PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ALFREDO
ANA
BRUNA
CRISTINA
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
JANDIRA
KARINA
MARIA
MARTA
MURILO
RATÃO
RENATA
RICARDO
ROSANGELA
SOL
VICENTE
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
MENDIGA
CENA 01. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.
Miguel e Adriana ali caminhando. Sem tomar água de coco.
MIGUEL — Hoje a dona Marta deve tá na bad.
ADRIANA — Por quê?
MIGUEL — É que hoje faz cinco anos que o nosso pai morreu!
ADRIANA — Nossa, meu amor! Eu não sabia, sinto muito!
MIGUEL — Tudo bem, meu amor. Eu já conseguir compreender a falta que ele faz, mas parece que a dona Marta ainda não. Com certeza ela está baixo-astral astral hoje.
ADRIANA — Então eu vou com você fazer uma visitinha a ela.
MIGUEL — Então vamos.
Eles começam a andar, mas Miguel vê que mais à frente há uma senhora, moradora de rua sentada num cobertor pedindo esmola.
ADRIANA — O que é que foi, Miguel? Por que você parou?
MIGUEL — Olha aquela senhora.
ADRIANA — O que é que tem ela?
MIGUEL — A coitadinha tá ali pedindo ajuda.
ADRIANA — Ah não. Você não vai lá não, né?
MIGUEL — E por que não?
Ele vai caminhando em direção a senhora e Adriana faz um carão e segue-o.
MENDIGA — Por favor, moço, me ajuda. Eu não como nada desde ontem.
MIGUEL — Nossa! Uma senhora da sua idade não pode ficar sem comer.
Ele tira a carteira do bolso.
ADRIANA — Você ficou maluco, Miguel? Tirando a carteira na rua desse jeito, você tá pedindo pra ser assaltado!
Ele passa a ela uma nota de cem.
MENDIGA — (Surpresa) Nossa! Não precisava disso tudo não moço.
MIGUEL — Isso não foi nada demais. Eu tenho certeza que esse dinheiro será mais útil pra você do que pra mim.
MENDIGA — Muito obrigada, moço. Eu nem sei como te agradecer.
MIGUEL — Só de ver esse sorriso de gratidão, você já me pagou.
ADRIANA — Agora chega! Vamos, né, Miguel?!
Ela sai praticamente puxando-o. A mendiga fica ali feliz e guarda o dinheiro olhando para os lados grilada. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 02. RUA DESERTA DE TERRA. EXT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
GAEL — Não, cara. Pelo amor de Deus não me mate! Eu juro que o seu dinheiro está todo aí!
RATÃO — Eu acho bom mesmo. Dessa vez eu vou confiar, mas se você estiver me enganando, na próxima não terá conversa. Eu acabo com a tua raça! (P/comparsa) Vamos.
Eles vão para o carro, aonde entram. O carro dá a partida e sai de ré. Depois vira e vai se afastando. CAM mostra Gael ali aliviado. Ele entra em seu carro que vai se afastando. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO MORAES. SALA DE ESTAR. INT. DIA.
Glória ali sentada. Sol desce a escada com um notebook.
SOL — Mãe, andei dando uma pesquisada.
GLÓRIA — Sobre?
SOL — Como assim: “sobre”? Sobre a nossa nova casa no Rio.
GLÓRIA — Você não quis dizer… Sobre a sua nova casa no rio?
SOL — Ah mãe. Vamos dar uma olhada nesses apartamentos aqui. Eu garanto que ALGUM vai conquistar a senhora.
GLÓRIA — Tá bom.
Sol se senta ao lado da mãe e mostra um apartamento. CAM detalha a tela do notebook com as fotos.
SOL — Olha como esse aqui é lindo.
GLÓRIA — É… Mas tem um problema.
SOL — Que problema?
GLÓRIA — A janela dele é muito grande.
SOL — E o que é que tem a janela ser grande?
GLÓRIA — Como assim o que é que tem? Com uma janela dessas eu jamais chegaria perto. Eu hein! Você vai olhar pela janela e vai ter a impressão de que está caindo do prédio.
SOL — (Sorrir) Ah mãe, pelo amor de Deus, né?!
Elas continuam a ver os apartamentos e a conversar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 04. RUA INDETERMINADA NO RJ. EXT/ INT. DIA.
Ação. Ritmo. Rua com pouco movimento. CAM vai buscar carro de Gael vindo em alta velocidade.
Corta para dentro do carro: ele ali dirigindo feito louco.
Entra aqui um INSERT da voz de ratão arrematando em off.
RATÃO — (OFF) Espero que esteja tudo aqui. Por que se não tiver… Você e esse ferro aqui vão ter uma conversinha bem íntima.
GAEL — (P/si) Ratão nunca vai me pegar! Nunca!
Corta para fora do carro: ele faz várias ultrapassagens perigosíssimas. O carro vai se afastando da CAM. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 05. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Marta ali olhando pela janela. Miguel e Adriana chegam da rua.
MIGUEL — Cheguei, mãe.
ADRIANA — E eu cheguei junto.
MARTA — Oi, minha nora querida.
As duas se cumprimentam com dois beijinhos no rosto.
MIGUEL — E como é que está, dona Marta? Eu sei que essa data é difícil pra senhora.
MARTA — Eu estou bem, meu filho. Claro que ainda bate uma aflição, uma saudade lá dentro, mas nós temos que se conformar.
MIGUEL — É isso aí. Agora eu vou tomar um banho. (P/Adriana) Fica à vontade, meu amor!
Ele vai para o quarto.
MARTA — Fiquei feliz de verdade em te ver aqui, Adriana. Como já fazia um tempo que você não vinha aqui, eu pensei que você e o Miguel tinham brigado ou algo do tipo.
ADRIANA — Não, dona Marta. Nós estamos bem. Na verdade, nós nunca estivemos tão bem quanto agora.
MARTA — Que bom. Que bom, Adriana. Fico feliz por vocês. Você é a nora que eu sempre adorei. O Miguel sim sabe escolher as moças certas para namorar. Agora, o Gael só escolhe mulher chata e feia.
Adriana sorrir.
MARTA — Tá rindo? Mas é verdade!
As duas continuam a conversar fora de áudio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 06. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Várias pessoas ali em suas mesas trabalhando. Alfredo vem até a mesa de Rosangela que está digitando rapidamente e arremata.
ALFREDO — O que tanto você digita aí, Rô?
ROSANGELA — A manchete de amanhã.
ALFREDO — Da capa?
ROSANGELA — Isso. A manchete principal do Jornal.
ALFREDO — Toda hora que eu olho de lá da minha mesa você tá aqui digitando feito uma louca.
ROSANGELA — Fazer o que, né, Alfredo? Vida de jornalista é desse jeito. Quando não estamos atrás dos fatos, estamos aqui redigindo.
ALFREDO — Verdade. Mas você nunca pensou em parar e descansar nem que seja um mês?
ROSANGELA — Descansar pra que, Alfredo? Eu tô bem.
ALFREDO — Eu sei que você tá bem, Rosangela. Mas você tá trabalhando há cinco anos sem tirar férias.
ROSANGELA — Sabe o que é que é, Alfredo? Eu adoro o que eu faço. Então eu penso: pra que ficar em casa?
ALFREDO — Como você quiser, Rô. Mas se você quiser ir pra casa mais cedo hoje, pode deixar que eu vou designar outro jornalista pra terminar a reportagem.
ROSANGELA — De jeito nenhum! Eu comecei então eu vou terminar!
Alfredo sorrir e volta para sua mesa. Ela continua ali digitando rapidamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 07. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.
Takes descontínuos do anoitecer no Rio. Luzes do Cristo, da orla de Copacabana e Jockey Clube se acendendo.
CORTA PARA:
CENA 08. CONSTRUTORA MACEDO. SALA DE VICENTE. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Vicente ali guardando umas papeladas. Cristina entra.
CRISTINA — Passando só pra perguntar… E o nosso jantar de hoje? Está de pé?
VICENTE — Ah é meu amor. Já ia eu me esquecendo de que não vai dar pra mim ir.
CRISTINA — Por que não?
VICENTE — Porque eu tenho um compromisso.
CRISTINA — Que compromisso Vicente? A essa hora? O horário comercial já acabou faz tempo.
VICENTE — Eu sei. Mas é que tem um cliente que eu só posso encontrar a essa hora.
CRISTINA — Então tá bom. Mais uma vez seremos só eu e a nossa filha.
VICENTE — Poxa, meu amor… Eu não faço isso porque eu quero não. É esse cliente que é chato demais.
CRISTINA — Tudo bem, Vicente. Boa sorte lá nesse jantar então.
VICENTE — Obrigado, meu amor.
Cristina sai e ele respira mais aliviado.
CORTA PARA:
CENA 09. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. NOITE.
Ana ali terminando de guardar suas coisas. Cristina vem.
CRISTINA — Ana, termine de guardar logo isso que o seu expediente já acabou faz tempo.
ANA — Desculpe, dona Cristina. Mas é que eu estava com dificuldade de entrar no sistema, por isso eu terminei só agora.
CRISTINA — Quando for assim você fala com o pessoal do TI.
ANA — Sim, senhora.
CRISTINA — Amanhã assim que você chegar, eu quero que você ligue pro Maurício e pergunte a ele quando a obra do prédio do centro vai acabar!
ANA — Sim, senhora.
CRISTINA — É que a prefeitura está enchendo o saco cobrando toda hora.
Vicente vem de sua sala.
VICENTE — Tchau, meninas. Boa noite. Meu amor te vejo em casa.
ANA — Boa noite.
CRISTINA — Tá bom.
Ele pega o elevador. Cris fica ali desconfiada. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 10. APART DE MARTA. SALA. INT. NOITE.
Marta com Adriana ali na porta.
ADRIANA — Muito obrigado por tudo, dona Marta.
MARTA — Eu é que agradeço a sua visita. Vê se aparece mais vezes.
ADRIANA — Pode deixar. Tchau.
MARTA — Tchau querida.
Marta fecha a porta e volta até o sofá, aonde se senta. Miguel vem do quarto.
MIGUEL — Ué, a Adriana já foi?
MARTA — Já.
MIGUEL — (Se senta) Às vezes eu fico pensando… Será que a Adriana é mesmo a mulher certa pra mim?
MARTA — Por que isso agora, meu filho? Vocês já estão noivos.
MIGUEL — Eu sei, mãe. Mas sei lá… Acho que bate uma insegurança, sabe?
MARTA — Sei. Mas isso você deveria ter pensando antes de noivar com a Adriana. (Desconfia) Por acaso você está falando isso por que conheceu outra garota, é?
MIGUEL — Claro que não, mãe! Quer dizer… Conhecer eu até conheci, mas mesmo assim eu amo a Adriana.
MARTA — Então tá tudo certo. Se você ama a Adriana, então esqueça essa outra menina!
Fecha em Miguel indeciso. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.
Karina ali sentada pensativa. Ricardo chega do trabalho.
RICARDO — Oi, filha. Boa noite.
KARINA — Boa noite, pai.
RICARDO — O que aconteceu, hein?
KARINA — Como assim?
RICARDO — Eu te conheço. Eu sei bem quando está acontecendo alguma coisa com a minha garotinha.
KARINA — Pelo menos o senhor sabe, porque se depender da mamãe eu nunca consigo desabafar.
RICARDO — Pode falar filha… Pode falar o que tá te deixando desse jeito.
KARINA — Eu estou com problemas pai.
RICARDO — Mas que tipo de problemas, minha filha?
KARINA — É que eu acho que estou gostando de um garoto.
RICARDO — (Feliz) Que bom, filha. Você é tão reservada que eu pensei que nunca se apaixonaria.
KARINA — Alto lá! Não é paixão. Eu diria que é atração.
RICARDO — Mas mesmo assim, filha. Vai, me conta mais.
KARINA — Pai, eu tô com esse problema porque ele tem namorada.
RICARDO — Ih… Aí estamos entrando em um terreno perigoso.
KARINA — E ela também está cursando arquitetura.
RICARDO — Olha, filha. Você viu. Eu tentei, mas eu acho que nisso a única pessoa que poderia de ajudar, é a sua mãe.
Fecha em Karina pensativa.
CORTA PARA:
CENA 12. MANSÃO MORAES. SALA DE ESTAR. INT. NOITE.
Sol ali sentada mexendo no notebook. Glória desce a escada.
SOL — Aqui, mãe. Acho que encontrei um apartamento ideal pra gente.
GLÓRIA — Ai pelo amor de Deus, Sol. Para com isso. Você não para de olhar esse troço aí no computador.
SOL — É porque eu estava procurando um apartamento que se aproximasse do tamanho dessa casa.
GLÓRIA — E existe?
SOL — Claro que existe. Olha só esse tríplex aqui.
Ela vira o notebook para a mãe que olha.
GLÓRIA — Até que é bonitinho.
SOL — E o melhor de tudo… A janela não é grande pra senhora pensar que vai cair do prédio.
GLÓRIA — Que bairro fica esse tríplex?
SOL — Leblon.
GLÓRIA — Olha, eu sempre ouvir falar bem desse bairro. Dizem que é lindo.
SOL — Então eu vou agendar uma visitinha. Que tal?
GLÓRIA — Pode ser, mas esse apartamento é grande demais pra duas pessoas!
SOL — E daí?! Essa casa aqui também não é grande demais pra nós duas?
GLÓRIA — Tá bom, Sol. Marca aí, mas só uma visitinha!
SOL — Sabia que a senhora ainda ia ceder. Se o tríplex for isso aqui mesmo das fotos. Nós vamos comprar com certeza.
Ela feliz da silva começa a marcar a visita no notebook.
GLÓRIA — (Olha o valor) Por esse preço exorbitante aí tem que ser um palácio! Vem cá, Sol. Essa sua procura por uma nova casa é pra esquecer que um dia você esteve morando na mesma casa que o Alfredo?
Ela não responde e continuar a mexer no notebook.
GLÓRIA — Espero que essa troca de cenário sirva pra te mudar. Porque se você continuar desse jeito, as coisas não vão ser nada boas.
Fecha em Sol olhando para o notebook, refletindo sobre a vida. Instantes.
CORTA PARA:
INTERVALO COMERCIAL
CENA 13. APART DE ALFREDO E RENATA. SALA. INT. NOITE.
Bruna ali sentada mexendo no cel. Alfredo chega do trabalho.
ALFREDO — Boa noite, filha.
BRUNA — (Olhando p/cel.) Boa noite!
ALFREDO — Nossa. Nem pra olhar pra mim. Sabe, eu sinto falta daquela época em que eu chegava do trabalho e você vinha logo me abraçar e dizia que estava com saudades.
BRUNA — (Olhando p/cel.) Agora os tempos são outros, pai.
ALFREDO — Sei… O tempo de agora é aquele em que as pessoas nem olham mais uma na cara da outra.
Renata vem do quarto.
RENATA — Oi, meu amor. Já chegou?
ALFREDO — Já.
Ela dá um beijinho nele.
ALFREDO — Pelo menos alguém veio me cumprimentar.
RENATA — Como foi o seu dia hoje?
ALFREDO — Corrido como sempre. Agora se vocês me dão licença, eu preciso tomar uma ducha pra tirar esse peso de um dia de serviço.
RENATA — Vai lá, meu amor.
Ele vai para o quarto.
RENATA — Por que ele disse aquele negócio de alguém cumprimentar ele?
BRUNA — Liga não, mãe. Isso é drama do pai.
Fecha em Renata ainda sem entender.
CORTA PARA:
CENA 14. JORNAL. REDAÇÃO. INT. NOITE.
Redação com poucas pessoas trabalhando, Rosangela ali digitando no PC. Atenção Sonoplastia: Cel. dela notifica mensagem. Ela pega o cel. CAM detalha a tela do cel. Com uma mensagem de Ricardo. Ela lê
ROSANGELA — (Lendo) Venha para casa logo. A Karina está precisando de você.
Ela deixa o cel. ali e volta a digitar no computador.
ROSANGELA — (P/si, olhando p/PC) Karina pode esperar. Com certeza é alguma bobeira relacionada com a juventude.
Ela continua ali a digitar. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15 PRÉDIO DE FLÁVIA E RICARDO. FACHADA. EXT. NOITE.
Jandira ali se agarrando com um homem de vinte e poucos anos. Carro de Vicente se aproxima. Ele para e salta do carro, quando se depara com aquela cena.
VICENTE — (P/si) Que coisa ridícula! Uma senhora se agarrando com um garotão aqui na calçada. É o fim do mundo isso!
Ele entra no prédio. CAM foca ali no casal se agarrando, ele começa a beijar o tosto de Jandira e ela ali a sorrir, gostando. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.
Sala vazia. Vicente entra.
VICENTE — (Chama) Flávia? Você está em casa, meu amor?
Ela vem do quarto.
FLÁVIA — Oi, meu amor. O que você tá fazendo por aqui?
VICENTE — Como assim? Eu não posso vim ver a minha família, é isso?
FLÁVIA — (Agarra ele) Claro que você pode vim, mas é que eu pensei que você tinha que encenar pra outra.
VICENTE — E eu encenei. Disse que tinha um encontro com um cliente.
FLÁVIA — Então hoje você vai ter que ir embora? Não vai poder dormir?
VICENTE — Hoje não, meu amor. Mas eu prometo que em breve nós vamos ficar juntinhos.
FLÁVIA — Já estou ouvindo isso há oito anos.
VICENTE — Eu sei que essa promessa é antiga, mas você tem que entender que antes de tomar qualquer decisão eu preciso pensar muito bem, principalmente na construtora!
Murilo vem do quarto correndo.
MURILO — (Feliz) Pai!
VICENTE — Oi, filhão.
Eles se abraçam.
MURILO — Pai, você não vai acreditar. Eu fiz dois gols hoje na escola. Por que o senhor não foi me ver?
VICENTE — O papai ficou preso no trabalho, mas eu prometo que no próximo eu vou te ver, tá? Agora vamos jogar aquele joguinho que você adora?
MURILO — Vamos.
Os dois vão para o quarto e Flávia permanece ali feliz, sorridente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 17. APART DE RICARDO E RÔ. QUARTO-CASAL. INT. NOITE.
Ricardo sai da suíte enrolado numa toalha e vem até a cama, pega o cel. e olha.
RICARDO — (P/si) Mais uma vez ignorando as minhas mensagens. Até quando isso, Rosangela? Até quando? Nem mesmo falando que a filha dela estava precisando da mãe. Isso tá passando dos limites!
Ele fica ali indignado meneando a cabeça negativamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. PRÉDIO. ESTACIONAMENTO. INT. NOITE.
Adriana sai de seu carro e vem caminhando. Quando o carro da mãe estaciona. Ela para de caminhar e fica a olhar pro carro da mãe. Cristina salta do carro e vem em direção a filha.
CRISTINA — Chegando a essa hora filha?
ADRIANA — Sim. É que eu fui pra casa do Miguel e passei a tarde toda lá conversando com a dona Marta.
Cris chama o elevador.
CRISTINA — Ah, tá. Pensei que você não ia mais lá.
ADRIANA — Pois é, mãe. Mas quando ele me disse que hoje fez cinco anos que o pai dele morreu, eu decidi ir até lá e dar uma forcinha pra dona Marta.
CRISTINA — É isso aí filha. Faz mesmo essas coisas. Seja caridosa empática… Porque eu não sou nada disso.
ADRIANA — Eu também não. Só fui lá porque querendo ou não eles agora fazem parte da família.
O elevador chega e as duas entram.
CORTA PARA:
CENA 19. PRÉDIO. ELEVADOR. INT. NOITE.
As duas ali em pé.
CRISTINA — Ainda bem que você gosta da sua sogra porque eu não vou a cara da mãe do Vicente de jeito nenhum!
ADRIANA — E eu não sei disso? E a discussão desnecessária que vocês tiveram no noivado por causa da lagosta.
CRISTINA — Eu não queria que isso fosse servido, mas ela é teimosa demais!
As duas saem do elevador.
CORTA PARA:
CENA 20. PRÉDIO. CORREDOR. INT. NOITE.
As duas saem e vão caminhando em direção ao apartamento.
ADRIANA — Convenhamos aqui, né, mãe? As duas são teimosas demais!
CRISTINA — Por quê? Só por que eu queria o melhor pro seu noivado?
ADRIANA — Porque vocês duas não deveriam ter se metido nisso! Era o meu momento e do Miguel. Nós dois que deveríamos ter escolhido as coisas.
As duas chegam ao apartamento e entram.
CORTA PARA:
CENA 21. APART DE VICENTE E CRIS. SALA. INT. DIA.
As duas entram. Adriana fecha a porta.
CRISTINA — Tá, desculpa por ter tentado ajudar no noivado de vocês. A única coisa que eu queria era que fosse tudo perfeito.
ADRIANA — Eu sei, mãe. Eu sei que a senhora só queria ajudar.
CRISTINA — (Duvida) Sei.
ADRIANA — Agora mudando de assunto. Por que o seu Vicente não chegou junto com você?
CRISTINA — Ele disse que tinha que se encontrar com um cliente.
ADRIANA — De novo? Que cliente é esse insuportável que não deixa o meu pai jantar com a gente?
CRISTINA — Eu também gostaria de saber, mas ele disse que quer negociar com ele sozinho. Assim diz ele que é um belíssimo contrato pra construtora.
CORTA PARA:
CENA 22. APART DE MARTA. QUARTO-GÊMEOS. INT. NOITE.
Miguel ali sentado mexendo no notebook. Marta entra.
MARTA — Licença, Filho.
MIGUEL — Oi, mãe. Pode entrar.
MARTA — (Entra) Eu queria saber se você tem notícias do seu irmão?
MIGUEL — Não. Na verdade, eu só vi o Gael hoje de manhã.
MARTA — (Aflita) Ai Jesus. O que o Gael tá aprontando dessa vez?
MIGUEL — Por quê?
MARTA — Sei lá, eu tô sentindo que o Gael tá metido com alguma coisa de errado e não me contou.
MIGUEL — Então vamos procurar nas coisas dele, vai que encontramos alguma coisa?
Os dois começam a vasculhar o lado de Gael do quarto. Marta acha um envelope debaixo do colchão. Ela o abre e tira de lá dinheiro, um colar de ouro e uma aliança grossa de ouro puro.
MIGUEL — Mas o que é isso?
MARTA — Por que o Gael tem dinheiro e joias femininas?
Os dois ficam ali olhando aquilo. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
FIM DO 8º CAPÍTULO