PARTES DE MIM

NOVELA DE:

RAMON SILVA

ESCRITA POR:

RAMON SILVA

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

ADRIANA

ALFREDO 

ANA

CARLITO

CRISTINA

ENRICO

FLÁVIA

GAEL

GLÓRIA

ISABELITA

JANDIRA

JULIANA

KARINA

MARIA DE FÁTIMA

MARTA 

MAZÉ

MIGUEL

RENATA

RICARDO

ROSANGELA

SOL

VICENTE

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:

ARMANDO, HOMEM MISTERIOSO, HOMEM1, JORNALISTA  (ÂNCORA), RECEPCIONISTA, REPÓRTER, REPRESENTANTE (ONG), TRABALHADOR 1 e 2 e  ZÓI. 


CENA 01. TRÍPLEX DE SOL. SALA DE JANTAR. INT. DIA.

Sol, Glória, Miguel e Gael ali sentados à mesa a tomar um rico café da manhã.

GLÓRIA        —  Muito feliz pelo meu neto ter passado a noite aqui conosco!

SOL               —  Eu também, mamãe. E olha que foi difícil convencer ele.

MIGUEL        —  Nossa mãe tem superpoderes então!

GAEL            —  Ah, para, Miguel! Eu só vim porque a Sol/quer dizer, mãe. Me convenceu de que ficar sozinho naquele apartamento não seria bom pra mim.

GLÓRIA        —  E a Sol está corretíssima nisso. Aliás, eu acho que você deveria vir morar aqui de uma vez e não passar apenas uma noite.

MIGUEL        —  Concordo! Sair daquele apartamento aonde vivemos vinte anos de mentira me fez muito bem!

SOL               —  É, mas Gael e eu já conversamos sobre isso e eu disse que não forçaríamos nada e que quando ele quisesse, as portas aqui de casa estarão abertas pra ele, não foi, meu filho?

Ele meneia a cabeça que sim. 

GLÓRIA        —  Bom, nesse caso então só me resta reforçar e apoiar o que a Sol disse. Quando estiver pronto para vir, será muito bem recebido.

GAEL            —  Obrigado, vó!

CAM subjetiva mostra Sol com a visão ficando turva, ela tenta pegar um copo de suco e o derrama sobre a mesa.

GLÓRIA        —  Olha aí, Sol o que você fez!

SOL               —  Desculpa, mamãe! Eu tô com a minha visão embaçada!

GAEL            —  De novo?

GLÓRIA        —  Mas como: de novo? Você tá escondendo alguma coisa de mim, Sol?

GAEL            —  É que ela ontem ficou assim na hora em que estava lá em casa.

Glória vai acudir a filha falando com a mesma fora de áudio. Os gêmeos ali aflitos. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 02. WORK LESS PLEASE. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Recepção vazia. Rô entra acompanhada de Isabelita. As duas ficam impressionadas com a estrutura que o local oferece. 

ISABELITA   —  Nossa! Um local tão chique quanto este pra tratar pessoas como você!

ROSANGELA —Como assim, mamãe? Não entendi o desdém da senhora.

ISABELITA   —  Não é desdém. Só acho que toda essa estrutura é demais!

As duas se aproximam da recepcionista.

RECEPCIONISTA —    Olá, bom dia!

ROSANGELA —Bom dia. Eu gostaria de saber como faço para utilizar os serviços de vocês.

ISABELITA   —  Ai, Rosangela! Pra que isso? Fala logo que você precisa de ajuda!

ROSANGELA —Mamãe, pelo amor de Deus!

RECEPCIONISTA —    (Sorrir) Então, a senhora só precisa fazer sua inscrição e doar para a ONG.

ROSANGELA —Que legal. Mas essa doação é financeira?

ISABELITA   —  Sem mendigaria, Rosangela!

RECEPCIONISTA —    Sim. (Passa a Rô um folheto) Neste folheto consta os valores a serem doados. 

ROSANGELA —Mas vocês cobram de todos?

RECEPCIONISTA —    Não! Na verdade, esta doação é simbólica. A ONG está com um projeto de se expandir para oferecer ajuda a outras pessoas que não necessariamente são workaholic.

Um homem se aproxima.

REPRESENT.—  Mais uma interessada?

RECEPCIONISTA —    Estava agora mesmo explicando para ela sobre o nosso trabalho.

REPRESENT.—  Eu sou Douglas, representante da ONG.

ROSANGELA —(Aperta a mão dele) Eu sou Rosangela.

REPRESENT.—  Então, Rosangela, posso te explicar como tudo funciona aqui na Work Less Please?

ROSANGELA —Claro!

Douglas começa a explicar fora de áudio. Isabelita curiosa, prestando atenção. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 03. GALPÃO ABANDONADO. FRENTE. EXT. DIA.

A van da dedetizadora se aproxima e Zói e Homem1 saltam.

ZÓI                —  Nós conseguiu, cara!

HOMEM1      —  Verdade. Nunca foi penei que seria tão fácil assim.

ZÓI                —  Pode crer. Agora nós vai ficar milionário.

HOMEM1      —  É, mas ainda é cedo demais pra comemorar! O chefe e o Armando ainda não chegaram!

ZÓI                —  Pode crer! Espero que esteja tudo bem!

CORTA PARA:

CENA 04. WORK LESS PLEASE. SALA DE TERAPIA. INT. DIA.

Rô e mais três mulheres ali e Douglas, o representante da ONG sentados em roda de conversa.  

DOUGLAS    —  Hoje estamos recebendo mais uma amiga nesta roda da conversa… Rosangela.

ROSANGELA —Oi, meninas. Muito prazer.

MULHER1    —  Olá, Rosangela.

MULHER2    —  Seja bem-vinda.

MULHER3    —  Tudo bom?

ROSANGELA —Tudo indo.

REPRESENT.—  Bom, na semana passada a nossa amiga aqui (aponta para mulher2) nos contou sobre como seu vício em trabalho devastou com sua vida e sua família. Hoje, chegou a vez dela. (Aponta para Mulher 3)

MULHER3    —  Olá a todos! Eu me chamo Vanessa. Decidi procurar a ONG depois que definitivamente cheguei ao fundo do poço! Meu marido me abandonou, mas eu tinha o meu trabalho e não me importei muito. Mas quando um colega de trabalho puxou o meu tapete, eu enxerguei que aquilo ali não era tudo. O trabalho é sim importante, mas jamais deve ser colocado acima das pessoas que amamos. Ontem eu tinha um marido amoroso e um ótimo emprego. Hoje, eu não tenho mais nenhum dos dois.

REPRESENT.—  Mas seu marido deixou a casa de vocês só por causa do seu vício em trabalho?

MULHER3    —  Sim. E pelo fato de que o sonho dele é ser pai e eu sempre hesitava em engravidar. Até que ele desistiu de tudo e nos divorciamos. Mas antes se eu tivesse cedido e me tornado mãe. Depois de três meses eu me envolvi com esse mesmo colega de trabalho que puxou o meu tapete e engravidei do mesmo. Mas ao descobrir uma condição de saúde rara, eu perdi o feto e acabei perdendo a minha dignidade também.

Ela chora e é consolada pelas outras mulheres. Rô fica ali estarrecida com tal relato. Instantes. 

CORTA PARA:

CENA 05. WORK LESS PLEASE. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Isabelita ali sentada. Ela pega o cel. e disca. 

ISABELITA   —  (Ao cel.) Oi, Ricardo.

RICARDO     —  (OFF) Dona Isabelita? Como a senhora está?

ISABELITA   —  (Ao cel.) Indo, né, meu filho! Cheguei ao Rio ontem e fiquei sabendo da sua separação com a Rosangela.

RICARDO     —  (OFF) Pois é, dona Isabelita. Eu cansei! Eu cansei de conversar não chegarmos a lugar algum!

ISABELITA   —  (Ao cel.) Eu sei, meu filho. Eu te entendo perfeitamente. Poderíamos tomar um café qualquer dia desses, o que você acha?

RICARDO     —  (OFF) Seria magnífico. Estou ansioso para revê-la.

ISABELITA   —  (Ao cel.) Eu também, meu genro querido. Quando você tiver um tempo livre, me liga.

RICARDO     —  (OFF) Pode deixar, dona Isabelita. Mas agora eu preciso desligar que tô no trabalho.

ISABELITA   —  (Ao cel.) Tudo bem. Tchau, meu genro.

RICARDO     —  (OFF) Tchau.

Ela desliga. E fica ali séria, pensativa. Instantes.

CORTA PARA:

CENA 06. PRÉDIO DA CONSTRUTORA. FRENTE. EXT. DIA.

Carro de Cristina se aproxima. Estaciona. Ela salta do carro.

CRISTINA     —  (P/si) Deixar o carro aqui mesmo na rua, que daqui a pouco tenho que acompanhar a obra no prédio da prefeitura.

CAM subjetiva: uma pessoa vem caminhando por de trás dela, e coloca a mão em seu ombro. Cristina, por sua vez, se assusta.

CRISTINA     —  (Assustada) Que isso, gente?!

CAM abre o plano e mostra uma pessoa vestida toda de preto. CAM não mostra o rosto da pessoa.

CRISTINA     —  O que você tá fazendo aqui?

PESSOA        —  (Voz desfigurada) Você sabe muito bem o que estou fazendo aqui!

CRISTINA     —  Você perdeu a noção do perigo, é?! Já imaginou o que podem fazer se nos pegam aqui na porta da construtora?

PESSOA        —  (Voz desfigurada) Você não pode acabar com o nosso acordo!

CRISTINA     —  Eu acabo com o que quiser, quando me der na telha! Passar bem!

PESSOA        —  (Voz desfigurada) Você sabe muito bem que a única prejudicada será você a construtora, né?!

Ela entra na construtora. A pessoa fica olhando a porta da construtora. Instantes. Suspense. Tensão. 

CORTA PARA:

CENA 07. GALPÃO ABANDONADO. INT. DIA.

Com o carro e a van dentro do galpão abandonado. Armando, Carlito, 

CARLITO      —  Um brinde a vitória da primeira etapa!

HOMEM1      —  Primeira de muitas que serão sucesso!

Eles brindam. Armando se afasta e fica de costas para os três.

ZÓI                —  Na próxima vez que nós brindar, espero está com milhões no bolso!

CARLITO      —  E você estará, meu caro!

Carlito olha para Armando e se aproxima.

CARLITO      —  O que tá fazendo aí, Armando?

ARMANDO   —  Só pensando nas próximas etapas do plano!

CARLITO      —  Ainda em busca de algum erro?

ARMANDO   —  Sim, mas acho que não há. Mas mesmo assim estou martelando se há alguma falha.

CARLITO      —  Se você não encontrou até agora é porque o plano é perfeito.

Carlito volta a falar com Homem1 e Zói e Armando fica ali ambíguo. Instantes. Incerteza.

CORTA PARA:

CENA 08. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.

Ana ali a trabalhar. Vicente sai de sua sala. Cristina chega no elevador.

VICENTE      —  (Feliz) Olá, Cristina! Bom dia.

CRISTINA     —  Me erra, Vicente!

VICENTE      —  Ah, sim. Mas seu amiguinho lá em baixo parecia chegado! Não errou você.

Cristina para de caminhar e se vira.

CRISTINA     —  Você está me espionando por acaso?

VICENTE      —  Não. Apenas estava dando uma olhadinha no circuito interno e vi você de conversinha com uma aberração toda de preto. Seu amigo?

CRISTINA     —  Olha bem pra minha cara, Vicente. Você acha mesmo que uma pessoa com o nível de etiqueta elevado como meu, teria amigos que se vestem daquele jeito?! Aquilo era um pedinte!

VICENTE      —  Ah… Então você que acha que tem um nível de etiqueta elevadíssimo. Não acha que deixar de ajudar o que segundo você, era um pedinte. Não é uma coisa de se envergonhar?

CRISTINA     —  Me erra, Vicente! Vá cuidar daquela sua novinha que Deus lá sabe que tá fazendo agora! Já nota-se alguns caroços brotando de sua testa.

Ela vai pra sua sala. Vicente vai para a sala de Ricardo.

ANA              —  (P/sei, sem entender) Gente, mas o que acabou de acontecer aqui?

CORTA PARA:

CENA 09. CONSTRUTORA MACEDO. SALA RICARDO. INT. DIA.

Vicente ali perante Ricardo. 

VICENTE      —  Ricardo, você tinha que ver! Aquilo não parecia ser um pedinte de jeito nenhum!

RICARDO     —  Tá, mas se não era um pedinte, o que poderia ser então?

VICENTE      —  Não sei! Mas a Cristina não me engana não!

RICARDO     —  Olha, Vicente. É difícil saber o que é ao certo. Não poderia ser um pedinte, mas e se fosse alguém pedindo informação?

VICENTE      —  E você acha que uma pessoa normal anda pela rua toda tapada daquele jeito? Ainda mais no Rio de Janeiro que se faz mais de quarenta graus!

RICARDO     —  É, realmente é super estranho, mas não tem como a gente saber o que seja.

VICENTE      —  Mas que ela tá escondendo alguma coisa eu tenho certeza!

CORTA PARA:

CENA 10. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.

Cristina ali ao cel. de pé.

CRISTINA     —  (P/si) Sabe o que você é! Idiota! É isso que você é! O Vicente viu tudo pelas câmeras de segurança e agora tá desconfiado! Tá feliz agora? Não me venha com desculpinhas!

Ana entra na sala.

ANA              —  Licença, dona Cristina!

Ela desliga o cel.

CRISTINA     —  Como é que você entra na minha sala sem ao menos bater?

ANA              —  Desculpa, dona Cristina, mas é que/

CRISTINA     —  (Corta) Poupe-me de desculpinhas mentirosas! Não estou com o mínimo da paciência hoje!

ANA              —  Aqui estão alguns documentos que a senhora tinha me pedido ontem.

Cristina pega e joga sobre a mesa com ignorância. Ana sai da sala.

CRISTINA     —  (P/si) Que ódio! Ódio! Ódio desse homem que se acha certinho para cobrar alguma coisa de mim!

Cristina fica ali furiosa. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 11. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Flávia ali aflita. 

FLÁVIA        —  (P/si) Ai, meu deus. Onde será que a mamãe se enfiou dessa vez?

Ela pega o cel., que estava no sofá e liga.

FÁVIA           —  (P/si) Só cai na caixa postal. Do jeito que mamãe é maluca, deve tá enfiada até por alguma favela por aí. Ai, meu Deus. Que não tenha acontecido nada com ela! Desde ontem não aparece!

CORTA PARA:

CENA 12. TRÍPLEX DE SOL. SUÍTE MÁSTER. INT. DIA.

Sol deitada. Glória ali já a arrematar. 

GLÓRIA        —  O Gael disse que aconteceu isso ontem. Por que você esconde as coisas de mim, Sol?

SOL               —  Ai, mamãe. Não falei nada porque não é nada demais!

GLÓRIA        —  Ah, você vive por aí sentindo sua visão turva e não é nada demais? Você tem que procurar um oftalmologista!

SOL               —  Pra quê? Isso pode ser fruto da minha enxaqueca.

GLÓRIA        —  Desde quando enxaqueca afeta a visão? Você não pode ficar por aí vivendo de suposições! Você tem que procurar um especialista e ver o que é isso.

SOL               —  Tá bom, mamãe. Eu vou me cuidar!

GLÓRIA        —  Acho muito bom mesmo!

CORTA PARA:

CENA 13. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.

Campainha tocando. Renata vem do quarto. 

RENATA       —  (Grita) Já vai.

Ela abre a porta. E Alfredo ali.

RENATA       —  (Surpresa) Alfredo?

ALFREDO     —  Oi, Renata. Será que a gente pode conversar?

Fecha em Renata ainda surpresa com a visita do ex-marido. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 14. TRÍPLEX DE SOL. COZINHA. INT. DIA.

Maria de F. ali a cozinhar. 

MARIA DE F.—  (P/si) O que a minha foto estava fazendo no guarda roupa da Marta? E ainda com o X na minha cara. Tudo isso é muito estranho.

Glória vem da sala.

GLÓRIA        —  Ah… Estava doida para te ver mesmo.

MARIA DE F.—  Ah, oi, dona Glória. Como a senhora está?

GLÓRIA        —  Estaria bem melhor se soubesse pra onde você foi ontem que sumiu sem dar satisfações!

MARIA DE F.—  Olha, dona Glória. Eu estava/

GLÓRIA        —  (Corta) Vou ser bem direta com você, Maria! Ou você diz a verdade, ou vai para o olho da rua. Você escolhe!

Fecha em Maria de F. instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 15. APART DE RENATA. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 13. Alfredo e Renata ali na porta da casa.

RENATA       —  Claro, Alfredo! Entre.

Ele entra e ela fecha a porta.

ALFREDO     —  Escolhi esse horário para vir porque a Bruna não estaria em casa.

RENATA       —  Então diga lá o que você veio fazer aqui.

ALFREDO     —  Eu vim aqui para conversarmos sobre o divórcio!

RENATA       —  É… Eu já esperava por isso.

ALFREDO     —  Não tem lógica continuarmos casados no papel, sendo que nem na mesma casa, na mesma cama nós dormimos.

RENATA       —  E você sabe muito bem que tudo isso aconteceu depois que aquela mulher entrou nas nossas vidas!

ALFREDO     —  Ah, Renata! Não vamos voltar a esse assunto de novo! Até a Bruna já entendeu que eu estou mais feliz longe de casa!

RENATA       —  (Passada) Nossa! Isso quer dizer então que o nosso casamento de quase vinte anos foi inteiramente infeliz pra você?

ALFREDO     —  Não distorce as coisas que não é disso que eu estou falando!

RENATA       —  Tudo bem, Alfredo. Se é assim que você quer, talvez seja mesmo o melhor a se fazer!

ALFREDO     —  Eu já conversei com o meu advogado e disse que abro mão do apartamento pra você continuar morando aqui com a Bruna.

RENATA       —  Só isso?

ALFREDO     —  Sim.

RENATA       —  Então agora me dê licença que eu tenho muito o que fazer!

ALFREDO     —  Tudo bem.

Ela abre a porta e ele sai. Ela fecha e tranca a porta. Ela volta a sala e furiosa, começa a jogar louças, vasos da decoração, tudo no chão. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 16. TRÍPLEX DE SOL. CORREDOR. INT. DIA.

Miguel e Gel saem do quarto.

GAEL            —  Entendeu agora por que eu também não quero vir?

MIGUEL        —  Entendi. Muito nobre da sua parte fazer isso.

GAEL            —  Eu fiquei pensando: poxa, a Mazé trabalha naquele apartamento desde que éramos bebês. Por que agora deixá-la desempregada?

Sol sai de sua suíte.

SOL               —  Acabei ouvindo a conversa de vocês e acho que tenho uma solução.

GAEL            —  (Sorrir) Sério?

SOL               —  Claro! A Mazé poderia trabalhar aqui em casa com a Juliana e a Maria. As duas estão sobrecarregadas e com a chegada da Mazé vai dar pra dividir melhor as funções.

GAEL            —  (Feliz) Nossa! Eu nem sei o que dizer. (Abraça a mãe) Obrigado… Mãe.

Sol fica surpresa com o abraço de Gael. Miguel sorrir.

CORTA PARA:

CENA 17. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Campainha tocando. Flávia abre a porta. E é Enrico.

ENRICO        —  Flávia, me desculpa, Flávia! Eu juro pra você que o que aconteceu com o Murilo não foi uma distração minha! Ele realmente se desequilibrou no brinquedo!

Flávia séria não responde nada. Instantes. Suspense.

CORTA PARA:

CENA 18. TRÍPLEX DE SOL. COZINHA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 14. 

GLÓRIA        —  Anda, Maria! Estou à espera de uma resposta! Mas que ela seja verídica!

MARIA DE F.—  Olha, dona Glória. Eu… Eu fui ao/

GLÓRIA        —  (Corta) Chega! Quando começa assim é porque vem mentira por aí! Maria, eu sinto muito, mas você está demitida!

MARIA DE F.—  O quê?! Mas dona Glória… Eu estava resolvendo um problema.

GLÓRIA        —  Avisasse que tinha um problema para resolver! Isso aqui não é a casa da mãe Joana, que você sai a hora que quer não!

MARIA DE F.—  Eu sei, dona Glória. Desculpa. É que tudo foi/

GLÓRIA        —  Não tente argumentar com o que não se pode ser explicado! O que você fez foi uma falta grave! E eu não posso admitir isso! Eu sinto muito, mas você pode pegar as suas coisas e sair desta casa!

Glória volta a sala. Maria de F. fica ali séria. Instantes. Tensão.

CORTA PARA:

CENA 19. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.

Continuação imediata da cena 17. Enrico ajoelha pedindo desculpas. 

ENRICO        —  Eu juro que não foi por falta e atenção!

FLÁVIA        —  Tá, Enrico. Agora levanta daí antes que alguém veja isso e pegue mal pra mim!

ENRICO        —  Não! Enquanto você não me perdoar eu não levanto.

Jandira chega.

JANDIRA      —  (Debocha) Gente, mas o que significa isso? O boy está tão aos seus pés assim, Flávia?!

Ela entra dando altas gargalhadas.

FLÁVIA        —  Não entra pensando que está passando despercebida não, mamãe!

ENRICO        —  Tudo bem, Flávia. Se você não quer me desculpar. Eu só posso lamentar. Mas a minha parte de vir aqui e me desculpar eu fiz.

FLÁVIA        —  Entra, Enrico! Agora eu preciso conversar um assunto muito mais sério com a mamãe!

Flávia vai para o quarto. Enrico entra e fecha a porta.

CORTA PARA:

CENA 20. APART DE FLÁVIA. BANHEIRO. INT. DIA.

Jandira a tomar banho. Flávia entra. 

FLÁVIA        —  Mamãe, nós precisamos conversar!

JANDIRA      —  Essa não. O que você quer, Flávia? Será que nem meu banho eu posso tomar em paz mais?

FLÁVIA        —  Pode! Mas só depois de me falar aonde a senhora estava que desde ontem não coloca os pés nesta casa!

JANDIRA      —  Estava por aí.

FLÁVIA        —  Sim, mas por aí onde?

JANDIRA      —  (Debocha) Perdida!

FLÁVIA        —  Isso. Faz piadinha mesmo. Sabe muito bem que o Rio de Janeiro está perigoso e fica agindo como se estivesse no lugar mais seguro do mundo!

JANDIRA       —Flávia, minha filha. Entenda uma coisa. O Rio de Janeiro é mais perigoso ainda comigo andando por aí nas ruas!

Ela fica ali dando altas gargalhadas. 

FLÁVIA        —  A senhora é impossível, mamãe!

Flávia bufa e sai do banheiro.

CORTA PARA:

CENA 21. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.

Mazé ali sentada com a perna para o alto assistindo Jornal. 

MAZÉ            —  (P/si) É… Gael não está em casa… Com certeza deve ter passado a noite na casa da mãe. Isso mesmo! Tem que aproveitar a verdadeira família dele. Bom pra mim que fico aqui com a perninha pro alto e ainda ganhando por isso. 

Corta para a tela da TV: jornalista (âncora) falando para a CAM.

JORNALISTA —Agora ouçam essa história. Dois funcionários de uma dedetizadora foram encontrados amarrados num poste. Isso mesmo! É o que mostra a reportagem de Felipe Esteves.

Corta para a reportagem: O repórter na rua no roubo da van.

REPÓRTER   —  Dois homens, funcionários de uma dedetizadora foram encontrados marrados neste poste (aponta o poste) segundo o relato de um dos homens, um caminhão cercou a rua. Vamos falar com um deles agora. 

O Repórter aborda o homem.

REPÓRTER   —  Você pode nos dizer como tudo aconteceu?

TRABALHADOR1 —   A gente tava vindo na maior, quando um caminhão cercou a rua e nós fomos rendidos por um homem armado. Ele mandou a gente descer da van. Nisso chegou um carro com dois homens que levaram a van. E antes deles darem no pé nos deixou amarrados no poste.

REPÓRTER   —  Uma coisa que você falou para a polícia curiosa é que os integrantes dessa quadrilha usavam máscaras…

TRABALHADOR1—   Sim, uma máscara de rato!

REPÓRTER   —  Muito obrigado pela sua participação. (P/CAM) Voltamos ao estúdio!

Mazé desliga a TV.

MAZÉ            —  (Grilada) Máscara de rato? Será que é quem eu tô pensando?

CORTA PARA:

CENA 22. UNI NOVO RIO. SALA DE AULA. INT. DIA.

Adriana ali sentada pensativa, triste. Karina entra na sala. As duas se encaram e Karina se senta em seu lugar. Adriana aproxima-se dela.

ADRIANA     —  Eu não sei que espécie de magia você usou, mas está dando certo.

KARINA       —  Do que você está falando, garota?

ADRIANA     —  Não faça essa cara de desentendida! Você sabe do que se trata!

KARINA       —  Não, não sei! Sei que você é louca! Que magia? Que história é essa?

ADRIANA     —  Mesmo estando com aquele ser do Enrico, você deixou o Miguel caidinho por você mesmo!

KARINA       —  Como você mesma falou. Estou com o Enrico e não me interessa saber nada a respeito do Miguel.

ADRIANA     —  Me engana que eu gosto, garota! Por que você não admite logo que é uma feiticeira e ladra de noivos alheios!

KARINA       —  Não sou obrigada a ouvir isso! Com licença!

Ela sai da sala, com Adriana arrematando.

ADRIANA     —  Saiba que tá ficando feio pra você isso, hein! Com dois na sua cola, daqui a poucos estão te chamando de menina da zona!

CORTA PARA:

CENA 23. PRÉDIO DE SOL. FRENTE. EXT. DIA.

Carro de Gael sai da garagem subterrânea do prédio. Ele e Miguel estão dentro do carro. Marta ali sorrir malignamente. Ela olha para o relógio e marca a hora.

MARTA        —  (P/si) Perfeito!

CORTA PARA:

CENA 24. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.

Carlito grilado entra na casa.

CARLITO      —  (P/si) Ótimo. Acho que não tem ninguém.

Ele começa a vasculhar ali na sala atrás de algo. Juliana distraída vem do quarto.

JULIANA      —  (Surpresa) Pai?

Ele se vira e os dois se encaram. Instantes. Suspense. Tensão.

CORTA PARA:

FIM DO 57º CAPÍTULO

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