PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

MÉDICO, RECEPCIONISTA.

CENA 01. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Sol e Glória ali aflitíssimas. Sol faz uma careta e leva a mão até o coração.

GLÓRIA        —  Que foi, minha filha? Que cara é essa?

SOL               —  Tô sentindo um aperto no coração! Como se estivesse acontecendo alguma coisa de ruim, sabe?

GLÓRIA        —  (Faz sinal da cruz) Cruz credo! Tira esse tipo de pensamento da sua cabeça, minha filha! Só vamos ficar aqui jogando energias boas pro Alfredo. É disso que ele tá precisando agora.

Sol ali aflitíssima e Glória a fazer o sinal da cruz. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 02. HOSPITAL CRISJUDAS. CENTRO CIRÚRGICO. INT. NOITE.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. A equipe ali fazendo mais massagem cardíaca e nada de Alfredo responder.

MÉDICO       —  (P/Assistente) Mais carga no desfibrilador!

A assistente segue a ordem e dá mais carga ao equipamento. O médico faz o procedimento. E Alfredo instantes depois começa a ter batimentos cardíacos. Toda a equipe ali feliz e aliviada.

MÉDICO       —  (Feliz) Deu carto! Agora vamos retomar com a cirurgia.

A assistente afasta o desfibrilador dali e a cirurgia é retomada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE RENATA. SALA. INT. NOITE.

Renata ali ainda com o cel. nas mãos andando de um lado para o outro aflitíssima. Bruna vem do quarto e arremata.

BRUNA         —  Ouvi a senhora falando com alguém… Era meu pai?

RENATA       —  Antes fosse! Era uma colega de trabalho dele.

BRUNA         —  Mas como assim uma colega de trabalho dele? O que ela queria?

RENATA       —  Ela disse que tinha acabado de ver uma reportagem aonde um carro havia capotado, e parecia ser o carro do Alfredo.

BRUNA         —  (Se senta, aflitíssima) Ai meu Deus! Mas era mesmo o carro do meu pai?

RENATA       —  Não sei, filha. O pior é que eu tô ligando pra ele e só cai na caixa postal.

BRUNA         —  Ai meu Deus! Que não seja nada com meu pai!

RENATA       —  (Se aproxima da filha e faz um cafuné) Calma, filha. Eu tenho certeza que seu pai tá bem.

BRUNA         —  (Firme) Espero que ele esteja mesmo! Porque se esse carro for mesmo o dele, a senhora sabe que é a única culpada!

Bruna vai para o quarto e Renata bufa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 04. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Rosangela ali sentada aflita. Karina ali trabalhando no projeto do tríplex. Ricardo vem da cozinha com uma xícara e entrega a Rosangela.

ROSANGELA —Obrigado!

RICARDO     —  E de pensar que iríamos sair pra jantar com eles.

ROSANGELA —Pois é. Mas eu tenho fé que aquele carro não é do Alfredo.

KARINA       —  É, pensem no lado positivo disso.

RICARDO     —  E há um lado positivo?

KARINA       —  Pelo tempo a esposa dele já deveria ter ligado falando se era mesmo o carro dele ou não. Como ela não ligou, o carro não era o dele.

ROSANGELA —Apesar de que ela pode estar demorando pra ligar porque ainda não conseguiu nenhuma informação.

RICARDO     —  Muito estranho isso…

ROSANGELA —Como assim, Ricardo? O que é estranho?

RICARDO     —  Do jeito que eu vi o Alfredo aqui ele não me pareceu ser desse tipo de gente que bebe e dirige.

ROSANGELA —Não mesmo! O Alfredo é uma das pessoas mais certinhas que eu conheço!

RICARDO     —  Então… Parando pra pensar, pode ter alguma coisa que a gente não saiba.

KARINA       —  Como assim, pai? Aonde o senhor quer chegar com essa linha de raciocínio?

RICARDO     —  Será que depois que ele saiu daqui não aconteceu alguma coisa que a gente não saiba?

Closes alternados em todos refletindo sobre a hipótese. Instantes. Tensão. CORTA PARA:

CENA 05. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.

Flávia e Vicente vêm do quarto sorrindo.

FLÁVIA        —  Não acredito que você inventou uma coisa daquelas pro menino.

VICENTE      —  E o pior foi que ele caiu.

FLÁVIA        —  É, mas agora ele faz questão que você “apareça e saia do disfarce”.

VICENTE      —  Eu sei que a gente não deve matar uma mentira com outra mentira, mas eu acho que isso fez com que o Murilo amenizasse a raiva que ele tem de mim!

FLÁVIA        —  Que isso, meu amor? Ele não tem raiva de você. Ele só estava magoado contigo. Acredite, são coisas totalmente diferentes.

VICENTE      —  É, pelo menos em uma área a minha vida tem que estar boa.

FLÁVIA        —  Mas é pra isso que serve a família. No seu caso a segunda família, mas enfim… É pra te apoiar nesses momentos.

Vicente sorrir e Flávia sem entender arremata.

FLÁVIA        —  Tá rindo de quê, Vicente?

VICENTE      —  Tô lembrando aqui de como você ficou assustada quando eu disse que ia contar a verdade pro Murilo.

FLÁVIA        —  Claro! Eu pensei que você ia mesmo abrir o jogo pra ele.

VICENTE      —  Tá maluca, meu amor? O Murilo nunca entenderia isso na idade que ele está! Na verdade, eu acho que ele nunca entenderia em idade nenhuma isso!

FLÁVIA        —  Concordo. Mas agora que ele está mais calmo contigo, nós temos que se preocupar é com a mamãe.

VICENTE      —  Verdade. Jandira pode acabar com o progresso que eu dei hoje com ele.

CORTA PARA:

CENA 06. CASA DE E MAZÉ. QUARTO CASAL. INT. NOITE.

Carlito deitado na cama com cara de tédio de tanto ouvir Mazé, que está andando de um lado para o outro arrematando.

MAZÉ            —  Eu sei que posso estar exagerando, mas a Juliana nunca foi dessas coisas. Eu tô achando que ela tá escondendo alguma coisa de mim e a sem vergonha da Ana tá ajudando ela. (Olha p/ Carlito) O que você acha, Carlito?

Ele tá de olhos fechados, ela dá tapas nele arrematando.

MAZÉ            —  Acorda, Carlito! Eu tô falando com você!

CARLITO      —  Ai, nega! Pra quê essa violência toda?

MAZÉ            —  Porque eu pensei que estava falando com o meu marido, mas não… Eu estava falando com as paredes!

CARLITO      —  Desculpa, nega. É que eu tô meio cansado.

MAZÉ            —  Nossa! Pra uma pessoa que vive aboletada naquele sofá o dia inteiro o cansaço se chama outra coisa… Preguiça!

CARLITO      —  Não, nega. É que eu acho que não tô bem. Eu tenho me sentido tão desanimado esses dias que eu acho que vou ao médico pra ele me passar uma vitamina.

MAZÉ            —  Desanimado… Eu mereço, eu mereço!

Ela sai do quarto e ele sem entender nada arremata.

CARLITO      —  (P/si) Eu hein! Vá entender essa mulher.

CORTA PARA:

CENA 07. APART DE MARTA. QUARTO GÊMEOS. INT. NOITE.

Miguel e Gael sentados conversando.

GAEL            —  Caramba… Você tá num caso bem mais complicado do que eu quando me meto numa furada!

MIGUEL        —  Eu sei! O pior é que eu fico sem saber qual decisão tomar porque não importa qual, alguma das partes vai sair ferida!

GAEL            —  É aquele tipo de situação que se você ficar o bicho pega e se correr o bicho come!

MIGUEL        —  Pois é. E aí se passa um filme na sua cabeça. Eu não sei se fiz certo em noivar com a Adriana, porque não é de hoje que eu sinto isso!

GAEL            —  Mas, cara… Se você não estava seguro da relação de vocês, então por que noivou?

MIGUEL        —  Porque eu sei o quanto as pessoas ficariam invocadas comigo!

GAEL            —  Cara… Eu sei que isso é de você mesmo, mas… Você tem que parar de pensar um pouco no que os outros vão achar e focar somente em você! Só nós mesmo que sabemos que o se passa aqui, ó, no coração!

Miguel meneia a cabeça concordando.

GAEL            —  Pense nisso! Agora eu vou tomar um banho e dar uma relaxada que o sal da praia me deixou com um peso no corpo.

Ele vai para o banheiro. Miguel permanece ali

MIGUEL        —  (P/si) Pela primeira vez eu tenho que dar razão ao Gael. Eu tenho que parar de pensar nos outros e pensar mais em mim. Eu não posso deixar a minha felicidade voar por aí com medo de ferir alguém.

CORTA PARA:

CENA 08. APART DE VICENTE E CRIS. SALA. INT. NOITE.

Adriana ali de pé a falar ao cel.

ADRIANA     —  (Ao cel.) Então tá, pai. Amanhã mesmo eu levo essa roupa pro senhor no hotel. Já está tudo na mala. Assim que cheguei pedi pra empregada colocar tudo na mala do jeitinho que o senhor gosta. Que isso, pai? Não precisa agradecer não. Outro. Tchau.

Ela desliga. Cris vem da cozinha.

CRISTINA     —  Humm. Pelo que pude ouvir lá da cozinha você estava falando com seu pai, né?

ADRIANA     —  Sim.

CRISTINA     —  Então ele vai mesmo sair de casa…. Interessante! Eu sinceramente pensei que esse dia nunca chegaria!

ADRIANA     —  Pois é, mas como a relação de vocês não está nada boa, é o melhor a se fazer.

CRISTINA     —  Que bom que AGORA você está entendendo isso.

ADRIANA     —  Eu só espero que a construtora não sofra com isso.

CRISTINA     —  Claro que não, filha! Negócios são negócios casamento à parte!

ADRIANA     —  Muito engraçado a senhora falar isso depois de misturar as coisas.

CRISTINA     —  (Firme) É o que é que é, hein? Você agora vai viver jogando isso na minha cara o tempo todo, é?

ADRIANA     —  Só estou apenas lembrando-a para que a senhora não fique aí agindo hipocritamente.

CRISTINA     —  Tudo bem, Adriana você tem razão! Eu sei que o que eu fiz não foi certo, mas… Você tem que me dar um desconto! Todo mundo erra nessa vida!

Ela vai para o quarto.

ADRIANA     —  (P/si, sorrindo) Adoro ver a dona Cristina soltando fogo pelas ventas! Ela fica em tempo de pular no meu pescoço e me matar esgoelada quando eu falo assim…

Ela fica ali a sorrir sozinha. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE MAZÉ. QUARTO DE JU E ANA. INT. NOITE.

As duas ali sentadas na cama conversando.

ANA              —  Mas amiga… Você acha que a relação de vocês tem algum futuro?

JULIANA      —  Olha amiga, eu… Eu acho que ainda é cedo demais pra pensar nisso. Eu fui lá, passei a tarde com ele, achei magnífico, mas… Só de pensar o tanto de gente me olhando torto por namorar com um riquinho chega me dar uma coisa aqui no peito, sabe?

ANA              —  Sei. Mas infelizmente se não colocarmos a cara a tapa, nós podemos estar abandonando a nossa felicidade também. Vai que a chave pra sua felicidade está nele? 

JULIANA      —  Ah, não sei não, Ana! A pior coisa que existe é você ser julgada pela aparência, cor da pele… E vai ser isso que as pessoas vão fazer quando me verem junto dele!

ANA              —  Olha, amiga…. Eu vou te falar o meu ponto de vista… Se você ama mesmo ele, não fique se preocupando com o que os outros vão achar de vocês dois juntos! Tem horas que eu acho que nós temos que dar uma de louca e viver intensamente, como você mesma viveu aquela tarde com ele! E esquecer tudo e todos ao redor!

JULIANA      —  Mas aí eu não estaria sendo egoísta em pensar só em mim? E as pessoas que eu amo? Como ficam?

ANA              —  Olha… Eu não quero dizer que você terá que escolher entre um namorado ou sua família, mas… Você tem que entender que nem sempre deixar alguém que a gente ama, por causa da família, é o melhor a se fazer!

Fecha em Juliana ainda mais indecisa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 10. HOSPITAL CRISJUDS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Sol e Glória ali sentadas. Sol visivelmente aflita.

SOL               —  Eu não aguento mais ficar aqui a espera de notícias! Tá demorando demais!

GLÓRIA        —  Calma, minha filha! Essas coisas demoram mesmo. Será que você não consegue enxergar a gravidade da situação? O Alfredo sofreu um gravíssimo acidente de carro! Ele deve estar em cirurgia! Por isso que ninguém ainda veio aqui nos informar nada!

SOL               —  Eu sei, mãe. Mas eu tô muito nervosa.

GLÓRIA        —  Eu sei, minha filha. Acredite, eu te entendo. Mas não tem como você ficar desse jeito. Se não daqui a pouco vai ser você internada aqui nesse hospital! E eu acho que você não quer isso! Quer?

Fecha em Sol ali aflitíssima. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. PRÉDIO DE FLÁVIA E RICARDO. FRENTE. EXT. NOITE.

Um carro se aproxima. Jandira salta e fica ali debruçada sobre a porta conversando com o motorista que a propósito, é jovem da cena 09 do capítulo 23.

JANDIRA      —  Muito obrigado por tudo lindinho! Fazia tempo que eu não fazia isso! Mas você me fez lembrar como é bom ter um novinho na minha vida!

Ele vai falar uma coisa, mas ela o interrompe arrematando.

JANDIRA      —  (Corta) Sabia que fazia tempo que eu não ficava uma tarde inteirinha com o mesmo cara? É… Nem me lembro mais como foi aquilo. Mas você foi maravilhoso! Me fez feliz durante a tarde toda! Agora vai lá lindinho, tchau!

Ela se afasta, o carro dá a partida e buzina pra ela que acena.

JANDIRA      —  (P/si) Por essas e outras que eu adoro um novinho! Me fez feliz durante a tarde toda! Adoooro!

Ela entra no prédio dando altas gargalhadas.

CORTA PARA:

CENA 12. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.

Karina ali trabalhando no projeto do tríplex. CAM detalha a tela do notebook. Ela trabalhando no projeto da cozinha.

KARINA       —  (P/si) Tá ficando show! Espero que a dona Glória goste. Ela tem uma cara de quem não gosta de nada.

Ricardo vem do quarto.

KARINA       —  Como a dona Rosangela está?

RICARDO     —  Deixei ela lá deitada descansando um pouco. A enxaqueca atacou ela de novo.

KARINA       —  Nossa! E fazia tempo que ela não voltava.

RICARDO     —  Pois é. Mas pelo visto sua mãe tá preocupadíssima com o chefe dela.

KARINA       —  Verdade. Mas dá pra ver que eles dois têm uma relação diferente.

RICARDO     —  Como assim, Karina? O que você tá querendo dizer com isso?

KARINA       —  (Sorrir) Calma, pai! Não é nada disso que o senhor tá pensando… Eu tô querendo dizer que eles tem uma relação de amigos e não apenas de chefe e colega de trabalho.

Fecha em Ricardo ainda grilado.

CORTA PARA:

CENA 13. HOSPITAL CRISJUDS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Sol e Glória ali aflitas. A Recepcionista se aproxima com os pertences de Alfredo dentro de um saquinho e entrega a Glória.

GLÓRIA        —  O que é isso, menina?

RECEPCIONISTA — São os pertences do homem que está na cirurgia.

SOL               —  E você tem alguma informação sobre como ele está?

RECEPCIONISTA — Infelizmente não. Só o pessoal do centro cirúrgico é que sabem o atual estado de saúde dele. Com licença!

Ela volta pra sua mesa e se senta.

SOL               —  E agora, mãe? O que a gente faz?

GLÓRIA        —  Agora? Temos que procurar aqui o contato de algum familiar do Alfredo pra avisar!

Elas tiram as coisas dos saquinhos e ficam ali procurando número de contato no cel. dele.

CORTA PARA:

CENA 14. RIO DE JANEIRO. EXT. NOITE.

Takes descontínuos da cidade toda iluminada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 15. APART DE RENATA. SALA. INT. NOITE.

Renata ali ainda com o cel. em mãos estarrecida. Bruna vem do quarto assustada.

BRUNA         —  O que aconteceu, mãe? Eu ouvi um grito!

RENATA       —  (Transtornada) Foi uma mulher… Foi uma mulher…

BRUNA         —  Do que a senhora tá falando? Que mulher é essa?

RENATA       —  Uma mulher ligou dizendo que o Alfredo sofreu um acidente e está no hospital passando por uma cirurgia.

BRUNA         —  (Se abala) Ai meu Deus! Mas em que hospital ele está?

RENATA       —  No Crisjudas.

BRUNA         —  Então vamos pra lá!

RENATA       —  Vamos.

As duas saem apressadas. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 16. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Sol e Glória ali. Renata e Bruna chegam e vão falar com a recepcionista fora de áudio. Ela aponta pra Sol e Glória e as duas se aproximam delas.

RENATA       —  Oi. Eu sou a Renata, esposa do Alfredo!

Reação de Sol passada.

GLÓRIA        —  Ah sim, Renata. Eu sou Glória e essa aqui é a minha filha, Sol.

Sol acena pras duas que retribuem.

RENATA       —  Na ligação a senhora disse que vocês duas reconheceram o carro dele?

GLÓRIA        —  Sim. O Alfredo é um velho conhecido nosso, né, filha?

SOL               —  É. Nós conhecemos o Alfredo tem mais de vinte anos. Só que como nós morávamos em São Paulo, acabamos perdendo contato com ele.

RENATA       —  Ah sim. Por que ele nunca comentou nada de vocês?

BRUNA         —  Sabe o que é mais estranho nisso tudo? O fato das duas terem reconhecido o carro do papai se já faz anos que eles não se falam!

Sol e Glória trocam olhares nervosíssimas. O médico se aproxima.

GLÓRIA        —  Olha o doutor vindo aí.

MÉDICO       —  Vocês são os familiares do senhor Alfredo Ferreira?

RENATA       —  Sim, eu sou esposa dele.

SOL               —  E então doutor? Como o Alfredo está?

Closes alternados em todos curiosos e aflitos. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 17. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Continuação imediata da cena anterior.

MÉDICO       —  O seu Alfredo agora está fora de risco.

Todos respiram mais aliviados com a notícia.

GLÓRIA        —  Graças a Deus!

RENATA       —  Mas o que o meu marido teve, doutor?

MÉDICO       —  Os exames apontam que ele estava dirigindo alcoolizado e com o impacto do acidente ele fraturou uma costela!

RENATA       —  Ai Jesus! Mas isso é muito sério, doutor?

MÉDICO       —  Bom, isso tudo vai depender de como será o tratamento e como ele responderá.

RENATA       —  Ah sim… Mas agora eu posso ver ele?

MÉDICO       —  Uma pessoa por vez.

SOL               —  Vai você primeiro que é esposa dele.

Renata entrega a bolsa a filha e vai para o quarto com o doutor acompanhando-a. Sol e Glória olham para Bruna e sorriem todas sem graças. Elas se viram de costas e se olham e Glória arremata.

GLÓRIA        —  (Cochicha) Por pouco essa garota não descobre o que eu acho que eles não sabem. 

Sol meneia a cabeça concordando.

CORTA PARA:

CENA 18. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. NOITE.

Flávia e Vicente ali sentados assistindo TV. Jandira chega da rua.

JANDIRA      —  Essa não! Esse cara ainda tá aqui, é?

VICENTE      —  Sim, Jandira. Eu ainda estou aqui. E boa noite pra você também.

JANDIRA      —  Uma pena não poder dizer o mesmo!

FLÁVIA        —  Posso saber onde a senhora estava, mamãe?

VICENTE      —  Aposto que tava por aí de safadeza com algum velho!

JANDIRA      —  Aí é que você se engana, meu amor! Eu sou dos novinhos! De quase velha, já basta eu!

Jandira dá uma gargalhada.

FLÁVIA        —  Mamãe, pelo amor de Deus! A senhora não vai me arrumar problemas com esses jovens!

JANDIRA      —  E você acha que eu sou o que, Flávia? Que eu sou uma maluca que sai por aí e fica com qualquer um?

VICENTE      —  Eu acho.

JANDIRA      —  Eu sou sensata, meu querido! Antas de rolar qualquer coisa eu peço para ver a identidade! Agora se vocês me dão licença eu preciso tomar um banho e passar um talquinho. Gente, eu não sei porque eu estou desse jeito. O baque foi muito forte!

Ela vai para o banheiro dando gargalhadas com Vicente arrematando.

VICENTE      —  (Debocha) Deve ser por causa da fricção!

FLÁVIA        —  Para com isso, meu amor!

VICENTE      —  Ué! E eu tô falando alguma coisa de errado?

FLÁVIA        —  Não. Eu sei que é por isso mesmo, mas deixa quieto.

CORTA PARA:

CENA 19. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. NOITE.

Atenção Sonoplastia: Instrumental triste entra aqui.

Renata ali emocionada a fazer carinho no rosto de Alfredo desacordado.

RENATA       —  (Emocionada) Ai, meu amor… Se eu soubesse o quanto isso te afetaria, eu nunca teria proposto o tempo no nosso casamento. Você… Realmente ainda estava ligado no nosso casamento. Prova disso é que você ficou totalmente fora de si depois da nossa conversa. Você nunca foi disso, Alfredo. Sempre foi, e é uma pessoa sensata! Nunca misturou álcool com direção! Ai meu amor… Me perdoa!

Ela abraça o amado. CAM dá close em Alfredo desacordado. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. NOITE.

Mazé vem da cozinha bebendo uma xícara de chá e fica ali a olhar pela janela, quando arremata.

MAZÉ            —  (P/si) Não vem pensando que engana a mamãezinha aqui não. Eu tenho certeza que a Juliana tá escondendo alguma coisa! Mas com a Ana ali acobertando ela, nunca vou descobrir nada! A não ser que… Não! Eu não vou fazer isso! Isso daí também já é demais! (Muxoxa) Acho que o Carlito tem razão! A Ju é uma menina adulta… Não tem como eu continuar querendo prender ela! Quer saber de uma coisa? Lavei as minhas mãos. Se ela tiver por aí com algum namorado, que ele seja gente boa e que não faça nenhuma besteira porque esses jovens de hoje em dia só Jesus na causa!

CORTA PARA:

CENA 21. APART DE MARTA. SALA. INT. NOITE.

Marta ali sentada pensativa. Gael vem do quarto e dirige-se a cozinha, quando Marta arremata.

MARTA        —  Acabei ouvindo daqui que você e o Miguel estavam conversando.

Ele se vira e aproxima-se da mãe arrematando.

GAEL            —  É, ele me disse que estava com problemas com a Adriana.

MARTA        —  Ah sim… Espero que você tenha aconselhado o seu irmão da forma correta. Porque o que ele quer fazer é loucura!

GAEL            —  Não acho não!

MARTA        —  Sério? Por que será que eu não me surpreendo com isso?

GAEL            —  Eu acho que ele deve seguir o que o coração dele mandar!

MARTA        —  Só ele que não enxerga que a Adriana é a menina certa pra ele!

GAEL            —  Se ele não está enxergando é porque ela não é pra ele! E a senhora quer o quê? Que ele continue nesse relacionamento e mais tarde se case com essa nariz em pé da Adriana pra viver infeliz ao lado dela? Pense bem no que a senhora está falando!

Ele vai pra cozinha.

MARTA        —  (P/si) Era só o que me faltava! O Gael agora ter horas de conselheiro! Péssimo conselheiro, mas está agindo como um!

CORTA PARA:

CENA 22. HOSPITAL CRISJUDAS. RECEPÇÃO. INT. NOITE.

Bruna, Renata e Sol ali. Glória vem do quarto.

GLÓRIA        —  Pronto! Agora é a sua vez, Sol.

SOL               —  Eu sinceramente não sei se estou pronta pra ver o Alfredo nesse estado.

GLÓRIA        —  Vai lá, filha!.

Ela ali enchendo-se de coragem vai para o quarto.

RENATA       —  Ela me parece bastante preocupada com o meu marido.

GLÓRIA        —  É que a Sol e o Alfredo são velhos conhecidos. Desde a época em que ele morava em São Paulo!

BRUNA         —  Meu pai adora esconder as coisas. Eu mesma não sabia que ele já tinha morado em São Paulo.

RENATA       —  Não é que seu pai adora esconder as coisas. Ele só nunca comentou nada disso com você.

BRUNA         —  (Invocada) Sempre excluída!

Fecha em Glória que dá um sorrisinho.

CORTA PARA:

CENA 23. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. NOITE.

Atenção Sonoplastia: Instrumental angustia entra aqui.

Sol entra no quarto e logo começa a chorar. Aproxima-se de Alfredo e pega na mão dele.

SOL               —  Ai Alfredo… Eu nunca imaginaria nem no meu pior pesadelo que chegaria perto de você novamente dentro de um hospital. Essa é a primeira vez que eu fico frente a frente contigo depois de tudo que aconteceu há vinte anos atrás. Eu sei que você não pode me ouvir, mas… Eu me arrependi muito de tudo que fiz naquela época e não posso deixar essa chance passar! Eu queria te pedir desculpas por tudo que eu fiz e falei! Eu sei que agir como uma louca em ter pensado e falado aquilo pra você. Mas eu fiz isso porque eu estava fora de si naquele momento… Eu acho que você me entende, né? Nós dois sofremos um golpe e tanto naquela época!

Ela dá um beijo na mão de Alfredo e logo depois isso ele aperta fracamente a mão dela. Ela fica surpresa.

SOL               —  (Surpresa) Alfredo? Você pode me ouvir?

Ela fica ali olhando pra ele surpresa. Instantes.

CORTA PARA:

FIM DO 25º CAPÍTULO

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