PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ANA
ALFREDO
BRUNA
CARLITO
CRISTINA
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
JOÃO
JULIANA
KARINA
MARTA
MAZÉ
MIGUEL
PEDRO
RENATA
ROSANGELA
SOL
VICENTE
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
ARMANDO, RODRIGO.
CENA 01. UNIVERSIDADE NOVO RIO. SALA DE AULA. INT. DIA.
Algumas pessoas ao fundo. Karina e Adriana ali.
KARINA — Poxa, que chato, hein. Imagino como tá o clima entre esses irmãos.
ADRIANA — E o pior é que o Miguel saiu feito um louco pro estacionamento e eu não sei como ele está.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 02. UNIVERSIDADE NOVO RIO. PÁTIO. EXT. DIA.
Algumas pessoas ao fundo. Gael ali sentado pensativo, lágrimas estão escorrendo em seu rosto. INSERT da voz de Marta arrematando em off.
MARTA — (OFF) Ontem eu achei isso aqui dentro de casa… Será que você pode me explicar que coisas são essas? Você por acaso está roubando Gael?
Ele seca as lágrimas. Miguel se aproxima e arremata.
MIGUEL — Gael, nós precisamos conversar.
GAEL — (Levanta-se) Eu não tento nada pra conversar com você, Miguel.
Ele vai caminhando e Miguel o segura pelo braço e arremata.
MIGUEL — (Firme) Agora você vai me ouvir! Cansei de bancar o pacífico!
Fecha em Gael ali a encarar o irmão seriamente. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 03. RUA. BECO. EXT. DIA.
Continuação imediata da cena 23 do capítulo anterior.
ARMANDO — Mas você tá atrás do que exatamente?
CARLITO — Sei lá, cara. Qualquer coisa desde que dê uma boa grana.
ARMANDO — Eu não tenho nada pra você no momento. Mas vai lá em cima falar com o ratão máster que ele deve ter alguma coisa pra você
CARLITO — Beleza. Valeu, Armando.
ARMANDO — Valeu, cara.
Carlito sobe a escada e Armando permanece ali. Instantes. Suspense.
CORTA PARA:
CENA 04. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Redação quase vazia. Rosangela ali digitando a todo vapor. Alfredo vem.
ALFREDO — Rosangela, eu não acredito que você ainda está aí. Por que você não foi almoçar?
ROSANGELA — É que eu estou dando uns retoques na manchete.
ALFREDO — Deixa isso pra depois, Rosangela. Vamos almoçar.
ROSANGELA — Não, Alfredo. Eu tenho que terminar isso aqui antes de sair pra almoçar.
ALFREDO — Larga isso daí, Rosangela. Eu sou o editor chefe responsável pelo seu trabalho, então, se eu estou mandando você sair da frente desse computador… Obedeça!
ROSANGELA — Tudo bem chefia, eu vou almoçar.
ALFREDO — Melhor assim. Vem comigo que a gente precisa conversar.
Os dois saem da redação.
CORTA PARA:
CENA 05. BARRA SHOPPING. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA.
Local cheio. Flávia e Renata ali sentadas.
FLÁVIA — Mas agora chega de falar nos meus problemas e vamos focar mais em você.
RENATA — Eu?
FLÁVIA — É, você mesma. Como é que estão as coisas entre você e o Alfredo?
RENATA — Na mesma.
FLÁVIA — Ah, que isso amiga. Na última vez que nos encontramos você disse a mesma coisa.
RENATA — E pelo jeito vou continuar dizendo. Parece que o nosso casamento entrou numa rotina desgraçada que não muda nunca, sabe?
FLÁVIA — Sei. Sei bem como é isso.
RENATA — Às vezes eu paro pra pensar e fico indecisa se realmente o nosso casamento um dia vai sair dessa mesmice.
FLÁVIA — Mas amiga você tem que cobrar isso do Alfredo. Com homem a gente tem que ficar em cima porque se não a mudança nunca vem.
RENATA — E adianta alguma coisa? Eu já tentei falar com ele sobre isso.
FLÁVIA — E como foi a conversa?
RENATA — Como não foi, né? Ele me cortou falando algumas coisas da redação do jornal e disse que tava cansado.
FLÁVIA — Amiga, é triste te dizer isso, mas… Agora vai ser difícil reverter essa situação.
Fecha em Renata que meneia a cabeça concordando. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. DIA.
Bruna entra com um jovem.
BRUNA — Vem, João. Entra.
JOÃO — Você tem certeza que a sua mãe não vai encrencar, não?
BRUNA — Claro que não, João. Você tá aqui pra fazer um trabalho de escola.
JOÃO — Ah tá. Mas mesmo assim eu fico meio sem jeito.
BRUNA — (Grita) Mãe, cheguei! Estranho. Se ela tivesse em casa teria respondido. Vou perguntar a empregada. Fica à vontade.
Ela vai para a cozinha. João ali nervosíssimo se senta no sofá e fica ali olhando pro teto. Bruna vem por de trás dele e lhe dá um susto.
JOÃO — Ai, Bruna. Que susto você me deu.
BRUNA — (Sorrir) Desculpa, cara. Mas foi mais forte do que eu.
JOÃO — Me dá um susto danado e fica aí rindo.
BRUNA — Chorando é que eu não posso ficar, né?
JOÃO — E cadê a sua mãe?
BRUNA — A empregada disse que ela não voltou pra casa desde cedo quando me levou pra escola. Deve tá por aí com alguma amiga.
JOÃO — (Pega suas coisas) Então eu vou embora. A gente faz o trabalho outro dia.
BRUNA — (Pega no braço dele) Não. Nem pensar. Vem? Vamos fazer o trabalho no meu quarto.
Ela vai na frente e ele arremata.
JOÃO — (P/si, nervoso) Ai meu Jesus cristinho…
Ele vai atrás dela.
CORTA PARA:
CENA 07. LEBLON. RESTAURANTE CHIQUE. SALÃO. INT. DIA.
Clima sofisticado. CAM passeia pelo ambiente. Sol e Rodrigo ali almoçando.
SOL — Logo que você é tão disputado pelas ricas e milionárias, você não tem nenhuma foto de algum trabalho seu pra me mostrar não?
RODRIGO — (Disfarça) Não tenho não, minina. Sabe o que é? É que eu esqueci os meus materiais em casa. Quando você me ligou eu já estava aqui no Leblon resolvendo algumas coisas.
SOL — Ah tá. Mas como é que um designer sai de casa sem os seus materiais pra apresentar as futuras clientes?
RODRIGO — Sorry, Sol. Mas é que eu esqueci mesmo.
SOL — Não tem problema não. Desde que você traga algumas coisas pra eu dar uma olhada no nosso próximo encontro.
RODRIGO — Pode deixar que eu não vou esquecer.
SOL — Agora vamos tratar de uma coisa que interessa ambas as partes. O valor. Quanto você vai cobrar pelos seus serviços?
RODRIGO — Ai que horror, Sol! Do jeito que você tá falando até parece que eu estou aqui vendendo esse meu corpinho lindo e maravilhoso!
SOL — (Sorrir) Mas falando sério, Rodrigo. Quanto vai ser?
RODRIGO — Bom… Eu não posso cobrar pelas minhas obras de artes decorativas, sem antes dar uma butucadinha no local.
SOL — Butucadinha?
RODRIGO — É, sem antes ver o local. Eu tenho que conhecer tudo pra começar o projeto.
SOL — Então tá, daqui a pouco nós vamos.
CORTA PARA:
CENA 08. UNIVERSIDADE NOVO RIO. PÁTIO. EXT. DIA.
Continuação imediata da cena 02.
GAEL — Isso! Mostra a sua verdadeira face! Mostra! Já que eu sempre fui o péssimo exemplo da família, enquanto você sempre foi o santinho que todo mundo sempre idolatrou!
MIGUEL — Gael, pelo amor de Deus! Eu não estou aqui pra gente brigar ainda mais! Eu só quero ter uma conversa calma e serena com você!
GAEL — E você acha mesmo que eu quero conversar com vocês? Não! É óbvio que não! Você não sabe como eu me senti quando a dona Marta me acusou de ter roubado aquelas coisas! Eu me senti um lixo! Um lixo que eu me senti!
MIGUEL — Não fala assim, meu irmão. Vamos conversar.
GAEL — O que vocês fizeram comigo não tem conversa! Não quero nunca mais olhar na cara de vocês dois!
Gael vai andando.
MIGUEL — Depois não vá dizer por aí que está abandonado! Eu estou aqui de coração aberto pra te ajudar, me desculpar e você não quer me ouvir!
Ele nem dá bola e continua a caminhar. Miguel fica ali e respira fundo. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 9. LEBLON. RESTAURANTE CHIQUE. FRENTE. EXT. DIA.
Sol e Rodrigo saem do restaurante. Eles vão até o carro de Sol.
RODRIGO — A sua mansão no alto de três andares fica muito longe daqui?
SOL — Não. Cerca de dois quarteirões daqui.
RODRIGO — Então vamos a pé.
SOL — E meu carro vai ficar aqui? Não, senhor! Vamos de carro mesmo.
Os dois entram no carro que sai da vaga e vai se afastando. CAM mostra o carro de Alfredo se aproximando. O carro entra na mesa vaga que o carro se Sol estava. Alfredo e Rosangela saltam do carro.
ROSANGELA — É sério mesmo que vamos almoçar aqui?
ALFREDO — Sim, por que, não gostou?
ROSANGELA — Não é isso. É que esse restaurante aqui é chiquérrimo.
Os dois entram no restaurante. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. BARRA SHOPPING. ESTACIONAMENTO. EXT. DIA.
Flávia e Renata ali perto de seus carros.
RENATA — Ai, amiga. Gostei muito da nossa manhã de compras.
FLÁVIA — Eu também. Manhã que se estendeu até a tarde, né?
RENATA — (Sorrir) Verdade. (Olha p/relógio) Nossa! Olha a hora. Eu não fui buscar a Bruna.
Atenção Sonoplastia: Cel. de Renata notifica mensagem. Ela pega e lê.
RENATA — Ah, a Bruna já está em casa. Menos mal.
FLÁVIA — Eu como sei que o Murilo hoje tem aula de judô, nem corro. Só vou pegar ele às duas da tarde mesmo.
RENATA — Então tá amiga, eu vou lá.
FLÁVIA — Tá bom. E faça aquilo que eu te disse, hein. Fique em cima do Alfredo pra ele mudar. Caso contrário, vão continuar nessa mesmice.
RENATA — Pode deixar, amiga. Tchau.
FLÁVIA — Tchau.
As duas entram em seus carros, que dão a partida e se afastam.
CORTA PARA:
CENA 11. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali sentada. Cris sai de sua sala e arremata.
CRISTINA — E então, Ana? Conseguiu descobrir alguma coisa?
ANA — Ainda não, dona Cristina.
CRISTINA — Com ainda não? Eu te dei uma simples missão e você falhou comigo! Sabe como isso se chama? Incompetência!
ANA — Desculpe, dona Cristina. Mas é que não está sendo nada fácil descobrir isso.
CRISTINA — Não quero saber! Dê o seu jeito! Eu quero saber quem é esse cliente!
Vicente sai de sua sala.
VICENTE — Como assim, Cristina? Você está mandando a Ana me investigar?
Closes alternados em todos ali aflitos. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 12. LEBLON. RESTAURANTE CHIQUE. SALÃO. INT. DIA.
Alfredo e Rosangela almoçando.
ALFREDO — Rosangela, eu te chamei pra almoçar comigo por dois motivos. Um, antes de ser seu chefe, eu sou seu amigo e dois, eu me sinto na obrigação de te aconselhar.
ROSANGELA — (Não entende) Do que é que você tá falando, Alfredo?
ALFREDO — De você ficar trabalhando até tarde. Ontem mesmo eu soube eu você saiu da redação ás nove da noite.
ROSANGELA — Que isso, Alfredo? Você tá colocando alguém pra me vigiar, é?
ALFREDO — Não. Eu simplesmente perguntei ao porteiro do prédio do jornal e ele me disse.
ROSANGELA — O seu Zé é linguarudo demais, hein!
ALFREDO — A questão aqui não é a língua do seu Zé e sim você trabalhar demais. Você tem uma obsessão sinistra, Rosangela. Enquanto você não termina o que está fazendo, não sai da redação!
ROSANGELA — É a primeira vez que eu vejo um chefe reclamar de uma funcionária que dar o seu melhor pra empresa!
ALFREDO — Antes de começar, eu disse que antes de ser seu chefe eu sou seu amigo! Eu só quero te dar um toque, Rô. Eu gosto muito de ter você ali na redação como minha colega de trabalho! Mas se você continuar assim, sei lá…. As coisas podem começar a sair do controle! Essa sua obsessão pode deixar as coisas meio que estremecidas tanto no trabalho, quanto em casa com sua família.
Fecha em Rô ali refletindo. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. APART DE ALFREDO. QUARTO DE BRUNA. INT. DIA.
Os dois ali sentados na cama. Livros e cadernos estão ali sobre a cama.
BRUNA — Ai eu não consigo fazer isso!
JOÃO — Por que não, Bruna? Vamos lá, biologia é a coisa mais fácil do mundo.
BRUNA — Você diz isso porque gabarita as provas de biologia. Aliás, não só a de Biologia como as de todas as outras matérias.
JOÃO — Sabe o que você tem que fazer, Bruna? Pegar um livro, ler, reler, interpretar bem. Pesquisar na internet vídeos sobre o assunto. Pra quem não gosta de ler, os vídeos são uma ótima opção.
BRUNA — Vou ser bem sincera com você, João. Eu até tento, mas eu acho chato demais.
JOÃO — Aí fica difícil, né?
BRUNA — Olha isso aqui gente! (Lê) Reprodução assexuada. Mas o que quer dizer isso?
JOÃO — Reprodução assexuada, nada mais é do que a reprodução de seres vivos que não precisam de um parceiro para se reproduzir.
BRUNA — Mas então como se reproduzem?
JOÃO — Em geral, a reprodução se dá por simples divisão de uma célula em duas outras células, como no caso da ameba e das bactérias.
BRUNA — Nossa. Não entendi, mas tudo bem. Vamos focar aqui.
Ela se concentra em escrever e João fica a admirar ela e sorrindo. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. UNIVERSIDADE NOVO RIO. FACHADA. EXT. DIA.
Gael ali sentado pelo chão brincando com algumas pedrinhas. Pedro se aproxima.
PEDRO — Vi a sua conversa com seu irmão.
GAEL — Ótimo. Veio aqui pra me julgar também?
PEDRO — Não. Vim fazer uma coisa melhor, vim aqui conversar e dar conselhos!
GAEL — A mesma ladainha de sempre!
PEDRO — Não, não é ladainha. Eu sei que a sua família errou com você, mas se eles estão arrependidos e querendo se desculpar, eu não vejo porque não dar uma segunda chance a eles.
GAEL — “Não ver porque não dar uma segunda chance…”. Você fala isso porque não foi você que foi acusado pela própria mãe, a mulher que te colocou no mundo de ladrão!
PEDRO — Cara, eu posso imaginar que não deve ter sido nada fácil ouvir isso da sua mãe, mas você acha que guardar essa mágoa, esse rancor, é o certo a se fazer?
GAEL — Bom, se é o certo a se fazer eu não sei… Mas que eu estou morrendo de ódio deles eu estou!
PEDRO — Não fica assim não, amigo. Pense bem nos seus atos, pense bem se isso realmente vale a pena. A raiva, o ódio são sentimentos passageiros. Agora, a família não… A família é eterna!
Fecha em Gael ali pensativo, refletindo…. Instantes.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 15. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 11.
CRISTINA — Claro que não, Vicente! Eu só estava falando com a Ana pra ela descobrir quem é o cliente que andou difamando a nossa construtora!
VICENTE — Ah é? E que cliente é esse, Ana?
ANA — Eu ainda não sei, seu Vicente. Mas estou fazendo o possível pra descobrir quem é.
VICENTE — Como você ficou sabendo disso, Cristina?
CRISTINA — Foi a Na.! Ela foi até a minha sala e me contou que ouviu na copa alguns funcionários comentando sobre isso.
VICENTE — Ah sim. Agora se vocês me dão licença eu preciso ir ao jurídico.
Ele sai.
ANA — Essa foi por pouco, hein, dona Cristina!
CRISTINA — Pois é. Mas não deixe o Vicente te intimidar não. Continue a investigar ele.
Ela vai pra sua sala.
ANA — (P/si) Fala como se fosse fácil! (Sorrir) Com certeza tá sendo é chifruda e não sabe isso sim!
CORTA PARA:
CENA 16. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.
Sol e Rodrigo ali a admirar aquela linda paisagem do bairro do Leblon.
RODRIGO — Nossa. Avista aqui é linda mesmo.
SOL — Não falei? Não vejo logo a hora de acordar e vir pra cá com uma xícara de café e admirar essa linda vista.
RODRIGO — Hum… Agora você me deixou com inveja. Eu que queria fazer isso.
SOL — Mas você não pode, amore. Agora vamos falar de negócios. Você conheceu todo o tríplex e eu quero saber quanto tempo você demoraria pra montar toda a decoração dessa casa pra mim?
RODRIGO — Olha, Sol… Você obviamente já deve ter percebido que não vai ser uma coisa instantânea.
SOL — Sim, mas você pode me dar uma data específica?
RODRIGO — Como essa semana eu estou com a minha agenda livre, eu acho que consigo terminar todo o projeto até o fim da semana. Mas para terminar tudo em 100%. Eu precisaria de um mês, um mês e meio.
SOL — Até que não é um prazo muito ruim. Desde que você me apresente alguma coisa boa… Estará definitivamente contratado.
Eles apertam as mãos. Closes alternados nos dois se olhando.
CORTA PARA:
CENA 17. LEBLON. RESTAURANTE CHIQUE. SALÃO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 12.
ROSANGELA — Olha, Alfredo. Eu agradeço a sua preocupação, mas pode deixar que disso cuido eu!
ALFREDO — Sim, Rosangela, eu entendo. Eu só me senti na obrigação de conversar com você a respeito porque realmente isso pode se tornar insuportável pra sua família.
ROSANGELA — Bom, Alfredo. Logo que estamos almoçando juntos, vamos falar sobre a reportagem que eu estou redigindo. Você acha que eu deveria colocar mais alguma coisa?
ALFREDO — Desculpa, Rosangela, mas eu nem li o seu texto ainda. Sair da sala da alta cúpula e vim direto almoçar.
ROSANGELA — E eles falaram alguma coisa sobre o cargo de editor chefe?
ALFREDO — Ainda não. Mas pode ser que até o fim da semana eles digam quem será o promovido da vez.
ROSANGELA — Tomara que seja eu. Aquela Joana não pode roubar essa promoção de mim.
ALFREDO — Infelizmente são eles que escolhem. No caso, dependendo do resultado, você vai ter que aceitar!
ROSANGELA — Com todo respeito, Alfredo. Eu não aceito resultado diferente da minha promoção! Eu sou a pessoa que mais dar a vida, que mais dá o sangue naquela redação!
ALFREDO — Então torcemos para que eles percebam isso, né…
CORTA PARA:
CENA 18. BECO. EXT. DIA.
Armando ali. Carlito desce a escada.
ARMANDO — Pela demora conseguiu algum serviço, né?
CARLITO — Quem me dera. Ratão máster também não tinha nada pra mim.
ARMANDO — Caramba, e eu pensando que você tinha moral por ser… Você sabe o que.
CARLITO — Moral? Eu? Nunca! Ratão Máster é que manda!
ARMANDO — Mas pode fica tranquilo cara. Quando aparecer alguma coisa, eu te aviso.
CARLITO — Valeu, Armando.
ARMANDO — Valeu, meu chapa. Mas aqui, Carlito… Eu nunca conseguir entrar na casa do Ratão… Por que você acha que ele não deixa que eu saiba a verdadeira identidade dele?
CARLITO — Olha, cara. O Ratão ele é desse jeito mesmo, sabe? Não gosta muito de aparecer. Bom, agora eu preciso ir.
Carlito vai caminhando e Armando fica ali desconfiado.
CORTA PARA:
CENA 19. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Marta ali aliviada. Mazé vem do quarto.
MAZÉ — Pela cara vejo que tá calminha.
MARTA — E estou. O Miguel finalmente me ligou dizendo que está tudo bem com ele e com o Gael. Os dois estão na faculdade.
MAZÉ — Ai que bom, dona Marta. Pelo menos o Gael tá na faculdade e não por aí aprontando Deus lá sabe o quê.
MARTA — Verdade. Mas ainda tem um problema.
MAZÉ — (Olha p/CAM) Quando as coisas irem bem, desconfie! (P/Marta) Mas que problema é esse?
MARTA — O Miguel disse que procurou o irmão pra se desculpar, mas ele está irredutível!
MAZÉ — Mas isso já era de se esperar. Pelo temperamento do Gael a gente já imagina essas coisas.
MARTA — A única coisa que está me deixando preocupada agora é isso. O Gael nunca vai nos perdoar pelo que aconteceu. Eu conheço bem o filho que eu botei no mundo.
CORTA PARA:
CENA 20. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.
Glória ali vestida com roupão, deitada na cama a comer chocolates. Sol chega da rua.
SOL — Bonito, dona Glória. Só aí com a perninha pro alto comendo chocolate suíço, né?
GLÓRIA — Claro! Não há nada melhor do que essa vida! E como é que foi lá com o tal designer?
SOL — Um desastre. Eu não senti firmeza nele não, mas vamos ver em que bicho vai dar.
GLÓRIA — Eu queria ter ido, mas eu preferi ficar aqui e curtir esse quarto.
SOL — Acredite, mamãe. Foi a melhor escolha que a senhora fez.
GLÓRIA — Mas o designer era tão ruim assim?
SOL — Não é que ele era ruim é que ele não é aquilo que eu imaginava ser. E o look do viado então…. Brega demais!
GLÓRIA — É viado, é?
SOL — É, mas ele é gente boa.
GLÓRIA — Todo gay é gente boa. Eu mesmo conheci um casal lá em São Paulo.
SOL — Pois é, mamãe. Agora largando a vida dos outros, quem vai se deliciar naquela banheira agora sou eu!
Ela vai pra suíte com a mãe arrematando.
GLÓRIA — Vai lá filha, você não vai se arrepender!
Glória fica ali a se deliciar com o chocolate suíço.
CORTA PARA:
CENA 21. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. DIA.
Renata chega da rua.
RENATA — Filha, cheguei! Filha?
Atenção Sonoplastia: Ouve-se risadas em off.
RENATA — (P/si) A Bruna tá com alguém aqui?
Ela vai para o quarto.
CORTA PARA:
CENA 22. APART DE RENATA. CORREDOR. INT. DIA.
Ela vem andando devagar e para atrás da porta.
JOÃO — (OFF) Quer aprender mais sobre reprodução?
BRUNA — (OFF) Claro. Você fez isso ficar divertido e interessante.
Renata abre a boca de espanto, horror e logo entra no quarto da filha.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 23. APART DE RENATA. QUARTO DE BRUNA. INT. DIA.
Bruna e João ali sentados na cama. Renata em pé já arrematando.
RENATA — (Firme) Posso saber o que é que está acontecendo aqui?
Closes alternados nos três. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 24. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Carlito chega da rua com o saco preto.
CARLITO — (Chama) Filha? Filha, tá em casa? (P/si) Deve ter terminado a faxina e saiu pra algum lugar.
Ele deixa o saco preto ali e vai para a cozinha. Juliana vem do quarto e vê o saco ali e arremata.
JULIANA — (P/si) Ué! Esse não era o saco que o pai tinha saído com ele?
Ela se aproxima do saco e o abre, tira de lá uma máscara de rato. Carlito vem da cozinha comendo e logo fica sério.
JULIANA — O que uma máscara de rato faz dentro desse saco, pai?
Fecha em Carlito ali a olhar para a filha. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 12º CAPÍTULO