PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE


CENA 01. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. DIA.

Rosangela ali ao notebook a digitar rapidamente. Karina chega da rua.

KARINA       —  Oi, mãe.

ROSANGELA —(Olhando p/notebook) Oi, filha. Como você demorou.

KARINA       —  É que do tríplex da Sol eu me encontrei com o Miguel.

ROSANGELA —(Olhando p/notebook) Miguel? Mas quem é esse rapaz, minha filha?

KARINA       —  É um cara aí.

ROSANGELA —(Olhando p/notebook) Sei! Aposto que tá gostando desse “cara aí”, não tô certa?

KARINA       —  Sim, certa a senhora está, mas tem um problema.

Rosangela nem dá bola e continua a digitar no notebook.

KARINA       —  Mãe, eu tô falando com a senhora!

ROSANGELA —(Olha p/filha) O que, filha? Pode falar.

KARINA       —  Tem um problema a minha possível relação com ele.

ROSANGELA —Por quê?

KARINA       —  É complicado, mãe! Tem a namorada dele que é um pé no saco!

ROSANGELA —Sério, filha? Me conta mais.

KARINA       —  (Surpresa) Sério que a senhora vai querer me ouvir?

ROSANGELA —Claro, filha. Pode falar.

KARINA       —  Então, mãe… Eu até gosto do….

Ela continua a arrematar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Flávia e Vicente sentados.

VICENTE      —  Depois de tantos anos de casamento me acontece isso. Eu nunca imaginei que a Cris fosse capaz de ser tão traíra assim.

FLÁVIA        —  Esquece isso, Vicente. Bola pra frente. Ela já falou e não tem como voltar atrás

VICENTE      —  Tem! Tem como ela voltar atrás sim e me pedir desculpas!

FLÁVIA        —  Mas isso ela não vai fazer. Pelo que você me fala dessa mulher, ela jamais chegaria ao ponto de se desculpar com alguém.

VICENTE      —  Verdade. Mas convenhamos aqui que desta vez ela ultrapassou todos os limites inimagináveis.

Jandira vem do quarto de Murilo.

JANDIRA      —  Será que agora eu posso voltar pra sala ou vocês ainda estão fazendo dela uma sala de “desabafo”.

FLÁVIA        —  Pode ficar, mamãe. Nós já terminamos.

Ela procura um lugar e se senta.

FLÁVIA        —  Quer alguma coisa, meu amor? Uma água, um suco, um café?

VICENTE      —  Não, tô bem.

FLÁVIA        —  Então fica aí com a mamãe que eu vou tomar um suco na cozinha.

Flávia vai para a cozinha. Jandira e Vicente calados, eles se olham e um faz cara de soberbo para o outro e viram a cara.

JANDIRA      —  Não sei como tem a cara de pau de aparecer aqui na casa da minha filha!

VICENTE      —  Ah, tá. Só porque você que é uma intrusa nesta casa se sente incomodada com a minha presença eu vou deixar de vim ver a Flávia e o Murilo? Ah, faça-me o favor, Jandira!

JANDIRA      —  Para o seu governo eu não sou intrusa! Eu sou a única pessoa sensata nesta casa!

VICENTE      —  (Debocha) Você? Sensata? Sensatez é uma coisa distinta do que você realmente é Jandira! Você não é sensata e todo mundo sabe disso!

Fecha em Jandira encarando ele furiosa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 03. APART DE CRISTINA. QUARTO ADRIANA. INT. DIA.

Atenção Sonoplastia: Instrumental triste entra aqui.

Adriana ali deitada chorando agarrada num ursinho de pelúcia. Cris entra no quarto.

CRISTINA     —  Oh, filha…. Não precisa ficar desse jeito.

ADRIANA     —  Como não, mãe? A senhora precisa ver como os dois estavam na pracinha. Pareciam que se gostavam de verdade.

CRISTINA     —  Não é possível que o Miguel depois de tantos anos de namoro e agora seu noivo, esteja querendo pular fora.

ADRIANA     —  Mas é o que está acontecendo! Desde que essa peste da Karina chegou as nossas vidas que ele anda meio estranho comigo. Eu acho que ele gosta dela e não quer assumir isso!

CRISTINA     —  Mas como você chegou à conclusão de que ele pode estar gostando dela?

ADRIANA     —  Um dia aí quando ele me viu conversando com ela, logo chegou dizendo que eu não poderia fazer aquilo e que eu estava ameaçando a Karina!

CRISTINA     —  Mas o que exatamente você disse a essa menina?

ADRIANA     —  Eu disse: “que se eu visse ela chegando perto do Miguel de novo eu ia…” Aí ele chegou me interrompendo e desde então que a gente não tem se falado direito.

CRISTINA     —  Mas como você pôde ser tão burra ao ponto de fazer isso?

ADRIANA     —  Mas mãe. Eu/

CRISTINA     —  (Corta) Mas mãe nada! Se você quer mesmo intimidar alguém tem que fazer da forma correta!

ADRIANA     —  E que forma correta seria essa?

CRISTINA     —  Primeiro você deveria ter visto um local do qual teria certeza que o Miguel não fosse ouvir…

Ela continua ali dando as coordenadas a filha fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. CASA DE CARLITO E MAZÉ. QUARTO CASAL. INT. DIA.

Mazé ali furiosa sentada na cama.

MAZÉ            —  (P/si) Pra Juliana ter ido na praia e não ter avisado ninguém é porque ela tá escondendo alguma coisa! E eu tenho certeza que a Ana sabe o que é e não quer falar!

Carlito bate na porta e entra arrematando.

CARLITO      —  Licença, nega. Como é que você tá?

MAZÉ            —  Como eu tô? Eu tô puta com a Juliana!

CARLITO      —  Mas o que a menina fez dessa vez, nega?

MAZÉ            —  Ela está na praia e não avisou ninguém!

CARLITO      —  Mas como assim praia?

MAZÉ            —  É isso mesmo que você ouviu, Carlito.

CARLITO      —  Eu não acredito nisso! Eu não quero a minha menininha por aí de biquíni sendo o centro das atenções!

MAZÉ            —  É sério mesmo que você tá preocupado com isso? A menina sai sem falar nada e você se preocupa com o biquíni dela?

CARLITO      —  Claro! Do jeito que esses caras ficam feito urubu na carniça quando veem uma nega linda como a nossa filha é de se preocupar com o biquíni!

MAZÉ            —  (P/si) Eu mereço! 

CORTA PARA:

CENA 05. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Continuação não imediata da cena 20 do capítulo anterior. Sol, Juliana e Gael ali. Conversa a meio.

SOL               —  Gente, mas como a sua mãe pôde ser capaz de uma coisa dessas?

GAEL            —  Olha, dona Sol.

SOL               —  Pode me chamar só de Sol mesmo.

GAEL            —  Então, Sol… Sabe o que acontece? É que o meu outro irmão, Miguel é muito diferente de mim, sabe? Ele é mais família enquanto eu sou mais o que chamam por aí de vida louca. 

SOL               —  (Não entende) Mas como assim vida louca?

JULIANA      —  Quer dizer que ele faz coisas até ilegais!

SOL               —  (Supressa) Que isso? Que horror!

GAEL            —  Também não fala desse jeito, né, Juliana?! Se não o que a Sol vai pensar de mim…

SOL               —  (Brinca) Que você é vida louca!

Eles sorriem.

SOL               —  Olha, Gael. Eu vou ser bem sincera com você. Um exemplo: meu filho pode ser a pessoa mais errada do mundo, mas nunca faria uma coisa dessas! Acusar o próprio filho de roubo é demais!

GAEL            —  Tá vendo só, Juliana? Todos que eu falo sobre isso me apoiam.

JULIANA      —  Eu sei que sua mãe errou! Mas nós também temos que entender o lado dela!

GAEL            —  A dona Marta é incompreensível! Jamais alguém entenderá o que se passa na cabeça dela!

SOL               —  Marta? Esse é o nome da sua mãe?

GAEL            —  É, sim.

Fecha em Sol ali desconfiada. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 06. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Takes aéreos descontínuos do Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Praia de Ipanema. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Glória sai da suíte enrolada num roupão, senta na cama, pega uma revista que está ali e começa a folear até que arremata.

GLÓRIA       —  (P/si) Se bem que a Sol tem razão de ficar pensando no passado. É indiscutível que as coisas teriam sido diferentes. Mas será que a relação dela com o Alfredo renderia até hoje? Sei lá! Mas eu e o Sil com certeza ainda estaríamos juntos! Quase completando bodas de ouro. Uma pena você não está mais aqui meu véio. Você faz uma falta imensa. Com toda certeza, se o Sil estivesse aqui ele já tinha arrumado um casamento pra Sol. Duvido que ela estaria encalhada. (Sorrir) Sil sempre inventou essa de arrumar marido pra Sol. Ela ficava furiosa com o pai. (Suspira) Ah… Tempos que infelizmente não voltam mais! 

Ela fica ali nostálgica. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 08. APART DE MARTA. QUARTO GÊMEOS. INT. DIA.

Miguel ali mexendo no cel. Marta entra e arremata.

MARTA        —  Filho, eu estou até agora pensando naquela nossa conversa!

MIGUEL        —  Sério, mãe? Esquece isso!

MARTA        —  Claro que não! É impossível esquecer que você está colocando uma relação maravilhosa com a Adriana no lixo!

MIGUEL        —  “Relação maravilhosa”… Tá falando isso porque não sabe como é.

MARTA        —  Sei sim. Do jeito que a Adriana é aqui em casa ela me parece ser uma moça maravilhosa. Eu não vou deixar você cometer essa burrada. Essa tal de Karina não é a menina certa pra você.

MIGUEL        —  Ah é? Como é que a senhora pode saber? Pelo que eu saiba quem tem que decidir o que é melhor pra mim sou eu esmo!

MARTA        —  Sim, mas desde o exato momento em que a gente vê o nosso filho cometendo uma burrada, temos que intervir!

MIGUEL        —  (Debocha) Sério que é só quando o filho está cometendo uma “burrada” como a senhora mesma disse, que tem que intervir?

MARTA        —  Você me entendeu, Miguel!

MIGUEL        —  Aonde a senhora tá querendo chegar com esse papo, mãe?

MARTA        —  No seguinte ponto: eu odeio a mãe da Adriana! Mas você acha que ela vai querer ver a filha dela sofrer com essa possível separação de vocês? Claro que não!

MIGUEL        —  E a senhora acha o quê? Que ela vai bater aqui na nossa porta?

MARTA        —  Não duvido nada!

Fecha em Miguel, que pensa na possibilidade ficando intrigado. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. PRÉDIO DE RICARDO E FLÁVIA. FRENTE. EXT. DIA.

Ricardo ali encostado numa parede.

RICARDO     —  (P/si) Em que apartamento o Vicente está, hein? Ele tá demorando tanto.

Jandira sai do prédio e vem falar com Ricardo que nem vê ela se aproximando.

JANDIRA      —  (Grita) Ricardo!

RICARDO     —  (Se assusta) Ai que susto você me deu, Jandira!

JANDIRA      —  Que isso, homem? Tá se assustando à toa, é?

RICARDO     —  Claro! Você chega assim de mansinho.

JANDIRA      —  Mas o que você tá fazendo aqui do lado de fora do prédio?

RICARDO     —  Tô esperando um certo alguém.

JANDIRA      —  Sei. E esse certo alguém por acaso se chama “a outra”?

RICARDO     —  (Não entende) A outra? Como assim, Jandira? Do que é que você está falando?

JANDIRA      —  Tá esperando a amante aqui do lado de fora do prédio?

RICARDO     —  Claro que não, Jandira! Não diga uma coisa dessas nem de brincadeira! Eu tô aqui esperando um cara que eu suspeito que é o meu chefe.

JANDIRA      —  Ah sim. Mas me diz aqui…. Você nunca pensou em provar alguém fora do casamento?

RICARDO     —  Claro que não, Jandira! Eu hein! Eu casei, sou e sempre serei fiel!

JANDIRA      —  Isso é conversa pra boi dormir! A melhor coisa é a pegação com a galera!

RICARDO     —  Sei bem que galera é essa. O síndico do prédio, né?

JANDIRA      —  Não. Aqui entre nós, o síndico foi o maior erro da minha vida! É caído! O meu foco agora são os novinhos!

Ela ver um jovem de aproximadamente vinte anos passando do outro lado da rua e arremata.

JANDIRA      —  Alvo avistado! Preciso ir agora, Ricardo. O meu golpe de xiririca precisa ser aplicado.

Ela atravessa a rua a passos largos para seguir o jovem.

RICARDO     —  (P/si, sorrir) Essa Jandira é uma figura mesmo, né?

CORTA PARA:

CENA 10. LEBLON. PRAIA. AREIA. EXT. DIA.

Juliana e Gael ali sentados na areia.

JULIANA      —  Muito estranho a Sol ter ido embora assim do nada.

GAEL            —  E o mais estranho foi que tudo aconteceu depois que ela ficou sabendo o nome da minha mãe.

JULIANA      —  Sua mãe conhece alguma mulher com o nome de Sol?

GAEL            —  Não sei não, Juliana! Mas com certeza aí tem coisa. Agora o que a gente não sabe.

Closes alternados nos dois ali intrigados. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 11. LEBLON. ORLA. EXT. DIA.

Sol ali caminhando sozinha em outro ponto da orla.

SOL               —  (P/si) Marta… Esse é o nome da mãe dos gêmeos… Estranho isso. Ah não, Sol! Minha mãe tá certa. Eu tenho que parar com isso de ficar remoendo o passado. Eu preciso seguir em frente. (Para de caminhar) Mas por que tem que ser tão difícil? Principalmente pra mim com o passado que tenho. Será que algum dia eu vou conseguir encontrar alguém que eu consiga amar de verdade? Não adianta ficar pensando no Alfredo mais. Com certeza ela já tem a família dele. Eu tenho agora é que tentar viver uma nova história de amor e finalmente deixar de lado a que tive vinte anos atrás. (Determinada) É isso que eu vou fazer!

Fecha nela ali determinada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. AVENIDA. EXT/ INT. DIA.

Carro de Alfredo ali fazendo várias ultrapassagens perigosíssimas. Ele ali vibrado de cara fechada. Corta para dentro do carro:

ALFREDO     —  (P/si, ódio) Eu lutando pra salvar o nosso casamento e é assim que a Renata me paga! Mas não… Isso é pra mim aprender e ver com que mulher eu me casei!

Corta para fora do carro: ele faz mais uma ultrapassagem e fecha um motorista que acaba freando o carro bruscamente. Ele buzina puto da vida para Alfredo. Corta para dentro do carro:

ALFREDO     —  (P/si) Ah vai buzinar pra senhora tua mãe! Será que eu deveria mesmo ter entrado nesse relacionamento com a Renata? Ah, mas que pergunta, né Alfredo? É claro que sim! Eu amava a Renata. Mas depois de hoje esse amor se transformou em sei lá o quê! Será que ela tá com outro?

Ele fica ali ao volante pensativo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Campainha tocando. Marta vem do quarto dos gêmeos e abre a porta.

MARTA        —  (Surpresa) Cristina?

CRISTINA     —  (Séria) Nós precisamos conversar, Marta!

Fecha em Marta ainda surpresa com a “visita”. Instantes. Suspense. Tensão.

INTERVALO COMERCIAL

CENA 14. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena anterior.

MARTA        —  Tudo bem. Entre.

Ela entra. E Marta fecha a porta.

CRISTINA     —  Eu acho que você sabe o motivo da minha visita.

MARTA        —  Não tenho certeza se sei, mas desconfio.

CRISTINA     —  Estou aqui para falarmos sobre o relacionamento dos nossos filhos!

MARTA        —  Shiii…. Fala baixo que o Miguel tá em casa!

CRISTINA     —  Então sujou! Temos que falar sobre isso em outro lugar. Que tal se fôssemos tomar um café, por exemplo?

MARTA        —  Que fique claro uma coisa: só vou aceitar porque acredito eu e você queremos o melhor para o relacionamento deles! 

CRISTINA     —  Exatamente por isso. Você acha mesmo que eu viria aqui com outro propósito? Claro que não!

MARTA        —  Então vamos.

Marta pega sua bolsa, que estava sobre o sofá e as duas saem.

CORTA PARA:

CENA 15. LEBLON. CAFETERIA DE LUXO. INT. DIA.

Cafeteria cheia. CAM vai passando pelas mesas dos figurantes e para na mesa de Cristina e Marta.

MARTA        —  Pra você ter me procurado eu acho que já tem uma ideia do que a gente pode fazer.

CRISTINA     —  Sinceramente não tenho não! Eu decidi ir até a sua casa lhe convocar para essa reunião justamente para discutirmos o que pode ser feito para que o relacionamento deles não acabe.

MARTA        —  Me explica uma coisa aqui… Como uma mulher como você pode gostar tanto do meu filho pra querer mesmo ele como genro?

CRISTINA     —  Vou te falar uma coisa, Marta… A Adriana só gosta de rapazes que não prestam pra ela. E aí quando eu conheci o Miguel, eu vi que ele era o melhor.

MARTA        —  (Soberba) Eu sei que o meu filho é o melhor! Isso é o reflexo da criação de ouro que eu dei para meus filhos!

CRISTINA     —  (Debocha) Sei… Criação foi tão de ouro que o outro é um perdido na vida e até preso já foi.

MARTA        —  (Cresce) Vê lá como você fala do meu filho, hein!

CRISTINA     —  Vamos focar no que realmente interessa e evitar ficar se gabando!

MARTA        —  Bom, tirando conclusões das últimas conversas que tive com o Miguel. Ele não está muito longe de acabar com o relacionamento.

CRISTINA     —  Então temos que agir o quanto antes!

Fecha em Marta que concorda meneando a cabeça. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 16. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.

Takes descontínuos do anoitecer nas praias da zona sul, com destaque para a pedra do arpoador. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 17. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. NOITE.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Carlito e Ana sentados no sofá. Mazé andando de um lado para o outro arrematando.

MAZÉ            —  (Furiosa) Aonde que essa menina se meteu?!

CARLITO      —  A Ana já não disse que ela está na praia?

MAZÉ            —  Sim, mas eu tenho as minhas desconfianças. A Juliana sempre me conta tudo. Pra ela não ter falado nada dessa vez é porque tá escondendo alguma coisa. (Olha p/Ana) E você tá ajudando ela a esconder as coisas de mim, não é?

ANA              —  Que isso, tia? Pra que essa desconfiança toda? A Juliana não tá escondendo nada da senhora. Eu posso garantir.

MAZÉ            —  Por que será que eu não acredito, né, Ana? Por que será?

Ela vai para o quarto pê da vida. Carlito e Ana ali ainda surpresos.

CARLITO      —  O que é que foi isso, Ana?

ANA              —  Um ataque de fúria.

CARLITO      —  Só de pensar que eu tenho que dormir na mesma cama que essa mulher hoje chega me dar a maldita dor na lombar!

ANA              —  Ih, Carlito… Então cuide muito bem da sua lombar porque a tia Mazé hoje não tá pra brincadeira não! 

Fecha em Carlito com receio da esposa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 18. HOTEL DE LUXO. QUARTO. INT. NOITE.

Glória ali já com uma roupa normal sentada na cama tentando mexer no cel.

GLÓRIA        —  (P/si) Por que essas coisas tem que ser tão difíceis? Tô querendo ligar pra ver aonde a Sol se meteu pra ter sumido e não consigo! Droga de tecnologia que só serve para os jovens!

Ela joga o cel. ali pela cama mesmo. Sol chega da praia.

GLÓRIA        —  Graças a Deus que você chegou, minha filha. Tava preocupada.

SOL               —  Preocupada por quê? A minha nostalgia não estava incomodando a senhora? Se eu não me engano a senhora fez questão de deixar isso bem claro.

GLÓRIA        —  Eu sei que disse isso minha filha. Mas aí depois eu parei pra pensar nisso. Realmente as coisas teriam sido diferentes. Principalmente se seu pai estivesse aqui com a gente.

SOL               —  Não é? Papai alegrava o ambiente. Eu tenho certeza que se ele tivesse aqui, nós estaríamos naquela velha mansão.

GLÓRIA        —  Verdade. Seu pai sempre adorou aquela casa.

SOL               —  Em falar nisso, a senhora já decidiu se vai vender ou não a casa?

GLÓRIA        —  Não sei, minha filha. Aquela casa era tudo que seu pai e eu tínhamos! E vendê-la assim de uma hora pra outra sei lá… Não é legal!

SOL               —  Eu sei, mãe. Mas se a senhora um dia ficar pronta pra vender a casa… Pode ter certeza que eu vou te apoiar.

GLÓRIA        —  Obrigada, filha.

Glória fica ali um pouco mexida por falar em Silvestre. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 19. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.

Rosangela ali lendo um livro e à mesa está Karina trabalhando ao notebook. Várias folhas ali espalhadas sobre a mesa. Ricardo chega da rua. 

ROSANGELA —Onde você passou a tarde, Ricardo? Sumiu! Não vi nem rastro seu mais.

RICARDO     —  Estava lá embaixo esperando o cara que eu tinha a suspeita de ser o Vicente.

ROSANGELA —Mas e aí, era ele mesmo?

RICARDO     —  Sei lá! O cara veio pra algum apartamento e não saiu mais. Eu cansei de fazer plantão naquela portaria.

ROSANGELA —Eu queria até te contar… Eu e o Alfredo tivemos a ideia de fazer um jantar só de casais, o que você acha?

RICARDO     —  Um jantar só de casais? Não sei não, Rô.

ROSANGELA —Ah, vamos, Ricardo? Poxa, nós já fizemos até as reservas.

RICARDO     —  Como é que você faz a reserva sem saber se eu estou a fim de ir?

ROSANGELA —Porque eu sei que você não recusaria.

RICARDO     —  Logo que você já reservou eu não tenho escolha, né?

ROSANGELA —(Feliz) Ai que bom, meu amor. Vou lá no quarto separar o meu look da noite!

Rosangela feliz vai para o quarto.

KARINA       —  Nossa! Fazia tempo que eu não via a dona Rô tão feliz assim.

RICARDO     —  Pois é, minha filha. Espero que as coisas comecem a mudar e ser como antigamente. Mas e você, o que tanto faz aí nesse computador?

KARINA       —  Tô aqui trabalhando no projeto do tríplex da Sol.

RICARDO     —  Ah, tá.

Fecha em Ricardo que dá um sorrisinho.

CORTA PARA:

CENA 20. APART DE RENATA. SALA. INT. NOITE.

Renata ali sentada no sofá abaladíssima. Bruna chega do shopping.

BRUNA         —  Cheguei, mãe. (Percebe algo) O que aconteceu?

RENATA       —  Senta aqui, filha. Senta aqui que a mamãe vai te contar tudo que aconteceu.

BRUNA         —  (Se senta) Pela sua cara a coisa não é nada boa.

RENATA       —  Não mesmo! Você já tinha percebido que seu pai e eu andávamos meio distante um do outro ultimamente, né?

BRUNA         —  Sim, mas aonde a senhora quer chegar com isso?

RENATA       —  Filha, seu pai e eu conversamos e chegamos à conclusão de que o melhor seria darmos um tempo.

BRUNA         —  (Reage forte) Espera aí. Com esse negócio de tempo, o papai teve que sair de casa?

RENATA       —  Sim.

BRUNA         —  Mas por que isso, mãe?

RENATA       —  Foi necessário, minha filha. Seu pai e eu precisamos de espaço pra pensar no nosso relacionamento.

BRUNA         —  (Cresce, firme) E por acaso vocês pensaram em mim quando tomaram essa decisão? Não pensaram, né! Não pensaram o quanto isso me afetava!

Ela vai para o quarto com Renata arrematando.

RENATA       —  Espera aí, filha. Volta aqui! Também não é assim!

Ela fica ali aflita e bufa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 21. RIO DE JANEIRO. AVENIDA. EXT/ INT. NOITE.

Estrada com pouco movimento. Carro de Alfredo fazendo várias ultrapassagens perigosíssimas.  Dirigindo feito um louco. Corta para dentro do carro: Alfredo já visivelmente embriagado arremata. 

ALFREDO     —  (P/si) Como as coisas podem ter chegado a esse ponto? Eu sempre amei essa mulher! Eu sempre dei tudo de mim na nossa relação e ela nunca percebeu! Tudo foi em vão!

Ele pega uma garrafa de cachaça e entorna (bebe). CAM subjetiva: ele já com a visão começando a ficar turva.

ALFREDO     —  (P/si) É isso que se ganha por anos de dedicação! (Grita) Tudo foi em vão!!! Tudo foi em vão!!!

Corta para fora do carro: CAM mostra um cruzamento. Uma jovem de aproximadamente quatorze anos atravessa a rua como se estivesse no lugar mais calmo do mundo. Carro de Alfredo se aproxima e ele desvia da menina bruscamente, fazendo com que seu carro perca o controle e capote várias vezes. CAM mostra a menina ainda ali em choque. Ela corre do local. CAM mostra o carro de Alfredo ali com as rodas viradas para cima. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 23º CAPÍTULO

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