PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

MURILO

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

ARMANDO.

CENA 01. APART DE FLÁVIA. QUARTO DE MURILO. INT. DIA.

Murilo ali tristinho olhando pela janela. Flávia entra. 

FLÁVIA        —  Filho? Você tá bem? Não sai de dentro desse quarto num tremendo sábado.

Ele que está de costas pra ela, nem olha.

FLÁVIA        —  Filho… Eu queria entender mais o seu lado… Mas ao mesmo tempo eu acho que… Eu não estou fazendo a coisa certa.

MURILO       —  (Se vira) Como assim, mãe?

FLÁVIA        —  Eu sei que obviamente não está sendo nada fácil pra você ter o seu pai longe, ainda mais depois daquela conversa que vocês dois tiveram, mas… Eu quero que você saiba que… A mamãe tá aqui! E eu jamais vou te abandonar!

Ele corre até os braços da mãe lhe dá um abraço gostoso. 

FLÁVIA        —  Eu quero até me desculpar com você filho.

MURILO       —  Pelo quê?

FLÁVIA        —  Porque eu sabia o quanto isso te machuca e nunca tentei mudar o rumo das coisas.

MURILO       —  Mãe… Eu ainda estou muito magoado com o pai, mas… Eu sei que a senhora quer o meu bem.

FLÁVIA        —  Sim, meu filho. Eu sempre quero o bem pra você!

MURILO       —  Com aquele homem lá que não quero ideia! Ele não é meu pai!

FLÁVIA        —  Filho, eu sei que você tá magoado agora, mas… Você não pode ficar falando essas coisas. O Vicente é seu pai sim. E você acha que essas coisas não magoam ele não? Mas magoam. Naquele dia mesmo que vocês dois conversaram e que você disse que ele não era nada pra você, ele saiu do seu quarto arrasado. Pense bem no que você diz. Pense bem se é isso mesmo que você sente ou você falou porque estava com raiva na hora. Pense nessas coisas. Você tem dez anos, mas já pode começar a fazer isso.

Ela dá um beijo no rosto dele e sai. Ele fica ali intrigadíssimo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. DIA.

Rosangela e Alfredo sentados conversando.

ROSANGELA —Quando você me falou que tinha dado problema na redação eu logo pensei que tinha que ir pra lá.

ALFREDO     —  Não. O pessoal da escala desse final de semana conseguiu resolver o erro.

ROSANGELA —Ah sim. Que bom.

ALFREDO     —  E o seu marido?

ROSANGELA — Deve tá lá no quarto lendo algum livro.

ALFREDO     —  Espero que não tenha problemas eu estar aqui.

ROSANGELA —Claro que não, Alfredo. Deixa de bobeira. Você é meu colega de trabalho e pode vir aqui sempre que quiser.

Ricardo vem do quarto e não entende o que aquele homem está fazendo ali.

ROSANGELA —Ah, Ricardo. Esse aqui é o meu chefe, o Alfredo.

ALFREDO     —  Muito prazer, Ricardo.

Ele estica a mão a Ricardo que a aperta.

ALFREDO     —  Rosangela fala muito em você.

RICARDO     —  Espero que bem.

ROSANGELA —(Sorrir) Nem sempre, né, meu amor. Bom, fiquem aí conversando que eu vou pedir a empregada pra trazer alguma coisa pra gente comer.

Rosangela vai pra cozinha.

ALFREDO     —  Ricardo, você está de parabéns! Está casado com uma das melhores jornalistas do Rio de Janeiro.

RICARDO     —  É essa impressão mesmo que eu tenho. De estar casado com uma profissional do jornalismo e não com uma esposa que me dê atenção e que dê atenção a nossa filha também!

Fecha em Alfredo constrangido que não sabe aonde enfiar a cara. Instantes. Constrangimento.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali sentada mexendo no cel. Mazé vem da cozinha e Miguel vem do quarto.

MIGUEL        —  Mãe, tô saindo, tá?

MARTA        —  Tá indo aonde, meu filho?

MIGUEL        —  Encontrar com uma pessoa aí.

Ele sai.

MARTA        —  Você viu isso, Mazé?

MAZÉ            —  Vi. Vi e agora mais do que nunca eu acho que os gêmeos estão se encontrando no amor.

MARTA        —  Como assim?

MAZÉ            —  O Gael tá com aquela cara que ele faz sempre que está gostando de alguém. E o Miguel eu acho que nem preciso dizer.

MARTA        —  O Miguel anda muito indeciso mesmo se a Adriana é mesmo pra ele.

MAZÉ            —  Eu vou dar a minha opinião. Eu acho sinceramente que eles dois não tem nada a ver um com o outro.

MARTA        —  Mas o que isso tem a ver? Ele tem que pensar é que se casar com a Adriana é o melhor pra ele.

MAZÉ            —  Mas se ele não ama mesmo a menina, não pode se casar com ela.

MARTA        —  Pode, pode sim! Adriana é uma moça da alta classe! É nisso que o Miguel tem que pensar! Depois eu comento essa possível namorada do Gael. Ainda não conheci ela pra falar.

Marta vai para o quarto.

MAZÉ            —  (P/si) Eu já suspeitava, agora então eu tenho certeza! Se ela fala desse jeito, é porque se casou com o Marcílio por causa de dinheiro também!

CORTA PARA:

CENA 04. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Jandira em pé, quando arremata.

JANDIRA      —  (P/si) Pelo jeito a Flávia conseguiu mesmo driblar o Murilo. Mas que filha da mãe! Sempre conseguindo manter o segredo do canalha do Vicente a salvo. Mas isso ainda vai acabar. Se a Flávia não tomar uma atitude, eu mesma vou dar um jeito de desmascarar esse bígamo sinistro. Deixa ele comigo. O meu neto, ninguém faz de trouxa não! Aonde já se viu ficar mentindo, enganando uma criança de dez anos? Um absurdo isso! O Vicente que não se atreva a entrar por aquela porta que eu não sei o que faço se eu der de cara com esse canalha! Eu acho que sou capaz de pular no pescoço dele e só soltar quando ele botar a linguinha de esgoelado pra fora!

Ela fica ali “pê da vida”. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 05. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente e Adriana ali sentados.

ADRIANA     —  Poxa, pai. Bem que o senhor poderia voltar pra casa, né?

VICENTE      —  “Poderia”. Você disse tudo, minha filha. Eu poderia, como você mesma disse voltar pra casa, mas eu sinto que não aguento mais.

ADRIANA     —  Então vai ser assim mesmo? O senhor vai desistir de um casamento de mais de vinte anos sem ao menos lutar por ele?

VICENTE      —  De que jeito você acha que as coisas poderiam ser? A minha relação com sua mãe está desgastada. Nós não suportamos olhar um na cara do outro. Pra que continuar vivendo naquele apartamento? Pra que ficar vivendo de aparências pra amigos, vizinhos…? Se não tá dando certo. bola pra frente. Cada um segue seu rumo e pronto e acabou.

ADRIANA     —  Então o senhor quer dizer que o futuro de vocês é o divórcio mesmo?

VICENTE      —  Infelizmente sim, minha filha. Eu adoraria dizer que não, que as coisas estão ótimas, mas essa é a verdade. Eu estou aprendendo a jogar com a verdade. Pra que continuar mentindo pra nós mesmos e para os outros?! 

ADRIANA     —  Eu fico triste em ouvir isso sendo filha e vocês, mas… Às vezes é bom terminar alguma coisa antes que piore ainda mais.

VICENTE      —  No meu caso e da sua mãe… Nós já deixamos a coisa chegar num ponto insuportável!

CORTA PARA:

CENA 06. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 02. Alfredo ainda ali sem saber aonde enfiar a cara. Rosangela vem da cozinha.

ROSANGELA —Pedi a empregada pra preparar um lanchinho pra gente. Sobre o que vocês dois conversaram?

RICARDO     —  Nada de interessante. Bom, agora se vocês me dão licença eu preciso sair.

ROSANGELA —O que isso, Ricardo? Nós estamos com visita.

ALFREDO     —  Não tem problema não, Rosangela. Eu não vim aqui pra atrapalhar ninguém.

RICARDO     —  Viu, Rosangela? Não tem problema. Com licença.

Ricardo sai para a rua.

ROSANGELA —Parece que o Ricardo tá se vingando de mim por alguma coisa.

ALFREDO     —  Como se você não soubesse o porquê!

ROSANGELA —Alfredo, pelo amor de Deus! Se você veio aqui pra me dar bronca por achar que eu trabalho demais, eu vou ser obrigada a te expulsar!

ALFREDO     —  Não foi pra isso que eu vim. Eu na verdade acho que nós dois estamos no mesmo barco.

ROSANGELA —(Não entende) Como assim?

ALFREDO     —  Andei notando a minha esposa e acho que o meu casamento não tá lá essas coisas.

ROSANGELA —Sério? Mas aconteceu mais alguma coisa depois daquele dia que você me disse isso?

ALFREDO     —  Não. Quer dizer… Não explicitamente. Eu preciso pensar em alguma coisa se quiser salvar o meu casamento!

ROSANGELA —Já o meu tá isso aqui que você viu.

ALFREDO     —  Por isso mesmo que eu vim aqui. Nós dois temos que pensar em alguma coisa pra salvar os nossos casamentos.

Fecha em Rosangela que meneia a cabeça concordando.

CORTA PARA:

CENA 07. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Takes descontínuos do passar de algumas horas.

CORTA PARA:

CENA 08. LEBLON. PRAIA. EXT. DIA.

Praia com movimento mediano. Gael e Juliana ali se divertindo na água. Instantes. Ele começa a jogar água nela e ela entra na brincadeira e eles se divertem. Ele se aproxima dela, toma-lhe em seus braços e a beija apaixonadamente.

JULIANA      —  (Perplexa) Você me beijou!

GAEL            —  Sim, beijei. O que é que foi? Não gostou do beijo?

JULIANA      —  Não é isso. É que nós não podemos ficar juntos.

GAEL            —  E por que não?

JULIANA      —  Por que você pelo que me parece é rico. Eu sou uma suburbana.

GAEL            —  E o que é que tem? Eu gosto de você, Juliana. Desde aquele dia em que nos conhecemos na orla que eu não paro de pensar em você.

JULIANA      —  Confesso também que depois daquele dia, eu nunca mais te esqueci.

GAEL            —  Então nós podemos ficar juntos sim! A gente se ama.

JULIANA      —  Não.

Ela vai andando e ele a segura pelo braço e arremata.

GAEL            —  Espera! Eu sei que você me ama também. E não vai ser essa divisão de rico e pobre que vai fazer com que eu deixe de gostar de você.

JULIANA      —  Mas a minha família não vai gostar nunca disso. Eu tenho que/

Ele a interrompe dando-lhe um beijão. Instantes. Romance.

CORTA PARA:

CENA 09. LEBLON. PRAÇA INDETERMINADA. EXT. DIA.

Praça com algumas pessoas. Miguel e Karina ali sentados.

MIGUEL        —  E como é que você tá, Karina? Não te vejo desde aquele dia em que a Adriana deu aquele vexame na universidade.

KARINA       —  Estou bem. E você não me viu porque eu andei te evitando.

MIGUEL        —  Por quê?

KARINA       —  Como por quê? E a barraqueira da sua namorada?

MIGUEL        —  A Adriana tá ficando insuportável com esse ciúme idiota dela! Por isso que eu tenho as minhas dúvidas se é com ela mesmo que eu quero passar o resto da minha vida.

KARINA       —  Nossa, que clichê isso! Muito raro casamento durar tanto assim.

MIGUEL        —  Você pode até não saber, Karina. Mas eu sou um homem das antigas. Romântico.

KARINA       —  É, deu pra perceber.

MIGUEL        —  Quando eu te liguei você disse que tava vendo uma casa. Como assim, gente? Eu não entendi nada.

KARINA       —  É que uma mulher que eu conheci não tem muito tempo, me convidou para fazer um plano de decoração no tríplex que ela comprou.

MIGUEL        —  Ah sim. Mas isso não foge um pouco da sua área?

KARINA       —  Foge. Isso aí é mais um hobby mesmo.

MIGUEL        —  Queria eu ter um hobby desses pra me render uma grana extra.

Ela sorrir e os dois continuam a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Ana ali sentada. Mazé chega do trabalho.

MAZÉ            —  Oi, Ana.

ANA              —  Oi, tia.

MAZÉ            —  Ué! Cadê o povo dessa casa?

ANA              —  O Carlito saiu aí e não disse pra onde ia.

MAZÉ            —  E a Juliana?

ANA              —  Ela também não me disse pra onde ia.

MAZÉ            —  Era só o que me faltava! A Juliana ficar igual ao pai dela! Eu mereço!

ANA              —  Mas eu acho que ela foi a praia. Ela tava vestida como se tivesse indo.

MAZÉ            —  Praia? Mas que praia?

ANA              —  Não sei.

MAZÉ            —  Então manda um troço pra ela aí.

ANA              —  (Não entende, sorrir) Troço? Mas como assim, tia?

MAZÉ            —  Esse negócio aí que fala com a pessoa.

ANA              —  Uma mensagem, não é isso?

MAZÉ            —  É isso aí mesmo. E pergunte aonde ela está. Enquanto isso eu vou trocar de roupa.

Ela vai para o quarto. Ana pega o cel. E mexendo nele arremata.

ANA              —  (P/si, sorrir) Troço…

CORTA PARA:

CENA 11. HOTEL DE LUXO. SUÍTE. INT. DIA.

Glória ali relaxando dentro de uma banheira primorosa de espuma. Sol entra na suíte do quarto já arrematando.

SOL               —  Mãe! Como a senhora acha/

GLÓRIA        —  (Se assusta) Ai, Sol! Como você entra na suíte desse jeito? Eu hein! Nem privacidade mais eu tenho! Tô doida para aquela casa ficar pronta logo pra você ter o teu canto e eu o meu!

SOL               —  Ai mãe! Pra que esse drama todo?

GLÓRIA        —  (Firme) Drama! Que drama? Eu não posso ter liberdade nem na hora do meu belíssimo banho de espuma.

SOL               —  Tá, mãe. Agora escuta o que eu entrei aqui pra falar.

GLÓRIA        —  Fala.

SOL               —  Como a senhora acha que seria a minha vida com o Alfredo se não tivesse acontecido aquilo com os meus filhos?

GLÓRIA        —  Uma merda!

SOL               —  Ai, mãe! Que horror!

GLÓRIA        —  Você não queria a minha opinião? Eu acho que vocês dois já teriam se separado.

SOL               —  Que horror! Não dá pra conversar com a senhora mesmo não!

Ela sai com Glória arrematando.

GLÓRIA        —  Isso! Não dá pra conversar comigo não. Eu sou uma pessoa péssima pra se conversar.

SOL               —  (OFF) É mesmo!

GLÓRIA        —  (P/si) Não me deixa em paz nem na hora do meu banho!

Ela volta a relaxar na banheira.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 12. PRÉDIO DA CONSTRUTORA. FRENTE. EXT. DIA.

Vicente e Adriana saem da construtora.

VICENTE      —  Filha, eu adorei a nossa conversa.

ADRIANA     —  Eu também, pai. Sempre que possível eu vou vir aqui pra gente conversar.

VICENTE      —  Pode vim.

ADRIANA     —  O senhor tá ficando aonde, pai?

VICENTE      —  Num hotel.

ADRIANA     —  Mas o senhor não apareceu em casa para pegar nada.

VICENTE      —  É que eu estou comprando coisas novas.

ADRIANA     —  Não precisa fazer isso. É só o senhor me dá o endereço do hotel em que está hospedado que eu levo suas coisas.

VICENTE      —  Sério que você faria isso por minha filha?

ADRIANA     —  Claro.

VICENTE      —  Acho que você conhece esse hotel. Ele fica na…

Ele continua a falar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. APART DE MARTA. QUARTO DE MARTA. INT. DIA.

Marta ali com a caixinha em seu colo.

MARTA        —  (P/si) Só de pensar que isso aconteceu há vinte anos atrás… Eu dei muita sorte. A enfermeira não me denunciou. Se denunciou ninguém conseguiu chegar até mim. E depois aqui dou a sorte de ganhar na loteria com o Marcílio! Sempre tive nojo desse homem! Só fiquei com ele por causa do dinheiro dele! Sabia que quando aquele trouxa morresse eu ia ficar com tudo!

Ela sorrir malignamente. Abre a caixa e de lá tira uma foto de Marcílio com os gêmeos no colo ainda recém-nascido. CAM detalha a foto.

MARTA        —  (P/si) Única coisa boa da minha vida depois dos meus filhos foi ter essa vida boa que aquele palerma me deu.

Ela fica ali a olhar pra foto debochada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. APART DE VICENTE E CRIS. SALA. INT. DIA.

Cristina ali andando de um lado para o outro, inquieta.

CRISTINA     —  (P/si, aflita) Aonde é que essa menina tá?

Ela pega o cel. E arremata.

CRISTINA     —  Não aguento! Eu tenho que ligar pra ela.

Ela disca o número e ao cel. Arremata.

CRISTINA     —  (Ao cel.) Filha, graças a Deus você me atendeu. Onde é que você tava? O que você tava fazendo com esse canalha? Eu sei que ele é seu pai. Mas você tem que entender que ele errou. Olha a malcriação, hein, Adriana! Eu sei que ele é seu pai. Mas você tem que tratar ele a sério e dizer que o que ele fez comigo não foi legal. Ah, você disse, é? E ele falou o quê? Tá bom, Adriana. Quando você chegar a gente conversa melhor. Beijos.

Ela desliga.

CRISTINA     —  (P/si) Agora vou ter que ficar aqui curiosa pra saber o que esses dois conversaram até ela chegar.

CORTA PARA:

CENA 15. LEBLON. PRAIA. AREIA. EXT. DIA.

Praia com movimente mediano. Gael e Juliana ali sentados aos beijos.

GAEL            —  Não precisa se preocupar, meu amor. Juntos nós vamos ultrapassar o obstáculo do preconceito.

JULIANA      —  Confesso que estou com um pouco de medo.

CAM mostra um ambulante com um carrinho de picolés passando.

GAEL            —  Já sei o que pode adoçar o seu dia e te fazer perder esse medo.

JULIANA      —  O quê?

GAEL            —  Um picolé. Fique aí que eu já volto.

Ele vai em direção ao ambulante e Juliana fica ali sorrindo. Ela pega sua bolsa e de lá, tira o cel.

JULIANA      —  (P/si) Nossa! Mas que monte de mensagem e ligações são essas da Ana? Será que aconteceu alguma coisa?

Ele fica ali mexendo no cel.

ANA              —  (OFF) Prima, pelo amor de Deus! Eu não sei mais o que fazer pra enrolar a tia Mazé. Ela tá querendo saber aonde você está. O que eu digo?

MAZÉ            —  (OFF, Furiosa) Eu vou matar a Juliana!

JULIANA      —  (P/si, surpresa) Nossa! (Manda áudio) Prima, fala pra ela que eu vim na praia do Leblon e vou embora depois do pôr do sol.

Ela guarda o cel.

JULIANA      —  (P/si, preocupada) Espero que a dona Mazé não encrenque ainda mais.

Gael chega com os picolés e passa um a ela.

GAEL            —  Aqui, meu amor.

JULIANA      —  Obrigada.

GAEL             —(Percebe a aflição dela) Que foi? Aconteceu alguma coisa?

JULIANA      —  Não. Não aconteceu nada.

Fecha em Gael desconfiado. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 16. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.

Renata ali sentada. Bruna vem do quarto arrumada.

BRUNA         —  A senhora ainda tá aí com essa roupa de casa, mãe?

RENATA       —  O que é que tem a minha roupa, garota chata?

BRUNA         —  A senhora se esqueceu que ia me levar no shopping hoje?

RENATA       —  Ah é, filha. Eu esqueci.

BRUNA         —  Eu não sei o que tá acontecendo. Mas a senhora tem andando muito esquecida nesses dias.

RENATA       —  Desculpa, filha. Eu me arrumo rapidinho. (Curiosa) Mas aqui… Com quem você vai pro shopping?

BRUNA         —  Com as minhas amigas, né, mãe? Com quem mais seria?

RENATA       —  Ah, sei lá. Vai que tava rolando alguma coisa entre você e o João e eu não tô sabendo?

BRUNA         —  Eu e o João? Impossível!

RENATA       —  Olha que é assim mesmo que eu falei e hoje eu aqui casada com seu pai.

BRUNA         —  É, mas o mesmo não vai acontecer comigo. Agora vai lá se arrumar.

Renata vai para o quarto.

BRUNA         —  (P/si) João não faz o meu tipo. Mas e se tivéssemos filhos? Nossa. Não quero nem pensar nisso.

CORTA PARA:

CENA 17. RUA. BECO. EXT. DIA.

Carlito, Armando e mais dois caras (Zói e Homem1) ali em formato de roda conversando.

CARLITO      —  Pelo que Ratão máster me disse, nós estamos prestes a pegar a maior bocada do século!

ARMANDO   —  Mas ele disse o que é?

CARLITO      —  Ainda não. Mas se conheço bem o ratão, ele só vai querer falar alguma coisa quando tiver perto da ação.

ARMANDO   —  Tô puto de não saber o que é! Mas logo que é a maior bocada do século, eu estou dentro sem saber do que é.

CARLITO      —  Todos estão de acordo?

TODOS         —  Sim.

CARLITO      —  Ótimo. Eu tenho certeza que vocês não vão se arrepender. Agora eu tenho que ir rapaziada. Valeu.

Ele cumprimenta os três e vai caminhando. Eles ficam ali conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.

Sol ali olhando pela janela pensativa, quando arremata.

SOL               —  (P/si) Tenho certeza que se não tivesse cometido aquela burrice… Nós ainda estaríamos juntos, Alfredo. Por que eu fui fazer aquilo de te acusar?! (Séria) Agora não adianta ficar aí toda arrependida. Quem mandou fazer a burrada. Eu tenho que sacudir a poeira e esquecer disso. Bola pra frente.

GLÓRIA        —  (OFF) Falando sozinha, Sol? Larga de ser doida!

SOL               —  (P/si) Sempre cortando o barato, né, dona Glória!

CORTA PARA:

CENA 19 APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Jandira ali sentada. Flávia vem do quarto de Murilo.

JANDIRA      —  Nossa. A conversa lá tava boa pra ter demorado todo esse tempo.

FLÁVIA        —  Tava, mãe. Pela primeira vez eu conversei olhando no olho do meu filho.

JANDIRA      —  Espero que todo esse tempo em que você esteve lá com ele tenha aberto o jogo e contado toda a verdade a ele.

FLÁVIA        —  Isso não!

JANDIRA      —  Não vou nem falar nada! Não adianta mesmo!

FLÁVIA        —  Isso… Quem tem que falar é o Vicente!

Ela vai pra cozinha.

JANDIRA      —  (P/si) Como se o covarde do Vicente tivesse coragem pra fazer isso!

CORTA PARA:

CENA 20. PRÉDIO DE FLÁVIA E RICARDO. FRENTE. EXT. DIA.

Ricardo ali do outro lado da rua pensativo, descontraído. CAM mostra o carro de Vicente se aproximando. O carro para em frente ao prédio. Vicente salta do carro. Ricardo o vê e arremata.

RICARDO     —  (P/si) Vicente? O que será que ele tá fazendo aqui no meu prédio?

CAM mostra Vicente entrando no prédio. Ricardo ali sem entender nada. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 21º CAPÍTULO

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