PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ALFREDO
ANA
BRUNA
CARLITO
CRISTINA
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
JANDIRA
JOÃO
JOANA
JULIANA
KARINA
MARTA
MAZÉ
MIGUEL
RENATA
RICARDO
ROSANGELA
SOL
VICENTE
CENA 01. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Mesmo climão no ar…
GLÓRIA — Que bom que você tá consciente, Alfredo! Você não sabe o quanto eu fico feliz em te ver assim.
ALFREDO — Obrigado, Glória! Aliás, obrigado a vocês duas. Se não fossem vocês ali passando naquele momento só Deus sabe o que teria acontecido comigo!
RENATA — (Se aproxima de Alfredo e o abraça) Mas o que importa agora é que você está melhor, né, meu bem?
ALFREDO — (Sem graça) É. (P/Sol) Quanto tempo, Sol! Como você está?
SOL — Tô bem graças a Deus.
ALFREDO — Que bom!
Alfredo e Sol trocam olhares por um instante.
RENATA — Agora eu acho melhor sairmos porque o Alfredo precisa descansar.
GLÓRIA — Mas o doutor disse que ele está em excelentes condições de receber visitas.
RENATA — É, mas esses médios não sabem de nada. Agora vamos saindo.
ALFREDO — Espera! Na verdade, eu quero que você e a Flávia saiam deste quarto!
RENATA — Como assim, Alfredo? Você está nos expulsando daqui?
ALFREDO — Não é isso. É que eu acho que quatro visitas dentro desse quarto já é demais! E além do mais, eu quero conversar com a dona Glória e a Sol. Faz tantos anos que a gente não se via.
Reação de Renata passada ao que acabou de ouvir.
FLÁVIA — Vamos, amiga.
Flávia tira Renata ainda passada do quarto. Closes alternados nos três ali sem graça. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 02. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.
Cristina e Adriana ali sentadas conversando.
CRISTINA — Então quer dizer que os dois continuam muito próximos?
ADRIANA — É. Só de olhar ela ali praticamente se jogando pra cima do meu noivo eu fico furiosa!
CRISTINA — Calma, filha. Calma que o que é dessa tal de Karina tá guardado.
ADRIANA — Como assim?
CRISTINA — Eu criei o plano perfeito.
ADRIANA — (Interessada) Ah é? E que plano é esse?
CRISTINA — Se a Marta fizer tudo como eu planejei… Essa garota vai querer distância do Miguel e vocês dois vão voltar a ser o que era antes!
ADRIANA — Tá, mas que plano é esse, mãe?
CRISTINA — Eu ainda não posso te contar.
ADRIANA — Mas por que não?
CRISTINA — Porque eu quero que tudo seja uma surpresa pra você! Escuta o que eu tô te falando minha filha… Se a Marta, mãe do Miguel fizer tudo como eu mandei… Ele será seu novamente!
ADRIANA — (Sorrindo) Não vejo a hora disso acontecer!
Fecha em Cristina ali maquiavélica. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 03. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Renata e Flávia vêm do quarto.
RENATA — Você viu como ele me tratou, Flávia?
FLÁVIA — Calma, Renata. Calma.
RENATA — Calma nada! O Alfredo tem alguma ligação com essas duas que eu não sei o que é, mas eu vou descobrir!
FLÁVIA — Não adianta nada você ficar aí pensando em várias coisas, sendo que nem pode ser nada demais!
RENATA — “Nada demais”… O meu marido me expulsou do quarto dele por causa daquelas duas lá e você me diz que não é nada demais?! Cadê a minha amiga que sempre me apoiava em tudo?
FLÁVIA — A sua amiga ainda está aqui! Agora, eu não posso dar corda pra você continuar alimentando essa suspeita que nem sabe se existe!
RENATA — Existe! Claro que existe! Eu conheço o meu marido! Alguma coisa essa Sol e ele tiveram no passado e ele não me contou! A mãe dela disse que eles são velhos conhecidos!
FLÁVIA — Então, você não tem o que temer!
Fecha em Renata grilada. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Marta vem da cozinha e se senta no sofá. Mazé vem logo depois arrematando.
MAZÉ — Dona, Marta… A senhora não vai acreditar!
MARTA — O que é, Mazé? O que aconteceu?
MAZÉ — Nós fizemos a lista e agora que eu vi que esquecemos do azeite!
MARTA — Ah não! Eu que não vou voltar ao mercado! Calor dos infernos! Eu que não quero sair na rua.
MAZÉ — Então depois a senhora me dá o dinheiro e eu vou comprar.
MARTA — É, tem que comprar mesmo. O Gael não come se não tiver azeite.
MAZÉ — Pois é. Eita menino viciado em azeite.
MARTA — Então tá, Mazé. Depois você resolve essa questão do azeite aí… Eu vou é tomar um banho!
Marta já dirigindo-se ao banheiro, quando Mazé a interrompe.
MAZÉ — Ah, dona Marta… A senhora viu que tinha uma mulher lá em baixo?
MARTA — Mulher? Que mulher?
MAZÉ — Não sei. Nunca vi mais gorda. Só sei que ela tava olhando pra gente.
MARTA — Estranho.
MAZÉ — Pois é. Agora vou terminar o almoço.
Mazé vai para a cozinha e Marta fica ali intrigada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 05. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Alfredo sentado. Glória ali ao lado dele. Sol de costas olhando pela janela.
ALFREDO — Enfim… Eu só me lembro disso.
GLÓRIA — Nossa! Imagino o quanto deve ter sido difícil pra você.
ALFREDO — É muito difícil terminar um relacionamento, dona Glória.
Ele olha para sol. CAM mostra a reação de Sol.
GLÓRIA — Imagino!
SOL — Mãe, eu acho que nós temos que ir!
ALFREDO — Mas já? Vocês mal chegaram?
SOL — É que nós vamos ver o projeto da decoração do nosso apartamento.
ALFREDO — Ah, então vocês duas vão ficar no Rio?
SOL — Vamos.
GLÓRIA — Pois é. A Sol conseguiu me convencer a sair daquela mansão no Morumbi.
ALFREDO — Nossa! Então a Sol conseguiu fazer milagre, hein! Eu sempre pensei que a senhora nunca iria sair daquela casa. Principalmente depois que o seu Silvestre nos deixou.
GLÓRIA — Eu também achava isso. Mas a Sol me fez mudar de pensamento.
ALFREDO — E como é que vai a vida, Sol? E a família?
Sol fica sem resposta.
GLÓRIA — É que a Sol não se casou.
ALFREDO — Ah não?
SOL — É. Eu acho que nunca encontrei a pessoa certa para me casar.
ALFREDO — Ah que isso, Sol? Eu tenho certeza que você sempre foi muito paquerada.
SOL — Muito obrigado pelo elogio, Alfredo. (Puxando a mãe) Agora a gente precisa ir, né, mãe.
GLÓRIA — Calma, menina! Por que você tá me puxando desse jeito? Tchau, Alfredo!
ALFREDO — (Sorrindo) Tchau, Glória. (P/si) Se passaram vinte anos e a Sol continua a mesma.
CORTA PARA:
CENA 06. HOSPITAL CRISJUDAS. FRENTE. EXT. DIA.
Sol e Glória saindo do hospital.
GLÓRIA — Nossa! Você viu a cara com que a mulher do Alfredo nos olhou agora na recepção?
SOL — Mãe, por que a senhora teve que abrir a minha vida pro Alfredo?
GLÓRIA — Como assim, filha?
SOL — Por que a senhora teve que dizer que eu não me casei?
GLÓRIA — E você queria que eu fizesse o quê? Que eu deixasse no ar a pergunta dele?
SOL — Claro! O quanto menos ele saber da minha vida é melhor!
GLÓRIA — Eu não tô te entendendo, Solange! Você não ama o Alfredo?
SOL — Amava! O cara tem até família! Eu tenho que largar isso e seguir em frente!
GLÓRIA — Tá pensando que eu não vi o jeito como vocês se olharam naquele quarto não, é? Tava na cara que ele ainda gosta de você!
SOL — Não interessa! Ele gostando de mim ou não acabou! O que aconteceu no passado, fica no passado! Agora vamos que a Karina tá esperando.
As duas entram no carro que dá a partida e se afasta. CAM mostra Flávia que está boquiaberta ao beber água em uma garrafinha.
FLÁVIA — (P/si) Nossa! Babado forte! Bem que a Renata falou… E não é que ela tinha razão?!
CORTA PARA:
CENA 07. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali a digitar no computador, a pasta do capítulo anterior ainda ali sobre a mesa. Ricardo sai de sua sala com uns documentos em mãos.
RICARDO — Eu preciso que a Cristina assine esses documentos aqui… Será que ela pode me atender?
ANA — Ih… Chegou tarde demais! A filha dela chegou aí com uma cara…
RICARDO — Mas o que aconteceu?
ANA — Sei lá. Ela disse: “eles estavam juntos de novo”…
RICARDO — Então depois eu falo com ela.
Ricardo já vai indo em direção ao elevador.
ANA — Ah, Ricardo… Eu queria te perguntar uma coisa.
RICARDO — O quê?
ANA — Não rola aquele maravilhoso almoço no restaurante finérrimo que você me levou naquele dia não?
RICARDO — Que isso? Mas que audácia é essa? Você sabe muito bem que o seu VA não dá para aquele restaurante.
ANA — Eu sei! Mas aí eu pensei que você poderia ser um cavalheiro e me convidar.
RICARDO — Você está se convidando, né?
ANA — E então, o que você me diz?
RICARDO — Não sei não! Vou pensar no seu caso!
Ricardo desce pelo elevador.
ANA — (P/si) Eu tenho que ir naquele restaurante de bacana de novo. Nunca comi tão bem quanto naquele dia. Mas eu preciso encontrar alguma alma caridosa pra pagar porque meu VA do mês inteiro vai pelo ralo em um dia naquele restaurante.
CORTA PARA:
CENA 08. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.
Bruna chega da escola.
BRUNA — (Chama) Mãe? Mãe? (P/si) Não deve tá em casa!
Ela se senta no sofá e pega o cel. Ouve a mensagem de voz da mãe.
RENATA — (OFF) Filha, não repare eu não estar em casa quando você chegar, porque eu fui para o hospital desde que te levei pra escola e tô aqui até agora. Seu pai tá bem. Ele já acordou. Beijos!
BRUNA — (P/si) Por que ela não ligou avisando antes que eu teria ido direto pra lá!?
A campainha toca.
BRUNA — Quem será agora, hein?
Ela vai atender a porta e a abre. João ali seríssimo.
BRUNA — João? O que você tá fazendo aqui?
Ele sério, entra e ela fecha a porta.
JOÃO — Por que você contou pra escola toda que seu pai sofreu um acidente e eu soube pela boca dos outros?
BRUNA — Calma, João! Eu só esqueci de comentar com você!
JOÃO — (Firme) Ah, esqueceu, é? Você lembrou de comentar com a Barbara patricinha, com o Lucas galã que só te despreza e eu que sou seu amigo você esqueceu de comentar?
BRUNA — Desculpa, João!
Fecha em João ainda indignado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. PRÉDIO DO TRÍPLEX DE SOL. FRENTE. EXT. DIA.
Carro de Gael se aproximando. Ele para, Miguel e Karina saltam do carro.
KARINA — Obrigado pela carona, hein, Gael!
GAEL — Que isso? Precisando é só falar. Juízo vocês dois, hein!
MIGUEL — Valeu, cara.
Ele dá a partida e o carro se afasta.
KARINA — Então vocês dois voltaram as boas e você nada de me falar isso, né?
MIGUEL — O Gael é muito confuso. Segundo ele, nós dois ainda estamos meio que brigados, mas como ele tá falando comigo, me dando até carona, eu acho que o que aconteceu ficou pra trás.
KARINA — Que bom. Vocês dois são maravilhosos juntos. Não poderiam continuar sem se falar por causa de uma briga boba.
MIGUEL — Mas você sabe muito bem que as coisas aconteceram desse jeito porque o Gael que ficou de palhaçada.
KARINA — É, mas agora o que importa é que vocês dois estão de boa.
MIGUEL — É. Será que essa mulher vai demorar muito?
KARINA — Não Sei. Vou mandar mensagem pra ela aqui.
Ela pega o cel. e começa a digitar
MIGUEL — Então vamos ficar ali na portaria porque aqui no Rio uma pessoa com o celular é assalto na certa!
Eles entram para a portaria do prédio.
CORTA PARA:
CENA 10. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Juliana ali sentada mexendo no cel. Carlito chega da rua com o saco plástico preto.
CARLITO — Oi, filha.
JULIANA — Oi, pai.
CARLITO — Tá mais calma agora?
JULIANA — Sim. Inclusive eu queria pedir desculpas por ter expulsado o senhor do quarto.
CARLITO — Tudo bem, filha. Apesar de ser uma coisa que eu pensei que você nunca faria. Eu acho que passei dos limites entrando sem bater.
JULIANA — Então tá. Eu acho que nós dois passamos um pouco do limite.
CARLITO — É, pode ser.
JULIANA — (Repara o saco plástico) Que saco plástico é esse, pai? Essa não é a primeira vez que eu vejo o senhor com esse saco preto.
CARLITO — Não é nada não, minha filha. Isso aqui são umas coisas minhas.
JULIANA — Ah sim. Mas que coisas?
CARLITO — (Nervoso) Isso aqui é… Isso aqui é um produto que eu comprei para matar cupim. Sua mãe não te disse que os cupins estão quase tomando conta do nosso quarto?
JULIANA — Não.
CARLITO — Mas é isso. É um produto para matar cupim. Agora eu vou tomar um banho para refrescar que o calor hoje tá de matar.
Ele vai para o quarto. Fecha em Juliana ali desconfiadíssima. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.
Vicente ali a trabalhar no notebook. Adriana entra.
ADRIANA — Pai?
VICENTE — Oi, minha filha. Que surpresa boa.
ADRIANA — É, eu vim ver como vão as coisas aqui.
VICENTE — Vão bem graças a Deus. Pelo menos a empresa da família tem que funcionar, porque o casamento, prefiro nem comentar.
ADRIANA — Ah, pai, que isso? E eu vim aqui também pra trazer as suas roupas. Estão lá no carro.
VICENTE — Ai, filha, muito obrigado mesmo. Você me fez um grande favor. Não quero mais ter que voltar àquele apartamento.
ADRIANA — Mas por que, pai? Não é por causa da dona Cristina porque vocês trabalham juntos e querendo ou não. Um tem que olhar pra cara do outro.
VICENTE — Sim, filha… São coisas que eu acho que você não entenderia.
ADRIANA — Então tá bom.
VICENTE — E como é que você tá, filha?
ADRIANA — Bom, pai… Bem, bem não tem como estar com aquela zinha toda hora em cima do meu noivo, mas a gente vai vivendo, né?
Fecha em Vicente que meneia a cabeça concordando.
CORTA PARA:
CENA 12. PRÉDIO DO TRÍPLEX DE SOL. FRENTE. EXT. DIA.
Miguel e Karina ali sentados. CAM mostra carro de Sol se aproximando. Sol e Glória saltam do carro.
SOL — Oi, gente. Desculpe pela demora.
KARINA — Que isso, Sol? Não tem problema não.
GLÓRIA — O que uma pessoa não diz pra não perder o dinheiro, né?
SOL — Ai, mamãe, pelo amor de Deus! Não começa não!
Sol olha para Miguel e os dois com os olhares “eu te conheço”.
SOL — Pera aí. Você não é…
MIGUEL — Você é a mulher da praia.
SOL — Sim, sou eu. Então você deve ser o que eu conheci primeiro. Porque ouve um mal-entendido na praia com o outro, que pelo jeito é seu irmão.
MIGUEL — Ah sim. Então você já conheceu o Gael?
SOL — Isso. Gael.
GLÓRIA — Legal que todo mundo conhece todo mundo! Agora que tal se nós entrarmos para ver se essa menina nos trouxe alguma coisa que realmente valha a pena?!
SOL — Tá bom, mãe! Como a sem hora quiser. Vamos, gente.
Todos entram no prédio. Sol faz careta para a mãe e Miguel sorrir.
CORTA PARA:
CENA 13. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Alfredo ali sentado na cama pensativo. Renata entra.
RENATA — (Firme, séria) Tá legal, Alfredo. Agora que só estamos nós dois aqui dentro deste quarto. Eu quero uma explicação! O que é que foi aquilo? Você me expulsou do quarto por causa daquelas duas! O que você tá escondendo de mim?
Fecha em Alfredo não dando a mínima pra ela. Instantes.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 14. HOSPITAL CRIJUDAS. QUARTO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena anterior.
ALFREDO — Olha só, Renata. Nós estamos dentro de um hospital. Eu que não vou perder o meu precioso tempo com você. Eu já falei que a Sol e a Glória são antigas conhecidas. Agora, se você quiser acreditar, acredite…Se não quiser… O problema é seu!
RENATA — Tudo bem, Alfredo. Tudo bem. Você tá pensando que eu não sei que você tá fazendo isso de propósito não?
ALFREDO — Como assim, Renata?
RENATA — Não se faça de desentendido não! Eu sei muito bem que você tá agindo desse jeito pra se vingar de mim! Se vingar pelo tempo que estamos dando na nossa relação!
ALFREDO — De onde é que você tirou isso?
RENATA — Agora tá querendo insinuar o quê? Que eu sou maluca?
ALFREDO — Eu não tô querendo insinuar nada! Você é que está interpretando o que as pessoas falam com você errado!
RENATA — Tá bom, Alfredo! Então é isso, né? A nossa relação chegou ao ponto que chegou por minha causa então!
Ela sai do quarto rapidamente.
ALFREDO — (P/si) Eu hein! Mulher maluca! Não pode falar nada que já vem com sete pedras na mão!
CORTA PARA:
CENA 15. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Rosangela sentada a sua mesa. CAM mostra Joana olhando ela e sorrindo. Rosangela percebe estar sendo encarada e olha pra ela.
ROSANGELA — (P/si) Era só o que me faltava! Agora essa zinha aí ficar no meu pé!
Atenção Sonoplastia: notebook notifica mensagem.
CAM detalha a tela do notebook. Rô clica na mensagem que é de Joana e diz o seguinte:
ROSANGELA — (Lê) Ficar com o cargo do Alfredo agora que ele tá doente é mole! Quero ver conseguir essa promoção sem se beneficiar da desgraça alheia.
Rô a encarar Joana, que sorrir debochadamente.
ROSANGELA —(P/si) Agora essa mulher passou dos limites!
Rô se levanta e vai até a mesa de Joana. Apesar de estar com raiva, Rô fala serenamente e ninguém percebe a conversa das duas.
ROSANGELA —Quem você pensa que é garota pra ficar insinuando coisas ao meu respeito?
JOANA — (Cínica) Eu? Eu não insinuei nada.
ROSANGELA —Ah não? E o que foi aquele e-mail então?
JOANA — Ali eu simplesmente digitei verdades e te enviei!
ROSANGELA —É… Pois então fique sabendo que o pessoal da diretoria vai saber que você anda “dizendo verdades” e enviando pras pessoas no e-mail corporativo.
Rô sai da redação.
JOANA — (P/si) Ela não teria coragem de fazer isso! (Grilada) Teria?
Ela sai apressadamente da redação atrás de Rô.
CORTA PARA:
CENA 16. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME DE ESTAR. INT. DIA.
Sol, Glória, Karina e Miguel vindo da cozinha. Karina com o notebook em mãos.
SOL — Nossa, Karina! Eu sinceramente tô surpresa com o projeto. Eu nunca teria pensado nisso.
KARINA — Que bom que você gostou, Sol! Eu fiquei trabalhando nesse projeto o fim de semana inteirinho!
MIGUEL — Ah é… Ela até rejeitou dar uma volta comigo por causa do projeto.
GLÓRIA — Já eu acho que não é nada demais.
SOL — Como que a senhora pode dizer uma coisa dessas, mamãe? O projeto está maravilhoso! Eu acho que nem se contratássemos um profissional, ele não teria tantas ideias boas quanto as da Karina!
GLÓRIA — Não sei não! Talvez o Rodrigo teria apresentado outras coisas.
KARINA — A senhora não gostou, dona Glória? Porque se não gostou não tem problema nenhum! Eu posso alterar o projeto pra ficar do agrado das duas!
SOL — Não vai alterar nada não, Karina! O projeto tá maravilhoso! Não liga pra esse jeito ranzinza da mamãe não!
GLÓRIA — (Indignada) Ainda tem a audácia de me chamar de ranzinza na cara!
KARINA — Bom, gente. Agora olhem aqui o que eu pensei para a sala de estar.
Todos olham para o notebook. CAM detalha a tela do notebook com o projeto da sala de estar em 3D.
SOL — Ai, adorei o que você vai fazer aqui. Nossa! Ficou incrível! Olha as cortinas que lindas!
KARINA — Aqui na sala de estar eu pensei em colocar umas cortinas mais fininhas, transparentes até para o ambiente ficar mais claro, mais vivo. (Aponta p/Notebook) E como você pode ver aqui ó…
Eles continuam a conversar fora de áudio. Glória séria sem dizer nada. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 17. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.
Bruna e João ali sentados.
JOÃO — Então o seu pai sofreu um acidente depois de discutir com a sua mãe?
BRUNA — Foi. Agora o que mais me preocupa é saber o que vai acontecer.
JOÃO — Como assim?
BRUNA — Porque eu não sei se depois de tudo meu pai vai querer voltar pra casa.
JOÃO — Mas ele iria pra onde? Você mesma me contou que os familiares do seu pai moram em São Paulo.
BRUNA — Pois é. Mas depois da aparição de uma tal de Sol aí, eu não sei o que pode acontecer.
JOÃO — Quem é Sol?
BRUNA — Assim diz ela e a mãe dela que são velhas conhecidas do meu pai na época em que ele morava em São Paulo. Mas eu tenho uma drástica desconfiança de que eles não foram só conhecidos não.
JOÃO — Pera aí… Você tá querendo dizer que seu pai pode ter namorado com essa mulher?
Ela meneia a cabeça que sim. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.
Jandira ali bebendo um uísque na garrafa mesmo. Flávia chega da rua.
FLÁVIA — Ah… Tá em casa, é?
JANDIRA — (Sarcasmo) Não! Isso aqui é uma estátua de cera minha. Veja se não é realista.
FLÁVIA — Pensei que depois daquela nossa conversa a senhora não apareceria tão cedo.
JANDIRA — Acontece que assim que eu voltei o porteiro Zé me disse que você saiu. Aí eu subi.
FLÁVIA — Ah sim… Então não queria dar de cara comigo?
JANDIRA — Sinceramente não! E sabe por quê? Porque eu não consigo entender como você pode acobertar as safadezas do Vicente.
FLÁVIA — Tá bom, mãe. Eu pensei bastante no que a senhora me falou.
JANDIRA — E…?
FLÁVIA — E o quê?
JANDIRA — Se você pensou bastante, deve ter tomado uma decisão!
FLÁVIA — Não. Só pensei bastante mesmo! Com licença!
Ela vai para o quarto.
JANDIRA — (P/si) Depois que essa bomba estourar aí não diga que eu não avisei!
CORTA PARA:
CENA 19. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Marta ali sentada. Mazé colocando a mesa do almoço. Gael chega da rua.
GAEL — Oi, Mazé. Dona Marta.
MARTA — Oi, meu filho.
MAZÉ — Estudou bastante hoje, Gael?
GAEL — É. Bastante. O pior de tudo agora é como eu vou conseguir um estágio!
MARTA — Bem que a Adriana poderia conversar com os pais dela pra você estagiar na construtora deles. Você está cursando engenharia civil mesmo.
GAEL — Pois é, dona Marta. Isso seria maravilhoso se a Adriana ainda fizesse parte dessa família.
MARTA — Ela ainda faz parte dessa família! Isso dela com o Miguel é passageiro. Em falar no seu irmão… Onde que ele tá?
GAEL — Ele ficou com a Karina num prédio aqui no bairro mesmo. É que ela tá fazendo o projeto do tríplex de uma mulher.
MAZÉ — (Impressionada) Nossa! Um tríplex? Essa mulher deve ter dinheiro mesmo. Ricaça.
MARTA — (Soberba) Meu amor, se eu quisesse poderia ter dois tríplex.
GAEL — Pra que uma pessoa precisa de dois tríplex, gente?
MAZÉ — É, um só já deve ser enorme.
GAEL — Sabe o que é isso, Mazé? É pra falar que tem!
Mazé sorrir e ele vai para o quarto com Marta arrematando.
MARTA — Tenho mesmo, meu amor! Seu pai me deixou muito bem para o seu governo! Prova disso é a faculdade caríssima que você e seu irmão estão cursando. (Percebe Mazé ainda rindo) E você tá rindo de que, Mazé? Vá terminar de arrumar essa mesa que eu quero almoçar.
MAZÉ — Desculpe, dona Marta!
Mazé vai para a cozinha.
MARTA — (P/si) Cada vez mais próximos esses dois. Mas isso está com os dias contados! Assim que eu puser o meu plano em prática. Essa Karina nunca mais vai querer chegar perto do Miguel.
Ela fica ali sorrindo malignamente. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 28º CAPÍTULO