PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ALFREDO
ANA
CARLITO
CRISTINA
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
JANDIRA
JOANA
JULIANA
KARINA
MARIA DE FÁTIMA
MARTA
MIGUEL
PEDRO
RENATA
RICARDO
ROSANGELA
SOL
VICENTE
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
REITOR DA UNIVERSIDADE
CENA 01. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CANTINA. INT. DIA.
Cantina cheia. Adriana ali conversando com um grupo de jovens. Karina chega a cantina.
ADRIANA — (Tom alto) Olhem pessoal! Vejam se não é a ladra de noivos!
Todos começam a vaiar Karina, que fica abaladíssima.
ADRIANA — (Se aproximando de Karina) Ficou sem voz agora, é queridinha? Mas na hora de roubar o meu noivo você não ficou assim!
KARINA — Não está acontecendo nada entre o seu noivo e eu!
ADRIANA — Larga de ser mentirosa garota! É óbvio que você está doida pra se deitar na cama do meu noivo!
KARINA — Mas como você é baixa, Adriana! Fica aí posando de patricinha quando na verdade é uma barraqueira sinistra!
ADRIANA — Como é que é? Ninguém fala de mim assim não, hein!
Adriana puxa o cabelo de Karina e as duas começam a se estapear. Karina com vantagem. Todos olhando e alguns gravando com o cel. Instantes.
ADRIANA — (Tenta se soltar) Me solta! Me solta sua vândala!
CORTA PARA:
CENA 02. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
CRISTINA — Logo que você faz tanta questão assim de saber. Eu falo! Eu descobrir que você está anos e mais anos me enganando!
VICENTE — Mas te enganado com o quê?
CRISTINA — É esse seu cinismo que me mata de ódio! Você tá pensando que está lidando com uma pessoa idiota?
VICENTE — Cristina, enquanto você não falar abertamente o que está querendo dizer, eu não vou entender!
Ela pega o cel. e mostra a foto dele e Flávia se beijando.
VICENTE — Espera aí, Cristina! Isso aí não é nada!
Ela deixa o cel. sobre a mesa e vem andando até ele que com medo vai de costas até chegar na parede aonde fica encurralado.
CRISTINA — Ah… Isso aqui não é nada? Você me vai prum jogo de futebol infantil e me diz que isso aqui não é nada? Você está beijando essa mulher! Quanto tempo?
VICENTE — (Não entende) O quê?
CRISTINA — (Firme) A quanto tempo você está me fazendo de idiota?
VICENTE —Há dez anos.
Ela dá um tapa na cara dele. Tensão.
CRISTINA — Como você pôde? Todos esses anos! E pelo que eu vi no jogo, as crianças pareciam ter essa idade… Por acaso você tem algum filho com essa vadia?
Fecha em Vicente sem saber se responde ou não. Instantes. Medo. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 03. UNI NOVO RIO. ESTACIONAMENTO. EXT. DIA.
Estacionamento cheio. Miguel e Gael saltam do carro.
MIGUEL — Você acha mesmo que o que a dona Marta falou pode ser verdade?
GAEL — Não sei cara. Você sabe tanto quanto eu que a dona Marta as vezes pode exagerar.
MIGUEL — Isso é verdade. Mas será que eu devo mesmo conversar com a Adriana?
GAEL — Eu acho que uma conversa não faz mal nenhum! Muito pelo contrário, você resolveria logo de uma vez por todas isso e sairia dessa.
MIGUEL — Verdade. Eu vou conversar com ela.
Pedro vem correndo.
PEDRO — Vocês não vão acreditar!
GAEL — O que aconteceu, Pedro?
PEDRO — A Karina e a Adriana estão brigando lá na continua!
GAEL — (Brinca) Briga de mulher sempre tem uma puxada boa de cabelo!
MIGUEL — Então vamos logo acabar com isso!
Eles entram na universidade correndo.
CORTA PARA:
CENA 04. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CANTINA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 01. Todos ali a observar a briga de Adriana e Karina.
ADRIANA — Tá pensando que vai ficar com o Miguel sem ter guerra?
KARINA — A única pessoa em guerra aqui é você! Eu não estou com o Miguel.
ADRIANA — Sei, vadia! Finjo que acredito!
Karina rapidamente pega Adriana pelos cabelos e começa esbofetear a cara dela. Adriana reverte o jogo e faz o mesmo com Karina. Nesse momento, Miguel, Gael e Pedro chegam. Miguel segura Karina e Gael e Pedro Adriana.
ADRIANA — Me soltem!
MIGUEL — Mas o que tá acontecendo aqui gente?
ADRIANA — Essa vândala veio até aqui pra me agredir e dizer que nós nunca vamos voltar.
KARINA — Mentira! Larga de ser mentirosa garota! Quem começou tudo foi você!
ADRIANA — Mentira dela! (P/Pessoal) Não foi ela que começou.
Os únicos que concordam com ela é o grupo que ele estava conversando a instantes de isso acontecer. O Reitor chega à cantina.
REITOR — Não interessa quem começou! Eu quero as duas na minha sala agora!
O Reitor vai andando e as duas vão atrás, uma distante da outra.
GAEL — (Brinca) Ah, Miguel! Duas gatas lutando pelo seu amor! Fala a verdade, Pedro. Não tem coisa melhor do que isso, né?
MIGUEL — Para de brincar que a coisa é séria!
Miguel vai rapidamente atrás do Reitor e das duas.
GAEL — Gente… O que é que eu falei demais?
Pedro sorrir e Gael não entende. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 05. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 18 do capítulo anterior.
ROSANGELA —Só estava falando a verdade pro Alfredo!
JOANA — Seja lá o que essa mulher inventou pra você aí, Alfredo. É mentira!
ALFREDO — Gente, pelo amor de Deus! Vocês não vão começar a discutir dentro de um hospital, né?
JOANA — Em respeito ao ambiente em que estamos eu vou deixar essa passar. Aqui estão essas flores que EU trouxe pra você.
ALFREDO — Obrigado, Joana!
JOANA — Trouxe essas rosas brancas para desejar que você saia logo desse hospital e volte a assumir o seu cargo na empresa. Sim, porque as coisas lá estão um caos!
ROSANGELA —Você não me provoca, Joana… Você não sabe do que eu sou capaz!
JOANA — Ué! Assim quando eu cheguei e você estava falando a verdade pro Alfredo, agora eu estou fazendo o mesmo!
ROSANGELA —Tá vendo só, Alfredo? Tá sendo impossível trabalhar com essa mulher na redação!
As duas começam a discutir fora de áudio. Alfredo faz uma careta. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.
Atenção Sonoplastia: Entra aqui instrumental Amores Distantes
Sol ali no parapeito admirando a vista linda.
SOL — (OFF) Parando pra pensar a vida é uma caixinha de surpresas mesmo… Um dia temos tudo e todos, no outro, já não temos alguns, e amanhã quem sabe, não teremos ninguém. As coisas acontecem como num passe de mágica. Quando menos se espera, alguma coisa de importante vai acontecer na sua vida. Sejam coisas mínimas que não faça diferença, até coisas que mudam completamente o rumo da nossa vida. Aí as vezes paramos pra pensar como a nossa vida teria sido se nada do que aconteceu tivesse acontecido. Mas aí nos lembramos que o que aconteceu tem um porquê! Embora não entendemos naquele momento, um dia idem de entender!
Sol permanece ali filósofa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 07. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali de ouvido em pé. Ricardo chega.
RICARDO — Bom dia, Ana!
ANA — Shiii…
RICARDO — Shiii, por quê? Tá acontecendo alguma coisa?
ANA — O ex-casal está se desentendendo na sala da dona Cristina!
CRISTINA — (OFF) Eu não posso acreditar que você me enganou todos esses anos! Mesmo que ele não seja seu filho….
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 08. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.
Cris ainda ali com Vicente contra a parede.
CRISTINA — (Firme)… Isso não vai mudar o fato de você está com a mãe dele!
VICENTE — Desculpa, Cristina! Mas é que as coisas acabaram acontecendo e eu não pude evitar!
CRISTINA — Claro que não pôde evitar! Já que vocês homens não conseguem manter o pinto dentro das calças! Eu só te aviso uma coisa, Vicente. No que depender de mim… Você sai desse divórcio sem nada! Até a construtora!
VICENTE — Mas isso você não pode fazer! A construtora era um plano meu antes de casar com você!
CRISTINA — Não interessa! Você conseguiu realizar o sonho depois que se casou comigo. Portanto, o futuro construtora estará sim em jogo! E outra coisa… Eu não vejo porque não sair ganhando já que o único errado aqui é você! Agora saia da minha sala!
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 09. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ricardo corre pra sua sala e Ana se senta à mesa e finge trabalhar. Vicente sai da sala de Cris de cabeça baixa, olha pra Ana que continua a fingir e entra em sua sala.
ANA — (P/si) Jesus, mas que climão é esse logo a essa hora da manhã!?
Ricardo sai de sua sala.
RICARDO — (Cochichando) Acho que dessa vez o casamento deles já era!
ANA — Você acha? Eu tenho certeza! Pelo que eu ouvi ali a dona Cristina descobriu que o Vicente tava traindo ela com outra.
RICARDO — Gente…. O Vicente? Eu não acredito que ele tenha feito uma coisa dessas.
ANA — Mas deu pra perceber que a dona Cristina estava certa do que tava falando!
RICARDO — Então a casa caiu pro Vicente!
CORTA PARA:
CENA 10. UNIVERSIDADE NOVO RIO. REITORIA. INT. DIA.
Adriana e Karina sentadas lado a lado. Reitor em pé já arrematando.
REITOR — Muito bem, eu só vou perguntar uma vez. E espero que vocês não mintam pra mim. Logo vocês duas. Poxa, duas moças de boas famílias brigando na cantina da universidade. O que aconteceu pra vocês chegarem a esse ponto?
KARINA — Quem começou tudo foi ela!
ADRIANA — Mentira! Essa daí é barraqueira e não assume!
KARINA — A única barraqueira presente nesta sala aqui é você querida!
REITOR — Tá bom! Eu sabia que isso ia acontecer. Não interessa saber quem começou e porquê. As duas erraram! Neste caso, as duas serão punidas!
KARINA — O quê? Não é justo!
REITOR — Claro que é justo! O que não é justo foi o que vocês fizeram lá na cantina.
Ele pega duas folhas da gaveta e começa a anotar.
ADRIANA — O que o senhor vai fazer?
REITOR — Vocês duas vão levar uma suspensão de dois dias!
KARINA — O quê? Mas e o trabalho que era pra entregar hoje?
REITOR — Pensasse no trabalho antes de fazer o que fizeram!
Ele passa o papel as duas.
REITOR — Espero que nesses dois dias de suspensão, vocês pensem bastante no que fizeram. Agora podem se retirar.
As duas se encaram e sai uma de cada vez.
CORTA PARA:
CENA 11. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CORREDOR. INT. DIA.
Miguel ali aflito. Karina e Adriana saem da sala do reitor.
MIGUEL — E então, Karina? Como é que foi?
Ela nem olha na cara dele e vai andando. Adriana o encara e arremata.
ADRIANA — Será que a gente pode conversar, Miguel?
MIGUEL — Tarde demais! Eu até estava pensando na possibilidade de conversarmos, mas depois do que aconteceu aqui… Estou vendo que não há a menor condição!
Ele vai andando e ela fica ali sem entender nada.
Atenção Sonoplastia: cel. de Adriana começa a tocar. Ela pega e arremata.
ADRIANA — (P/si) Dona Marta? O que será que ela quer?
Ela atende.
ADRIANA — (Ao cel.) Oi, dona Marta.
MARTA — (OFF) Oi, Adriana. Eu ia te ligar antes pra te avisar que eu conseguir convencer o Miguel a conversar com você sobre a relação de vocês.
ADRIANA — (Ao cel.) Pois é, dona Mata. A senhora conseguiu e eu sem saber estraguei tudo.
MARTA — (OFF) Como assim, Adriana?
ADRIANA — (Ao cel.) Eu acabei me desentendendo com tal de Karina. Nós saímos no tapa e levemos uma suspensão de dois dias.
MARTA — (OFF) Liguei tarde demais então. Se eu tivesse lembrado de ligar antes nada disso teria acontecido!
ADRIANA — (Ao cel.) Pois é, dona Marta. O pior é que agora eu acabei prejudicando ainda mais as coisas com o Miguel.
MARTA — (OFF) Não se preocupe com isso! O que eu puder fazer pra ajudar, eu vou fazer!
Fecha em Adriana. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 12. UNIVERSIDADE NOVO RIO. FRENTE. EXT. DIA.
Karina sai da universidade a passos largos. Ela ainda com o papel da suspensão em mãos. Miguel vem correndo atrás dela.
MIGUEL — (Esbaforido) Karina, espere!
Ele a alcança.
KARINA — O que você quer, Miguel?
MIGUEL — Por que você não quer mais falar comigo?
KARINA — Você ainda pergunta. Olha só o que acabou de acontecer. (Mostra o papel da suspensão) Eu nunca levei uma suspensão em toda minha vida acadêmica!
MIGUEL — Isso é coisa da Adriana! Eu vou investigar com todo mundo pra ela ser responsabilizada!
KARINA — Quer saber de uma coisa, Miguel? Só fica longe de mim, tá? Desde que nós nos aproximamos que a minha vida tem sido um inferno!
Ela vai caminhando e ele fica ali digerindo aquilo. Ele corre atrás dela.
MIGUEL — Só mais uma coisa antes de fingirmos que não conhecemos um ao outro. O Gael disse que tem uma pessoa que a Sol poderia contratar para trabalhar na casa dela.
KARINA — Ah sim. Me mande uma mensagem com o contato dessa pessoa depois que eu entrego à Sol pessoalmente.
Ela vai caminhando deixando-o ali triste. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. PRÉDIO DE RICARDO E FLÁVIA. FRENTE. EXT. DIA.
Jandira ali à espera de alguém. CAM mostra o carro de Flávia se aproximando, ela arremata de dentro do carro mesmo.
FLÁVIA — (P/si) Mamãe? O que ela tá fazendo aqui do lado de fora?
Jandira vê Flávia e logo vira de costas arrematando.
JANDIRA — (P/si) Essa não! É a Flávia. Sujou!
Flávia para o carro e abaixa o vidro.
FLÁVIA — Mamãe? Não precisa virar de costas que eu sei que é a senhora.
JANDIRA — (Se vira) Oi, Flávia. O que você quer?
FLÁVIA — Nada. Só achei estranho a senhora aqui parada do lado de fora.
JANDIRA — É… Eu resolvi pegar um arzinho fresco!
FLÁVIA — (Duvida) Ah, tá. Sei. Fala logo que a senhora tá esperando alguém.
JANDIRA — Tô esperando umas amigas.
FLÁVIA — Desde quando a senhora tem amigas, mamãe? Pelo que eu saiba a senhora sempre se “deu” bem com homens.
JANDIRA — É, mas agora até que eu tenho boas amizades femininas.
FLÁVIA — Tá bom. Vê lá o que a senhora vai fazer, hein! Juízo!
Ela entra na garagem subterrânea do prédio.
JANDIRA — (P/si) Juízo… Até parece que tá lidando com criança.
CAM mostra um carro aberto se aproximando, nele, estão quatro mulheres da idade de Jandira aproximadamente e que se vestem igual a Jandira.
MULHER — Ei, amiga!
JANDIRA — Vocês demoraram tanto que eu pensei que não ia rolar as buscas pelo homem perfeito!
Jandira entra no carro.
MULHER — Que isso, Jandira? Você sabe que sempre nesta mesma data nós fazemos isso! É tradição!
CAM mostra o carro se afastando elas com braços erguidos e falando ao mesmo tempo.
CORTA PARA:
CENA 14. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Alfredo e Glória sentados conversando.
ALFREDO — Que bom que você veio, Glória.
GLÓRIA — Eu até peço desculpas porque antes estava na maior correria pra mudar logo pro nosso tríplex.
ALFREDO — (Surpreso) Nossa, um tríplex? Tá podendo hein!
GLÓRIA — É a Sol, né? Ela quando cisma com alguma coisa, não há quem tire da cabeça dela!
ALFREDO — (Sorrir) Essa Sol é fogo! Mas e ela, como está?
GLÓRIA — Tá bem. Eu a convidei pra vir, mas ela ainda está lá organizando as coisas.
ALFREDO — Ah sim… Não precisa mentir, Glória. Eu sei que a Sol não quer me ver.
GLÓRIA — Não é isso, Alfredo!
ALFREDO — É isso sim, Glória! Eu sei que tudo que aconteceu entre nós dois no passado ainda não cicatrizou. É como se a ferida estivesse aberta ainda, sabe? Mas tudo bem. Vida que segue.
GLÓRIA — E alta? Você vai receber quando?
ALFREDO — O doutor disse que hoje mesmo.
GLÓRIA — (Feliz) Que bom!
ALFREDO — Mas eu estou numa situação delicada, sabe?
GLÓRIA — Como assim?
ALFREDO — É que eu não queria voltar pra casa depois de tudo que aconteceu!
GLÓRIA — Sem problema nenhum, Alfredo! Qualquer coisa você pode ficar comigo e com a Sol no nosso tríplex!
Renata entra.
RENATA — (Firme) Não! Ele vai voltar pra nossa casa que é o lugar dele! Obrigada!
Closes alternados. Climão no ar. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 15. TRÍPLEX DE SOL. COZINHA. INT. DIA.
Sol ali comendo biscoitos e mexendo no cel.
Atenção Sonoplastia: cel. dela notifica mensagem.
SOL — (P/si) Ah… Mensagem da Karina. (Lê) Sol, eu estou precisando falar com você. Aconteceu uma coisa horrível. Posso ir na sua casa? (Manda áudio) Claro que pode vir. Estou te esperando. (P/si, intrigada) O que será que aconteceu? Ai, Karina… A sua vidinha é tão turbada… Como é que pode, né? E a coitadinha não pode nem conversar com a mãe a respeito. Triste isso. Mas não tem problema não. Se a mãe dela não dá confiança pra filha… Eu dou!
CORTA PARA:
CENA 16. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Todos ali trabalhando a todo vapor. Joana ali a observar. Rô chega e se senta a sua mesa, Joana se levanta e vem até ela.
JOANA — Nossa! Isso são horas?
ROSANGELA —Larga do meu pé, Joana! Me deixa em paz!
JOANA — Acho que uma pessoa que está ocupando um cargo de gestão, de tamanha responsabilidade, não deveria chegar a essa hora. É um mal exemplo para os outros funcionários.
ROSANGELA —Acho também que você deveria tomar conta da sua vida e do seu serviço!
JOANA — Nossa! Tá afiada hoje, hein!
ROSANGELA —Sempre! Principalmente com pessoas como você!
JOANA — Mas falando sério agora. Nós saímos do hospital juntas… Por que você só chegou agora?
ROSANGELA —Não devo te dá satisfações da minha vida não, mas se eu não disser, você vai continuar me enchendo a paciência! Eu fui espairecer um pouco. Você deixa qualquer um fora do sério! Agora me dê licença que eu preciso trabalhar.
Rosangela volta a trabalha e Joana com a típica cara de deboche.
JOANA — (OFF) Que bom saber disso. Isso prova que eu estou no caminho certo. Enquanto você não cair, Rosangela… Eu não paro!
Ela vai se sentar a sua mesa sorrindo. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 17. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 14.
ALFREDO — Que isso, Renata? Quem você pensa que é pra chegar falando desse jeito com a dona Glória?
RENATA — Sim! É o jeito de falar com quem está querendo roubar o marido dos outros!
GLÓRIA — Olha aqui, minha filha! Eu sou uma senhora e exijo respeito! O Alfredo tem idade para ser meu filho!
RENATA — Eu sei! Mas a sua filha é a mais interessada nisso.
ALFREDO — (Firme) Chega! Se você veio até aqui pra fazer barraco ponha-se porta a fora!
RENATA — Não! Eu só vim aqui pra te levar pra casa.
ALFREDO — É, mas eu andei pensando bem e decidi que eu não quero ir.
RENATA — Como é que é?
ALFREDO — É isso mesmo que você ouviu! A dona Glória me fez um convite e eu acabei de aceitar!
Closes alternados. Renata passada. Alfredo determinado. Glória surpresa com a cena. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 18. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CANTINA. INT. DIA.
Cantina cheia. Pedro e Gael sentados à mesa conversando.
GAEL — Dá pra acreditar que tinha duas meninas brigando pelo Miguel? Por que ninguém nunca brigou por mim?
PEDRO — Você não pode reclamar. Já brigaram por você sim.
GAEL — Quando que eu não me lembro?
PEDRO — Você me contou uma vez que seu amigo Lucas entrou numa briga por sua causa.
GAEL — Ah é. Verdade. Ele me salvou de uma que eu acho que ia morrer.
PEDRO — E como você tá, cara? Faz bastante dias que nós não conversamos.
GAEL — Até que agora eu ando bem-comportado!
PEDRO — Ah é? Isso pra mim é novidade. Mas tem um porquê todo esse bom comportamento?
GAEL — Tem. Eu conheci uma menina maravilhosa! Ela me faz feliz. Toda vez que a gente se encontra é como se o meu coração vivesse intensamente aquele momento, sabe?
PEDRO — Sei. E isso se chama amor, paixão.
GAEL — É. Pode ser amor.
PEDRO — Me conta mais dessa milagreira que conseguiu mudar o “Gael Vida Louca”.
Eles sorrindo continuam a conversar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 19. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Carlito ali ao cel.
CARLITO — (Ao cel., invocado) Eu não quero saber! Vocês têm que encontrar o playba e fazer ele entrar no esquema! Não interessa se vocês não conseguem encontrar ele! Façam anúncios, sinais de fumaça. Não interessa o quê! Eu quero ele no esquema, se virem!
Ele desliga. Juliana vem do quarto feliz.
JULIANA — Pai, o senhor não vai acreditar.
CARLITO — O que, minha filha?
JULIANA — Por que o senhor tá bravo desse jeito? Eu ouvi lá do quarto. Tem alguém aqui?
CARLITO — Não! É esse povo que parece não ter o que fazer e fica ligando pra casa dos outros pra oferecer TV por assinatura. Mas por que você tá aí com essa cara de quem recebeu uma boa notícia?
JULIANA — Boa não, ótima, pai! Uma amiga me ajudou e eu acho que vou conseguir um empego.
CARLITO — Que legal, filha. É da entrevista que você foi ontem?
JULIANA — Não. Na verdade, é uma amiga que trabalha como doméstica.
CARLITO — Então você vai fazer o mesmo que a sua mãe?
JULIANA — Se eu for contratada sim.
Carlito meneia a cabeça fingindo gostar e sai para a rua.
JULIANA — (P/si) Nossa! E eu crente que ele ia gostar da novidade.
CORTA PARA:
CENA 20. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 17.
RENATA — Alfredo, pelo amor de Deus! Coloca a mão na consciência. Não tem como você ficar na casa dos outros!
ALFREDO — E por que não? Dona Glória, a Sol e eu somos velhos conhecidos.
RENATA — Você não pode ficar tirando o conforto dos outros se tem a sua, nossa casa te esperando! A nossa filha está lá.
ALFREDO — A Bruna pode muito bem ir me visitar no tríplex da dona Glória.
RENATA — Então essa é a sua decisão final?
ALFREDO — Sim.
Ela sai voltando fogo pelas ventas e bate à porta violentamente.
GLÓRIA — Alfredo, você liberou o vulcão Renata!
ALFREDO — (Brinca) E de dentro dele só falta sair um dragão cuspindo fogo.
Os dois ficam ali sorrindo.
CORTA PARA:
CENA 21. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Marta ali sentada. A campainha toca.
MARTA — (P/si) Quem será que veio me encher a paciência agora?
Ela abre a porta e se surpreende com Maria de F.
MARTA — Essa não! O que você tá fazendo aqui?
Fecha em Maria de F. sorrindo. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 22. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.
Vicente ali aflito, nervoso. Ricardo entra com uma pasta.
RICARDO — Vicente, eu preciso que você analise o balanço do mês anterior em relatório, já que não conseguimos terminar a reunião de ontem porque você saiu no meio dela.
VICENTE — (Distante) Ah tá, Ricardo. Pode deixar aí.
RICARDO — Eu não vou perguntar se tá acontecendo alguma coisa porque deu pra ouvir tudo.
VICENTE — É, Ricardo… A Cristina descobriu que eu tenho outra família.
RICARDO — Como é que é? É sério isso?
VICENTE — É, chegou a hora de abrir o jogo com você também.
RICARDO — Como assim?
VICENTE — Aquela vez que você viu meu carro no prédio em que você mora, é porque eu estava na casa da Flávia, filha da Jandira!
Ricardo boquiaberto por uns segundos até que arremata.
RICARDO — (Cai na real) Claro… Agora tudo faz sentido.
VICENTE — Espero que não me julgue como os outros vão fazer.
RICARDO — Claro que não! A vida é sua e você faz dela o que quiser! Quem sou eu pra se meter?
VICENTE — Obrigado. Agora eu só fico pensando no que vai ser da Construtora.
RICARDO — Como assim? É só vocês continuarem como sempre fizeram. Só que como um ex-casal!
VICENTE — Não é isso, Ricardo! É que uma das soluções pode ser a falência ou a venda da construtora!
Closes alternados. Vicente ali pensativo, aflito e Ricardo também aflito. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 35º CAPÍTULO