PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

BRUNA

CARLITO

CRISTINA

ENRICO

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

JANDIRA

JOANA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

ZÓI. 

CENA 01. UNIVERSIDADE NOVO RIO. FRENTE. EXT. DIA./ TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.

Karina sai da universidade com lágrimas nos olhos. Ela puxa o cel. do bolso e liga. EDIÇÃO: Ao falar com Sol, a tela se divide entre as duas. Sol a tomar um banho de sol, deitada da espreguiçadeira de biquíni.

KARINA       —  (Ao cel.) Sol, você pode falar?

SOL               —  (Ao cel.) Karina, o que aconteceu? Você tá chorando?

KARINA       —  (Ao cel.) Os dois estavam juntos, Sol.

SOL               —  (Ao cel.) Ai Karina… Você não merece ter que passar por isso.

KARINA       —  (Ao cel.) Os dois estavam no maior amor na cantina.

SOL               —  (Ao cel.) O que eu te disse antes de você voltar a faculdade depois da suspensão?

KARINA       —  (Ao cel.) Tentar esquecer eles…

SOL               —  (Ao cel.) Então. Eu acho que você deveria fazer isso. O Miguel já escolheu com quem ele quer ficar. O que não pode é você ficar sofrendo por um cara que não enxergou o quão linda e maravilhosa você é.

KARINA       —  (Ao cel., seca as lágrimas) Você tem razão, Sol. Eu não posso continuar pensando no Miguel. Ele que seja feliz com aquela que não se pode invocar o nome.

SOL               —  (Ao cel., sorrir) Ai, Karina. Só você mesma pra me fazer rir com esse: “aquela que não se pode invocar o nome”. Realmente essa menina é um capeta. Mas não fica assim não… E olha, não deixe que isso te atrapalhe na sua entrevista de estágio de hoje mais tarde.

KARINA       —  (Ao cel.) É verdade, Sol. Eu fiquei tão nervosa com aquela cena que eu esqueci da minha entrevista.

SOL               —  (Ao cel.) Não fica assim não. E foco no seu estágio.

KARINA         (Ao cel.) Obrigado, Sol. Só você mesma pra me acalmar.

SOL               —  (Ao cel.) Ah, que isso, Karina? Você pra mim é como se fosse uma filha. Fica bem, tchau.

KARINA       —  (Ao cel.) Tchau!

Elas desligam, ficamos com Sol.

SOL               —  (P/si) Coitada da Karina… Não vale a pena ficar assim por causa de um cego que não ver o quão boa é a Karina pra ele!

CORTA PARA:

CENA 02. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

ALFREDO     —  Claro que podemos. Entre. (Ela entra e ele fecha a porta) Eu confesso que estou surpreso com a sua visita.

BRUNA         —  É, pai. A mãe me fez ver o quanto eu estava sendo injusta com o senhor.

ALFEREDO  —  Olha, filha. Eu te procurei pra evitar esse tipo de coisa, mas você não queria nem me ver. Sente-se.

Os dois se sentam no sofá.

BRUNA         —  (Arrependida) Eu sei, pai. Por isso mesmo eu estou aqui. Para me desculpar com o senhor pelo que eu fiz.

ALFREDO     —  Não precisa ficar desse jeito, filha. Eu sei que você agiu desse jeito por causa da nossa família. A minha saída de casa te pegou totalmente desprevenida. Eu aceito as suas desculpas.

BRUNA         —  Ai, que bom.

Os dois se abraçam.

ALFREDO     —  Jura que foi a sua mãe que te fez vir aqui?

BRUNA         —  Foi. Ela já estava me dando o conselho de vir já tem mais de um mês, mas só agora eu acatei o conselho dela.

ALFREDO     —  Olha, filha. Eu quero que você saiba que mesmo separados, sua mãe e eu continuamos amigos. Esses dias até tomamos um café juntos…

Os dois continuam a conversar fora de áudio. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente ali em pé a olhar pela janela. Cristina entra.

CRISTINA     —  Vicente… Será que a gente pode conversar?

VICENTE      —  Sobre?

CRISTINA     —  O divórcio.

VICENTE      —  Ora, ora, ora… Se eu não me engano te procurei há pouco mais de um mês e você disse que não conversaria sem a presença de seu advogado.

CRISTINA     —  Sim, mas agora as coisas mudaram.

VICENTE      —  Ah é? Mudaram como?

CRISTINA     —  Vicente, pare de dificultar as coisas.

VICENTE      —  Ah, então sou eu que dificulto as coisas? Você é inacreditável, Cristina!

CORTA PARA:

CENA 04. TRÍPLEX DE SOL. COZINHA. INT. DIA.

Juliana ali a limpar o armário da cozinha por fora. Maria de F. vem da sala.

MARIA DE F.—  Juliana, Juliana. Você não vai acreditar quem está aí.

JULIANA      —  Ai, mulher… Larga de ser fofoqueira.

MARIA DE F.—  Que fofoqueira o quê? Eu apenas tenho uma informação e quero partilhar ela com você.

JULIANA      —  Vai, fala. Quem está aí?

MARIA DE F.—  A filha do Alfredo.

JULIANA      —  Ai, que bom. O seu Alfredo tava sofrendo com a filha o ignorando.

MARIA DE F.—  Mas será que agora ele vai parar de falar nisso? Dava até ranço dele só falando na filha dele.

JULIANA      —  Coitado, Maria. Ele só estava desabafando. E ninguém melhor do que empregada pra isso. Eu se fosse rica ia fazer a minha empregada de psicóloga. (Sorrir) Tô brincando. Eles devem fazer isso porque a gente não pode falar nada demais a não ser sorrir e acenar com a cabeça concordando.

MARIA DE F.—  Ah, já eu detesto isso. Quando as pessoas falam comigo eu respondo mesmo!

Fecha em Juliana, que sorrir.

CORTA PARA:

CENA 05. PRÉDIO DE FLÁVIA E RICARDO. FRENTE. EXT. DIA.

Jandira vem caminhando em direção a portaria. Enrico sai, mas não a vê e segue caminhando.

JANDIRA      —  Enrico?

Ele se vira e vem até ela.

ENRICO        —  Oi, Jandira. Como vai?

JANDIRA      —  Tô bem graças a Deus. (Entredentes) Ninguém me pega de jeito há uma semana, mas está tudo bem.

ENRICO        —  (Não entende) Como?

JANDIRA      —  (Entredentes) Ai que delícia essa palavra: como. (P/Enrico) Nada não. O que você faz por aqui?

ENRICO        —  Eu vim fazer uma visita a vocês. Queria ver o Murilo, mas eu toquei, toquei, toquei a campainha e ninguém me atendeu.

JANDIRA      —  Estranho. Normalmente a Flávia está em casa essa hora. Talvez ela tenha saído com a Renata pra fazer compras.

ENRICO        —  É, vai ver é isso. Agora eu preciso ir. Tchau, Jandira.

JANDIRA      —  Tchau.

Ele entra no carro que ali está estacionado, dá a partida e o carro se afasta.

JANDIRA      —  (P/si) Nossa! Mas que pedaço de mau caminho. Tenho que tomar cuidado pra não cair em tentação! (Ergue as mãos para o alto) Livrai-me de todas as tentações, senhor!

Ela entra no prédio.

CORTA PARA:

CENA 06. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Flávia ali sentada pensativa.

INSERT: Em OFF a voz de Enrico da cena 03 do capítulo 44.

ENRICO        —  (OFF) Ah, tá! Entendo. Então percebi uma coisa oposta. Eu sei que essa é uma pergunta meio indiscreta, mas… Você não teria nenhuma irmã pra me apresentar não?

FLÁVIA        —  (P/si) Desde esse dia que eu evito dar de cara com ele. 

Jandira chega da rua.

JANDIRA      —  Não quis atender o bonitão do Enrico por quê?

FLÁVIA        —  A senhora encontrou com ele?

JANDIRA      —  Aqui na entrada do prédio. O que tá acontecendo entre vocês dois, hein?

FLÁVIA        —  Nada! Não tá acontecendo nada. Por que estaria acontecendo alguma coisa?

JANDIRA      —  Flávia, não tente me enganar. Eu sei que tá rolando alguma coisa. Agora, o que é eu não sei.

FLÁVIA        —  Então é melhor mantermos as coisas assim. Quanto menos a senhora souber é melhor!

JANDIRA      —  Você tá gostando do filho do Vicente?

FLÁVIA        —  Claro que não, mamãe! Eu respeito muito o Vicente! Com licença.

Flávia vai para o quarto e Jandira permanece ali desconfiada. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 07. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.

Sol ali deitada. Glória sai e se aproxima da filha.

GLÓRIA        —  Filha, você não vai acreditar… A filha do Alfredo veio vê-lo.

SOL               —  Ah é? Que bom.

GLÓRIA        —  Nossa. Eu pensei que você ficaria feliz pelo Alfredo.

SOL               —  Eu estou feliz por ele.

GLÓRIA        —  Ah, tá, é? Porque não é o que parece.

SOL               —  A senhora queria que eu fizesse o quê? Que eu pulasse dessa cobertura de tamanha felicidade?

GLÓRIA        —  Nossa, que Grossa! Desnecessário falar com a sua mãe desse jeito.

SOL               —  Ai, mãe, desculpa. É que as vezes eu tenho vontade de resolver as coisas por mim mesma, sabe?

GLÓRIA        —  Como assim, filha?

SOL               —  A Karina me ligou agora a pouco chorando.

GLÓRIA        —  Chorando? Mas o que aconteceu?

SOL               —  Miguel de novo. Ao que tudo indica, ele voltou com a ex e ela tá sofrendo com isso.

GLÓRIA        —  Coitada dessa menina. Eu acho que ela deveria deixar ele de lado e ser feliz ao lado de quem a quer feliz. Ele já deixou mais do que evidente que não a quer.

Fecha em Sol que concorda meneando a cabeça. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 08. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Continuação não imediata da cena 03. Vicente e Cris sentados.

VICENTE      —  Mas e então, sobre o que do divórcio especificamente você quer conversar?

CRISTINA     —  Sobre a construtora. Eu conversei com o doutor Aguinaldo e ele disse que o quanto antes decidirmos as coisas, mais rápido será o processo.

VICENTE      —  Acredito eu que o melhor a fazer é dividir a empresa cinquenta pra cada.

CRISTINA     —  Sim, mas eu estava pensando em deixar dez por cento para acionistas.

VICENTE      —  Mas por quê? A construtora sempre foi de capital fechado.

CRISTINA     —  Eu sei, Vicente. Mas acontece que as coisas não estão nada boas para o nosso lado.

VICENTE      —  Como assim? Até onde eu sei, estamos bem.

CRISTINA     —  É, mas tivemos um rendimento pífio trimestre passado.

VICENTE      —  Eu preciso que o Ricardo me explique isso!

Ele pega o tel. e começa a discar. CAM mostra Cristina séria a olhar para ele. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 09. UNIVERSIDADE NOVO RIO. FRENTE. EXT. DIA.

Clima de tensão! CAM mostra um carro se aproximando em baixa velocidade. O carro para. Um dos vidros desce, trata-se de Carlito e Zói.

CARLITO      —  O playba é estudado… Olha o nível dessa universidade.

ZÓI                —  (Lê com dificuldade) Uni-ver-ver, ver… Si-da-de.

CARLITO      —  Nossa. Não sabe ler não, Zói?

ZÓI                —  Sei, mas só o básico.

CARLITO      —  Não. O básico é saber que ali está escrito Universidade Novo Rio.

ZÓI                —  É que eu fui muito pouco pra escola.

CARLITO      —  É, percebe-se. (Olha pra Universidade) Hoje o playba não escapa. Ratão Máster tá cobrando que quer porque quer o roubo da joalheria no Leblon.

CORTA PARA:

CENA 10. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali a trabalhar. Enrico chega da rua.

ENRICO        —  Bom dia, Ana.

ANA              —  (Joga charme) Bom dia, Enrico. Tudo bem com você?

ENRICO        —  Tudo. Você sabe se meu pai está na sala dele?

ANA              —  O seu Vicente está na sala dele, mas a dona Cristina está lá também.

ENRICO        —  Ué. Esses dois conversando…? Essa é a novidade do dia.

ANA              —  É, depois o Ricardo foi chamado. Acho que o assunto tratado dentro dessa sala é sério.

ENRICO        —  (Curioso) O que será que eles estão conversando?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 11. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. DIA.

Vicente, Cristina e Ricardo ali sentados.

VICENTE      —  Ricardo, explique-me porque a Cristina tem números completamente diferentes dos seus?

RICARDO     —  (Nervoso) Eu não sei. Eu sinceramente não sei. Tem alguma coisa de errado.

CRISTINA     —  Disso nós não temos dúvidas!

VICENTE      —  Não é possível que a essa altura do campeonato haja um ralo dentro da empresa!

RICARDO     —  Eu posso garantir pra vocês que os números que chegaram até mim foram esses.

CRISTINA     —  Sim, Ricardo, mas convenhamos aqui que esses números chegam primeiro até você. Você é o diretor financeiro dessa construtora!

RICARDO     —  Vocês têm que acreditar em mim! Eu trabalho com vocês há quase vinte anos. Por que só agora eu iria roubar vocês?

CRISTINA     —  Não sei. Mas no país em que vivemos, temos que viver sempre atentos quando se trata de corrupção!

VICENTE      —  Ricardo, fique calmo, Ricardo. Eu confio na sua palavra. De todos os diretores desta empresa, você é a pessoa em quem eu mais confio. Se há alguma coisa de errado nós vamos descobrir.

RICARDO     —  (Passa mal) Dá licença que eu preciso tomar um ar.

Ricardo sai da sala.

CRISTINA     —  O cara tá metendo a mão nos fundos da empresa e você ainda diz que acredita nele?

VICENTE      —  Acredito! O Ricardo nunca faria uma coisa dessas!

CRISTINA     —  Olha, eu sinceramente não sei como nós conseguimos chegar até aqui com você pensando desse jeito.

Ela se levanta e dirige-se até a saída, quando ele arremata.

VICENTE      —  E a nossa conversa sobre a construtora e o divórcio?

CRISTINA     —  Depois a gente conversa sobre isso. Agora temos que nos preocupar com esse possível ralo dentro da empresa.

Ela sai e Vicente permanece ali sentado apreensivo, aflito. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 12. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.

Takes descontínuos do passar de quatro horas. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 13. UNIVERSIDADE NOVO RIO. ESTACIONAMENTO. EXT. DIA.

Alguns alunos saindo da universidade, entrando em seus carros e “rapando fora”. Miguel, Gael e Adriana saem da universidade.

MIGUEL        —  Então você vai estagiar na construtora dos seus pais?

ADRIANA     —  Vou.

GAEL            —  Aí não vale. É óbvio que eles vão fazer de tudo pra ela se dar bem.

MIGUEL        —  Vai nada. Isso é porque você não conhece o seu Vicente. Duvido que ele deixaria alguém fazer isso.

ADRIANA     —  É, se bem que o meu pai não tá lá com essa bola toda pra ética não.

MIGUEL        —  Ah é. Esqueci que você tinha me falado da traição.

GAEL            —  Que história é essa de traição, gente?

ADRIANA     —  Minha mãe descobriu que o meu pai tem outra família e um filho de dez anos.

GAEL            —  (Brinca) Caramba! Então seu pai é come dois lugares, né?

MIGUEL        —  (Repreende) Gael!

GAEL            —  O quê? Eu apenas estou falando a verdade.

ADRIANA     —  Pois é, meninos. Mas agora se vocês me dão licença eu preciso ir. Tchau, amor.

Ela dá um beijinho em Miguel.

MIGUEL        —  Tchau.

Ela entra em seu carro e vai embora.

GAEL            —  Eu ainda não entendo como vocês dois podem ter voltado.

MIGUEL        —  Porque eu a amo.

GAEL            —  Ah, não ama não! Não ama não e você sabe muito bem disso!

Gael entra no carro e Miguel fica ali pensativo. Impaciente, Gael aperta a buzina.

GAEL            —  Vambora, Miguel. Tá dormindo aí?

Ele cai em si e entra no carro, que dá a partida e se afasta.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 14. UNIVERSIDADE NOVO RIO. FRENTE. EXT. DIA.

Carlito e Zói ali dentro do carro a observar o movimento de alunos.

ZÓI                —  Olha o carro do playba vindo!

CARLITO      —  Ótimo.

CAM mostra o carro saindo da universidade e pegando a rua, se afastando.

CARLITO      —  Playba e eu hoje vamos ter uma conversinha.

Carlito liga o carro e dá a partida. CAM mostra o carro se afastando. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

INERVALO COMERCIAL

CENA 15. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.

Alfredo ali sentado, feliz da vida. Glória desce a escada.

GLÓRIA        —  Tá todo feliz, né, Alfredo? Sua filha veio.

ALFREDO     —  Tô, Glória. Quando eu abri aquela porta e a Bruna estava ali… Olha, eu quase enfartei.

GLÓRIA        —  Desculpa a intromissão, mas o que ela disse?

ALFREDO     —  Ela disse que a Renata que a aconselhou vir aqui conversar comigo.

GLÓRIA        —  Renata é a sua ex, né?     

ALFREDO     —  É.

GLÓRIA        —  O lado bom disso é que vocês dois estão se separando, mas amigavelmente.

ALFREDO     —  Verdade.

Atenção Sonoplastia: tel. fixo toca. Glória atende.

GLÓRIA        —  (Ao tel.) Alô? Sim, é da residência de Solange Moraes. Eu sou mãe dela. Quem deseja? Ah, é da polícia, é?

ALFREDO     —  (P/si, curioso) Polícia?

GLÓRIA        —  (Ao tel.) Sim, pode deixar que eu a aviso.

Ela desliga.

ALFREDO     —  Era alguma coisa grave?

GLÓRIA        —  Vem comigo, Alfredo.

Os dois sobem a escada. CAM mostra Maria de F. ali escondida.

MARIA DE F.—  (P/si) Droga! Crente que ia saber o que era… Mas não custa nada continuar ouvindo lá de cima.

Ela sobe a escada cuidadosamente para não fazer barulho.

CORTA PARA:

CENA 16. LEBLON. AVENIDA. INT. DIA.

Renata ao volante e Bruna ao lado a mexer no cel.

RENATA       —  Como foi lá com seu pai, Bruna? Você não disse uma palavra desde que entrou nesse carro.

BRUNA         —  Foi normal.

RENATA       —  Vocês conversaram só sobre a separação?

BRUNA         —  Sim.

RENATA       —  E aquela mulher? Você a viu?

BRUNA         —  Porque a senhora não pergunta logo se eu vi a Sol ou a mãe dela? Eu si só a dona Glória. Se eu não me engano, acho que é esse o nome dela.

RENATA       —  Então você não viu a verdadeira culpada da separação?

BRUNA         —  Não. E graças a Deus por isso. Não tenho estômago pra ver essa mulher na minha frente!

CORTA PARA:

CENA 17. TRÍPLEX DE SOL. SUÍTE MÁSTER. INT. DIA.

Glória e Alfredo ali. Uma toalha sobre a cama, mas CAM não deixa isso evidente.

SOL               —  (OFF) O que a senhora quer mamãe?

GLÓRIA          É que ligaram da delegacia.

Sol vem do closet ainda de biquíni. Alfredo arregala os olhos ao ver Sol seminua.

SOL               —  Mas como assim/ (Tapa-se com uma toalha sobre a cama) Por que a senhora não disse que o Alfredo estava aqui?

GLÓRIA        —  Desculpa, filha. Eu esqueci. É que a novidade é boa.

SOL               —  O que eles queriam?

GLÓRIA        —  Dá a excelente notícia de que encontraram os caras que te assaltaram naquele dia.

SOL               —  Nossa! Mais de um mês depois.

GLÓRIA        —  Mas pelo menos tivemos uma notícia boa.

ALFREDO     —  Agora sim esses canalhas vão ser presos!

GLÓRIA        —  O delegado disse que você precisa se apresentar na delegacia ainda hoje.

SOL               —  Pra quê?

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 18. TRÍPLEX DE SOL. CORREDOR. INT. DIA.

Maria de F. ali a ouvir atrás da porta.

GLÓRIA        (OFF) Como: pra que? Você precisa ver as imagens da câmera de segurança.

MARIA DE F.—  (P/si) Marta não vai gostar nadinha de saber disso!

Ela pega o cel. e desce a escada já discando.

CORTA PARA:

CENA 19. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Marta ali ao cel. já reagindo.

MARTA       —  (Ao cel.) Como é que é? Não pode ser! Mas como aqueles palermas foram dar esse mole? Mas que tipo de prova é essa que a polícia tem? Sendo imagem de câmera de segurança ferrou! Não quero nem saber. Aqueles dois não podem nem pensar em citar o meu nome! Eu os peguei até um bônus. Tá, mantenha-me informada!

Ela desliga.

MARTA        —  (P/si) Palermas que não fazem nada direito… Que ódio desse tipinho!

CORTA PARA:

CENA 20. CONSTRUTORA MACEDO. SALA RICARDO. INT. DIA.

Ricardo ainda aflito. Ana entra.

ANA              —  Licença, Ricardo. Eu ouvi você falando lá da recepção… Você tá bem?

RICARDO     —  Adoraria dizer que estou ótimo, mas a verdade é que eu tô vivendo um dos piores dias da minha vida.

ANA              —  Por quê?

RICARDO     —  É que está acontecendo uma coisa terrível na empresa. E o pior de tudo é que o meu nome está envolvido nisso.

ANA              —  Como assim, Ricardo?

RICARDO     —  Parece que há desvio de recursos na empresa.

ANA              —  (Boquiaberta) Que isso, Ricardo!? Mas como assim? 

RICARDO     —  O pior é que a Cristina acha que eu tenho alguma coisa a ver com isso. 

ANA              —  E o Vicente?

RICARDO     —  Ele disse que acredita em mim, mas mesmo assim eu fico aflito, apreensivo com isso. Afinal de contas, o diretor financeiro da empresa sou eu!

CORTA PARA:

CENA 21. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.

Rosangela ali a trabalhar. Joana entra na diretoria e senta-se a sua mesa.

JOANA          —  (P/si) É, Rosangela, acho que o seu reinado está por um triz. Os diretores não andam nada satisfeitos com o seu desempenho. Também, com um desempenho pífio desses… (Sorrir) Mas isso é pra diretoria aprender que sempre há pessoas mais qualificadas pra assumir certos cargos.

Rosangela se levanta, pega sua garrafinha d’água e passa por Joana e arremata.

ROSANGELA —Coisa de louca é assim mesmo!

JOANA          —  Desculpe, falou comigo?

ROSANGELA —Sim. Tá aí falando sozinha louca?

JAONA          —  Sim, estou aqui pensando alto.

ROSANGELA —Só não sonhe tão alto que a queda pode ser brusca!

JOANA          —  Meu amor, sabe como isso se chama? Inveja.

ROSANGELA —Eu? Inveja de você em que maluca?

JOANA          —  Você fica aí se exibindo porque está no cargo do Alfredo, mas sabe que eu me sairia muito melhor do que você.

ROSANGELA —Ai, neurótica. Você não consegue aceitar que a diretoria escolheu a mim, né?

Rosangela vai para a copa.

JOANA          —  (P/si) É, mas vejamos quando a diretoria se pronunciar a respeito do seu desempenho pífio. (Convencida) E claro, a minha promoção é inevitável!

CORTA PARA:

CENA 22. PRÉDIO DE MARTA. FRENTE. EXT. DIA.

Clima de tensão! CAM mostra o carro de Gael se aproximando. Ele para ali e pega o cel. lê a mensagem.

GAEL            (Lê, entredentes) Fica no carro que a gente precisa conversar.

MIGUEL          O que aconteceu, cara? Não vai guardar o carro?

GAEL            —  Agora não. Se você quiser entrar, pode ir.

MIGUEL        —  Então tá.

Miguel sai do carro e entra no prédio. CAM mostra o carro dos capangas de ratão se aproximando. Eles piscam o farol para Gael. Ele sai de seu carro, o tranca e vai para o carro dos capangas. Carlito desce o vidro.

GAEL            —  O que vocês querem?

CARLITO      —  Entra aí que a gente precisa conversar.

Gael olha para os lados e entra no carro. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 23. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Mazé ali a tirar poeira dos móveis. Miguel chega da universidade.

MIGUEL        —  E aí, Mazé.

MAZÉ            —  Oi, Miguel.

MIGUEL        —  Você sabe se a dona Marta está em casa?

MAZÉ            —  Até agora pouco ela estava. Ouvi ela falando no celular.

MIGUEL        —  Ah, tá. Então vou ver se ela tá no quarto.

Miguel vai para o quarto da mãe.

MAZÉ            —  (P/si) Ai que preguiça dessa casa. Acho que meu tempo aqui já acabou. Vou pedir pra sair. Calma, Mazé. Você também não pode fazer nenhuma besteira. Pra sair daqui tem que ter alguma coisa certa.

CORTA PARA:

CENA 24. APART DE MARTA. QUARTO MARTA. INT. DIA.

Quarto vazio. Miguel bate na porta e entra.

MIGUEL        —(Chama) Mãe? (P/si) Ué, pensei que ela estava em casa.

Ele olha para uma caixinha preta que está sobre a cama. Olha para os lados, entra no quarto, fecha a porta e se aproxima da caixa.

MIGUEL        —  (P/si) Que caixa é essa? Dona Marta nunca mostrou isso.

Ele abre a caixa e tira alguns recortes de jornal. Ele pega uma reportagem com a foto do hospital onde o parto foi feito.

MIGUEL        —  (Lê) Sequestro de bebês ainda sem solução. (Pega outra reportagem) Solange Moraes e o sequestro de seus bebês. (Pega outra reportagem) Marta, a empregada da família é a mandante do sequestro.

Miguel confuso se levanta, anda até a janela, vira para a CAM, mas não olha para a mesma e arremata.

MIGUEL        —  (P/si, confuso, juntando os fatos) Solange Moraes… Marta, a empregada…

Ele fica ali confuso. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 45º CAPÍTULO

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