil.

FLÁVIA        —  E por que você não me falou nada?

VICENTE      —  Eu pensei que não tinha relevância.

FLÁVIA        —  Poxa, Vicente. Você tem um filho que mora fora do país. Isso não é relevante?

VICENTE      —  Desculpa, meu amor.

FLÁVIA        —  Espero que esse seja o único segredo que você tenha.

VICENTE      —  Esse é o único.

Ele abraça a amada. CAM mostra Jandira da cozinha olhando aquela cena.

JANDIRA      —  (P/si) Não sei porque a Flávia ficou surpresa! Um cara que engana a esposa pra viver essa vida dupla, poderia muito bem tá escondendo todos esses anos um filho!

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 14. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. NOITE.

Alfredo ali deitado na cama, nostálgico…

ALFREDO     —  (P/si, sorrir) A Sol era demais… A Marta nem queria falar comigo com medo de perder o emprego! Foi uma felicidade imensa ouvir que a Sol estava esperando um filho meu…

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 15. MANSÃO MORAES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Entra aqui um insert da cena 01 do capítulo 02. 

Marta descendo a escada. Alfredo chega do escritório.

ALFREDO     —   Olá, Marta!

MARTA          —   Oi, Alfredo!

ALFREDO     —   Desculpa se eu vou ser indelicado agora, mas… Por que você tem me evitado nesses meses que eu tô morando aqui?

MARTA          —   Eu não queria falar nada não, mas sabe o que é que é, Alfredo? Eu percebi que a Sol não gosta muito de quando a gente está conversando. E pelo bem do meu emprego, eu resolvi que não quero mais saber de papinhos com você. Sem ofensa, tá?!

ALFREDO     —   Mas isso é um ultraje! A Sol não tem o direito de fazer isso por causa de ciúmes! Eu só tenho olhos pra ela! O que mais essa mulher quer de mim? Eu sou todo dela.

MARTA          —   Que bom pra vocês! Agora se você me der licença, eu preciso organizar as coisas pro jantar.

Ouvimos as duas comemorando.

SOL               —   (OFF, Comemora) Uhu!!!

ALFREDO     —   Que isso? Você ouviu?

MARTA          —   Sim! Parecia que foi lá em cima?

ALFREDO     —   Será que aconteceu alguma coisa?

Sol e Glória descem a escada rapidamente sorridentes e felizes.

SOL               —   (P/Alfredo) Meu amor, você não vai acreditar…

ALFREDO     —   (Preocupado) O que tá acontecendo, Sol?

SOL               — Você vai ser papai! Eu tô grávida!

Ele fica feliz. CAM mostra a reação de Marta séria.

GLÓRIA         —   Que cara é essa, Marta? Não gostou da novidade?

MARTA          —   Gostei! É que hoje eu não estou me sentindo muito bem.

Ela vai para a cozinha e Glória fica ali sem entender nada e se junta aos novos pais da área. Eles ficam ali conversando fora de áudio. Instantes.

Fim do insert.

CORTA PARA:

CENA 16. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. NOITE.

Continuação da cena 14.

ALFREDO     —  (P/si) Mal sabíamos o que estava pra acontecer após essa gravidez! Mas até que foram bons momentos! Às vezes eu fico pensando: onde será que os meus filhos estão? Com quem? Quem afastou eles de mim?

Ele fica ali pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. NOITE.

Sol e Glória chegam da rua carregando algumas sacolas.

GLÓRIA        —  Ai, graças a Deus chegamos! Nossa! Eu nunca fiquei tanto tempo fora desse quarto de hotel.

SOL               —  Nunca mesmo! Hoje nós ficamos fora quase o dia todo.

GLÓRIA        —  Mas em compensação fizemos tudo que tinha pra fazer. Agora é só relaxar.

SOL               —  E esperar para morarmos no nosso tríplex de uma vez por todas.

GLÓRIA        —  Verdade. Até que eu me enganei com essa Karina. Ela fez um bom trabalho!

SOL               —  Viu? Eu não disse? E a senhora aí criticando a garota antes de ver o trabalho dela.

GLÓRIA        —  É. Confesso que dessa vez eu falei demais.

SOL               —  Só dessa vez?

Ela olha pra filha séria.

SOL               —  Tô brincando, mãe! Eles disseram quando vão começar?

GLÓRIA        —  Essa semana ainda. Até semana que vem nós já vamos poder morar na nossa casa.

SOL               —  Graças a Deus.

GLÓRIA        —  Se bem que esse quarto de hotel aqui não é tão ruim assim.

SOL               —  E eu num sei? Nunca vi a senhora gostar tanto de um quarto de hotel quanto gostou deste.

GLÓRIA        —  É, deixa eu ir já me despedindo da banheira de espuma.

Ela vai para a suíte. Sol fica ali sorrindo até que arremata.

SOL               —  (P/si) Não vejo logo a hora de morar na minha casa!

CORTA PARA:

CENA 18. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA/ NOITE.

Atenção Sonoplastia:entra aqui Blowin' In The Wind – Dan Torres.

Takes descontínuos do passar de alguns dias, amanhece, anoitece na cidade maravilhosa. Takes do cotidiano das ruas no Leblon, orla. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 19. TRÍPLEX DE SOL. SALÃO DE ESTAR. INT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Karina ali coordenando a equipe que está a montar os móveis fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. TRÍPLEX DE SOL. QUARTOS. INT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Em cortes descontínuos, Karina dando as coordenadas para a equipe que está a montar os móveis dos cinco quartos do tríplex. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 21. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Takes descontínuos da cidade maravilhosa, no último deles a seguinte LEGENDA:UMA SEMANA DEPOIS.

CORTA PARA:

CENA 22. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Orla bem movimentada devido ao calor. CAM mostra de longe, Sol e Glória caminhando com saída de praia, óculos escuros, chapéu, bebendo água de coco. Já conseguimos ouvir o que as duas dizem.

SOL               —  Tô tão ansiosa pra ver como o tríplex ficou.

GLÓRIA        —  Pois é. A Karina proibiu a nossa entrada lá.

SOL               —  Mas se eu conheço bem, Karina. Com certeza tudo está lindo.

GLÓRIA        —  Verdade. Se tudo estiver como estava no computador, vai ficar deslumbrante.

SOL               —  Essa menina sim tem o dom pra essa área. E eu acho que é isso que ela tá estudando da faculdade.

GLÓRIA        —  Ah é, filha? Que bom. É legal ver que ela tá fazendo o que gosta e o que tem talento também!

SOL               —  Verdade, mamãe. Ai que ansiedade pra ver como o tríplex está.

GLÓRIA        —  Calma, minha filha! Desse jeito você vai ter um troço aí!

CORTA PARA:

CENA 23. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali sentada lendo jornal. 

Atenção Sonoplastia: o cel. dela notifica mensagem.

MARTA        —  (P/si) Mensagem de quem gente?

CAM detalha a tela do cel. mensagem de um número restrito, que diz o seguinte:

MARTA        —  (Lê) E se o passado bater à sua porta, o que você faria? (P/si, aflita) Quem será que me mandou isso meu Deus?

Alguém bate na porta e Marta leva um tremendo susto. Ela se aproxima da porta com receio, de vagar e arremata.

MARTA        —  Quem é?

MAZÉ            —  (OFF) Sou eu, dona Marta. Esqueci a chave.

MARTA        —  Ah, é você Mazé! (Abre a porta) Eu levei um susto tão grande que poderia ter infartado!

Mazé entra com duas sacolas de verduras e legumes e fecha a porta arrematando.

MAZÉ            —  Que isso dona Marta? Por que a senhora tá se assustando desse jeito?

MARTA        —  Nada não.

MAZÉ            —  Eu fui comprar alguns legumes para o almoço. A senhora tá bem, dona Marta?

MARTA        —  (Grossa) Tô, Mazé! Agora vá cuidar dos seus serviços!

MAZÉ            —  Sim, senhora. Nossa!

Ela vai para a cozinha.

MARTA        —  (P/si) Quem está fazendo isso comigo?

Ela fica ali pensativa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 24. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente e Ricardo sentados. Ricardo mostrando uns gráficos no notebook.

RICARDO     —  Aqui como você pode ver é o lucro da empresa!

VICENTE      —  Tá e por que o gráfico tá desse jeito? Parece que está na forma decrescente.

RICARDO     —  E está. Parando para analisar os outros meses, o lucro da construtora tem diminuído muito.

Atenção Sonoplastia: cel. de Vicente notifica mensagem.

VICENTE      —  Desculpa, Ricardo. Mas eu preciso ver se é alguma coisa urgente.

RICARDO     —  Não. Tudo bem.

CAM detalha a tela no cel.

VICENTE      —  (OFF) Daqui há meia hora começa o jogo do Murilo. Se você não estiver aqui… Ele vai ficar sabendo de tudo antes de entrar em campo!

VICENTE      —  Eu preciso ir, Ricardo.

RICARDO     —  Mas o que aconteceu?

VICENTE      —  Nada não.

Ele sai apressado.

RICARDO     —  (Não entende) Eu hein! Vá entender esse povo!

CORTA PARA:

CENA 25. PRÉDIO DE MARTA. FRENTE. EXT. DIA.

Alguns carros estacionados ali. Marta grilada sai do prédio. Ela fica olhando para todos os lados. Vem caminhando. Maria de F. sai de trás de um carro e elas costas de Marta arremata.

MARIA DE F.—  Pensando que vai se esconder por muito tempo, Marta?

Ela se vira assustadíssima.

MARTA        —  Quem é você?

MARIA DE F.—  Vamos evitar as apresentações e ir direto ao que realmente interessa!

MARTA        —  O que você quer sua louca? Quem é você?

Ela puxa do bolso uma foto da época (1999).

MARIA DE F.—  Reconhece essa mulher na foto?

MARTA        —  Desgraçada! O que você quer?

MARIA DE F.—  Que isso? E isso lá é forma de receber uma velha amiga?

MARTA        —  O que você quer aparecendo agora sua desgraçada?

MARIA DE F.—  Acho que você sabe muito bem o que que quero. Dinheiro!

MARTA        —  Mas nem morta!

MARIA DE F.—  Ah é? Acredite, Marta… Eu sei mais da sua vida do que você pensa! Portanto, eu posso desgraçar com ela a qualquer momento!

Closes alternados. Marta séria. Maria sorrindo malignamente. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 30º CAPÍTULO

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Pesquisa de satisfação: Nos ajude a entender como estamos nos saindo por aqui.

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