PARTES DE MIM
NOVELA DE:
RAMON SILVA
ESCRITA POR:
RAMON SILVA
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
ADRIANA
ALFREDO
ANA
BRUNA
CRISTINA
ENRICO
FLÁVIA
GAEL
GLÓRIA
ISABELITA
JANDIRA
JOANA
JOÃO
JULIANA
KARINA
MARTA
MAZÉ
MIGUEL
MURILO
RENATA
RICARDO
ROSANGELA
SOL
VICENTE
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
ARMANDO, DIRETOR (JORNAL), POLICIAIS MILITARES, POLICIAIS FEDERAIS.
CENA 01. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Os quatro policiais ali com notebooks e celulares em mãos. Ana avoada sem saber o que está a acontecer. Vicente sai de sua sala com seu notebook.
VICENTE — Aqui está.
POLICIAL F — Obrigado. Qualquer novidade retornaremos.
Os quatro policiais saem.
ANA — Desculpe perguntar, seu Vicente, mas o que está acontecendo?
VICENTE — É uma longa história, Ana!
Vicente entra na sala de Cristina e fecha a porta, Ana vai para trás da porta ouvir.
CRISTINA — (OFF) E você acha que eu poderia fazer alguma coisa, Vicente?
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 02. CONSTRUTORA MACEDO. SALA CRISTINA. INT. DIA.
Cristina e Vicente ali de pé, frente a frente.
VICENTE — Claro que não! Não tem como evitar que eles levem as nossas coisas. Eles chegaram aqui com um mandado de busca e apreensão! Mas a questão aqui é que está acontecendo alguma coisa de muito errado!
CRISTINA — E você acha o quê? Que eu tenho alguma coisa a ver com isso?
VICENTE — Não sei! Sinceramente não sei. De uma pra outra quatro policiais federais entram aqui na construtora dizendo que pagamos propina ao ex-governador. Eu não tenho nada a ver com isso!
CRISTINA — Muito menos eu!
VICENTE — (Cresce) Chega, Cristina! Chega! É óbvio o que está acontecendo aqui. Você está roubando o patrimônio que construímos juntos!
CRISTINA — Você não tem moral alguma pra falar comigo dessa maneira! Viveu mais de dez anos uma vida dupla enganando não só a mim, mas também a nossa filha!
VICENTE — Não tente desviar o rumo da nossa conversa! Admita! Admita logo que você está desviando dinheiro da construtora!
CRISTINA — Eu não sou obrigada a ouvir isso!
Cristina pega sua bolsa e sai da sala com Vicente vindo atrás dela e arrematando…
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 03. CONSTRUTORA MACEDO. RECEPÇÃO. INT. DIA.
Ana corre para o seu lugar, Cristina sai da sala. Vicente vem arrematando ainda em off.
VICENTE — (OFF) É obrigada a ouvir sim! Na hora de dizer para Deus e o mundo que eu era o vilão da história por estar morando com a Flávia, você não hesitava! Mas agora as coisas mudaram! A errada e ladra aqui é você!
Cristina entra no elevador.
VICENTE — (Grita) Que ódio! Mas essa maldita vai pagar por isso, ah vai!
Vicente entra em sua sala e bate à porta violentamente.
ANA — (P/si, assustada) Meu Deus… Cada dia é uma polêmica nova. Ricardo perdeu o show dos escândalos.
CORTA RÁPIDO PARA:
CENA 04. LEBLON. CAFETERIA DE LUXO. INT. DIA.
Ricardo ali sentado aflito. Olha para o relógio. Rô chega a cafeteria.
ROSANGELA — Oi, Ricardo. Desculpe pelo atraso é que/
RICARDO — (Corta) Será que nem mesmo quando vamos conversar sobre isso, você consegue cumprir com o horário que foi inicialmente combinado?
ROSANGELA — Nossa! Tá todo na formalidade assim por quê?
RICARDO — Estou me encontrando com um mulher fina, jornalista de primeira.
ROSANGELA — Obrigado pelo elogio.
RICARDO — Interprete como você bem entender. Mas e então?
ROSANGELA — Dona Isabelita que insistiu para que conversássemos.
RICARDO — Pois é. Encontrei-me com ela já tem algum tempo.
ROSANGELA — É que… Olha, eu nem sei como iniciar a nossa conversa. Eu sei que eu fui a única culpada do nosso casamento ter chegado ao estado que estava, mas… Estou procurando ajuda e se você estiver disposto a tentar novamente eu também estou.
RICARDO — Muito bem, Rosangela. Vamos por partes. Dona Isabelita, já havia me comunicado que você estava em uma espécie de grupo de apoio, não é isso?
ROSANGELA— Sim.
RICARDO — E eu confesso que fiquei bastante surpreso. Uma das razões que fez com que eu saísse de casa, foi o fato e você nunca enxergar que estava ultrapassando todos os limites.
ROSANGELA — Eu sei, Ricardo. E só depois que você saiu de casa e eu levei uma puxada de tapete daquelas… Que eu fui me dar conta de que realmente aquela redação não era tudo na minha vida.
RICARDO — Muito bom ouvir isso. Eu estou muito feliz de verdade mesmo por você ter procurado ajuda, mas…
Ele é interrompido por seu celular que começa a tocar.
RICARDO — É o Vicente. Eu preciso atender, pode ser alguma coisa importante.
ROSANGELA — Claro.
RICARDO — (Ao cel.) Pode falar, Vicente. (Reage forte) Mas como assim polícia federal? Daqui a pouco eu tô aí e você me explica melhor.
Ele desliga.
ROSANGELA — Problemas no trabalho?
RICARDO — Pois é. Agora eu preciso ir. Tchau!
ROSANGELA — Tchau! (P/si) Agora eu sei como é estar do outro lado… Pior que ele nem terminou de falar.
CORTA PARA:
CENA 05. TRÍPLEX DE SOL. COBERTURA. EXT. DIA.
Gael ali deitado na espreguiçadeira. Miguel se aproxima ainda com o rosto sujo de sangue.
GAEL — (Assusta-se) Que isso, Miguel? O que aconteceu com seu rosto?
MIGUEL — Me envolvi numa briga.
GAEL — Mas por quê? Você nunca foi disso.
MIGUEL — Eu fui até o prédio da Karina me declarar pra ela, mas aí o Enrico estava junto dela e nós brigamos.
GAEL — (Sorrir) Que isso, hein, meu irmãozinho! Nunca pensei que um dia fosse ouvir isso de você! Brigando por uma dama, que coisa de filme, hein, cara.
MIGUEL — Depois que tudo aconteceu que eu fui ver que desafiei o cara também. Eu me declarei pra ela na frente dele!
GAEL — Caraca, mané! Tu tem esse lado que eu não conhecia então! Fica me chamando de vida louca… Tu foi um corajoso da pomba de fazer isso.
MIGUEL — Antes tivesse dado certo. Pelo menos teria valido a pena sair na porrada com aquele tal Enrico.
CORTA PARA:
CENA 06. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. DIA.
Sol desce a escada vestida com uma roupa de malhar. Glória vem da cozinha.
GLÓRIA — Realmente foi muito boa a contratação da Mazé. Ela sim é das boas.
SOL — Os meninos só têm o que falar bem dela. É uma boa companhia.
GLÓRIA — É sim, mas vem cá, Solange… Onde você pensa que vai vestida desse jeito?
SOL — Não é óbvio, mamãe? Olha a roupa que estou. Estou indo dar uma corridinha pela orla.
GLÓRIA — Toma cuidado, minha filha.
SOL — Cuidado com o que, mamãe? Eu sempre saio sozinha. Bye!
GLÓRIA — Tchau, filha!
Sol sai para a rua.
CORTA PARA:
CENA 07. PRÉDIO DE SOL. FRENTE. EXT. DIA.
CAM dentro de um carro mostra Sol saindo do prédio e caminhando em direção a orla. O carro dá a partida e se afasta. Instantes. Mistério. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 08. LEBLON. RUA MAIS DESERTA. EXT. DIA.
Sol ali caminhando. Um carro passa por ela rapidamente e freia bruscamente mais à frente.
SOL — (P/si) Gente, mas quem dirige feito louco desse jeito?
Ela aproxima-se do carro com medo. Marta salta do carro armada e arremata.
MARTA — Olá, Solzinha!
SOL — Você!?
MARTA — Sim, queridinha. Tava com saudade? Não se preocupe que agora teremos bastante tempo para pôr o papo em dia.
Marta aproxima de sol e joga uma algema pra ela.
MARTA — Coloca isso.
Sol coloca a algema.
MARTA — Agora entra no carro.
Marta abre a porta do carona e sol entra. Ela fecha a porta e entra no carro, que sai disparado. CAM mostra um Jardineiro do prédio em frente assustado, que corre para dentro do prédio. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 09. APART DE CRISTINA. SALA. INT. DIA.
Cristina chega da rua falando ao cel. num celular mais pobrezinho.
CRISTINA — (Ao cel.) É isso mesmo. Eu quero uma passagem. Mas dá um jeito de me encaixar num voo que saia o mais rápido possível. (Ignorante) Como assim não tem vaga? Dá o seu jeito! Não quero saber se tem ou não tem vaga! Eu quero uma passagem e ponto final! Garota você é paga para me atender bem! Com escala? Mas aonde seria essa escala? Melhor do que nada! Quero sim. Anote os meus dados aí.
Cristina continua a falar no cel. fora de áudio. Instantes. Suspense. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 10. RIO DE JANEIRO. EXT. ANOITECER.
Takes descontínuos do anoitecer na cidade maravilhosa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 11. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. NOITE.
Glória ali aflitíssima. Gael, Miguel, Mazé e Juliana ali.
GLÓRIA — A Sol não passaria a tarde toda na orla com aquela roupa.
JULIANA — Mas ela não gosta de sair e espairecer?
GLÓRIA — Sim, garota, mas acontece que passar a tarde toda na rua e não atender o celular é preocupante!
MIGUEL — Isso é verdade. Mas Deus queira que ela está bem.
JULIANA — (Cochicha p/ mãe) Tá vendo, mãe como a dona Glória me trata? Ela não aceita.
MAZÉ — (Cochicha p/ filha) Tô vendo, filha, mas deixa isso pra lá. Depois a gente fala sobre isso.
GLÓRIA — Nós aqui na maior angústia e as duas bonitinhas não para com os cochichos!
MAZÉ — Desculpe, dona Glória.
MIGUEL — Será que não tem nada que a gente possa fazer pra saber onde ela está?
MAZÉ — Vamos esperar. Daqui a pouco ela chega e aí vamos ver que tudo isso não passou de um susto.
GLÓRIA — Falar vamos esperar quando não é sua filha que tá por aí é mole. Queria ver se fosse a sua filha. Aposto que você estaria mais aflita do que eu!
MIGUEL — Chega, vó! Sabemos que a senhora está aflita com tudo isso, mas também não tem que fica descontando nas pessoas a sua volta!
GLÓRIA — E agora a vilã sou eu!
GAEL — Acho que sei como a gente pode fazer pra descobrir aonde ela está!
GLÓRIA — Como?
GAEL — Tem como a gente localizar o celular dela se tiver ligado.
GLÓRIA — Então o que você está esperando, garoto?! Faça logo isso!
Gael fica ali mexendo no cel. Miguel falando com o irmão fora de áudio. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 12. RUA DESERTA COM UM PENHASCO. EXT. NOITE.
Farol do carro ligado. Sol ali de joelhos, de costas para Marta, que está encostada no carro a fumar um cigarro. Cel. de Sol notifica mensagem. Marta pega o seu que estava em seu bolso e lê a mensagem.
MARTA — Olha que mensagem mais linda acabou de chegar. O seu filho, Miguel dizendo que estão todos preocupados e que é pra você voltar logo. Coitadinho… Mal sabe ele que nunca mais vai ver a mamãezinha dele.
SOL — Sua desgraçada, se você pensa que isso acaba aqui você está muito enganada!
MARTA — Ah é? E o que você vai fazer?
SOL — Só sei que você não vai vencer! Sua inveja e ambição há vinte anos atrás fizeram com que você vencesse, mas olha hoje… Você não tem mais nada nem ninguém!
MARTA — (Dá um tapa forte na cara de Sol) Cala a boca vagabunda!
SOL — Cedo ou tarde a casa cai. E a sua já desabou faz tempo!
MARTA — E o que você literalmente de mãos atadas pretende fazer? Você não é nada, Sol! Não é, nunca foi e nem será! Sabe o que eu tinha há vinte anos atrás? Era pena do Alfredo. Coitado tinha que lidar com todas aquelas suas ladainhas depois da morte do Silvestre. Fez tanto showzinho que chegou dá ânsia! Você não enganava ninguém com aquele chorinho falso, não! Todos ao seu redor sabiam que você é uma falsa! Seu pai ficou três meses internado e você nunca foi visitar o velho. Por coincidência ou não, foi um dia antes dele bater as botas… Até hoje eu fico me perguntando… Será que não foi a que se fazia de filhinha querida, que matou o pai?
SOL — (Avança pra cima de Marta com chutes) Cala a boca sua piranha! Quenga! É isso que você é, uma quenga!
MARTA — Isso xinga, xinga mesmo! Xinga e mostre quem você é de verdade Solange Moraes!
SOL — Você não tem moral alguma pra falar da minha relação com meus pais. Você é uma desequilibrada! Quem em condições normais rouba os filhos de outra na maternidade?
MARTA — Você acha mesmo que eu fiz isso por que eu quis?
SOL — Claro, por que outro motivo seria?!
MARTA — Ai, Sol… Eu cheguei aqui disposta acabar com a tua raça, mas antes eu acho que você merece saber da verdade.
SOL — Do que você tá falando?
MARTA — Eu peguei os gêmeos pra mim porque eu não posso ter filhos!
SOL — Como não?
CORTA PARA:
CENA 13. CONSULTÓRIO. INT. DIA.
Insert da cena 03, do capítulo 03.
Médico ali sentado com Marta.
MÉDICO — Então, Marta… Eu tenho aqui em mãos o resultado dos seus exames!
MARTA — Mas e então, doutor? O senhor conseguiu descobrir por que eu não estou conseguindo engravidar?
MÉDICO — Você não pode ter filhos, Marta!
MARTA — (Reage forte) Como é que é?
Fim do insert.
CORTA PARA:
CENA 14. RUA DESERTA COM UM PENHASCO. EXT. NOITE.
Continuação da cena 12.
MARTA — (Chora) Naquele momento eu fiquei sem chão. Você e o Alfredo estavam formando uma família que eu nunca teria.
SOL — E daí a solução pro seu problema foi desgraçar a minha vida? Você tem noção do que eu passei durante esses vinte anos? Eu briguei com o amor da minha vida e a nossa separação foi a pior possível!
MARTA — Ou era a sua felicidade, ou a minha. E advinha por qual eu optei!
SOL — Você é uma maldita!
MARTA — Mas que criou bem os seus filhos! Ninguém virou marginal, ninguém foi pra porta dos outros pedir nada com canequinha. Foram criados com do bom e do melhor!
SOL — E você acha que eu vou te agradecer por isso?
MARTA — Normalmente é o que as pessoas fazem. Elas demonstram agradecimento quando algo é feito por elas.
SOL — Você é inacreditável!
CORTA PARA:
CENA 15. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. NOITE.
Miguel e Gael ali ainda no cel. Glória, Mazé e Juliana ali aflitas.
GAEL — Consegui.
GLÓRIA — E onde a minha filha está?
GAEL — Ela está bem distante do centro. Tá numa área descampada que parecem de…
GLÓRIA — De o que, garoto?
MIGUEL — Parece ser um local de penhasco, rochoso….
GLÓRIA — Mas o que a Sol faria num lugar desses?
GAEL — A menos que…
MAZÉ — A dona Marta tenha sequestrado a dona Solange!
GLÓRIA — Aquela desgraçada! Mas nós vamos até elas agora mesmo!
MAZÉ — A Marta é perigosa, dona Glória!
GLÓRIA — Mais perigosa sou eu, Mazé! Ainda quando se trata dos nossos filhos em perigo! Quem vai me levar?
MIGUEL — Vamos Gael?
GAEL — Com certeza! É a vida da nossa mãe que tá correndo risco.
GLÓRIA — Então vamos nós três!
JULIANA — Eu quero ir também!
GLÓRIA — Então venha garota. E você, Mazé, fique aí. Se alguém ligar atenda e se for o Alfredo avise ele do que está acontecendo.
MAZÉ — Pode deixar, dona Glória!
Eles saem e Mazé fica ali aflita. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 16. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. NOITE.
Vicente e Ricardo ali sentados.
RICARDO — Mas é claro, Vicente. Agora tudo faz sentido! Por isso os valores não batiam!
VICENTE — Era ela que tava fazendo isso. Como que ela pôde chegar a esse ponto de colocar a construtora em risco, Ricardo?
RICARDO — Tudo pela ambição, meu amigo.
VICENTE — Eu nem sei como vai ser depois que essa bomba estourar na imprensa! Quem vai confiar numa construtora envolvida nessa podridão toda que a Cristina nos meteu?
RICARDO — Pior que é verdade, meu amigo. Agora é só esperarmos a polícia fazer o trabalho deles e depois pensamos no que fazer com a construtora.
VICENTE — A construtora não vai pagar por essa canalhice da Cristina, não vai!
RICARDO — Olha, Vicente, é inevitável que a construtora será afetada por todos esses escândalos. O que deve ser evidenciado é que ela fazia isso sem o seu conhecimento!
Fecha em Vicente sério. Instantes. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 17. APART DE CRISTINA. SALA. INT. NOITE.
Cristina vem do quarto com uma mala pequena. Enrico chega da rua.
ENRICO — Tá indo aonde com essa mala?
CRISTINA — Dá licença, garoto! Não devo que te dar satisfação da minha vida!
ENRICO — Nossa! (P/si) Parece que tá fugida!
Ela sai e ele fica ali desconfiado. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 18. PRÉDIO DE CRISTINA. FRENTE. EXT. NOITE.
Cristina sai do prédio com a mala. Há um taxista ali. Ele coloca a mala no porta malas. Adriana se aproxima.
ADRIANA — Mãe, onde a senhora vai com essa mala?
CRISTINA — Oi, filha. Estou de viagem.
ADRIANA — Mas pra onde a senhora está indo assim do nada?
CRISTINA — Estou fazendo uma viagem a trabalho, minha filha. Não precisa se preocupar que depois mamãe te liga. Tá bom?
ADRIANA — Tá.
Ela entra no táxi.
CRISTINA — Toca para o aeroporto.
O táxi vai se afastando. Adriana entra no prédio.
CORTA PARA:
CENA 19. CONSTRUTORA MACEDO. SALA VICENTE. INT. NOITE.
Vicente ali ao cel. Ricardo curioso.
VICENTE — (Ao cel.) Mas como assim, Adriana?
ADRIANA — (OFF) Eu estava chegando ao prédio quando vi ela saindo com mala e tudo.
VICENTE — (Ao cel.) Mas que infeliz!
ADRIANA — (OFF) Será que o senhor pode me explicar o que está acontecendo? Pra onde ela foi?
VICENTE — (Ao cel.) Não, filha. Não sei pra onde ela possa estar indo. Mas sei que ela tá querendo fugir. Depois eu te ligo filha.
Ele desliga.
RICARDO — Cristina querendo escapar?
VICENTE — É. Vamos?
RICARDO — Pra onde?
VICENTE — Nós temos que impedir que ela deixe o país!
RICARDO — (Saindo) Mas é melhor avisarmos a polícia!
VICENTE — (Saindo) A caminho do aeroporto a gente faz isso!
Os dois saem apressados.
CORTA PARA:
CENA 20. RIO DE JANEIRO. AVENIDA. INT. NOITE.
Carro de Gael: Gael ao volante, Miguel no carona, Juliana e Glória atrás.
MIGUEL — (Ao cel.) Tá ok, obrigado.
GLÓRIA — E então?
MIGUEL — A polícia já está a caminho!
GLÓRIA — Vai olhando nesse celular aí se tudo está como antes. A Sol ainda está no mesmo local?
MIGUEL — Tá sim, vó.
GAEL — A Marta não desiste mesmo. Pensei que depois de tudo isso ela, sei lá… Sumiria.
GLÓRIA — Aí é que você se engana, meu neto. Marta sempre foi ambiciona e invejosa. Você acha mesmo que ela conseguiria deixar tudo isso pra trás sabendo que agora a família está unida e feliz novamente? Ela gosta de estragar o que é bom! Mas ela ainda vai pagar caro por isso.
JULIANA — (Abraça Glória) Calma, dona Glória. Fique calma se não a pressão sobe. Olha, tenha fé que tudo isso vai ficar bem.
Fecha em Glória surpresa com o abraço carinhoso de Juliana. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 21. JORNAL. REDAÇÃO. INT. NOITE.
Redação vazia. Alfredo ali falando com um homem vestido elegantemente.
ALFREDO — Tudo que eu pedi está dentro desse envelope?
O Homem meneia a cabeça que sim.
ALFREDO — Ótimo. Aqui está o combinado.
Alfredo passa ao Homem outro envelope.
ALFREDO — E pode confiar que tá tudo certo.
O Homem meneia a cabeça e sai. Alfredo olha dentro do envelope
ALFREDO — (P/si) Agora é só utilizar isso no momento mais propício.
Ele sorrir. Instantes. Mistério. Tensão.
CORTA PARA:
CENA 22. AEROPORTO SANTOS DUMONT. FRENTE. EXT. NOITE.
Táxi se aproximando. Cristina paga o taxista.
CRISTINA — Pode ficar com o troco.
Os dois saltam do táxi. O taxista pega a mala e entrega a ela.
CRISTINA — Obrigado.
Cristina olha para a fachada do aeroporto, sorrir e entra. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 23. APART DE RICARDO E RÔ. SALA. INT. NOITE.
Isabelita, Rosangela ali conversando. Karina pensativa, distante…
ISABELITA — Que bom que vocês dois finalmente se encontraram pra conversar!
ROSANGELA — Pois é, mamãe. Mas quando o Ricardo ia falar algo, o Vicente ligou pra ele e o interrompeu.
ISABELITA — Mas será possível que toda vez tem que dá erro?! Acabando que você provou do próprio veneno.
ROSANGELA — (Sorrir) Pior que é verdade, mamãe.
ISABELITA — E você, minha neta? Por que tá tão quietinha hoje?
KARINA — Nada não, vó.
ROSANGELA — Pode falar o que está acontecendo, filha. Aproveita que estamos colocando nossas frustrações na roda.
ISABELITA — Ah é verdade. Isso aqui hoje tá só frustração! Só jesus!
KARINA — Hoje aconteceu uma coisa horrível aqui em frente ao prédio.
ISABELITA — Como assim?
KARINA — Estava saindo com o Enrico quando o Miguel apareceu.
ISABELITA — Essa não!
ROSANGELA — O que esse rapaz queria? Vocês já não se acertado do fim da relação e vocês?
KARINA — Já, mas ele veio aqui e se declarou pra mim, mas na frente do Enrico. O Enrico encarou isso como uma afrontação e os dois saíram no soco.
ROSANGELA — Meu Deus, mas que coisa terrível!
KARINA — Pior foi que depois o Enrico e eu brigamos e nossa relação também chegou ao fim!
ISABELITA — Olha, minha neta… Você pode não gostar de ouvir isso, mas eu vou lhe dar a minha opinião. Foi bom isso ter acontecido! Sim, porque aí você volta com o Miguel. Eu acho que vocês sim foram feitos um para o outro.
KARINA — Vou ser bem sincera com a senhora, vó. Depois do que aconteceu hoje, não quero mais nenhum dos dois!
Karina vai para o quarto. Rosangela e Isabelita trocam olhares. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 24. RUA DESERTA COM UM PENHASCO. EXT. NOITE.
Sol ali na beirada do penhasco. Marta ao seu lado.
MARTA — Você provavelmente não está conseguindo enxergar… Mas bem lá embaixo tem muitas pedras. Mas você não sentirá dor alguma.
SOL — Você acha mesmo que vai conseguir sair impune por isso?
MARTA — E por que não sairia? Vim para o Rio de Janeiro com seus filhos e fiquei muito bem por vinte anos… Se não fosse a sua palhaçada de aparecer por aqui, tudo estaria calmo como sempre foi.
Um policial vem se aproximando lentamente e arremata.
POLICIAL — Larga essa arma dona Marta!
Marta rapidamente faz Sol de escudo.
MARTA — Nem mais um passo, ou estouro os miolos dela!
Duas viaturas da polícia se aproximam. Os policiais saltam e se posicionam.
MARTA — Olha, Sol… Temos companhia.
Corta para a área das viaturas: CAM mostra o carro de Gael se aproximando. Eles saltam do carro. Um policial os barram.
POLICIAL — O que vocês estão fazendo aqui? Essa mulher é perigosa!
GLÓRIA — Eu preciso falar com a minha filha!
POLICIAL — A senhora não pode passar deste ponto!
GLÓRIA — Saia da minha frente que eu quero ver a minha filha!
Glória passa do local permitido.
MIGUEL — Deixa eu buscar ela policial?
POLICIAL — Vai lá.
JULIANA — Não dá pra ver nada daqui, Gael!
GAEL — Mas não tem nada que a gente possa fazer, Juliana. O jeito é esperar
Corta para a cena do sequestro: Marta ali com Sol sob sua mira e escudo.
GLÓRIA — (Grita) Sol, minha filha, como você está?
MARTA — Ora, ora, ora… Vejam se não é a dona Glo… (Grita) Como vai, dona Glo?
GLÓRIA — (Grita) Solta a minha filha sua desgraçada!
MARTA — Que isso, dona Glo? Não precisa dessa agressividade.
DELEGADO — (Ao mega fone) Marta, você está cercada! Largue essa arma e deixe a Sol sair.
MARTA — (Grita) Nunca! Essa mulher acabou com a minha vida, com a minha família! Ela vai ter que pagar por isso!
Marta de costas se aproxima do penhasco.
GLÓRIA — (Grita, desesperada) Não!!! Ela vai matar a minha filha! Atira nessa mulher delegado! Ela vai matar a minha filha!
CAM mostra os pés de Marta na beirada do penhasco.
MARTA — (P/Sol) Se a minha família está acabada, a sua também estará!
Ela se joga com Sol do penhasco, mas ao se jogar, ela abre os braços, soltando Sol.
GLÓRIA — (Desesperada) Nãããoooo!!!!
CORTA PARA:
CENA 25. AEROPORTO SANTOS DUMONT. FRENTE. EXT. NOITE.
Atenção Sonoplastia: Instrumental tensão.
Duas viaturas da polícia federal param. Os policiais saltam e entram no aeroporto. Instantes e o carro de Ricardo se aproxima. Ele e Vicente saltam.
VICENTE — Vamos, Ricardo. Aquela desgraçada não pode escapar!
Os dois entram rapidamente o aeroporto.
CORTA PARA:
CENA 26. AEROPORTO SANTOS DUMONT. ÁREA DE EMBARQUE. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Vicente e Ricardo vem caminhando. Um segurança barra os dois.
SEGURANÇA — Opa! Aonde os senhores pensam que estão indo?
VICENTE — Tem uma criminosa embarcando em algum voo. Cristina Macedo.
SEGURANÇA — Tá, mas mesmo assim vocês não podem passar por aqui!
RICARDO — Essa mulher não pode escapar!
SEGURANÇA — Poderia ser um homem bomba no avião que vocês não poderiam entrar!
VICENTE — E mais essa agora, Ricardo. Aquela desgraçada vai escapar!
RICARDO — Calma, Vicente. Os policiais já chegaram aqui, você não viu as viaturas lá na porta? Eles vão pegar a Cristina!
CORTA PARA:
CENA 27. AERONAVE. INT. NOITE.
Atenção Edição: Ligar no áudio com a cena anterior.
Voo cheio. O Comissário fecha a porta do avião e Cristina sorrir vitoriosa. Comissário recebe uma ordem e comenta com outro comissário.
COMISSÁRIO1— Mas como assim?
COMISSÁRIO2— São ordens!
Ele abre a porta novamente. Os passageiros começam a fazer comentários entre si por não entender nada. Cristina aflita olhando o que se trata. Dois policiais federais entram na aeronave.
POLICIAL F — Desculpem o transtorno, mas temos que levar a nossa amiguinha Cristina Macedo conosco!
Cristina rapidamente tenta se esconder. Um dos policiais vem olhando poltrona por poltrona até que encontra ela.
POLICIAL F — A senhora vem conosco dona Cristina.
CRISTINA — Vocês estão loucos? Eu não vou com ninguém pra lugar algum!
POLICIAL F — (Algemando-a) A senhora está presa por pagamento de propina ao ex-governador, por corrupção e por enviar dinheiro ao exterior de forma ilegal.
Ela é levada para a saída da aeronave arrematando.
CRISTINA — Vocês estão enganados! Eu não fiz nada! Me solta!
Ela é tirada da aeronave. Todos os passageiros boquiabertos com tal cena que presenciaram. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 28. TRÍPLEX DE SOL. SALA ENORME. INT. NOITE.
Mazé ali aflita andando de um lado para o outro. Alfredo chega da redação.
MAZÉ — Graças a Deus o senhor chegou, seu Alfredo!
ALFREDO — O que aconteceu, Mazé?
MAZÉ — Uma desgraça!
ALFREDO — Então fala o que é que eu tô ficando aflito!
MAZÉ — A dona Solange saiu a tarde para correr pela orla, mas não voltou.
ALFREDO — Como assim? Por que ela não voltou?
MAZÉ — Eu ainda não sei. Mas o Gael conseguiu localizar o celular dela só que estava num lugar estranho.
ALFREDO — Que lugar, Mazé?
MAZÉ — Eu não sei, seu Alfredo! A dona Glória, os gêmeos e a Juliana foram até esse local aí!
ALFREDO — Ai meu Deus! E com a Marfa solta por aí. Espero que esteja tudo bem.
CORTA PARA:
CENA 29. RUA DESERTA COM UM PENHASCO. EXT. NOITE.
Continuação imediata da cena 24. Glória ali segurada por um policial, gritando
GLÓRIA — A minha, filha! A minha Filha!
Corta para o penhasco: alguns policiais se aproximam com lanternas para averiguar. CAM mostra o momento em que eles percebem Sol ali pendurada numa raiz de árvore.
POLICIAL — (Grita) Ela está viva! Precisamos de uma corda!
Glória se solta dos braços do policial e vai correndo até o local. Um policial traz a corda e um deles a joga para Sol.
GLÓRIA — Minha filha! Cadê a minha filha?
SOL — Eu tô bem, mamãe!
GLÓRIA — (Chorando, ajoelha-se no chão) Ai, graças a Deus!
POLICIAL — Solange, nós precisamos que você segure essa corda com toda a sua força!
SOL — Tudo bem.
POLICIAL — Assim que você segurar na corda, nos avise para puxarmos.
SOL — Ok. Peguei.
POLICIAL — (P/outros policiais) Puxem!
Corta para as viaturas: Miguel ali olhando, Gael e Juliana se aproximam.
GAEL — O que tá acontecendo, Miguel?
MIGUEL — Tão puxando ela. Vem, Gael, vamos ajudar!
Eles se aproximam correndo para ajudar a puxar Sol. Juliana vem acudir Glória e abraça a mesma. Sol chega a superfície e é abraçada por Miguel, Gael e Glória.
SOL — Tô bem, gente. Tô bem.
CORTA PARA:
CENA 30. AEROPORTO SANTOS DUMONT. ÁREA DE EMBARQUE. INT. NOITE.
Ricardo e Vicente ali aflitos. Os policiais voltam com Cristina algemada.
RICARDO — Olha quem tá vindo ali, Vicente!
VICENTE — Agora você vai pagar por tudo que fez, canalha!
Ela é levada para fora do aeroporto.
VICENTE — Pra onde a canalha tava indo policial?
POLICIAL F — Ela estava num voo com destino a suíça.
VICENTE — Canalha! Mas agora vai pagar por tudo que fez.
O Policial se afasta.
RICARDO — E agora, Vicente? O que a gente faz?
VICENTE — Agora? Acho que merecemos uma saideira depois dessa, não acha?
RICARDO — Verdade. Estou muito velho para certas adrenalinas!
VICENTE — Que velho o quê? Digamos que estamos na melhor idade.
Eles caminham em direção a saída do aeroporto.
CORTA PARA:
CENA 31. ARGENTINA. PISTA DE POUSO CLANDESTINA. EXT. NOITE.
O avião bimotor com Armando pousa na pista clandestina. Ele salta do avião junto do piloto, que o ajuda a descer com as sacolas das preciosidades.
ARMANDO — Valeu mesmo pelos seus serviços, cara.
PILOTO — De boa, cara. E boa sorte aí na sua nova empreitada.
ARMANDO — Valeu, cara!
O piloto volta para o avião e Armando sorrir vitorioso e de braços abertos. CAM vai rodeando o mesmo ali vitorioso. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 32. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Takes descontínuos de toda a cidade, com ênfase nos bairros da zona sul. Letreiro: ALGUM TEMPO DEPOIS.
CORTA PARA:
CENA 33. JORNAL. REDAÇÃO. INT. DIA.
Todos ali diante do Diretor do jornal. Rosangela e Joana ansiosas.
DIRETOR — Depois de muitas reuniões da diretoria, finalmente chegamos a uma decisão por unanimidade. O Alfredo passou a vocês que a tarefa para assumir o cargo na edição chefe junto dele, seria o escolhido trazer uma matéria que chamasse a atenção. Não sei se ele usou essas palavras com vocês, mas essa era a intenção ao propormos isso. Muitos trouxeram matérias sobre a criminalidade, outros sobre economia, mas a verdade é que nós estamos saturados disso tudo. Não que isso não seja importante, claro que é! Mas a matéria que uma pessoa nos trouxe, fez com ela fosse estampada na primeira página do jornal. E fez também quem com os jornais batessem recordes de vendas. Parabéns, Rosangela! Você é a nova editora chefe!
Rosangela não acredita que conseguiu e Alfredo a abraça.
ALFREDO — Eu sabia que você conseguiria, Rô! Mesmo fazendo tudo por de trás das minhas costas.
ROSANGELA — Uma história como a da Sol e dos gêmeos merecia ser contada!
JOANA — Mas isso é um absurdo! Eu entreguei uma super matéria sobre economia.
DIRETOR — Eu sei. Inclusive acabei de dizer que estamos saturados desses temas, mesmo que eles sejam totalmente relevantes!
ALFREDO — Gente, depois comemoramos a vitória da Rô, mas agora eu queria apresentar pra vocês uns materiais que chegaram até minhas mãos.
DIRETOR — Mas que história é essa, Alfredo?
ALFREDO — Você não vai aceitar no que vai ver.
Alfredo liga o projetor de imagens e vem um vídeo gravado por alguém, só mostra o rosto de Joana.
Diálogos do vídeo.
JOANA — E quanto você quer pelo programa?
HOMEM — Não se trata apenas de dinheiro. Você vai praticamente hackear o computador dessa mulher. Se não souber usar do jeito certo, vai dar ruim!
JOANA — Pra Rosangela se dar mal, vale qualquer coisa!
HOMEM — Então presta atenção no que você vai ter que fazer.
Ele passa a ela um pen drive.
JOANA — Coloque esse pen drive no computador e instale o programinha: ‘apaguei’. Depois copie e cole o endereço de e-mail da pessoa prejudicada e tudo que ela fizer será apagado.
Alfredo desliga o projetor.
ALFREDO — Acho que já vimos o suficiente!
ROSANGELA — E eu pensando que o computador era o problema! Você é canalha!
JOANA — Vocês não podem acreditar nessas imagens! Tá na cara que o Alfredo mascarou isso pra me prejudicar e exaltar a queridinha dele.
DIRETOR — Agora tudo faz sentido. E nós da diretoria ainda achamos que a Rosangela não era qualificada para assumir o cargo do Alfredo.
JOANA — O senhor não pode acreditar nessas imagens!
DIRETOR — Chega! Ponha-se porta a fora antes que eu chame a polícia! Você está demitida por justa causa!
CORTA PARA:
CENA 34. PRESÍDIO FEMININO. SALA DA VISITA. INT. DIA.
Adriana ali sentada aflita. Cristina entra acompanhada de uma policial, que permanece na sala.
CRISTINA — (Surpresa) Filha?
ADRIANA — Oi, mãe.
CRISTINA — Pensei que depois de tudo você queria mais ver a minha cara.
ADRIANA — Que isso, mãe? Eu sei que a senhora fez coisas erradas. Mas é a mesma coisa quando eu soube que o papai traía a nossa família há anos. É um choque quando descobrimos essas coisas, mas são meus pais.
CRISTINA — (Pega na mão da filha) Obrigado por não me abandonar nesse momento tão difícil.
ADRIANA — Nunca! Eu tenho esse meu jeito, mas eu nunca faria uma coisa dessas com a senhora e nem com meu pai.
CRISTINA — Em falar nele… Tá lá vivendo com a outra família, né?
ADRIANA — Tá sim. O Enrico e eu que estamos dividindo o apartamento agora. Mas mãe… Eu quero saber da senhora o porquê de ter feito isso! Eu pensei que a construtora era o bem maior da família!
CRISTINA — E é, filha! Mas acontece que eu me deixei levar quando me ofereceram todas aquelas obras.
ADRIANA — Foi na ambição e agora não tem nem uma coisa, nem outra.
CRISTINA — Verdade, minha filha. Espero que seu pai consiga recuperar o dinheiro que eu mandei pra suíça
ADRIANA — Ele está trabalhando nisso junto com os advogados da família.
CRISTINA — Eu errei muito em fazer tudo o que fiz, mas eu quero de verdade que tudo se resolva!
CAM mostra as duas de mãos dadas sobre a mesa. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 35. ILHAS MALVINAS. BEACH. EXT. DIA.
Armando ali sentado admirando a belíssima paisagem paradisíaca e tomando água de coco.
ARMANDO — (P/si) Ilhas Malvinas é apenas a primeira parada de muitas! Europa que me aguarde. Em breve tô chegando aí.
CORTA PARA:
CENA 36. CONVENTO. FRENTE. EXT. DIA.
Carro de Vicente se aproxima.
FLÁVIA — Tem certeza que é aqui, meu amor?
VICENTE — Pelo jeito é aqui mesmo.
Flávia, Vicente e Murilo saltam do carro. Em SLOW, Jandira surge vestida adequadamente, toda tapada e agora… Freira.
FLÁVIA — (Boquiaberta) Meu Deus! Essa não é a mamãe!
MURILO — A vó tá muito diferente.
VICENTE — Deus operou milagres mesmo na vida da Jandira! Até um tempo atrás ela era o que chamamos de vovoguete e agora tá aqui…
JANDIRA — (Serena) Vocês vieram mesmo.
FLÁVIA — Claro, mãe! A senhora sumiu por vários dias e depois me liga dizendo que está aqui neste lugar.
JANDIRA — (Serena) Mais respeito, Flávia. Estou na casa de Deus pai.
VICENTE — Mas o que aconteceu pra você optar por viver num convento?
JANDIRA — (Serena) Sabe, meu caro Vicente… Quando você ver a morte de perto e fica vivo… Você entende que há um plano maior para sua vida. Recebi o chamado de Deus e agora estou aqui vivendo em harmonia com minhas irmãs.
MURILO — Isso quer dizer que a senhora não vai mais morar com a gente?
JANDIRA — (Serena) Não mais… Mas quando quiserem vir me visitar, serão muito bem vindos.
FLÁVIA — Então tá, né, mamãe. Logo que a senhora optou por viver assim… Eu só posso desejar que a senhora seja muito feliz.
VICENTE — Mas e então, a gente pode conhecer o local? Aqui parece ser muito calmo.
JANDIRA — (Serena) Claro… Venham comigo que eu vou mostrar-lhes o que este lugar tem de melhor.
Eles vão caminhando juntamente de Jandira. CAM em plano geral mostrando todo o convento. Instantes.
CORTA PARA:
CENA 37. RECREIO DOS BANDEIRANTES. ESPAÇO LA PLAYA. EXT. DIA.
Clima sofisticado, chique. Ao fundo, temos o mar com sua imensidão azul. CAM mostra a linda paisagem por um instante. Alfredo ali no altar ansioso, nervoso, ao seu lado estão: Ricardo e Rosangela, seu casal de padrinhos. Do outro lado estão: Miguel e Karina, casal de padrinhos da noiva. Na plateia estão: Glória, Isabelita, Juliana, Mazé, Enrico, Ana, Renata, João e Bruna.
ROSANGELA — Alfredo, você e a Renata estão se dando bem agora? Não entendi o que ela veio fazer aqui.
ALFREDO — Sim, nós estamos na boa. Ela entendeu que a problemática era ela.
RICARDO — Que pergunta mais indelicada, Rosangela.
ROSANGELA — Que foi, meu amor? (Dá um beijinho nele) Depois que saímos daqui vamos direto pro aeroporto.
RICARDO — Obrigado por forçar a Rosangela tirar férias, Alfredo.
ALFREDO — Mérito todo dela. Ela recebeu a promoção na redação e pediu férias para descansar.
RICARDO — Que bom. Pensei que esse dia nunca chegaria.
Os dois se beijam novamente.
ROSANGELA — Olha a nossa filha com o Miguel. Eles não formam um casal lindo?
RICARDO — Formam. Não sei o que esses dois estão esperando para ficarem juntos logo de uma Vez! Tá mais do que na cara que eles se amam!
Corta para o lado Miguel e Karina:
KARINA — Que fique registrado que eu aceitei estar aqui ao seu lado por causa da Sol.
MIGUEL — Tudo bem. Não estou forçando nada.
KARINA — É bom mesmo. Depois daquela loucura de se declarar na frente do Enrico…
MIGUEL — Eu sei que foi loucura, mas como você pode ver, ele já está em outra.
CAM mostra Enrico ali agarradinho com Ana.
KARINA — Que bom pra ele!
MIGUEL — Deixa disso, Karina. Vamos logo ficar juntos. O que você mais queria eu já fiz que foi por um fim no meu noivado com a Adriana.
Atenção Sonoplastia: Clássico instrumental de casamentos começa a tocar.
KARINA — Depois conversamos sobre isso. Agora, o momento é da Sol.
Corta para a entrada: Sol entra acompanhada de Gael.
RENATA — Olha filha, como a Sol tá linda!
BRUNA — Tá mesmo.
RENATA — Fico muito feliz pelo seu pai. Desejo tudo de bom pra ele!
SOL — (OFF) Quando que eu poderia imaginar que depois dos quarenta anos eu finalmente estaria me casando com o grande amor da minha vida? Depois de tantas intrigas, decepções finalmente chegou o meu dia…
Gael entrega Sol a Alfredo.
ALFREDO — Você está linda!
SOL — Obrigada!
O Celebrante da união começa a falar fora de áudio. Instantes. Gael vai se sentar ao lado de Juliana e ali ficam abraçados. Glória emocionada ao ver o casamento da filha. Isabelita feliz. Juliana e Mazé emocionadas. Ana e Enrico trocando alguns beijinhos, mas são repreendidos por Mazé fora de áudio. Renata feliz pelo ex. Bruna e João abraçadinhos dão um selinho. CAM volta a mostrar Sol e Alfredo ali no altar. Eles trocam olhares com os olhos de ambos brilhando. Instantes. A cerimônia termina, Alfredo e Sol trocam as alianças e se beijam. CAM mostra Miguel que aproveita para beijar Karina e ela gosta do beijo surpresa. Todos aplaudem de pé. Instantes. E é assim com o final feliz do nosso casal principal que Partes de mim chega ao…
FIM
Obrigado!
Aos que acompanharam a história de Sol e Alfredo e tantas outras, aqui vai o meu muito obrigado! E até uma próxima jornada! Abraços!