PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JOÃO

JOANA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

MURILO

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

ZÓI E HOMEM1

CENA 01. APART DE MARTA. QUARTO GÊMEOS. INT. DIA.

Gael entra, joga a mochila na cama.

Atenção Sonoplastia: Cel. notifica mensagem.

GAEL            —  (Lê) Que tédio!!! O que você faz de bom? (Digitando) Eu acabei de chegar da facul e não tô fazendo nada. (P/si) Ai, Ju… Se você soubesse o quanto eu gosto de você… Eu acho que nunca gostei de ninguém como gosto da Ju. Também… Ela com aquele jeitinho deixa qualquer um encantado!

Ele sorrir e volta a digitar uma mensagem para Juliana. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 02. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Takes descontínuos do passar de algumas horas. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA ENORME. EXT. DIA.

Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.

Miguel e Glória ali a observar a vista linda. Sol e Karina ao fundo conversando.

MIGUEL        —  Imagine a senhora todo dia acordar e dar de cara com essa vista linda.

GLÓRIA        —  Pois é. É uma das coisas que me fez gostar ainda mais do tríplex.

MIGUEL        —  Desculpe perguntar, mas… Esse tríplex não é grande demais só pra senhora e a sua filha?

GLÓRIA        —  Foi exatamente o que eu disse pra Sol! Mas você acha que ela me escuta? Que nada! Ela quis porque quis o tríplex e agora vamos morar essa grandiosidade que você tá vendo aqui.

Corta para mais ao fundo: aonde Sol e Karina estão a conversar.

KARINA       —  Pelo visto a sua mãe foi com a cara do Miguel.

SOL               —  Milagre! Mas desde o dia em que esbarramos nele na orla que ela tem elogiado ele. Principalmente por ser uma pessoa muito educada.

KARINA       —  É. O Miguel é esse gentleman mesmo que você tá vendo.

SOL               —  Então é dele que você gosta?

KARINA       —  Sim. Mas eu acho que nós nunca vamos conseguir ter alguma coisa, sabe?

SOL               —  Por causa da namorada dele. Eu já ouvi isso e já deixei bem claro o que eu acho que você deveria fazer. Hoje eu estava vendo vocês dois. Poxa. Vocês têm muita química. Sem dize que formam um casal lindo.

KARINA       —  Obrigado pelo elogio. Apesar de estarmos mais próximos nesses últimos dias, eu acho que isso não vai durar muito não.

SOL               —  Olha, eu acho que é só você que não enxerga isso. Mas o Miguel gosta de você!

Fecha em Karina confusa. CAM mostra Miguel e Glória conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 04. CONSTRUTORA MACEDO. SALA DE REUNIÃO. INT. DIA.

Cristina e Adriana sentadas conversando.

CRISTINA     —  Você ficou muito tempo com o seu pai na sala dele.

ADRIANA     —  É. Conversamos bastante.

CRISTINA     —  Ah sim. (Curiosa) E sobre o que vocês tanto conversaram?

ADRIANA     —  Sobre a vida, mãe. Sobre tudo que está acontecendo entre vocês dois e também do meu relacionamento turbulento com o Miguel.

CRISTINA     —  É, filha, mas no seu caso com o Miguel ainda há uma luz no fim do túnel!

ADRIANA     —  E o de vocês não tem mais saída.

CRISTINA     —  Exatamente. Agora mudando de assunto. Eu conversei com a gerente do RH e ela disse que abrirá vagas para estágio mês que vem.

ADRIANA     —  Ai que bom, mãe.

CRISTINA     —  Eu já deixei ela avisada de que uma dessas vagas tem que ser sua!

ADRIANA     —  Não vejo logo a hora de começar com tudo isso! Vai ser bem legal trabalhar aqui com vocês!

CORTA PARA:

CENA 05. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana e Ricardo chegam do almoço.

ANA              —  Ai que almoço maravilhoso! Muito obrigado mesmo por ter bancado!

RICARDO     —  De nada. Mas não acostuma não que você é folgada!

ANA              —  Eu!? Folgada!? De onde você tirou isso?

RICARDO     —  Você ainda me pergunta? Você mesma que se convidou para ir filar boia!

ANA              —  Eu sei! Desculpe. Mas é que aquele restaurante fino, sofisticado é maravilhoso!

Vicente sai de sua sala.

VICENTE      —  Finalmente vocês dois apareceram. A reunião já deveria ter começado há meia hora.

RICARDO     —  Desculpa, Vicente. É que eu e a Ana só conseguimos sair pra almoçar fora do horário. 

VICENTE      —  Tudo bem. Mas vamos logo que a outra tá ali na sala esperando. Pra evitar de ela querer soltar os cachorros em vocês, é melhor virem o quanto antes!

Vicente entra na sala de reunião.

RICARDO     —  Escutou ele, né, Ana? Vamos o quanto antes!

ANA              —  Eu não participo de reuniões não.

RICARDO     —  Mas eu participo. Vou na minha sala pegar as minhas coisas.

Ricardo vai para sua sala.

ANA              —  (P/si) Pelo menos da reunião eu estou livre. Menos uma coisa pra me preocupar. Como se já não bastasse o estresse diário que é ser secretária desses dois.

CORTA PARA:

CENA 06. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.

Todos ali trabalhando a todo vapor. Rô e Joana voltam da diretoria de “cara feia”.

ROSANGELA —Espero que você esteja feliz!

JOANA          —  Eu? Feliz pelo quê?

ROSANGELA —Não se faça de maluca que você sabe muito bem do que eu estou falando!

JOANA          —  Se por acaso você estiver se referindo ao caso de a diretoria ter percebido o quão incapaz você é de assumir o cargo do Alfredo…. Eu estou feliz sim! Eu diria: radiante!

ROSANGELA —(Ameaça) Olha aqui, garota! Só vou te falar uma coisa. Isso não vai ficar assim!

JOANA          —  (Debocha) Ai que meda! E você vai fazer o quê?

ROSANGELA —Aguarde e você verá! Mas que você vai pagar por isso, vai!

Rosangela se senta a sua mesa. Joana permanece ali sorrindo debochadamente. Instantes. Tensão.

CORTA PARA: 

CENA 07. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Atenção Sonoplastia: tel. fixo tocando. Juliana vem do quarto e atende.

JULIANA      —  (Ao tel.) Alô?

ZÓI                —  (OFF) Chefe? Comprei as roupas pra começar com o esquema?

JULIANA      —  (Ao tel.) Que esquema?

ZÓI                —  (OFF) É engano! Desculpa aí!

Ele desliga.

JULIANA      —  (Ao tel.) Alô? (P/si) Desligou! (Intrigada) Roupas para começar com o esquema… O que será que significa isso?

Carlito vem da cozinha.

CARLITO      —  Ouvi o telefone tocar. Quem era?

JULIANA      —  Não sei. Um cara com uma voz estranha. Ele disse que tinha comprado roupas pra começar com o esquema.

Reação de Carlito que arregala os olhos.

JULIANA      —  O senhor sabe do que se trata?

Fecha em Carlito nervosíssimo. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 08. LEBLON. PRÉDIO DE SOL. FRENTE. EXT. DIA.

Sol, Glória, Karina e Miguel saindo do prédio.

KARINA       —  Então vocês gostaram de tudo?

SOL               —  Sim. E vamos comprar toda a mobília o quanto antes!

GLÓRIA        —  Confesso que fiquei muito surpresa com a sua capacidade pra fazer essas coisas, hein, menina!

KARINA       —  Obrigado, dona Glória.

SOL               —  Bom, gente. Então é isso. Agora mamãe e eu vamos comprar as coisas. Semana que vem eu já quero a equipe trabalhando no tríplex. Eu quero me mudar o quanto antes. Tchau, gente!

MIGUEL        —  Tchau.

KARINA       —  Tchau.

Sol entra no carro. Glória se aproxima de Miguel e arremata.

GLÓRIA        —  Quando nos mudarmos pra cá apareça para tomar um cafezinho.

MIGUEL        —  Pode deixar, dona Glória.

GLÓRIA        —  Tchau, Karina.

KARINA       —  Tchau, dona Glória.

Glória entra no carro. Sol dá a partida e buzina pra eles que acenam pra elas no carro que vai se afastando.

KARINA       —  Nossa! E não é que a dona Glória foi com a sua cara?

MIGUEL        —  Pois é! Do jeito que ela nos recebeu aqui antes de entramos eu pensei que ela me odiava! Mas não foi isso que aconteceu.

KARINA       —  Por de trás de toda velha rabugenta, tem um bom coração!

MIGUEL        —  (Ri) Não acredito que você falou uma coisa dessas!

KARINA       —  Ué! Por que não?

MIGUEL        —  Por que você tem esse jeitinho de ser certinha!

KARINA       —  Mas dizer algumas verdades de vez em quando não machuca ninguém não! Agora vamos andando antes que passemos a tarde toda na rua.

Os dois caminhando e conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 07. Mesmo clima de tensão.

CARLITO      —  Claro que eu não sei, né, filha!

JULIANA      —  Tô perguntando isso porque o cara disse: chefe.

CARLITO      —  Eu não sei quem é! Você sabe muito bem que eu não tenho envolvimento com essas coisas erradas! Pra mim uma pessoa que mexe com essas coisas é retardada! Vai ver era trote.

JULIANA      —  Não, não era trote não!

CARLITO      —  E como você pode saber se é ou não é trote, filha?

JULIANA      —  Por que se fosse trote o cara não teria desligado tão facilmente. Ele teria insistido mais.

CARLITO      —  É, mas não tem como a gente saber quem é.

JULIANA      —  Verdade. Mas que isso é estranho é!

Ela vai para o quarto grilada. Carlito respira mais aliviado. Olha para se certificar de que ela foi mesmo para o quarto e arremata.

CARLITO      —  (P/si, raiva) Ah se eu pego o idiota que fez uma coisa dessas eu mato! Só pode ter sido um daqueles palermas!

CORTA PARA:

CENA 10. BECO. EXT. DIA.

Zói ali com o cel. ainda na mão preocupadíssimo, inquieto. Homem1 se aproxima.

HOMEM1      —  Que é que foi, Zói? Por que você tá aí desse jeito?

ZÓI                —  Eu fiz uma coisa zuada, irmão.

HOMEM1      —  O que você fez, rapá?

ZÓI                —  Eu liguei pra casa do chefe e foi uma mulher que atendeu!

HOMEM1      —  Mas como você fez uma idiotice dessas, Zói?! O chefe vai voltar aqui soltando fogo pelas ventas! Mas por que você ligou pra ele?

ZÓI                —  Porque eu queria avisar que a gente já comprou a roupa!

HOMEM1      —  Ai, cara… Agora eu tô até com medo do que o chefe pode fazer quando encontrar com a gente!

ZÓI                —  O pior mesmo é se ele contar pro Ratão Máster!

HOMEM1      —  Aí a casa cai de vez!

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.

João e Bruna ali sentadas. Renata chega da rua.

BRUNA         —  Finalmente a senhora chegou, hein, mãe!

RENATA       —  Desculpa não ter atendido as suas ligações, filha! Como vai, João?

JOÃO            —  Tudo bem.

BRUNA         —  Mas que cara é essa, mãe? O que aconteceu?

RENATA       —  Seu pai e eu nos desentendemos de novo!

BRUNA         —  Ai meu Deus! Qual foi a causa dessa vez?

RENATA       —  Seu pai praticamente jogou na minha cara que a nossa relação está assim por minha causa!

BRUNA         —  Ai meu Deus. Será que vocês dois nunca vão parar de brigar não, é?

JOÃO            —  Não fica assim não, dona Renata. A cabeça do seu Alfredo deve tá confusa pelo que aconteceu! Vai ver ele falou isso sem pensar! Da boca pra fora!

RENATA       —  Obrigado, João! Eu preciso tomar um banho e repousar.

Ela vai para o quarto.

JOÃO            —  Não deve tá sendo nada fácil pra você lidar com todas essas coisas ao mesmo tempo!

BRUNA         —  Não mesmo!

CORTA PARA:

CENA 12. PRÉDIO DE RICARDO E FLÁVIA. FRENTE. EXT. DIA.

Miguel e Karina ali caminhando até que chegam à portaria.

KARINA       —  Obrigado por ter me acompanhado até em casa.

MIGUEL        —  Que isso? Não foi nada. Eu não poderia deixar você, uma dama vir sozinha.

KARINA       —  (Brinca) Gente, mas é um gentleman mesmo.

MIGUEL        —  Só com quem merece. E que eu gosto.

Ele toma Karina em seus braços e a beija apaixonadamente. Neste momento, CAM mostra Maria de F. vindo caminhando distraída, quando ela vê aquela cena arremata.

MARIA DE F.— (P/si) Eta garoto arretado! E não é que ele não tem nada de santinho! Esse não é o vida louca. O vida louca se veste diferente. (Sorrir) E eu pensando que ele era certinho! Esse é o que eu pensava ser certinho! Mas esse mundo tá perdido mesmo!

Ela se esconde e fica a observar os dois. Corta para à frente do prédio:

KARINA       —  (Perplexa) Você me beijou!

MIGUEL        —  Sim, eu beijei!

KARINA       —  Nós não deveríamos ter feito isso!

Ela entra no prédio rapidamente com ele arrematando.

MIGUEL        —  Espera aí, Karina! Volta aqui!

Corta para Maria de F:

MARIA DE F.—  (P/si) Ih… Pelo jeito a menina não gostou! Não tá nada fácil pra você, hein!

Ela fica ali sorrindo. CAM mostra Miguel se aproximando caminhando distraído.

MARIA DE F.—  (P/si) Agora é hora de agir!

Ela corre mais à frente. CAM vem acompanhando Miguel caminhando. Maria de F. vindo na direção dele e “sem querer” se esbarram.

MARIA DE F.—  Ai menino, desculpa. Eu juro que não te vi.

MIGUEL        —  Não. Eu que estava distraído.

MARIA DE F.—  Percebe-se. Você está com cara de quem acabou de passar por alguma saia justa.

MIGUEL        —  Não foi bem uma saída justa.É que eu beijei uma garota e parece que ela não gostou!

MARIA DE F.—  Sério? Vamos nos sentar aqui e aí você me conta mais.

MIGUEL        —  Mas por que você me ouviria? Nem me conhece!

MARIA DE F.—  É que está nítido que você precisa desabafar.

MIGUEL        —  É. Estou precisando mesmo. Então tá bom.

Eles se sentam num banco e ficam ali conversando fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. CONSTRUTORA MACEDO. SALA DE REUNIÃO. INT. DIA.

Vicente ali ministrando a reunião à Cristina, Adriana e Ricardo. No slide está a imagem de um prédio sucateado.

CRISTINA     —  Deixa eu ver se entendi direito. Você quer que a construtora adquira esse prédio sucateado?

VICENTE      —  Sim. Algum problema?

CRISTINA     —  Todos! Você nem cuida dessa área pra se meter desse jeito!

VICENTE      —  Se eu estou vendo que é um bom negócio eu tenho total direito de tomar uma decisão e propor isso para a diretoria.

RICARDO     —  E lá vai começar!

ADRIANA     —  Vem cá, Ricardo. É sempre assim?

RICARDO     —  Ultimamente tem sido quase que diariamente!

CRISTINA     —  Quando eu me meto numa coisa que lhe diz respeito você logo fica invocadinho. Por que agora você tem o direito de se meter numa coisa que quem cuida sou eu?

VICENTE      —  Claro! Afinal de contas, a empresa está passando por um de seus piores anos!

CRISTINA     —  E agora a culpada sou eu?

VICENTE      —  Não sei! Mas convenhamos aqui que isso pode ser o reflexo da má administração que você faz na sua área!

CRISTINA     —  Chega! Eu não sou obrigada a ficar aqui ouvindo esses absurdos!

Cristina furiosa sai da sala.

ADRIANA     —  Espera aí, mãe! Não precisa sair assim! (P/dois) Vou lá falar com ela.

Adriana sai da sala apressada.

RICARDO     —  Mais uma reunião que acaba desse jeito.

VICENTE      —  Olha, Ricardo. Eu vou ser bem sincero com você. Tá ficando insuportável trabalhar no mesmo local que a Cristina!

RICARDO     —  Percebe-se! Mas infelizmente vocês têm que colocar as diferenças, as desavenças de lado e colocar a construtora em primeiro lugar! Vocês estão trazendo problemas pessoais aqui pra dentro e colocando tudo que vocês construíram juntos em risco! Pense nisso!

Ricardo sai com uma pasta nas mãos. Deixando Vicente ali refletindo. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 14. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali em pé organizando umas pastas. Ricardo sai da sala de reunião.

ANA              —  Do jeito que mãe e filha passaram aqui a coisa foi feia, hein!

RICARDO     —  Nem me fale!

Ricardo entra em sua sala.

ANA              —  (P/si) Mas que a reunião daria em confusão já era de se esperar! O casamento deles está acabado e se as coisas continuarem assim daqui a pouco a construtora também se acabará!

CORTA PARA:

INTERVALO COMERCIAL

CENA 15. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Mazé ali tirando poeira da estante. Marta vem da cozinha com um copo de suco. Gael vem do quarto e senta-se à mesa para almoçar.

MARTA        —  Ah… Resolveu dar ao ar da graça e aparecer pra almoçar, é?

GAEL            —  É. A fome bateu agora!

MARTA        —  Não! Fica lá naquele celular a tarde toda! Eu não sei o que esses jovens tanto veem nessas coisas!

GAEL            —  Tava conversando com a @.

MARTA        —  Mas o que significa isso?

GAEL            —  Se a senhora não sabe o que é, então deixa pra lá!

MARTA        —  Mazé?

MAZÉ            —  Pois não, dona Marta?

MARTA        —  Estava pensando na tal mulher que você disse ter visto lá embaixo. Como ela era?

MAZÉ            —  Ah, sei lá, dona Marta! Ela tava escondida. Não deu pra ver muita coisa. Eu só vi que o cabelo dela era preto, ela tava usando óculos escuro.

MARTA        —  Isso não ajuda em nada!

GAEL            —  Mas que mulher é essa que vocês tanto falam?

MARTA        —  Uma mulher suspeita que a Mazé viu lá embaixo. O será que essa mulher quer rondando o prédio?

GAEL            —  (Brinca) Toma cuidado, hein, dona Marta! Ela pode tá querendo sequestrar alguém aqui de casa!

Ele fica sorrindo.

MARTA        —  Para de falar besteira, garoto! Nem me fale uma coisa dessas que eu já fico preocupada! Principalmente com o seu irmão que até agora nada de chegar!

CORTA PARA:

CENA 16. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Flávia e Murilo chegam da escola. Ele com a roupa do judô.

MURILO       —  Cadê a vó, Jandira? Eu queria mostrar pra ela o que eu aprendi hoje.

Ele fica ali fazendo alguns golpes. Instantes.

FLÁVIA        —  Para com isso senão daqui a pouco você quebra alguma coisa aí. Vou falar igual minha avó falava: você quebra alguma coisa e eu quebro a sua cara!

MURILO       —  (Debochando) Mas não tem como quebrar a cara de alguém.

FLÁVIA        —  Eu sei, meu filho. Isso é modo de falar. Falar assim quer dizer que você vai apanhar.

MURILO       —  A senhora nunca me bateu.

FLÁVIA        —  Pra tudo tem uma primeira vez, meu filho. Senta aqui que a mamãe quer te fazer uma pergunta.

Eles se sentam.

MURILO       —  O que, mãe?

FLÁVIA        —  A vovó conversou alguma coisa com você?

MURILO       —  Ela só me perguntou no café da manhã o que aconteceu aqui ontem.

FLÁVIA        —  Ah, tá. E o que você disse a ela?

MURILO       —  Que eu tinha feito as pazes com o papai.

FLÁVIA        —  E ela disse o quê?

MURILO       —  Ela resmungou alguma coisa que eu não entendi. Mas por que a senhora tá me perguntando isso?

FLÁVIA        —  Nada não, filho. Agora vai lá tirando a roupa que eu vou te dar um banho.

MURILO       —  Pra que me dar banho se eu sou grande e posso tomar sozinho?

FLÁVIA        —  Eu sei que você pode tomar banho sozinho, mas hoje você tá tão imundo que eu sou obrigada a te dar um banho! Vai lá!

Ele vai para o banheiro.

FLÁVIA        —  (P/si) Espero que a mamãe não esteja inventando de fazer nenhuma loucura!

CORTA PARA:

CENA 17. BARRA DA TIJUCA. ORLA. EXT. DIA.

Orla movimentadíssima. Adriana e Cristina ali caminhando e tomando um sorvete.

CRISTINA     —  Só você mesmo pra me convencer a sair do ar condicionado da minha sala pra vir pra esse calor!

ADRIANA     —  Mas não estamos nos refrescando com um sorvete?

CRISTINA     —  Nossa! Grande coisa! Um sorvetinho desse que tá até derretendo e um sol de quarenta graus!

ADRIANA     —  A senhora sabe muito bem porque eu inventei essa saída. Você e o papai não podem continuar desse jeito!

CRISTINA     —  Mas você viu que o seu pai tá querendo se intrometer na minha área!

ADRIANA     —  Mas gente, eu não entendo! Se vocês dois são os donos da Construtora, então porque os dois não podem saber de nada da área do outro? Me admira muito a construtora ainda está operando com tantos segredos entre vocês dois!

CRISTINA     —  Como assim segredos? Alguém te falou alguma coisa de segredos?

ADRIANA     —  Não! (Suspeita)  Mas por que a senhora tá assim?

CRISTINA     —  Nada não, filha. É que eu ainda tô muito nervosa com o que aconteceu.

ADRIANA     —  Vocês dois nem pensaram em mim! Primeira vez que eu acompanho uma reunião na construtora e vocês fazem um vexame desses!

CRISTINA     —  Desculpa, filha… Mas é que como o seu pai insinuando que a construtora não está mais em dias gloriosos por culpa minha, o sangue ferveu e aconteceu o que você viu!

CORTA PARA:

CENA 18 LEBLON. PRAÇA. EXT. DIA.

Miguel e Maria de F. sentados a um banco conversando.

MIGUEL        —  Eu noivei com a Adriana sem saber se amava ela de verdade, sabe? Mas nos últimos meses eu tenho certeza de que não amava ela pra ter assumido esse compromisso do noivado.

MARIA DE F.—  Mas se você não amava ela, então por que noivou?

MIGUEL        —  Acho que foi pela pressão da família, sabe?

MARIA DE F.—  Sei. Sua mãe deve ser aquele tipo de mãe que quer o melhor para o filho, mesmo que isso cause a infelicidade dele!

MIGUEL        —  Pior que ela é assim mesmo! Nossa! Até parece que você conhece a dona Marta!

MARIA DE F.—  Nunca vi! Mas a minha mãe também era assim.

MIGUEL        —  Minha mãe não aceita de jeito nenhum o término com a Adriana. Mas se eu não a amo, por que vou ficar me prendendo?

MARIA DE F.—  Claro! Concordo!

CORTA PARA:

CENA 19. HOSPITAL CRISJUDAS. QUARTO. INT. DIA.

Alfredo ali entediado. Rosangela entra com flores.

ROSANGELA —Cadê o nosso editor chefe?

ALFREDO     —  (Feliz) Oi, Rô! Você veio me ver!

ROSANGELA —Claro que vim! Você é meu chefe! (Sorrir) Tô brincando. Antes de ser um chefe você é um amigão! Essas flores são de toda a redação! Todos mandando beijo, abraço, melhoras pra você!

Ela passa a ele as flores.

ALFREDO     —  Ai aquele pessoal é maravilhoso! É tão bom trabalhar com uma equipe tão competente e unida como vocês assim! Obrigado mesmo!

ROSANGELA —Que bom que você gostou! Mas o que te deu pra misturar direção com bebida, Alfredo? 

ALFREDO     —  Olha, Rô. Não vou mentir pra você não. Assim que eu cheguei em casa e a Renata disse que queria um tempo. Eu sai de mim e fiz muitas coisas das quais eu me arrependo agora!

ROSANGELA —E como ela tá?

ALFREDO     —  Com certeza com raiva de mim!

ROSANGELA —Por quê?

ALFREDO     —  Porque ela ficou de ciuminho besta por causa das duas mulheres que me salvaram!

ROSANGELA —(Curiosa) Como assim, Alfredo? Me conta essa história direito!

Ela se sente e ele começa a falar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 20. CASA DE MAZÉ. QUARTO DE JU E ANA. INT. DIA.

Ju ali intrigada.

JULIANA      —  (P/si) Quem era aquele homem, hein? Com certeza aquilo não foi trote! O cara desistiu muito rápido.

Atenção Sonoplastia: Cel. notifica mensagem. Ela pega o cel. e lê.

JULIANA      —  (Lê) Nada pra fazer! Vamos se ver hoje? (P/si) Ai, Gael, só vocês mesmo pra me meter numa dessas. (Digitando) Hoje não vai dar porque já está tarde. Meus pais vão desconfiar.

Ela deixa o cel. ali sobre a cama.

JULIANA      —  (P/si, sorrir) Só o Gael. Aí mesmo que a dona Mazé iria desconfiar.

Atenção Sonoplastia: Cel. notifica mensagem. Ela pega o cel. e lê.

JULIANA      —  (Lê) Não tem problema não. Assim eu te busco aí na sua casa e nós assumimos o nosso namoro para sua família. (P/si) Ele ficou louco?! (Digitando) Nem pensar! Você sabe que isso tem que ser feito com o passar do tempo. Ainda tá muito cedo pra assumir qualquer coisa.

Atenção Sonoplastia: Cel. notifica mensagem de voz.

GAEL            —  (OFF) Poxa, Ju. Aí fica difícil. Eu não aguento ficar um dia se quer sem te ver!

Juliana fica ali toda se achando, toda boba. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 21. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali digitando no PC. Jandira entra determinada e seríssima.

JANDIRA      —  Escuta aqui, garota! Eu preciso falar com o Vicente urgentemente!

ANA              —  Mas quem é a senhora?

JANDIRA      —  Não se preocupe com o meu nome! Apenas me diga qual é a sala do Vicente!

ANA              —  A senhora não pode entrar aqui desse jeito! Como os seguranças autorizaram a sua subida?

JANDIRA      —  (Grita) Vicente! Aparece!

ANA              —  Senhora! Eu tenho que pedir para a senhora se retirar! Caso contrário eu vou ser obrigada a chamar os seguranças!

JANDIRA      —  Pode chamar os seguranças, minha filha! Pode chamar que eu dou um chá de xiririca pra eles e nunca vão me pegar!

Vicente sai da sala de reunião.

VICENTE      —  Jandira? O que você tá fazendo aqui?

JANDIRA      —  Eu vim aqui pra falar o quanto você foi canalha!

VICENTE      —  Jandira, pelo amor de Deus! Você não veio fazer barraco no meu ambiente de trabalho! 

Ricardo sai de sua sala.

RICARDO     —  Ouvir uma pessoa gritando. O que é que tá acontecendo? (Vê ela ali) Jandira?

Closes alternados em todos. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 29º CAPÍTULO

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