PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JOANA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

ZÓI E HOMEM1

CENA 01. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CORREDOR. INT. DIA.

Corredor bem movimentado. Adriana vindo furiosa, quando esbarra em Gael.

GAEL            —  Nossa, garota! Que isso?

ADRIANA     —  Desculpa, Gael. É que eu tô muito furiosa com uma coisa aí.

GAEL            —  Com certeza é com o Miguel, né?

ADRIANA     —  É. Tem a ver com ele também.

GAEL            —  É, eu fiquei sabendo que vocês deram um tempo, né?

ADRIANA     —  Sim. Mas ele está neste exato momento lá na cantina de papinho com a verdadeira culpada da nossa relação tá desse jeito!

Ela surta e vai caminhando.

GAEL            —  (P/si, sorrir) Nossa, minha filha! Se acalme, tome um chazinho de camomila que a coisa tá feia aí, hein!

Ele sorrir e vai caminhando. 

CORTA PARA:

CENA 02. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

RENATA       —  Alfredo, você ainda não respondeu a minha pergunta! Quem é essa mulher?

ALFREDO     —  A Sol é uma grande amiga do passado. Faz mais de vinte anos que eu não a vejo.

RENATA       —  Ah tá. Mas não sei porque ela reagiu estranho quando soube que eu sou sua esposa e conhecer a nossa filha.

ALFREDO     —  Sério que ela reagiu estranho?

RENATA       —  O que isso importa, Alfredo?! Eu quero saber o quão importante essa mulher é na sua vida.

ALFREDO     —  Ela já foi muito importante na minha vida. Hoje em dia eu nem tenho mais contato com ela.

Fecha em Renata grilada. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali sentada com um caderninho em mãos. Mazé chega.

MARTA        —  Nossa! Mas pra que essa demora toda pra jogar um lixo fora? E detalhe… Você nem precisou descer.

MAZÉ            —  Desculpe, dona Marta. É que eu encontrei com minha amiga do 702 e nós ficamos conversando.

MARTA        —  Lindo, maravilhoso. Enquanto vocês conversavam, eu fiquei aqui feito um az de pau esperando!

MAZÉ            —  Desculpe. Mas a senhora tava me esperando pra quê?

MARTA        —  Como: pra quê? Você se esqueceu que hoje é o dia de fazermos as compras do mês?

MAZÉ            —  Ah é, dona Marta. Nossa! Que cabeça a minha. Eu tinha me esquecido.

MARTA        —  Percebe-se. Agora diz aí o que tá faltando!

MAZÉ            —  Ih… É tanta coisa que eu a gente precisaria ir até a despensa pra eu ver.

MARTA        —  Então vamos.

As duas vão para a dispensa.

CORTA PARA:

CENA 04. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Jandira ali sentada pensativa, séria. Flávia chega da rua.

FLÁVIA        —  (P/si) Agora que o Murilo está na escola eu tenho um tempo só pra mim. (P/Jandira) Que cara é essa, mamãe? Parece que comeu alguma coisa e não gostou.

JANDIRA      —  Realmente não estou me agradando de uma coisa aí.

FLÁVIA        —  Não tá gostando de que dessa vez, mamãe?

JANDIRA      —  Do fato de você deixar o Vicente enrolar o Murilo mais uma vez!

FLÁVIA        —  De novo essa história?!

JANDIRA      —  Claro! Afinal de contas eu sou sua mãe e avó do Murilo! Eu não quero e não gosto de ver o meu neto sendo enganado por vocês dois!

FLÁVIA        —  Fala a verdade, mamãe. A senhora só se mete nisso porque não gosta do Vicente, não é?

JANDIRA      —  Também! Mas não é só a minha raiva do Vicente que faz com que eu me meta nisso não! Só você que não quer enxergar que quando o Murilo souber da verdade, ele vai te odiar por acobertar o safado do pai dele!

FLÁVIA        —  Para de falar bobeira, mamãe! O Murilo jamais me odiaria por isso!

JANDIRA      —  (Caminha até a filha e fica atrás dela) Eu se fosse você não teria tanta certeza assim… Você viu como ele ficou com o Vicente. O que é que custa agora ele não fazer o mesmo contigo quando souber que você ajudou o Vicente a esconder a verdade dele todos esses anos…?

Ela sai e Flávia fica ali griladíssima.

FLÁVIA        —  (P/si) Será que eu corro o risco de fazer meu filho me odiar?

Atenção Sonoplastia: cel. de Flávia começa a tocar.

Ela pega o cel. CAM detalha a tela do cel. com o nome de RENATA escrito na tela.

FLÁVIA        —  (P/si) Renata? O que será que ela quer? (Ao cel.) Oi, amiga. (Surpresa) O quê? Mas como assim? Me explica essa história direito. (Preocupada) Meu Deus! Mas como ele tá? Esse hospital não fica muito longe daqui. Tô indo praí agora, tchau.

Flávia desliga e sai apressada.

CORTA PARA:

CENA 05. CASA DE MAZÉ. QUARTO DE JU E ANA. INT. DIA.

Juliana ali sorrindo mexendo no cel.

JULIANA      —  (P/si) Mas esse Gael é muito bobo. (Digitando) Só você mesmo pra me fazer rir.

Atenção Sonoplastia: cel. de Juliana notifica mensagem.

JULIANA      —  (Lendo) Claro. Quando a gente gosta de uma pessoa, temos sempre que ser engraçado. Porque a beleza já deixa a desejar. (P/si) Gente, como é que pode? Um Deus grego desses falando uma besteira dessas. (Digitando) Nada disso! Você é lindo e sendo engraçado ou não, isso pra mim não importa!

Carlito vai entrando no quarto já arrematando.

CARLITO      —  Filha, eu vim aqui te avisar que/

JULIANA      —  (Corta, cresce) Que isso?! Como o senhor sai entrando no meu quarto desse jeito, sem bater, sem nada? E se eu estivesse trocando de roupa?

CARLITO      —  Ouvi você falando e achei que não tinha problema.

JULIANA      —  Claro que tem problema sim! O que o senhor quer?

CARLITO      —  Queria te avisar que eu vou dar uma saída aí, mas não demoro.

JULIANA      —  Só isso?

CARLITO      —  Só.

JULIANA      —  (Expulsando) Então agora me dê licença que eu preciso de privacidade!

Ela praticamente empurra o pai para fora do quarto. Tranca a porta e volta para o cel. e sorrir.

JULIANA      —  (P/si, sorrindo) Ai Gael… Você é uma graça.

CORTA PARA:

CENA 06. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CORREDOR. INT. DIA.

Miguel e Adriana ali caminhando.

MIGUEL        — Então depois você ver com a dona do tríplex se eu posso ir contigo.

KARINA       —  Pode deixar que quando tiver um tempo livre eu ligo pra ela.

Miguel mostra Karina uma coisa. CAM mostra Gael vindo em direção aos dois olhando pro cel. sorrindo.

KARINA       —  Nossa! É impressão minha ou o Gael tá rindo?

MIGUEL        —  Pois é. Fazia tempo que eu não o via assim, desse jeito, sabe?

Ele chega próximo aos dois.

GAEL            —  E aí novo casal 20 da área.

Miguel olha Karina sem graça, e ela também sem graça.

MIGUEL        —  O que você tanto ri olhando pro celular, Gael?

GAEL            —  Tô conversando com a Ju.

MIGUEL        —  Ah tá. Agora vamos Karina que a gente já tá atrasado!

GAEL            —  Esperem! Antes eu tenho que falar uma coisa pra vocês.

MIGUEL        —  O que, Gael? Seja breve que o sinal já tocou.

GAEL            —  Esbarrei com a Adriana e ela tava botando fogo pelas ventas.

MIGUEL        —  Por quê?

GAEL            —  Porque ela viu vocês dois conversando na cantina. Eu se fosse vocês ficavam em alerta com essa menina, hein! Do jeito que ela tava, dava pra ver o ódio nos olhos dela!

Ele vai caminhando e os dois ficam ali com receio.

KARINA       —  É por isso que eu disse que nós não poderíamos nem conversar.

MIGUEL        —  Não liga pra isso não. Com certeza o Gael tá inventando.

KARINA       —  Será? Conhecendo a Adriana eu sei muito bem que ela ficaria desse jeito mesmo que o Gael descreveu!

MIGUEL        —  Eu tenho certeza que ele tá inventando.

Miguel vai caminhando. Karina permanece ali parada por um instante com receio e depois corre para alcançar Miguel.

CORTA PARA:

CENA 07. CASA DE CARLITO E MAZÉ. COZINHA. INT. DIA.

Carlito vem da sala.

CARLITO      —  (P/si) Tô começando a achar que a nega não tá exagerando. A Juliana tem andado muito estranha nesses últimos dias. Será que ela tá mesmo escondendo alguma coisa da gente? Bom, se ela tiver mesmo um dia a gente vai saber.

Ele vai até a geladeira e pega a máscara que está entre o vão da geladeira com a parede. 

CARLITO      —  (P/si) Aqui está você belezinha. Acho que você tá mais segura aqui do que lá no quarto. Tá aí, aqui vai ser o seu novo esconderijo.

Já saindo de volta para a sala ele arremata

CARLITO      —  (P/si) Deixa eu ir logo porque a rapaziada já deve tá pê da vida com o meu atraso.

CORTA PARA:

CENA 08. PRÉDIO DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Maria de F. ali do outro lado a rua a observar o prédio. CAM mostra o carro de Marta saindo do prédio. Maria de F. só observando Marta e Mazé, que está no banco da frente conversando fora de áudio.

MARIA DE F.—  (P/si) Ué! Quem é essa mulher com a Marta? E pelo jeito as duas são bem chegadas porque a mulher tava numa falação!

Ela fica ali curiosa pra saber de quem se trata. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. LEBLON. AVENIDA. EXT/ INT. DIA.

Um trânsito infernal, tudo parado. CAM dá um plano geral no trânsito que assola a principal avenida do Leblon. Corta para dentro do carro de Sol: Glória ali ao volante e Sol no carona séria. 

GLÓRIA        —  Mesmo diante de um transito como este, eu acho que o de São Paulo ainda é pior. O que você acha, Sol?

Glória olha para a filha que está distante em pensamento.

GLÓRIA        —  Sol? Eu tô falando com você, minha filha!

SOL               —  (Desperta) Oi? O que, mãe?

GLÓRIA        —  Não ouviu nada do que eu falei, né?

SOL               —  Não.

GLÓRIA        —  Tava aqui esse tempo todo falando com o volante e não sabia.

SOL               —  Tá vendo só porque eu não queria sair de casa? Olha esse transito infernal!!!

GLÓRIA        —  (Sarcástica) Era exatamente disso que eu estava aqui falando com o seu Volante, não é, senhor volante?

SOL               —  É, mãe… Eu acho que a senhora tinha razão.

GLÓRIA        —  Sobre o que, filha?

SOL               —  Sério mesmo que a senhora não sabe do que eu estou falando?

GLÓRIA        —  Não.

SOL               —  Justamente quando eu te dou razão, a senhora não sabe do que eu estou falando! Eu acho que realmente deveria procurar uma ajuda e deixar o que passou para trás.

GLÓRIA        —  Viu só? Eu não te disse, minha filha? É melhor fazer isso. Assim você vai poder viver como uma pessoa normal. Porque ultimamente você só tem vegetado remoendo coisas que aconteceram há mais de vinte anos atrás.

Fecha em Sol que meneia a cabeça concordando com a mãe. Instantes. CORTA PARA:

CENA 10. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.

Rosangela volta à redação toda feliz, sorriso de “orelha a orelha”. 

ROSANGELA —(P/si, feliz) Nem acredito que isso aconteceu! (P/pessoal) Pessoal. Peço a todos um minutinho da atenção de vocês!

Todas as atenções voltadas para ela que arremata.

ROSANGELA —(P/pessoal) Como todos vocês ficaram sabendo, o Alfredo sofreu um grave acidente de carro e vai ficar afastado por tempo indeterminado até o momento. Pensando nisso, a direção decidiu por unanimidade que eu devo assumir as responsabilidades do cargo que o Alfredo ocupava aqui no Jornal. Portanto, até o Alfredo voltar, eu serei a editora chefe. Bom, é só isso mesmo gente. Desculpe por interromper o trabalho de vocês aí.

Todos voltam para os seus afazeres. Joana se aproxima de Rô e arremata.

JOANA          —  Sempre tentando se aproveitar da desgraça dos outros, né, Rosangela?

ROSANGELA —Do que é que você tá falando?

JOANA          —  Não se faça de desentendida que você sabe muito bem do que eu estou falando! Tá se aproveitando que o Alfredo está fora por tempo indeterminado e tá querendo puxar o tapete dele, né?

ROSANGELA —Não quero o lugar do Alfredo! Que espécie de amiga seria eu se fizesse isso? Eu quero é a promoção que a alta cúpula anunciou e até agora nada do resultado!

JOANA          —  (Duvidando) Sei. Continua mentindo que eu continuo fingindo que acredito em você.

ROSANGELA —Joana, por que você não faz o seguinte: me esquece. Voltou de férias hoje e já tá querendo infernizar a minha vida, é?

JOANA          —  Queridinha, a gente não pode infernizar o que já é um caos!

Joana volta a sua mesa e Rô fica ali invocada. Instantes. 

CORTA PARA:

CENA 11. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Renata ali sentada aflita. Flávia chega e logo vem falar com a amiga.

FLÁVIA        —  Ai, amiga. Desculpa ter demorado tanto pra chegar. É que tá um trânsito infernal hoje. Só conseguir chegar aqui agora porque eu sei um caminho alternativo e cortei a área com mais congestionamento.

RENATA       —  Se preocupa não, amiga.

FLÁVIA        —  Mas que história foi essa de acidente?

RENATA       —  (Chora) Ai amiga. Foi tudo minha culpa!

FLÁVIA        —  (Não entende) Que isso, Renata? Por que você tá falando isso?

RENATA       —  (Chorando) Porque um tempo antes do Alfredo sofrer esse acidente, eu pedir um tempo do nosso casamento.

FLÁVIA        —  Que isso, amiga? Só porque você pediu um tempo não significa que o acidente tenha sido sua culpa!

RENATA       —  Mas foi minha culpa! O Alfredo pelo jeito ficou fora de si depois da nossa conversa. Bebeu, dirigiu e olha aí o resultado!

FLÁVIA        —  (Abraça a amiga) Não fica assim não amiga.

Fecha em Renata chorando ali abraçada com Flávia. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente ali sentado, quando arremata.

VICENTE      —  (P/si) Como eu pude ser tão burro ao ponto de esquecer que a Construtora possui um apartamento no mesmo prédio que o Ricardo mora? Eu deveria ter tomado mais cuidado.

Cristina entra com alguns papéis.

CRISTINA     —  Olá, Vicente.

VICENTE      —  Olá, Cristina.

CRISTINA     —  Eu queria te entregar esses papéis que por engano foram parar na minha sala.

VICENTE      —  Ah sim. (Pega os papéis) Muito obrigado.

CRISTINA     —  E como é que vai a vida?

VICENTE      —  Indo. Só sobrevivendo a cada dia.

CRISTINA     —  Que bom! Eu queria também te avisar que eu já contatei o meu advogado e ele disse que apareceria aqui hoje para conversarmos sobre o assunto.

VICENTE      —  Não se preocupe que o MEU advogado já está cuidando de algumas coisas.

CRISTINA     —  Ah sim. Que bom! Então, nesse caso, com licença.

VICENTE      —  Toda.

Ela sai da sala de Vicente.

VICENTE      —  (P/si) O quanto antes eu me livrar do peso desse casamento na justiça, será melhor!

CORTA PARA:

CENA 13. LEBLON. SUPERMERCADO. INT. DIA.

Supermercado com movimento mediano de clientes. Marta e Mazé ali pegando as coisas e colocando no carrinho de compras, que por sinal já está quase cheio.

MARTA        —  Sabe, Mazé…? Às vezes eu fico pensando muito numa coisa antes de fazer.

MAZÉ            —  Como assim, dona Marta?

MARTA        —  Sei lá… É que eu não posso deixar o Miguel jogar a felicidade dele pela janela assim. Ele não pode deixar de ficar com a Adriana porque essa outra aí apareceu.

MAZÉ            —  Mas e se ele gostar mais dessa outra menina que apareceu?

MARTA        —  Não pode! Quem em sã consciência abandonaria um noivado como o dele com a Adriana pra viver uma aventura que só Deus sabe se daria certo?

MAZÉ            —  Olha, dona Marta… Eu sou até suspeita pra falar sobre isso.

MARTA        —  Por quê?

MAZÉ            —  Porque eu tô vivendo uma situação parecida com a da senhora. Só que no seu caso, a senhora sabe o que é. Já eu não sei. Mas eu tenho certeza que a minha filha tá escondendo alguma coisa de mim.

MARTA        —  É mesmo, é?

MAZÉ            —  Pois é. Tô achando que ela tá com algum garoto e não quer me contar.

MARTA        —  Nesse caso como você agiria? Você seria capaz de armar um plano pra separar ela do namorado, se esse for mesmo o caso dela?

MAZÉ            —  Não sei, dona Marta. Aí eu teria que colocar na balança, né. Ver se essa outra pessoa presta.

Fecha em Marta pensativa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 14. CONSTRUTORA MACEDO. SALA RICARDO. INT. DIA.

Ricardo ali ao cel. com Rosangela.

RICARDO     —  (Ao cel.) Mas como assim, Rosangela você é a nova editora chefe? Ah tá, então é provisório. Enquanto o Alfredo não volta, você fica neste cargo? Ah sim. Parabéns! Isso é um sinal de que a alta cúpula do jornal confia no seu trabalho. Em falar em Alfredo, você ligou pra esposa dele pra saber mais alguma coisa? Como não ligou, Rosangela?! O homem está internado, é seu colega de trabalho e você está aí toda felizinha de estar com o cargo dele e não ligou pra saber como ele está ao menos? É, também acho! Se continuarmos com essa conversa ela resultará numa discussão! Tchau!

Ele desliga.

RICARDO     —  (P/si) Preocupante isso! Rosangela não ligou para a mulher nem pra saber se o Alfredo tá vivo ou morreu e já está feliz com o cargo do cara! Isso me preocupa e muito!

Ele fica ali pensativo, preocupado. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. UNIVERSIDADE NOVO RIO. ESTACIONAMENTO. EXT. DIA.

Miguel, Gael e Karina saindo na universidade e entrando no estacionamento conversando. 

KARINA       —  Vocês precisavam ver como a Adriana tava olhando pra minha cara hoje na aula.

GAEL            —  Aposto que com a mesma cara que vi ela no corredor.

KARINA       —  Acertou.

GAEL            —  Sabia. Eu não falei?

MIGUEL        —  Não precisa se preocupar, Karina. A Adriana não vai fazer nada com você.

GAEL            —  Eu se fosse você, Miguel, não teria tanta certeza assim! Do jeito que ela tava com ódio nos olhos… Dava pra ver que ela é capaz de tudo!

Os três entram no carro de Gael, que dá a partida e se afasta. CAM mostra Adriana com ódio.

ADRIANA     —  (P/si, ódio) Ai que ódio dessa Karina! Mas esses dois não perdem por esperar! (Convicta) Eu ainda vou ter o meu noivo de volta. Nem que isso seja a última coisa que eu tenha que fazer na vida!

CORTA PARA:

CENA 16. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.

Alfredo ali deitado. Renata e Flávia entram. Ele está acordado.

RENATA       —  Licença, Alfredo. Olha quem veio te visitar.

FLÁVIA        —  Oi, Alfredo.

ALFREDO     —  Ah, oi, Flávia.

FLÁVIA        —  Como você tá, Alfredo?

ALFREDO     —  Na medida do possível, né, Flávia! Na cama desse hospital a gente só vegeta mesmo.

FLÁVIA        —  Mas que ideia foi essa de misturar álcool com volante, Alfredo? São coisas que não batem!

ALFREDO     —  Eu sei. Mas parece que eu naquele momento estava fora de mim, sabe? É como se eu, Alfredo, me transformei e em um Alfredo que nem eu mesmo sabia que existia.

RENATA       —  (Cortando o papo) É, mas agora o que importa é que você tá bem, né, meu amor?

ALFREDO     —  É, agora tá tudo bem! Mas bem que poderia ter sido pior!

FLÁVIA        —  Verdade. Do jeito que a Renata me falou que o acidente foi, realmente é um milagre você está acordado agora.

ALFREDO     —  Pois é, Flávia. Mas isso não teria acontecido se eu não tivesse tido um dia de cão como aquele!

Fecha em Renata que fica mal, se sentindo ainda mais culpada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. BECO. EXT. DIA.

Carlito e mais dois caras ali conversando. Carlito com o saco preto nas mãos. 

CARLITO      —  Então rapaziada, Ratão Máster já decidiu qual vai se a nossa próxima bocada. E eu adianto… Vai ser a melhor bocada de todas!

HOMEM1      —  Deixa eu adivinhar. Nós vamos roubar um banco?

CARLITO      —  Bem que poderia ser, mas não é isso.

HOMEM1      —  Agora é a minha vez.

CARLITO      —  Vai lá, Zói. Diz aí o que você acha que é.

ZÓI                —  Eu acho que nós vamos roubar mansões, essas casas tops da Barra, Recreio…

CARLITO      —  Ih… Passou longe! A nossa próxima bocada tem origem no Leblon.

ZÓI                —  Leblon? Então eu não sei o que é?

CARLITO      —  Leblon! Pensem. Uma das áreas mais caras para se viver no Rio.

Eles pensam por um instante e não sai nada.

CARLITO      —  Como vocês são idiotas, hein! Nós vamos passar a mão nas joias! Nós vamos roubar uma joalheria!

HOMEM1      —  Ih. Então essa bocada é das boas!

ZÓI                — Se é!

CARLITO      —  Por isso eu vou precisar que vocês fiquem de olho no movimento pra ver como é.

ZÓI                —  Pode deixar.

CARLITO      —  Mas antes vocês precisam se vestir melhor.

HOMEM1      —  Ih… O que é que é, cara? Não gosto do nosso estilo não?

CARLITO      —  Não! E outra coisa. Se vocês chegam no Leblon assim, nem que seja na rua, as pessoas logo veem que se trata de dois marginais.

ZÓI                —  Marginais… Dá pra acreditar nesse cara?

Zói e o Homem1 ficam indignados olhando para Carlito. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. PRÉDIO DE MARTA. FRENTE. EXT. DIA.

Maria de F. ali a observar.

MARIA DE F.—  (P/si) Onde será que a Marta foi com aquela mulher? Ela nunca me disse, mas só pelo jeito dela, com certeza ela não seria amiga de uma pessoa negra. Uma mulher má como ela que foi capaz de roubar os bebês da filha da patroa, pode com certeza ser racista. Já eu gosto… Principalmente dos negões!

CAM mostra o carro de Marta se aproximando e entrando na garagem. Podemos ver algumas sacolas do supermercado. Mazé olha para Maria de F., mas a mesma não percebe, pois está anotando no caderninho.

MARIA DE F.—  (P/si) Anotando o dia e a hora que isso está acontecendo. Eu preciso saber todos os horários dessa família. Pelo jeito foi ao mercado… Então aquela deve ser a empregada dela! 

Ela fica ali a olhar para o prédio. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 19. LEBLON. AVENIDA. INT/ EXT. DIA.

Glória e Sol ainda ali presas no trânsito.

SOL               —  Ai, gente… Eu não aguento ficar presa dentro desse carro nem mais um minuto.

GLÓRIA        —  Ah, Sol para com isso! Nós estamos aqui dentro do carro, no ar condicionado, sentadas… O que mais poderia querer?

SOL               —  Claro! Pra uma pessoa na sua idade, ficar dentro de um carro sentada é maravilhoso! Mas pra mim não é não!

GLÓRIA        —  Não sei porque dizer isso. Pra uma pessoa que vive vegetando você não acha que está se gabando demais não?

SOL               —  Ah, mãe, pelo amor de Deus! Nós estamos num ambiente fechado e eu não quero ter que discutir com a senhora.

GLÓRIA        —  Concordo!

Atenção Sonoplastia: Cel. de Sol começa a tocar.

SOL               —  Karina? O que será que ela quer? (Ao cel.) Oi, Karina. Como você tá? Que bom. Tô bem graças a Deus. Mas já? (P/Glória) Mamãe a senhora acredita que a Karina já terminou o projeto do tríplex?

GLÓRIA        —  Pelo menos rápida agora a gente sabe que ela é!

SOL               —  (Ao cel.) Claro que pode. Mas ele é o que seu? Um namorado? Só amigo? Aí não tem graça não. Olha, eu e a mamãe estamos indo ao hospital visitar uma pessoa e depois a gente te encontra aí. Não, não vai demorar. Tá bom. Outro. Tchau.

Ela desliga. O carro finalmente começa a andar.

GLÓRIA        —  É isso mesmo que eu ouvi? A menina quer levar um homem para a nossa futura casa?

SOL               —  Ela disse que é um coleguinha dela, mamãe. Não tem problema nenhum

GLÓRIA        —  Pode não ter problema nenhum pra você!

SOL               —  Mamãe presta atenção no trânsito que nós já estamos andando.

Corta para fora do carro: CAM em plano geral mostrando os carros ali começando a se locomover lentamente, ainda há muita lentidão. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali a trabalhar. Cristina sai de sua sala.

CRISTINA     —  Ana, eu precisava que você fosse até o jurídico e entregasse essa pasta para o Alexandre.

Cris coloca a pasta sobre a mesa de Ana.

ANA              —  Sim senhora. Assim que eu terminar o que eu estou fazendo aqui eu levo.

CRISTINA     —  E isso que você está fazendo por acaso é mais importante que isso aqui?

ANA              —  Como a senhora pediu pra entregar, mas não disse se era importante, eu deduzir que não é urgente.

CRISTINA      —É? Então deduziu errado! Eu quero que você largue o que está fazendo e vá agora para o jurídico entregar isso aqui ao Alexandre!

ANA              —  Acontece, dona Cristina, que foi o seu Vicente que me pediu pra fazer isso e disse que é urgente.

CRISTINA     —  Tinha que ser o Vicente! Além de não estarmos mais dividindo a mesma cama, agora não vamos poder dividir a secretária.

Adriana chega abaladíssima.

ADRIANA     —  Oi, mãe.

CRISTINA     —  Filha? O que aconteceu?

ADRIANA     —  Eles estavam juntos de novo, mãe.

CRISTINA     —  Ai, filha, não fica assim. Vem, vamos conversar na minha sala.

As duas vão para a sala de Cris e Ana permanece ali sem entender nada.

ANA              —  (P/si) Eu hein! O que acabou de acontecer aqui, gente? Por que a menina chegou desse jeito? (Olha a pasta) E você vai ficar aí que agora eu estou fazendo uma coisa muito mais importante.

CORTA PARA:

CENA 21. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.

Flávia, Renata e Alfredo ali. Glória e Sol entram. 

GLÓRIA        —  Licença, gente. (Feliz) Alfredo já acordou! Que bom!!! 

RENATA       —  (Sussurra no ouvido de Flávia) É essa daí que eu disse!

Renata e Flávia a encarar Sol seriamente, Sol por sua vez sem saber, aonde enfiar a cara. Instantes. Climão. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 27º CAPÍTULO

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