PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

CENA 01. CONSTRUTORA MACEDO. SALA RICARDO. INT. DIA.

Ricardo ali sentado trabalhando. Ana entra rapidamente, apressada.

ANA              —  Ricardo, você não vai acreditar…

RICARDO     —  Que isso, Ana? Aconteceu alguma coisa?

ANA              —  O seu Vicente e a dona Cristina tiveram mais uma discussão daquelas!

RICARDO     —  (Curioso) É mesmo? E como foi?

ANA              —  Pelo que eu conseguir ouvir atrás da porta, ela pediu pra comprar a parte dele na construtora.

RICARDO     —  (Surpreso) Nossa! Com certeza isso pro Vicente foi uma ofensa! Eles dois construíram tudo isso aqui juntos. Ele jamais sairia assim da empresa!

ANA              —  Pois é. Por isso mesmo que ele se exaltou e a coisa foi feia!

RICARDO     —  Cada dia que se passa parece que o casamento desses dois está indo por água abaixo!

ANA              —  Parece não, né. Está indo por água abaixo! Já faz tempo que esses dois estão estranhos, mas depois da descoberta da tal Flávia, que até agora ninguém sabe quem é, que as coisas perderam o controle!

RICARDO     —  Verdade. Eu presenciando isso aqui e em casa a mesma coisa!

ANA              —  Seu casamento tá mal, é?

RICARDO     —  Meu casamento ainda tem salvação. Mas eu não sei como posso salvá-lo.

Fecha em Ana ali curiosa pra saber mais… Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. UNIVERSIDADE NOVO RIO. PÁTIO. EXT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

MIGUEL        —  Você por acaso estava ameaçando a Karina?

ADRIANA     —  (Se aproxima dele) Claro que não, meu amor! Eu estava apenas falando pra ela não achar que você está gostando dela!

MIGUEL        —  Como assim? (Olha Karina) Você tá gostando de mim?

KARINA       —  Claro que não! Isso é invenção da louca da sua namorada! Eu nunca gostei de você!

ADRIANA     —  (P/Karina) Você tá falando isso da boca pra fora, garota! Eu conheço bem quando uma menina tá gostando de algum cara!

KARINA       —  Eu não sou obrigada a ficar ouvindo essa louca! Com licença!

Karina vai andando.

MIGUEL        —  Espera aí, Karina! Não sai assim!

ADRIANA     —  O que é que é?! Você agora vai ficar do lado da sua admiradora secreta, é?

MIGUEL        —  Larga de ser ridícula, Adriana!

Reação dela, passada, ao que ouviu.

MIGUEL        —  (Firme) Você não acha que deu piti e escândalo demais por hoje não?

Ele vai andando e ela fica ali passada. Os figurantes ali fazendo comentários entre si.

ADRIANA     —  O que vocês estão olhando? O showzinho acabou! Circulando! Circulando!

Ela vai andando e os figurantes continuam a fazer comentários entre si.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Jandira e Renata ali sentadas conversando e sorrindo. Flávia entra e fica sem entender nada.

FLÁVIA        —  O que tá acontecendo aqui?

JANDIRA      —  Nada, minha filha. Apenas estou aqui fazendo sala pra sua amiga que tá um tempão te esperando.

FLÁVIA        —  Verdade. Ai amiga desculpa. Eu tive que passar num lugar antes.

RENATA       —  Não tem problema não, amiga. Enquanto te esperava eu fiquei aqui conversando com a dona Jandira. Você nunca me disse que ela era tão divertida assim.

FLÁVIA        —  Divertida porque você não mora com ela!

JANDIRA      —  Logo que a Flávia malcriada já chegou. Eu vou deixar vocês duas conversarem. Vou dar uma passadinha no play.

FLÁVIA        —  Nada de pegações nas áreas livres do condomínio, hein, mamãe!

Jandira sai.

RENATA       —  Gostei dela. Divertidíssima!

Flávia se senta com uma preocupação…

RENATA       —  Que cara é essa, amiga? Parece que aconteceu alguma coisa.

FLÁVIA        —  E aconteceu! E foram bastante coisas que aconteceram. Primeiro foi a crise do Murilo em não querer mais ideia com o pai e agora como se não bastasse isso, o Vicente me dar uma resposta atravessada ao celular.

RENATA       —  Nossa, amiga. A sua vida tá um caos, hein!

FLÁVIA        —  Nem me fale, menina.

RENATA       —  E eu aqui pensando que tava com problemas.

FLÁVIA        —  Como assim?

As duas ficam ali conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Takes descontínuos do Rio com o seguinte Letreiro: DIAS DEPOIS.

CORTA PARA:

CENA 05. LEBLON. PRAÇA INDETERMINADA. EXT. DIA.

Praça pouco movimentada. Maria de Fátima ali sentada anotando algumas coisas num caderninho. CAM detalha o caderninho com o nome de GAEL.

MARIA DE F.—  (P/si) Pelo que andei apurando esses dias, aquele é o Gael. O vida louca, vive intensamente. Agora, o Miguel é aquele mais calmo, família… Amoroso com a megera da mãe dele. É… Mas tudo isso porque ele não sabe da verdade! Quando souber… Vai odiá-la!

Ela fica ali sorrindo malignamente. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.

Sol e Glória ali a observar aquela linda vista.

GLÓRIA        —  Até agora o Rodrigo ainda não te apresentou nada a respeito dessa casa? Não tem nem lógica a gente ter pago uma fortuna por esse tríplex e não está morando aqui!

SOL               —  Ele até me mandou uma coisinha ou outra, mas eu não gostei.

GLÓRIA        —  Mas como isso!? Você deveria ter me consultado. Eu também vou morar aqui. E outra coisa… A fortuna do seu pai ainda é minha.

SOL               —  Calma, mamãe. Também não precisa jogar na cara que a fortuna é sua.

GLÓRIA        —  Claro que precisa! Você fica fazendo as coisas como se eu não fosse nada! Eu também tenho o direito de participar dessas coisas!

SOL               —  Eu sabia que a senhora ia fazer esse drama todo, por isso mesmo que eu chamei a senhora pra vir pra cá e participar da reunião com a Karina!

GLÓRIA        —  Karina… Uma menina nova dessas não vai conseguir deixar a casa como eu quero.

SOL               —  Eu se fosse a senhora não subestimava o talento que a menina tem pra coisa! Ela me disse várias coisas e eu gostei.

GLÓRIA        —  Ah, mas você gosta de tudo! Prova disso são as suas vestes! Olha como você se veste!

Sol olha pra mãe com uma cara: “não acredito que eu ouvir isso”. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. APART DE VICENTE E CRIS. SALA. INT. DIA.

Cristina vem do quarto procurando Adriana.

CRISTINA     —  (Chamando) Adriana? Filha? Você tá em casa?

Se senta no sofá.

CRISTINA     —  (P/si) Não é possível que a Adriana foi atrás do canalha do pai dela! Não sei como ela pode se preocupar com um crápula daqueles!

Ela fica ali meneando a cabeça negativamente. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 08. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente ali sentado trabalhando. Adriana entra.

ADRIANA     —  Pai? Graças a Deus o senhor está aqui! Eu te procurei por todo lugar e nada do senhor! Liguei, deixei mensagem e o senhor sempre me ignorando.

VICENTE      —  Filha/

ADRIANA     —  (Corta, firme) Seja lá o que o senhor for me dizer não tem explicação! Eu aqui morrendo de preocupação e o senhor aí de boa! Poxa, eu sou sua filha! Eu tenho que saber aonde você está! Eu me preocupo com você!

Fecha em Vicente surpreso com o modo da filha falar. Instantes. 

CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Juliana e Ana ali sentadas conversando. 

ANA              —  Graças a Deus que hoje é sábado. Não tô mais aguentando trabalhar naquela empresa.

JULIANA      —  Qual é a novidade dessa vez?

ANA              —  Os donos se desentendendo ainda mais. A mulher quer comprar a parte dele, mas ele se sentiu, vamos dizer assim: traído.

JULIANA      —  Como assim?

ANA              —  É que eles construíram tudo o que tem juntos, por isso ele se sentiu mal com a mulher querendo comprar a parte dele.

JULIANA      —  Mas se eles construíram tudo que tem juntos…. Como ela tem dinheiro pra comprar a parte dele?

ANA              —  Não sei. Tá aí uma boa pergunta.

Carlito vem do quarto com um saco preto.

CARLITO      —  Meninas, estou de saída.

JULIANA      —  Vai pra onde pai?

CARLITO      —  Resolver umas paradas aí.

Ele sai, ela nota o saco preto.

JULIANA      —  Viu aquele saco preto na mão dele?

ANA              —  Vi.

JULIANA      —  Esses dias eu encontrei uma máscara de rato dentro do saco.

ANA              —  Mas o que o seu Carlito faria com uma máscara de rato?

As duas ficam ali desconfiadas. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. DIA.

Rosangela ali sentada a digitar rapidamente no notebook. Ricardo chega da rua.   

ROSANGELA —(Olhando p/notebook) Saiu cedo.

RICARDO     —  Pois é. Estava com vontade de sair por aí e andar um pouco. E notar que mesmo com todas as dificuldades que temos, as pessoas são felizes.

ROSANGELA —Você tá querendo dizer que é infeliz com sua família?

RICARDO     —  Eu não diria infeliz. Mas… Convenhamos aqui que feliz, feliz nós não somos faz tempo.

ROSANGELA —Não somos porque você não quer deixar a felicidade tomar conta de você!

RICARDO     —  Ah, então o culpado sou eu?

ROSANGELA —Não foi isso que eu disse.

RICARDO     —  Não disse, mas queria dizer!

ROSANGELA —Essa nossa conversa aqui não vai nos levar a lugar nenhum.

RICARDO     —  Concordo plenamente! E Karina? Tá em casa?

ROSANGELA —Não. A nossa filha foi fazer um trabalhinho aí.

RICARDO     —  “Trabalhinho”? Mas onde?

ROSANGELA —Com uma mulher que ela conheceu na orla que acabou de se mudar. Ela foi fazer um plano de decoração da casa dessa mulher!

RICARDO     —  É… A nossa filha é maravilhosa. Uma das melhores coisas do nosso casamento!

ROSANGELA —Verdade. Ela é o nosso orgulho!

Closes alternados nos dois ali orgulhosos da filha.

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE MARTA. QUARTO DOS GÊMEOS. INT. DIA.

Gael ali sentado, pensativo, apaixonado. Miguel entra no quarto.

MIGUEL        —  Tá com essa cara por quê?

GAEL            —  Quem disse que quero que você me dirija a palavra?

MIGUEL        —  Que isso, cara? Já faz alguns dias que você voltou e nós ainda nem conversamos.

GAEL            —  E você sabe muito bem o porquê.

MIGUEL        —  Não. Não sei.

GAEL            —  Não vem querendo dar um de desentendido não que você sabe muito bem!

MIGUEL        —  Tá, eu sei! Mas pelo amor de Deus, Gael! Isso é passado. Eu já me desculpei e você até hoje não me perdoou?

GAEL            —  Perdão! Tá aí uma palavra que eu acho que não se enquadra bem nisso. Eu não sou Deus pra te perdoar. O máximo que eu posso é aceitar as suas desculpas.

MIGUEL        —  (Esperançoso) E então, você me desculpa?

GAEL            —  De jeito nenhum! Você não sabe o quanto eu fiquei furioso ao saber que você mandou a dona Marta violar a minha privacidade.

Ele sai do quarto com Miguel arrematando.

MIGUEL        —  Pelo amor de Deus, Gael! Volta aqui! Vamos conversar! (P/si) Até quando ele vai ficar assim? Uma hora ele vai ter que ceder! Mas já que é assim… Eu que não vou ficar implorando pelas desculpas dele.

Ele fica ali e bufa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Mazé ali forrando a mesa. Gael vem do quarto e se joga ali no sofá. Mazé repara e se aproxima. 

MAZÉ            —  O que tá acontecendo com você, hein, Gael?

GAEL            —  Como assim?

MAZÉ            —  Você tem andando estranho nos últimos dias. É alguma namoradinha nova, é?

GAEL            —  Não.

MAZÉ            —  Não minta pra mim.

GAEL            —  É. Você me conhece mesmo, hein, Mazé!

MAZÉ            —  É isso que dá trabalhar na mesma casa por mais de dez anos. Conhecemos os moradores da casa como a palma da nossa mão. Mas quem é a garota que tá te deixando desse jeito?

GAEL            —  O nome dela é Juliana. Ela é uma menina muito linda, meiga… Eu a conheci na orla. Ela tinha passado por um momento difícil e nós ficamos lá conversando por horas.

MAZÉ            —  Que legal! Mas já tá rolando alguma coisa entre vocês?

GAEL            —  Ainda não. Mas já, já eu tenho certeza que vai rolar. Liguei pra ela e a convidei para ir à praia e ela aceitou.

MAZÉ            —  Boa sorte então.

GAEL            —  Valeu, Mazé.

Ele fica ali todo feliz.

CORTA PARA:

CENA 13. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 08.

VICENTE      —  Filha, em primeiro lugar, eu quero que você saiba que eu fico muito feliz de saber que você se preocupa comigo. E segundo, a sua mãe não deve ter te contado o que aconteceu.

ADRIANA     —  Bom, ela disse que descobriu que o senhor andou conversando com uma tal de Flávia do telefone da empresa.

VICENTE      —  Isso é verdade! Sente-se filha.

Ela se senta.

ADRIANA     —  Mas o que aconteceu exatamente? E quem é essa Flávia?

VICENTE      —  É a cliente que eu andei me encontrando.

ADRIANA     —  E por que o senhor não disse isso a dona Cristina? Ela tá achando que o senhor tem um caso com essa mulher.

VICENTE      —  É que a Flávia é uma mulher ocupadíssima! Ela não pode vir aqui só porque a sua mãe tá dando os seus famosos chiliques dela.

ADRIANA     —  É… Essas pessoas normalmente são muito ocupadas mesmo.

VICENTE      —  Mas ela disse que vai vir aqui ainda esclarecer todos esses mal-entendidos.

ADRIANA     —  Que bom, pai.

VICENTE      —  Aposto que sua mãe só contou o lado em que eu sou o vilão. Ela por acaso mencionou a proposta absurda que me fez?

ADRIANA     —  Não. Que proposta?

VICENTE      —  Você acredita que sua mãe me fez a proposta de comprar a minha parte na construtora?

Fecha em Adriana que arregala os olhos de tamanha surpresa. Instantes.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 14. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.

Sol, Glória e Karina ali.

KARINA       —  (Impressionada) Nossa! Mas esse tríplex é enorme.

SOL               —  Gostou?

KARINA       —  Eu adorei. Deve ser muito legal morar aqui.

GLÓRIA        —  Legal vai ser o nosso bolso todo mês chorando pra pagar uma equipe gigantesca de funcionários pra essa casa ficar nos eixos!

SOL               —  Mamãe, pelo amor de Deus! Depois conversamos sobre isso, ainda nem mudamos pra cá. E então, Karina? Você acha que dá conta?

KARINA       —  Olha… Eu nunca fiz um projeto e já pegar um desse tamanho é assustador.

GLÓRIA        —  Então você não dá conte, né garota? (P/Sol) Vamos contratar outra pessoa, Sol.

SOL               —  Espera, mamãe! (P/Karina) Quanto tempo você acha que demoraria?

KARINA       —  Eu acho que em uma semana eu consigo fazer todo o projeto. O problema mesmo vai ser quanto ao tempo que vai demorar pra casa ficar do jeitinho que vocês quiserem.

GLÓRIA        —  É só a Solange não começar com muito exigência que nós viremos pra cá, o mais de pressa possível!

SOL               —  A senhora fala de um jeito como se eu fosse a culpada. A senhora que é a exigente da família.

Fecha em Glória que não gosta muito do que ouviu da filha. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Jandira ali sentada olhando Flávia que está a olhar pela janela.

JANDIRA      —  O que está acontecendo, filha?

FLÁVIA        —  É esse sumiço do Vicente! Poxa, ele não me liga, não atende quando eu ligo pra ele, ignora as minhas ligações.

JANDIRA      —  Filha, só você que ainda não enxergou que o Vicente não quer mais nada com você e nem com o Murilo!

FLÁVIA        —  Que isso, mamãe? Não fale uma coisa dessas alto que o Murilo pode ouvir!

JANDIRA      —  É por isso que o Murilo ficou invocado quando descobriu a verdade. Você adora acobertar as coisas!

FLÁVIA        —  A senhora não entende, né? Claro que não entende! Uma mulher que foi presa no aniversário da filha de quinze anos não entenderia mesmo! Eu faço o que faço pra proteger o meu filho! Pra ele não se ferir!

JANDIRA      —  E você acha que tá dando certo? É obvio que não! O Murilo ficou muito machucado com essa história toda!

FLÁVIA        —  Tá bom, mãe! Logo que a senhora tá aí toda crítica, me diz aí o que eu deveria fazer!

JANDIRA      —  Contar a verdade pro garoto!

FLÁVIA        —  Impossível!

JANDIRA      —  Depois não reclame das consequências!

Jandira vai para o quarto e Flávia permanece ali aflita, pensativa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. DIA.

Renata ali sentada, pensativa. Bruna vem do quarto com fone e o cel.

BRUNA         —  Que cara é essa, dona Renata?

RENATA       —  Cara de quem está pensando da vida.

BRUNA         —  Poxa, então a senhora pensa na vida vinte e quatro horas porque sempre que olho pra senhora tá aí com essa cara! Não adianta querer mentir pra mim. Eu sei que tá acontecendo alguma coisa e a senhora não quer falar sobre.

RENATA       —  Filha, olha… O que está acontecendo na minha vida eu não posso te dizer.

BRUNA         —  E por que não?

RENATA       —  Porque você não entenderia e isso poderia promover um racha nessa casa.

BRUNA         —  (Não entende) Racha? Como assim?

RENATA       —  Você poderia ficar a favor de um lado e contra o outro.

BRUNA         —  Então tem a ver com o pai?

Renata meneia a cabeça que sim. Bruna fica ali curiosa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Ana ali sentada mexendo no cel. Juliana vem pronta pra ir à praia.

ANA              —  Humm… Tá indo aonde toda praiana desse jeito?

JULIANA      —  Eu conheci um garoto maravilhoso na orla do Leblon e ele me convidou.

ANA              —  Nossa! Mas quem é esse garoto que eu não tô sabendo, gente?

JULIANA      —  Ah é, menina eu esqueci de te falar. Eu conheci ele logo depois de ter saído daquela entrevista horrorosa e nos damos super bem.

ANA              —  Humm… E você ver algum futuro com ele?

JULIANA      —  Que isso, menina? Eu acabei de conhecer ele.

ANA              —  É, mas ele já tá até te chamando pra praia!

JULIANA      —  Verdade. Mas se temos um futuro juntos ou não, só o tempo dirá!

ANA              —  É nessas horas que eu fico pensando que poderia focar menos no trabalho e procurar um amor.

JULIANA      —  Ué! Então faça isso!

ANA              —  Bem que eu queria, mas… Agora não será possível.

JULIANA      —  “Agora não será possível”? Então vai ficar pra titia! Tchauzinho!

ANA              —  (Sorrir) Tchau!

Juliana sai.

ANA              —  (P/si) Se bem que a Juliana tem razão. Eu tenho que arrumar alguém pra não ficar pra titia! Se bem que eu não faço bem o perfil de noiva. Eu acho que não nasci pra casar.

CORTA PARA:

CENA 18. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.

Sol ali a porta com Karina que está de saída. Glória distante a observar.

SOL               —  Obrigado mesmo por sua visita, Karina.

KARINA       —  Eu que agradeço a confiança que você tem em mim. Tchau. Tchau, dona Glória.

SOL               —  Tchau.

Glória acena um tchauzinho pra ela. Sol fecha a porta, se aproxima da mãe e arremata.

SOL               —  A senhora depois de velha tá ficando muito indelicada, hein, mãe!

GLÓRIA        —  O que eu fiz dessa vez, Solange?

SOL               —  A senhora foi toda rude com a garota! Poxa, ela é tão legal.

GLÓRIA        —  Sabe qual é o teu mal? É se apegar as pessoas que trabalham pra gente e ficar amiguinha delas! O mesmo aconteceu com a Marta e olha o que ela te fez!

SOL               —  Eu prefiro acreditar que as pessoas têm um lado bom e só acreditar nele e esquecer que elas podem ser ruins.

GLÓRIA        —  É, mas eu se fosse você começaria a pensar no lado ruim. Minha filha, nem todo mundo é bom. A Marta mesmo é um exemplo disso. Ela parecia ser amigável, da paz e olha o que ela fez!

SOL               —  Tá bom, mãe. Eu prometo que vou pensar mais a respeito.

GLÓRIA        —  É bom mesmo.

CORTA PARA:

CENA 19. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Orla movimentadíssima por ser um sábado. Maria de Fátima ali escondida a observar algo. CAM mostra Gael que atravessa a rua e entra na orla. Ele passa por Maria de Fátima e ela vai perseguindo-o. Ele chega a um quiosque e ali fica perto. Ela arremata.

MARIA DE F.—  (P/si) Esse é o que é meio vida louca ou o que é mais certinho? Nossa! Eles são tão idênticos que não dá pra saber. O único jeito de saber é indo até ele.

Ela se aproxima dele.

MARIA DE F.—  Olá! Tudo bem?

GAEL            —  Tudo.

MARIA DE F.—  Eu faço parte da revista “modelo nota mil” e queria saber se você tem interesse em estar fazendo um teste?

GAEL            —  Não tenho interesse, não senhora.

MARIA DE F.—  Ah… Mas por quê? Você é lindo!

GAEL            —  Obrigado pelo elogio, mas eu não levo jeito pra coisa não.

MARIA DE F.—  Olha… Que tal se você ficasse com o meu cartão e depois caso você mude de ideia… Entre em contato comigo.

Ela passa o cartão todo branco que só contém o seu número de celular escrito a caneta a ele que arremata.

GAEL            —  Acho bem difícil eu mudar de ideia, mas não custa nada ficar com o cartão.

MARIA DE F.—  É isso aí. Já tô pressentindo um “talvez” no ar.

GAEL            —  Pode ser.

MARIA DE F.—  Agora eu preciso ir. Com licença. E não se esqueça de me ligar.

GAEL             —Pode deixar.

Ela vai se afastando. Ele amassa o cartão e joga no lixo. Corta para um ponto mais à frente:

MARIA DE F.—  (P/si) Com certeza esse é mesmo o vida louca. Agora eu tenho que conversar com o outro. Vai ser rodeando esses dois, que eu vou ter o meu passaporte pra fortuna carimbado com o dinheiro da Marta!

Ela fica ali a sorrir malignamente. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 20º CAPÍTULO

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