PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ALFREDO
ANA
CARLITO
CRISTINA
ENRICO
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
ISABELITA
JANDIRA
JOANA
JULIANA
KARINA
MARIA DE FÁTIMA
MARTA
MAZÉ
MIGUEL
RICARDO
ROSANGELA
SOL
VICENTE
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
2ADVOGADOS, ARMANDO, HACKER, HOMEM1 e ZÓI.
CENA 01. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.
CARLITO — Filha, me escuta/
JULIANA — (Corta) Mas é de uma cara de pau que chega até ser inacreditável! Anos e mais anos que o senhor era uma coisa dentro de casa e na rua outra!
CARLITO — (Se aproxima da filha) Filha, deixa eu te explicar!
JULIANA — (Evita)E você, Carlito, acha mesmo que essa atividade ilícita tem explicação?!
CARLITO — Claro que tem!
JULIANA — Você vai ter que me desculpar, mas aqui as suas mentiras não colam mais! Quanto tempo você tem duas caras?
CARLITO — Que isso, Juliana?! Não fala assim comigo! Eu sou seu pai!
JULIANA — Não, não é! Se tem uma coisa que você não é mais é meu pai! Aquele seu Carlito que eu cresci amando… De uma hora pra outra se transformou num monstro marginal!
CARLITO — Juliana, tudo isso tem um porquê!
JULIANA — Ah é? Não me diga que a principal motivação de vocês era ficar ricos roubando?
CARLITO — Claro que não! Eu estou sendo coagido a fazer isso!
Fecha em Juliana surpresa com a revelação do pai. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 02. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.
Flávia e Enrico ali sentados.
FLÁVIA — Olha, Enrico… Você sabe muito bem que o que aconteceu com o Murilo foi inadmissível!
ENRICO — Eu sei. É exatamente por isso que eu fiquei tão mal que decidi vir pessoalmente conversar sobre isso.
FLÁVIA — Eu te entendo. Mas a verdade é que eu posso ter exagerado um pouco. Neste caso eu acho que ambas as partes erraram.
ENRICO — Concordo.
FLÁVIA — Então tá. Você veio se desculpar e eu estou me desculpando pelo meu exagero.
ENRICO — Obrigado por entender o meu lado, Flávia.
FLÁVIA — Que isso? Você é filho do Vicente e meio irmão do Murilo. Não podemos ficar um de cara feia para o outro.
Atenção Sonoplastia: cel. de Enrico começa a tocar.
ENRICO — Licença, Flávia, mas eu preciso atender.
FLÁVIA — Claro, fique à vontade.
ENRICO — (Ao cel.) Oi. Calma, Karina. O que aconteceu? Não acredito que aquela insuportável continua agindo desse jeito. Não. Pode deixar que eu não vou falar nada com ninguém. Mas se você tiver precisando conversar, espairecer eu posso te encontrar. Então tá. Até daqui a pouco.
Ele desliga.
ENRICO — Eu preciso ir, Flávia!
FLÁVIA — Tudo bem.
Ele sai apressado.
FLÁVIA — (P/si) Karina? Quem será essa menina?
CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE CARLITO E MAZÉ. SALA. INT. DIA.
Continuação imediata da cena 01.
JULIANA — Nossa! Como eu gostaria que isso fosse verdade.
CARLITO — Como assim? Eu estou dizendo que fui forçado a fazer isso e você duvida da minha palavra?
JULIANA — Claro! Se o senhor estivesse mesmo sendo coagido não teria fugido quando seu rosto foi estampado nos principais telejornais do país!
CARLITO — Juliana, minha filha, não seja/
JULIANA — (Corta) Filha não. Pra você Juliana!
CARLITO — Tudo bem, Juliana. Você está sendo ingênua demais! Se eu contar tudo que sei eles vão me matar!
JULIANA — Eles quem?
CARLITO — Ratão. O líder dos esquemas. (Chora) Eu entrei nessa vida porque eles me obrigaram! E disseram que se eu não aceitasse, eles iriam vir atrás de você e da sua mãe!
JULIANA — (Mexida) Olha… Eu nem sei o que dizer. Mas isso não pode continuar assim! Nós temos que procurar ajuda!
CARLITO — Juliana, é mais difícil lutar contra o crime organizado do que você pensa! Há gente de todos os cantos e níveis no meio disso tudo!
JULIANA — Tá, mas como você vai viver assim o resto da sua vida?
CARLITO — Não sei, Juliana. Mas eu vou dar o meu jeito. Agora, eu só te peço uma coisa.
JULIANA — O quê?
CARLITO — Que essa conversa não seja mencionada pra ninguém! Não quero que mais ninguém fique sabendo disso.
Juliana meneia a cabeça que sim. Carlito vai para a cozinha. Ela permanece ali aflita. Instantes. Carlito volta da cozinha.
CARLITO — Bom, agora eu tenho que ir. Até algum dia, Juliana!
Ele vai saindo, quando Julian arremata.
JULIANA — Até, pai!
Ele de costas para a filha, para, fecha os olhos lacrimejados e sai.
CORTA PARA:
CENA 04. APART DE MARTA. SALA. INT. DIA.
Mazé ali deitada no sofá. Miguel e Gael entram.
MIGUEL — Que bonito, hein, dona Mazé!
Ela assustada, levanta do sofá.
MAZÉ — Oi, meninos. Desculpa por isso. Mas é que eu cheguei e o Gael não estava aí eu estava relaxando. Mas eu sei que deveria estar fazendo isso no meu quartinho minúsculo!
GAEL — Relaxa, Mazé. Não tem problema não.
MIGUEL — É. Eu cheguei falando isso de brincadeira. Você sabe que faz parte dessa família!
MAZÉ — Ah, meninos. Muito obrigado. Se fosse a antiga moradora eu estaria no olho da rua a essa altura do campeonato.
MIGUEL — É, mas viemos falar de coisas boas! Você conta Gael.
GAEL — Depois de muita insistência eu decidi morar com a nossa mãe.
MAZÉ — (Feliz) Que bom, Gael. Eu sabia que você ainda ia perceber que o melhor pra você é estar lá com a sua verdadeira família.
GAEL — Verdade. (Pega na mão de Mazé) Muito obrigado mesmo, Mazé. Você todos esses anos tem sido muito mais do que a empregada. É engraçada, é amiga, é conselheira.
MAZÉ — Obrigado, Gael. Bom, logo que vocês vão morar com a mãe de vocês, só me resta juntar as minhas coisas.
GAEL — Deixa disso, Mazé. Fala pra ela, Miguel!
MIGUEL — Você acha mesmo que a gente ia te deixar? Você vai vir conosco pra casa da nossa mãe!
MAZÉ — Mas como assim, gente? A mãe de vocês concordou com isso?
MIGUEL — A ideia foi dela!
MAZÉ — (Feliz) Eu não vou ficar sem emprego! Graças a Deus!
GAEL — Só tenho uma última missão pra você antes de sairmos deste apartamento. Me ajuda arrumar as minhas coisas?
MAZÉ — Mas é claro que sim. Vamos.
Os dois vão para o quarto.
MIGUEL — (P/si) Inacreditável que vivemos vinte anos de uma vida toda baseada na mentira neste apartamento.
CORTA PARA:
CENA 05. APART DE MARTA. QUARTO MARTA. INT. DIA.
Miguel entra. Repara a cadeira ali.
MIGUEL — (P/si) O que essa cadeira tá fazendo aqui? (Olha para o guarda roupa aberto, vazio) A desgraçada teve aqui.
Sai rapidamente do quarto.
CORTA PARA:
CENA 06. APART DE MARTA. QUARTO GÊMEOS. INT. DIA.
Mazé e Gael ali arrumando as malas.
MAZÉ — (Pega um carrinho velho) Vai levar isso aqui?
GAEL — Claro! Marcílio que me deu esse carrinho. Embora a Marta seja uma canalha, eu acredito que o nosso pai adotivo foi tão enganado quanto a gente.
MAZÉ — Verdade. O seu Marcílio era um amor de pessoa.
Miguel entra rapidamente.
MIGUEL — Aquela desgraçada teve aqui!
GAEL — Como assim, Miguel? Do que você está falando?
MIGUEL — Fui ao quarto dela e o guarda roupa está vazio!
GAEL — Então essa desgraçada já está em liberdade!
CORTA PARA:
CENA 07. PRÉDIO DE SOL. FRENTE. INT. DIA.
Marta ali escondida avista Maria de F. saindo do prédio com uma bolsa estufada de tão cheia. Ela atravessa a rua e se aproxima de Marta.
MARTA — Que bolsa cheia é essa?
MARIA DE F.— Fui demitida!
MARTA — Não! Não pode ser. Eu contava com você dentro da casa dela. Agora ferrou. Mas o que aconteceu?
MARIA DE F.— Aquela Demônia da Glória me demitiu porque eu fiquei por aí com você o dia todo!
MARTA — Opa! Não adianta nada agora você querer jogar a culpa em mim! Pelo que eu sei você apareceu lá na porta da delegacia por livre e espontânea vontade!
MARIA DE F.— Tá, Marta. Mas agora como a nossa carta na manga foi por água abaixo, como vamos prosseguir?
MARTA — Agora é utilizar o plano B. Mas ele será muito mais escandaloso do que eu já tinha planejado.
CORTA PARA:
CENA 08. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.
Glória ali sentada a ler um livro. Sol desde as escadas.
SOL — Mamãe, a senhora viu a Maria por aí? Eu preciso que ela dê uma saidinha pra mim.
GLÓRIA — Infelizmente você mesma terá que ir!
SOL — Mas como assim, mamãe?
GLÓRIA — A Maria não faz mais parte do time de funcionários desta casa!
SOL — Como não? O que aconteceu?
GLÓRIA — Ela estava abusada demais pro meu gosto!
SOL — Mamãe, mas como a senhora pôde fazer uma coisa dessas? A Maria até onde eu sei, era uma ótima funcionária!
GLÓRIA — Você disse tudo, Sol! Até onde você sabia! Ontem mesmo ela saiu e sumiu o dia inteiro.
SOL — Pelo menos a Mazé que está com os meninos há anos está chegando para suprir a falta da Maria.
CORTA PARA:
CENA 09. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Takes aéreos descontínuos das praias da zona sul carioca, percorrendo toda a orla, passando por leme, Copacabana, Ipanema e Leblon. Letreiro:ALGUNS MESES DEPOIS
CORTA PARA:
CENA 10. TRIBUNAL. SALA DA AUDIÊNCIA. INT. DIA.
Atenção Sonoplastia: Titãs – Epitáfio entra aqui. (Até a cena 16).
Na presença do juiz e dos advogados, Vicente e Cristina assinam o divórcio. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. TRÍPLEX DE SOL. SALA DE JANTAR. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Sol, Alfredo, Glória e Miguel ali sentados à mesa almoçando. Mazé ali de pé. Todos conversam felizes da vida. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 12. LEBLON. CAFETERIA DE LUXO. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Ricardo e Isabelita conversando um assunto sério. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 13. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Rosangela e Alfredo discutindo alguns detalhes e apontando para a tela do notebook e Joana a olhar furiosa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 14. GALPÃO ABANDONADO. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Armando e Carlito discutindo alguns detalhes do roubo da joalheria. Armando mostrando todo um esquema desenhado num mural. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 15. PENSÃO HUMILDE. QUARTO COLETIVO. INT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Maria de F. ali inquieta deitada num beliche com um ventilador, mas o calor é tanto que ela soa muito. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. LEBLON. PRAIA. EXT. DIA.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Enrico e Karina ali a se banharem no mar. Eles brincam de jogar água um no outro e se beijam apaixonadamente. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 17. TRÍPLEX DE SOL. QUARTO GAEL. INT. DIA.
Juliana ali a varrer o quarto e Gael deitado sem camisa a mexer no cel. Glória entra.
GLÓRIA — Olha só, não é só porque vocês são namorados que eu vou aceitar safadeza dentro da minha casa!
GAEL — Calma lá, vó! A Juliana só está varrendo o quarto e eu estou bem aqui, distante dela!
GLÓRIA — Sei. Mas o pulo de um para chegar o outro é rapidíssimo! (P/Juliana) Você acha que sua mãe vai gostar de saber que você está aqui com o Gael no quarto?
JULIANA — Eu sou muito profissional, dona Glória! E minha mãe sabe disso!
Juliana sai do quarto.
GLÓRIA — Tá vendo aí? Só porque namora o meu neto, está me respondendo.
GAEL — Também, vó. A senhora me vem com cada coisa nada a ver!
GLÓRIA — Tem tudo a ver, Gael! Você é novo demais pra estragar a sua vida! Imagine se você engravida a Juliana?!
GAEL — Fica tranquila, vó. Isso não vai acontecer.
GLÓRIA — Essa juventude de hoje em dia não sei não! Só jesus!
CORTA PARA:
CENA 18. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana ali aflita sentada a mesa. Ricardo chega da rua.
ANA — Hoje é um grande dia, Ricardo!
RICARDO — Como assim, Ana?
ANA — Esqueceu que é hoje o dia que o seu Vicente a jararaca da dona Cristina vão assinar os documentos do divórcio?
RICARDO — Ah é. Tinha até me esquecido disso.
ANA — (Desconfiada) Percebe-se. Aliás, você tem andando meio desligado do mundo nos últimos meses.
RICARDO — Sim, são tantos problemas. A construtora continua no negativo.
ANA — Gente, mas como que pode de uma hora pra outra a construtora naufragar assim?
RICARDO — Pois é, Ana. E eu como diretor financeiro que levo fumo!
ANA — Como eu queria ser uma mosquinha nanica pra saber como estão as coisas lá entre o seu Vicente e a outra.
CORTA PARA:
CENA 19. FÓRUM. CORREDOR. INT. DIA.
Vicente e Cristina acompanhados de seus respectivos advogados saem da sala.
AGUINALDO —Tudo ocorreu bem.
CRISTINA — Sim, fiquei surpresa por não ter se oposto as minhas condições, Vicente.
VICENTE — Só queria me livrar dessa certidão de casamento que convenhamos que foi uma tremenda dor de cabeça para ambos.
CRISTINA — Verdade.
Cristina leva a mão até Vicente para cumprimentá-lo. Ele surpreso, a cumprimenta.
CRISTINA — Nos vemos na construtora, sócio!
Cristina e Aguinaldo, seu advogado deixam o local.
ADVOGADO— Agora eu preciso ir, seu Vicente.
VICENTE — Claro. E mais uma vez obrigado!
ADVOGADO— Eu que agradeço!
O advogado se afasta. Vicente pega o cel. e tecla.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 20. APART DE FLÁVIA. SALA. INT. DIA.
Flávia ali em pé ao cel. já reage. Jandira
FLÁVIA — (Ao cel.) Que bom que ocorreu tudo bem, meu amor! Vem pra casa para comemorarmos? Mas como não, Vicente!? Isso merece uma comemoração! Tá bom. Então vai lá. Tchau, amor. Beijos.
Ela desliga.
JANDIRA — (Irônica) Parabéns, Flávia! Pelo visto você deixou de ser a outra, a amante!
FLÁVIA — Ai, mamãe. Cada comentário desnecessário que a senhora faz.
JANDIRA — Apenas estou enfatizando a realidade. Mais de dez anos pro Vicente tomar vergonha na cara e parar com essa vidinha dupla dele!
FLÁVIA — É, mas agora o Vicente é só meu! Agora até me deu vontade de me casar com ele.
JANDIRA — (Debochada) Mas é muito besta mesmo, né!? Você acha mesmo que Vicente vai se casar com você agora? Quem sabe em 2029, já que ele é desses de esperar mais de uma década pra fazer alguma coisa!
Fecha em Flávia, que não gosta nadinha do que ouviu.
CORTA PARA:
CENA 21. LEBLON. CAFETERIA DE LUXO. INT. DIA.
Clima sofisticado, agradável. Isabelita e Rosangela sentadas a tomar um suco.
ROSANGELA —Não posso acreditar que a senhora já foi correndo pro Ricardo falar da minha vida!
ISABELITA — Opa! Eu apenas fui tomar um cafezinho com o meu genro e acabei tocando no assunto.
ROSANGELA —É? Pois não deveria!
ISABELITA — Por que não, Rosangela? O Ricardo me pareceu feliz com a sua iniciativa de procurar ajuda!
ROSANGELA —Mamãe, a verdade é que eu nem sei o que pensar sobre isso. O Ricardo ficou aturando esse meu comportamento por anos, acho que mesmo agora que estou participando daquele grupo, ele não iria querer voltar!
ISABELITA — Você está se precipitando, Rosangela. Eu tenho certeza que se vocês se encontrarem e jogarem as cartas sobre a mesa, tem volta sim!
ROSANGELA —As coisas não são tão simples assim, mãe!
ISABELITA — Claro que são! Você é que complica tudo com esse seu jeito! Se você ainda ama o Ricardo, chame-o para uma conversa e não fique nessa de que ele não vai querer voltar! Você só vai saber se ele quer voltar ou não, quando conversarem!
CORTA PARA:
CENA 22. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Alfredo ali perante todos os funcionários da redação.
ALFREDO — Bom, gente. Como a Rosangela não está, teremos que fazer esse comunicado sem ela. É o seguinte: há alguns meses atrás a diretoria havia anunciado que selecionaria alguém da redação para trabalhar comigo na edição. Pois bem, acaba de sair um mini edital contendo os requisitos e o que vocês terão que fazer para provarem ser capazes de assumir o cargo.
JOANA — E o que teremos que fazer?
ALFREDO — Vocês terão que ir atrás da notícia e trazer a reportagem que mais chame a atenção!
JOANA — Só isso? É moleza!
ALFREDO — Mas depois deem uma olhadinha no edital para não fazer nada fora das regras e depois correr o risco de ser desclassificado!
Fecha em Joana confiante.
CORTA PARA:
CENA 23. GALPÃO ABANDONADO. INT. DIA.
Atenção Sonoplastia: Instrumental de Sangue bom – Cacife Clandestino.
Armando, Carlito, Zói e Homem1 ali.
CARLITO — Senhores, daqui a algumas horas estaremos ricos!
ARMANDO — Milionários!
CARLITO — Bem lembrado. Milionários. Está chegando a hora. A hora do maior golpe que essa cidade do Rio de Janeiro já viu. Estão prontos?
ARMANDO — Claro!
ZÓI — Vamo nessa!
HOMEM1 — Pra ficar rico eu já nasci pronto!
CARLITO — Então vamos homens!
Zói e Homem1 entram na van da dedetizadora. E saem do galpão.
CARLITO — Tudo certo com os caras que você contratou?
ARMANDO — Claro. Os caras são de responsa! Você vai ver como tudo vai funcionar do jeito planejado!
CARLITO — Assim espero!
Carlito e Armando entram num carro normal de passeio e também saem do galpão.
CORTA PARA:
CENA 24. LEBLON. JOALHERIA. FRENTE. EXT. DIA.
Mais um dia como outro qualquer, pessoas caminhando, alguns entram e outros saem da joalheria. CAM deixa evidente o olhar atento do segurança. CAM vai buscar mais distante da Joalheria, a van da dedetizadora se aproximando. Corta para dentro da van:
HOMEM1 — Sabe o que é pra fazer, né?
ZÓI — Claro! O chefe não poderia ter escolhido pessoa melhor pra fazer isso! Eu tenho a mira melhor do que a de qualquer um por aqui!
Zói pega uma mochila na parte de trás da van e sai.
CARLITO — (OFF) Na escuta? Na escuta?
HOMEM1 — (No rádio) Sim, chefe. Na escuta.
CARLITO — (OFF) Como tá o movimento por aí?
HOMEM1 — (No rádio) Tudo normal.
CARLITO — (OFF) Beleza. Qualquer alteração no movimento aí nos avise.
CAM mostra Zói entrando numa loja vazia, vizinha da joalheria.
CORTA PARA:
CENA 25. TERRAÇO DA LOJA VAZIA. EXT. DIA.
Zói sobe no terraço, coloca luvas e de dentro da mochila, tira duas latinhas de BZ gás. Ele se aproxima do beiral do terraço e olha para o alvo.
ZÓI — Vamos lá, Zói! Duas tentativas.
Ele respira fundo e joga uma latinha, que quase acerta o alvo.
ZÓI — Droga!
CARLITO — (OFF) O que tá acontecendo aí, Zói? Por que essa demora?
ZÓI — (Ao rádio) Calma, chefe. Eu tenho que me concentrar pra não errar!
CARLITO — (OFF) Mas vê se concentra mais rápido pra não comprometer os outros!
Ele se aquece, virando o pescoço e espreguiçando. Respira fundo e joga a latinha. Corta para a saída de ar: a latinha cai exatamente o local e começa a soltar o gás. Corta de volta para Zói:
ZÓI — (Ao rádio) Chefe, alvo acertado!
CARLITO — (OFF) Beleza. Armando e eu estamos a caminho!
Zói pega um binóculo e fica a olhar a joalheria.
CORTA PARA:
CENA 26. LOCAL ERMO. EXT. DIA.
Carlito e Armando saltam do carro. Carlito com uma bolsa grande. Eles empurram o carro num barranco. O mesmo ao se chocar com as pedras, explode em SLOW.
CARLITO — Show! Agora partiu riqueza!
Eles caminham até um local distante, aonde estão duas motos de rally camufladas enterradas no chão e cobertas por lonas camufladas na terra. Eles colocam luvas e sobem nas motos, colocam o capacete e dão a partida.
ARMANDO — Agora eu só volto milionário!
CARLITO — É isso aí. Assim que se fala!
As motos vão se afastando da CAM. Instantes
CORTA PARA:
CENA 27. JOALHERIA. INT. DIA.
CAM mostra a tubulação de ar da joalheria, que faz barulho de algo como se estivesse acabado de ter sido perfurado e soltando o gás no ar. Todos na loja começam a ficar tontos. Levam a mão até a cabeça e acabam desmaiando instantes depois.
CORTA PARA:
CENA 28. SALA TODA ESCURA. INT.
CAM vem se aproximando pelas costas de um homem perante um computador, ele está a visualizar as imagens das câmeras de segurança. Todos nas imagens desmaiados.
HACKER — (Voz desfigurada) Sistema rackeado!
CORTA PARA:
CENA 28. TERRAÇO DA LOJA VAZIA. EXT. DIA.
Zói ali com o binóculo a olhar para a joalheria.
ZÓI — (P/si, sorrir) Ótimo! (Ao rádio) Chefe, o gás já desmaiou todo mundo.
CARLITO — (OFF) Beleza. Agora fica aí por mais uns minutos e me mantenha informado da movimentação. Assim que chegarmos aí, você entra na van e vão para o ponto de encontro. Entendeu?
ZÓI — (Ao rádio) De boa, chefe. Pode deixar comigo.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 29. JOALHERIA. FRENTE. EXT. DIA.
Local vazio de carros e pedestres. As motos de rally se aproximam e param. Os dois saltam das motos. Carlito passa a Armando uma máscara para evitar a inalação do BZ gás. Eles colocam e entram na joalheria. CAM mostra Zói saindo do local com o binóculo.
CORTA PARA:
CENA 30. JOALHERIA. INT. DIA.
Armando e Carlito quebrando as várias vitrines do local e colocando tudo na bolsa. Ritmo.
ARMANDO — (Admirando um colar de diamante) Olha só isso, Carlito! Coisa mais linda essa pedra de diamante!
CARLITO — Vambora ser mais rápido aí, Armando!
Os dois, mais rápido, quebram as vitrines e colocam tudo na sacola. CAM mostra uma mulher olhando tudo pela vitrine da frente da Joalheria. Ela coloca a mão na boca de espanto e pega o cel. para ligar para a polícia.
CORTA PARA:
CENA 31. JOALHERIA. FRENTE. EXT. DIA.
A mulher digitando o número.
MULHER — Esses ladrões têm que ser pegos!
Ela caminha em direção à rua. Corta para a van da dedetizadora: Homem1 ali a olhar seriamente a mulher. Zói entra na Van.
ZÓI — Sujou cara! Essa mulher vai colocar tudo a perder!
Corta para fora da van: ele acelera com tudo e vai em direção a mulher, que está de costas para a van.
ZÓI — (Grita) O que você tá fazendo cara?
MULHER — (Ao cel.) Está acontecendo um roubo na joalheria do Leblon. Eles estão encapuzados e levando tudo!
A van atropela a mulher, jogando-a para o ar, com celular e tudo.
ZÓI — (OFF) Você ficou maluco cara? Isso não tava no plano!
HOMEM1 — (OFF) Ela ia colocar tudo a perder!
CORTA PARA:
CENA 32. JOALHERIA. INT. DIA.
Carlito a todo vapor pegando as joias e colocando-as na bolsa. Armando olhando pela vitrine.
ARMANDO — Vamos meter o pé, Carlito! Os idiotas atropelaram uma pedestre!
CARLITO — O quê? Mas que merda esses palermas fizeram?!
ARMANDO — Não dá pra ficar de bobeira, Carlito! Vambora!
Nos dois correndo para a saída da Joalheria, frisa a imagem e…
CORTA PARA:
FIM DO 58º CAPÍTULO