PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ANA
ALFREDO
BRUNA
CARLITO
CRISTINA
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
JANDIRA
JOÃO
JULIANA
KARINA
MIGUEL
RENATA
ROSANGELA
SOL
VICENTE
CENA 01. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
JULIANA — Me responda, pai! O que essa máscara está fazendo neste saco?
CARLITO — Eu comprei essa máscara, tá!?
JULIANA — Mas por que o senhor compraria uma máscara de rato? Isso não faz o mínimo sentido.
CARLITO — É que eu passei por uma loja e vi ela bem baratinho e não resisti. Estou me preparando pro carnaval.
JULIANA — Tá, mas o senhor sabe que o carnaval está longe, né? Só ano que vem.
CARLITO — Eu sei. Mas nunca é demais se preparar.
JULIANA — Muito estranho o senhor comprar essa máscara.
CARLITO — Estranho por quê? Vocês mulheres vivem fazendo isso, quando é um homem que faz é estranho…! Por quê?
JULIANA — Nada não, pai. Deixa pra lá.
CARLITO — (Firme) Não! Agora eu quero que você me explique porque é estranho. Vocês não podem ver uma promoçãozinha que logo gasta e na maioria das vezes, com coisas inúteis. Agora, eu não posso comprar uma simples máscara que pra você se torna estranho? Ah, faça-me o favor, né, Juliana!
Ele pega a máscara e o saco e vai para o quarto. Juliana respira fundo. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 02. APART DE RENATA. QUARTO DE BRUNA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 23 do capítulo anterior.
RENATA — O que você está fazendo dentro desse quarto com um menino, Bruna?!
BRUNA — Mãe, calma que não é nada disso que a senhora está pensando!
RENATA — Ah não? Você me traz esse garoto pra dentro de casa sem pedir, me traz ele pra dentro do seu quarto com a porta fechada, e não é nada disso que eu estou pensando? É o que então?
BRUNA — Desculpa, mãe. Eu não pensei bem e chamei o João para vir fazer o trabalho aqui no meu quarto.
RENATA — Custava vocês fazerem esse trabalho na sala, minha filha?
BRUNA — Desculpa, mãe. Eu não pensei nisso.
RENATA — Se seu pai descobre uma coisa dessas é capaz dele surtar.
BRUNA — A senhora não vai contar nada para ele não, né?
RENATA — Não. Mas vão fazer esse trabalho na sala pelo amor de Deus! Agora!
Os dois juntam as coisas rapidamente e saem do quarto. Renata sai logo atrás.
CORTA PARA:
CENA 03. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Redação cheia, todos ali focados no trabalho. Alfredo e Rosangela chegam da rua.
ROSANGELA — Obrigada pelo almoço, Alfredo.
ALFREDO — De nada. Pensa naquilo que eu te falei com carinho.
ROSANGELA — Pode deixar que eu vou fazer isso.
ALFREDO — É pra fazer mesmo, hein! Tá com cara de quem está falando isso da boca pra fora!
ROSANGELA — Não. Pode ter certeza de que eu vou pensar com carinho.
ALFREDO — Pense mesmo. Família em primeiro lugar, depois vem o trabalho.
Ele vai pra sua mesa e ela permanece ali pensativa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali a trabalhar. Cris sai de sua sala.
CRISTINA — Ana, eu tenho um plano. Vou chamar o Vicente pra almoçar comigo e aí você aproveita e dá uma olhada na sala dele pra ver se acha alguma coisa.
ANA — Ai, dona Cristina… Será que isso vai dar certo?
CRISTINA — Claro que vai! É só você não deixar ninguém te ver, pode ser?
ANA — Pode, né!
CRISTINA — Que isso? Não gostei nada do seu tom.
ANA — Desculpe, dona Cristina.
Cristina a encara seriamente por um instante, depois entra na sala de Vicente.
CORTA PARA:
CENA 05. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.
Vicente ali trabalhando. Cris em pé diante dele já arrematando.
CRISTINA — Eu andei pensando e vi que nós nunca mais almoçamos juntos.
VICENTE — Que conversa é essa agora, Cristina? Você sempre corre pra almoçar o mais longe possível de mim!
CRISTINA — Que isso, Centezinho? Eu só não almocei mais com você porque esses dias eu tenho andando naqueles dias.
VICENTE — (Debocha) Você ainda tem isso?
CRISTINA — Claro que tenho! Do jeito que você fala até parece que eu sou tão velha assim. Meu amor, eu sou uma quarentona bem enxuta, tá?
VICENTE — Tá bom, Cristina. Você veio aqui pra falar do tal almoço ou pra ficar aí se achando?
CRISTINA — Não tô me achando! Estou apenas falando a verdade.
VICENTE — Nossa! A modéstia passou longe.
CRISTINA — Antes que nós comecemos a discutir, você aceita ou não ir almoçar comigo?
VICENTE — Tá bom, vamos.
Os dois saem da sala.
CORTA PARA:
CENA 06. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali trabalhando. Vicente e Cris saem de sua sala.
CRISTINA — Vai na frente e tira o carro da vaga que eu já tô descendo.
VICENTE — E por que não desce comigo?
CRISTINA — É que eu tenho que dar algumas ordens a Ana antes de sair pro almoço.
VICENTE — Ah, tá.
Ele chama o elevador e entra.
CRISTINA — Escute, Ana. Nós vamos ficar uma hora fora. Então faça o que tem que ser feito antes que nós cheguemos.
ANA — Pode deixar, dona Cristina.
Ela vai até o elevador e o chama.
CRISTINA — Pronto. Agora tenho que esperar ele chegar na garagem pra descer.
Fecha em Ana que volta ao trabalho.
CORTA PARA:
CENA 07. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. DIA.
Bruna e João ali fazendo o trabalho. Renata vem do quarto.
RENATA — Desculpa, garoto. Com toda essa confusão eu nem falei com você.
JOÃO — Não, senhora. Tudo bem. Eu não queria ir pro quarto justamente pra não dar esse problema.
BRUNA — Que fique registrado aqui que eu não puxei ele pro quarto!
RENATA — Você pode vir quantas vezes quiser. Só de olhar pra você eu tô vendo que você é uma belíssima influência pra minha filha, que anda ultimamente meio isolada.
BRUNA — Mãe! Pelo amor de Deus! Não nos atrapalhe!
RENATA — Eu vou deixar vocês fazerem o trabalho. Eu só queria antes levar um papinho com o….
JOÃO — João.
RENATA — Com o João aqui. Vem cá, João.
Os dois vão para perto da janela.
RENATA — (Sussurra) Olha… Você tem que namorar a minha filha. Ela tem dezessete anos e eu nunca vi ela com ninguém.
JOÃO — (Sussurra) A senhora acha que eu tenho chance?
RENATA — (Sussurra) Claro que tem, João. Você me parece ser uma boa pessoa e é o tipo de gente que eu quero como genro.
BRUNA — Eu ouvir alguma coisa sobre genro? É isso mesmo?
RENATA — (Disfarça) Que genro o quê? Eu estou falando com ele sobre ferro. Ele tá muito magrinho, precisa ir pra academia puxar um ferro, né, João?
Ele meneia a cabeça que sim e Bruna fica desconfiadíssima. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 08. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.
Sol ali dando um retoque no visual. Glória chega de fora.
GLÓRIA — Nossa! Esse hotel aqui é o paraíso. Da vontade de morar aqui pra sempre.
SOL — Depois quando ver a conta vai dizer o contrário.
GLÓRIA — Vai sair de novo, Sol?
SOL — Claro. A senhora acha mesmo que eu vou ficar presa dentro desse quarto de hotel quando eu posso estar por aí pra curtir as maravilhas do Rio de Janeiro!?
GLÓRIA — Minha filha, tome muito cuidado. As coisas que nós vemos nas reportagens do Rio são assustadoras.
SOL — Pode deixar, mãe. Eu sou bem grandinha e sei muito bem me cuidar.
GLÓRIA — Mas a final de contas, você está indo pra onde?
SOL — Para o Cristo. Eu sempre quis conhecer o cartão postal do Rio.
GLÓRIA — Ah… Se você vai pro cristo então eu também quero ir.
SOL — Então se arruma rápido que eu já estava de saída.
Glória começa a procurar alguma roupa para vestir. Sol fica ali se olhando no espelho. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 09. UNIVERSIDADE NOVO RIO. CANTINA. INT. DIA.
Vários estudantes ali. Miguel ali sentado. CAM mostra Adriana e Karina, que vem caminhando distraídas conversando.
ADRIANA — Eu não sei como você consegue. Essa parte da matéria nunca entra na minha cabeça.
KARINA — Se preocupa não que com o tempo e dedicação você vai conseguir.
Adriana ver Miguel ali sentado sozinho.
KARINA — Vamos tomar um sorvete?
ADRIANA — Depois. Olha lá o Miguel. Vamos lá falar com ele?
As duas se aproximam.
ADRIANA — Ainda amoadinho pelo que aconteceu?
MIGUEL — Sim e não.
ADRIANA — Como assim?
MIGUEL — É que eu tentei falar com o Gael e foi uma perca de tempo.
ADRIANA — Não fica assim não, meu amor. Eu tenho certeza que as coisas ainda vão se resolver.
KARINA — É, e nós estamos aqui pra isso. Pra te ajudar com o que der e vier!
MIGUEL — (Pega na mão dela) Obrigado mesmo, Karina. É sempre bom saber que eu posso contar com pessoas assim como você.
Fecha em Adriana não gostando nada dos dois ali trocando olhares. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 10. LEBLON. AVENIDA. EXT/ INT. DIA.
CAM mostra o carro de Gael vindo em alta velocidade. Ele se aproximando da CAM. Corta para dentro do carro:
GAEL — (P/si, invocado) Faz o que faz e depois vem bancar um bom samaritano. Comigo não! A mim ninguém engana! Eu sei muito bem quem é você, Miguel!
Ele olha para o Cristo. CAM mostra o Cristo Redentor de braços abertos.
GAEL — (P/si) Tô precisando de um lugar assim.
Corta para fora do carro: o carro vai se afastando dentre os outros. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.
Flávia chega do shopping com algumas sacolas.
FLÁVIA — (P/si) Gente, mas que horror é esse transito? Aposto que a Renata já chegou em casa há muito tempo. Indo pros lados da casa dela não tem transito, agora aqui… Só Jesus!
Percebe o silêncio reinando.
FLÁVIA — (P/si) Ué. Pelo jeito não tem ninguém em casa. (Chama) Mãe? A senhora tá em casa?
Jandira chega da rua arrematando.
JANDIRA — Agora estou.
FLÁVIA — Onde a senhora estava?
JANDIRA — Mas o que é que é isso agora, hein? A mãe aqui sou eu! Você não dá satisfações da sua vida então eu também não sou obrigada a nada!
FLÁVIA — Acontece que quando se tem uma mãe louca feito você, os papéis se invertem!
JANDIRA — Que isso, filha? Nossa! Essa de “louca” magoou, sabia?
FLÁVIA — Não vem bancando a coitadinha pra disfarçar não! Aonde a senhora estava!?
JANDIRA — Estava no mato! Pronto falei! Está feliz agora?
FLÁVIA — No mato? Mas o que a senhora estava fazendo no mato, mamãe?
JANDIRA — Se você não sabe, eu é que não vou desenhar pra você.
Jandira vai para o quarto sorrindo e Flávia permanece ali meneando a cabeça negativamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 12. CASA DE CARLITO E MAZÉ. COZINHA. INT. DIA.
Juliana ali sentada a mesa almoçando de cara feia. Carlito vem da sala.
CARLITO — Nossa! Mas que cara é essa?
JULIANA — A cara de quem acha que o pai está enganando a esposa e a filha.
CARLITO — Que isso, minha filha? De onde é que você tirou essa ideia de que eu estou enganado vocês?
JULIANA — Simples. Porque o senhor fala as coisas, depois vai lá e age totalmente diferente.
CARLITO — Poxa, filha. Tudo isso só porque eu não te ajudei na faxina?
JULIANA — Não. Não é só por isso não. E aquela máscara de rato?
CARLITO — Eu já não disse que a máscara estava na promoção e eu comprei? O que mais você quer que eu fale?
JULIANA — A verdade!
CARLITO — (Firme) Chega! Aqui eu sou o pai e você a filha! Eu não admito ser desrespeitado dessa maneira dentro da minha própria casa e o pior… Por minha própria filha!
Fecha em Juliana com os olhos arregalados de surpresa com o pai. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 13. LEBLON. HOTEL DE LUXO. FACHADA. EXT/ INT. DIA.
CAM ali focada na entrada da garagem. O carro de Sol sai e vai se afastando da CAM. Corta para dentro do carro:
SOL — Não sei que demora foi essa pra se arrumar.
GLÓRIA — Ué. Eu quero está deslumbrante pra conhecer o Cristo.
SOL — Pois é. Todos esses anos morando em SP e eu nunca tinha vindo ao RJ.
GLÓRIA — Na verdade você já veio sim.
SOL — Quando que eu não me lembro?
GLÓRIA — Você veio aqui quando ainda não era um feto. Você foi feita aqui, meu amor. Na cidade maravilhosa.
SOL — (Nojo) Ai que horror, mãe! Poupe-me dos relatos da sua vida sexual com o papai.
GLÓRIA — Ué. Só estou te dizendo a verdade.
Glória sorrir e Sol meneando a cabeça negativamente.
CORTA PARA:
CENA 14. RESTAURANTE CHIQUE. SALÃO. INT. DIA.
Restaurante cheio. CAM vai passando pelas mesas e para na mesa de Vicente e Cristina.
VICENTE — Até que foi uma boa ideia ter vindo almoçar aqui.
CRISTINA — Eu sabia que você ia gostar. Lembra, foi aqui que nos conhecemos .
VICENTE — Lembro. Aliás, como o tempo passa rápido, não? Parece que tudo aquilo foi ontem.
CRISTINA — Verdade. O tempo tá passando rápido demais e a gente não está se dando conta.
VICENTE — Mas vamos ao te interessa. Qual é o propósito desse almoço?
CRISTINA — Como assim, Vicente? O propósito é almoçarmos como não fazíamos faz tempo.
VICENTE — Me engana que eu gosto, Cristina. Eu sei que você tem alguma carta na manga.
CRISTINA — Que isso? Por que essa desconfiança agora?
VICENTE — Simples. Você nunca me convidaria pra almoçar se não tivesse outro propósito. É pra saber quem é o cliente, não é?
Fecha em Cristina encarando Vicente seriamente. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 15. UNI NOVO RIO. ESTACIONAMENTO. EXT. DIA.
Miguel e Adriana ali caminhando até o carro.
ADRIANA — O que foi aquilo de você segurando na mão da Karina?
MIGUEL — Ah pelo amor de Deus, Adriana! Você não vai encrencar por causa de uma coisa boba como aquela, vai?
ADRIANA — Pra mim não pareceu bobeira. Você estava falando com certeza e segurando a mão dela.
MIGUEL — Ai, meu amor. Você sabe muito bem que eu só tenho olhos pra você. Pra que essa crise de ciúme besta agora?
ADRIANA — “Ciúme besta”? Você diz isso por que é com você. Eu queria ver como você reagiria se um homem lindo estivesse segurando a minha mão e dizendo aquelas coisas.
MIGUEL — Nossa. Pra que esse exagero todo? Eu só disse que é bom ter pessoas como ela pra contar.
ADRIANA — É, como se eu não tivesse ali te dando apoio!
MIGUEL — Vamos pra casa antes que essa conversa termine em briga.
ADRIANA — Concordo!
Eles entram no carro de Adriana, que dá a partida e se afasta. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. RESTAURANTE CHIQUE. SALÃO. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 14.
CRISTINA — Não era pra falar sobre isso, mas logo que você tocou no assunto eu quero saber sim.
VICENTE — Sabia. Tantos anos de convivência pelo menos pra isso serviu!.
CRISTINA — Que isso? Que modo de falar do nosso casamento é esse? Até parece que ele está tão ruim assim.
VICENTE — Eu não disse isso. Mas não é segredo pra ninguém que nós estamos vivendo de aparências.
CRISTINA — Vivendo de aparências então está você, né? Porque eu me recuso a viver desse jeito.
VICENTE — Se recusa nada. Você é a primeira a dar uma de atriz e atuar como esposa.
CRISTINA — É o cúmulo isso! Mas isso me serviu de lição. Se é assim que você ver o nosso casamento, então ele realmente está acabado.
Ela se levanta.
VICENTE — Tá indo aonde?
CRISTINA — (Firme) Ao toalete!
VICENTE — (P/si, sorrir) Com isso ela esqueceu do tal cliente. Só aceitei o convite pra ela não desconfiar ainda mais.
CORTA PARA:
CENA 17. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.
Ana entra e arremata.
ANA — (P/si) Pelo tempo eles já devem ter chegado ao restaurante. Agora é hora de entrar em ação.
Ela vai até a mesa e vasculha as gavetas.
ANA — (P/si) Vamos lá. Deve ter alguma coisa aqui que indique quem é esse tal cliente misterioso.
Ela continua a vasculhar, mas não acha nada. Vai pra estante e começa a abrir os livros e folheá-los rapidamente e nada. Ela olha pro notebook e arremata.
ANA — (P/si) Aqui deve ter alguma coisa, não é possível.
Ela se senta à mesa e começa a mexer no notebook. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. DIA.
Bruna e João ali fazendo o trabalho sentados.
BRUNA — Não dá. Eu não consigo!.
JOÃO — O que, Bruna?
BRUNA — O que minha mãe falou contigo?
JOÃO — Como assim?
BRUNA — Naquela hora que vocês dois estavam ali cochichando feito duas velhas fofoqueiras.
JOÃO — Ela estava me dando alguns conselhos.
BRUNA — Mas que tipo de conselhos?
JOÃO — Ela tava me dizendo que eu preciso ir pra academia e ganhar mais massa muscular porque menina nenhuma gosta de namorar caras magros como eu.
BRUNA — Nossa. A dona Renata foi tão indelicada assim? Eu não acredito nisso.
JOÃO — Não, Bruna. Deixa isso pra lá. Confesso que isso me fez pensar mesmo em entrar pra academia. O que você acha?
BRUNA — Você? Na academia?
Dá uma crise de riso em Bruna e ela não para. João sério olhando pra ela. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 19. APART DE RENATA. QUARTO CASAL. INT. DIA.
Renata ali sentada na cama pensativa.
CORTA PARA:
CENA 20. BARRA SHOPPING. PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO. INT. DIA.
Entra aqui um INSERT da cena 05 do capítulo anterior.
FLÁVIA — Mas agora chega de falar nos meus problemas e vamos focar mais em você.
RENATA — Eu?
FLÁVIA — É, você mesma. Como é que estão as coisas entre você e o Alfredo?
RENATA — Na mesma.
FLÁVIA — Ah, que isso amiga. Na última vez que nos encontramos você disse a mesma coisa.
RENATA — E pelo jeito vou continuar dizendo. Parece que o nosso casamento entrou numa rotina desgraçada que não muda nunca, sabe?
FLÁVIA — Sei. Sei bem como é isso.
RENATA — Às vezes eu paro pra pensar e fico indecisa se realmente o nosso casamento um dia vai sair dessa mesmice.
FLÁVIA — Mas amiga você tem que cobrar isso do Alfredo. Com homem a gente tem que ficar em cima porque se não a mudança nunca vem.
RENATA — E adianta alguma coisa? Eu já tentei falar com ele sobre isso.
FLÁVIA — E como foi a conversa?
RENATA — Como não foi, né? Ele me cortou falando algumas coisas da redação do jornal e disse que tava cansado.
FLÁVIA — Amiga, é triste te dizer isso, mas… Agora vai ser difícil reverter essa situação.
Fecha em Renata que meneia a cabeça concordando. Instantes.
Fim do insert.
CORTA PARA:
CENA 21. APART DE RENATA. QUARTO CASAL. INT. DIA.
Renata ali sentada na cama, quando se levanta e arremata.
RENATA — (P/si, determinada) A Flávia tem razão. Quanto mais tempo eu demorar, mais risco o meu casamento corre. É isso mesmo que eu vou fazer. O Alfredo não perde por esperar! Eu vou reverter essa situação.
Ela fica ali sorrindo. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 22. RIO DE JANEIRO. CRISTO REDENTOR. EXT. DIA.
Ponto turístico cheio. Vários turistas ali admirando a paisagem e tirando fotos. CAM mostra Gael ali triste a olhar aquela linda vista.
GAEL — (P/si) Só essa vista mesmo pra me deixar mais calmo e esquecer, pelo menos por um instante todas as coisas que andam acontecendo.
CAM mostra Sol e Glória que chegam ao cristo.
SOL — Vem, mãe. Que moleza é essa?
GLÓRIA — “Que moleza é essa”…? Você age como se eu tivesse a sua idade ou sei lá, fosse mais jovem do que você. Subir isso aqui cansa, tá bom?
SOL — Quem mandou querer vir me seguindo? (Aponta) A escada rolante serve pra isso mesmo.
GLÓRIA — Ah, Sol. Deixa disso e agora vamos curtir essa linda vista. Olha.
As duas se aproximam do cercado.
SOL — (Impressionada) Nossa. Olha isso, mãe.
GLÓRIA — Eu sei, é lindo.
SOL — Dá pra ver a cidade toda daqui de cima.
GLÓRIA — Também não exagera, né, Sol?!
SOL — (Aponta) Se der mole aquele prédio lá é o hotel que a gente está.
GLÓRIA — Depois eu que sou a exagerada.
SOL — Tira uma foto minha aqui mamãe!
Sol passa o cel. a Glória que o posiciona e bate a foto de Sol com os braços abertos, ao fundo aquela linda paisagem.
Atenção Edição: A foto aparece na tela.
SOL — Agora com o Cristo ao fundo.
Elas se viram e Glória bate a foto.
Corta para um outro ponto: Gael ali triste pensativo. CAM mostra Sol e Glória vindo na direção dele.
SOL — Agora vamos tirar uma foto deste ângulo, mãe.
GLÓRIA — Pra quê?
SOL — Porque eu quero tirar foto de todos os ângulos possíveis.
Sol se posiciona e ver Gael ali e fica olhando-o.
GLÓRIA — Olha pra cá, Solange. Como você quer que eu tire a foto desse jeito?
Sol se aproxima de Gael e arremata.
SOL — Oi. Tudo bem?
GAEL — (Não entende) Tudo.
SOL — Não tá lembrado de mim não? Você esbarrou em mim na orla, quando estava correndo e quase pisou em um cachorro.
GAEL — Desculpe senhora, mas eu não te conheço não.
Ele se afasta e Sol fica ali sem entender nada e desconfiada. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 13º CAPÍTULO