CENA 01: MOTEL, INTERIOR, NOITE.

Cecília e Ernesto caem na cama do motel e ficam entre beijos e abraços calorosos, tiram a roupa vagarosamente e transam de forma fogosa e prazerosa. Cecília está eufórica, há décadas não se sentia mulher assim. Ernesto está enlouquecido, pois sente como uma aventura em trair Paula. Porém, quando ambos atingem o orgasmo, sofrem um ataque cardíaco e caem duros na cama do motel.

CENA 02: CASA DE PAULA E ERNESTO, INTERIOR, MANHÃ.

Vanessa está tomando café da manhã sozinha, quando Paula chega e senta-se à mesa.

PAULA: – Bom dia, minha filha. Cadê seu pai?

VANESSA: – Bom dia, mãe. Ele não está no quarto?

PAULA: – Se ele estivesse, eu não estava perguntando. Aonde será que ele foi tão cedo do dia?

Vanessa fica calada, pois sabe que o pai saiu a noite e deduz que ele não dormiu em casa. Paula segue tomando seu café, intrigada.

CENA 03: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, INTERIOR, MANHÃ.

Miguel e Davi estão sentados à mesa, tomando café da manhã, enquanto Luiza caminha de um lado para outro na sala, ligando sem parar para o celular de Cecília.

LUIZA: – Ela não atende! Já liguei mil vezes e cai na caixa.

MIGUEL: – Calma, meu amor, a Cecília deve ter ido à padaria buscar pão.

LUIZA: – Não sei, isso tá muito estranho… A cama nem tá bagunçada, parece que ela nem dormiu em casa. E agora não atende o celular, sei lá, Miguel…

MIGUEL: – Ah, que suspeita boba! A minha sogra é uma viúva respeitável, não faria isso que você suspeita. Aliás, estou admirado de você suspeitar isso da sua mãe!

LUIZA: – E a mudança de visual que ela fez, não é muito suspeita?

Miguel fica intrigado com o que Luiza diz, começando a desconfiar. Davi segue tomando seu café e assistindo desenho animado na TV.

CENA 04: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, MANHÃ.

Heloisa, Ricardo e Pietra tomam café na mesa cheia de delícias preparadas por Inês.

RICARDO: – Filha, o papai tem uma novidade pra você!

PIETRA: – É? Qual? Estou muito curiosa!

RICARDO: – Eu vou realizar um pedido antigo que você me fez: vou te levar para conhecer o meu trabalho.

Pietra abre um sorriso imenso, desce da cadeira e corre até Ricardo, abraçando-o forte e dando um beijo em seu rosto.

PIETRA: – Obrigado, papai! Eu sempre quis conhecer aonde você trabalha, vai ser muito divertido!

RICARDO: – É mesmo, então vai lá ao seu quarto e arrume sua mala com alguns brinquedos, pois nós vamos ficar dois dias em Araucária.

Pietra sorri e sobe ao quarto, eufórica. Heloisa sente-se desconfortável e Ricardo percebe.

RICARDO: – O que foi, meu amor? Medo de tirar a Pietra de casa?

HELOISA: – É claro, Ricardo. Você sabe que nossa filha não é saudável como as outras crianças;

RICARDO: – Já passou da hora da gente enfrentar isso, Heloisa! Vai ser bom ficar dois dias fora de casa com a Pietra, ela vai conhecer coisas novas, lugares novos e pessoas diferentes. E o hotel que eu escolhi é sensacional, pode ficar tranquila.

INÊS: – Escute o conselho do seu marido, Dona Heloisa, vai fazer muito bem pra Pietra.

HELOISA: – Tá bom, vocês venceram! Faz muito tempo que eu não vou a Araucária, será bom passar esses dias lá.

Ricardo sorri e segura à mão de Heloisa, dando um beijo nela.

CENA 05: PENSÃO TITITI, INTERIOR, MANHÃ.

Vera e Gean estão na sala, assistindo televisão. Logo, Antonia entra no cômodo, furiosa.

ANTONIA: – Quem deu ordem pra ligar a TV? Pode desligar agora, a conta de luz tá pela hora da morte!

Vera e Gean ignoram e prestam a atenção no jornal, assim como Antonia.

REPÓRTER: – E um fato inusitado ocorreu hoje em Curitiba. Um casal da terceira idade foi encontrado morto no quarto de motel. A suspeita da polícia é que eles tenham sofrido um ataque cardíaco durante a relação sexual. Segundo os documentos encontrados nos pertences, eles atendem pelo nome de Ernesto da Silva e Cecília Amaral.

Antonia, Vera e Gean se chocam ao ouvir aquilo e reconhecem as fotos mostradas na TV.

VERA: – Como assim? Cecília e Ernesto no motel? Chocadíssima!

GEAN: – A Cecília pagando de santa e o Ernesto traindo a Paula, quem diria hein!

ANTONIA: – Pois isso não é novidade pra mim, o Ernesto sempre foi um promíscuo e a Cecília era amorimista demais, agora tá aí estampada no jornal pelo fogo que tinha!

Vera e Gean ficam calados e pasmos. É quando Vanessa entra na pensão, recebendo os olhares apreensivos de todos.

VANESSA: – Oi pessoal… Eu vim falar contigo, Gean.

Gean fica sem jeito, levanta do sofá e caminha até Vanessa, abraçando-a.

GEAN: – Meus pêsames!

Vanessa se choca e empurra Gean.

VANESSA: – Tá doido? Ninguém morreu da minha família, não!

ANTONIA: – Ah, não tá sabendo ainda? Teu pai foi encontrado morto num quarto de motel com a Cecília.

Vanessa fica pasma com a notícia e sai correndo da pensão.

VERA: – Precisava falar desse jeito com a menina?

ANTONIA: – Ela ia saber de qualquer jeito mesmo.

Antonia desliga a TV pra poupar a luz e sai da sala, deixando Vera e Gean tensos.

CENA 06: RUA, EXTERIOR, MANHÃ.

Vanessa caminha pela rua, chorando, e acaba esbarrando em Luiza, que estava caminhando ao carro estacionado com Miguel e Davi dentro.

LUIZA: – Oi Vanessa… O que foi? Porque tá chorando?

VANESSA: – Oh Luiza… A Dona Cecília tá em casa?

LUIZA: – Não, por quê?

VANESSA: – Ai, meu Deus… Eu acabei de descobrir que o meu pai foi encontrado morto num motel com a Cecília, deu no jornal da TV.

LUIZA: – O quê? Minha mãe morreu no motel com o Seu Ernesto? Não, eu não posso acreditar nisso…

Miguel desce do carro e aproxima-se de Luiza, já bastante nervosa.

MIGUEL: – Eu ouvi de dentro do carro o que a Vanessa disse, estou chocado. O que acham de irmos ao IML?

VIVANE: – Tá bom, mas eu preciso avisar minha mãe.

Luiza e Miguel concordam e Vanessa vai dar a notícia para Paula, que surta em casa.

CENA 07: REFINARIA PRESIDENTE GETÚLIO VARGAS REPAR, EXTERIOR, TARDE.

Ricardo caminha com Heloisa e Pietra na refinaria de petróleo na qual trabalha, no município de Araucária. A imensidão da refinaria surpreende Pietra, que faz mil perguntas ao pai para entender como tudo funciona.

RICARDO: – Aqui na refinaria, a gente tem a função de decompor o petróleo em seus produtos para uso de todas as pessoas, como a gasolina, o diesel, o querosene, o plástico, entre outros.

PIETRA: – Eu já vi o petróleo na TV, é uma coisa gosmenta preta. De onde ele sai?

RICARDO: – Tem petróleo no oceano e nos continente, mas no caso do Brasil, é pelo oceano. Existem várias plataformas no meio do Atlântico que extraem o petróleo e enviam para as refinarias através dos oleodutos.

PIETRA: – Dizem que o oceano é muito grande, um dia você me leva pra ver?

RICARDO: – Claro, meu amor, claro!

Ricardo acaricia o rosto da filha. Heloisa admira a refinaria a todo vapor.

HELOISA: – E pensar que o meu marido é um dos chefes principais dessa refinaria. Eu tenho muito orgulho de você, Ricardo!

RICARDO: – Que isso, eu só faço o meu serviço…

HELOISA: – E muito bem feito por sinal, pois seu nome nunca esteve em nenhum escândalo.

RICARDO: – E nunca estará! Não é porque eu trabalho num país corrupto que eu deva seguir esse exemplo negativo. Bom, agora vamos fazer um lanche? Depois eu quero mostrar a minha sala de trabalho!

PIETRA: – Eba! Estou adorando essa viagem, papai! Te amo!

Ricardo sorri e pega Pietra no colo, dá as mãos para Heloisa e os três seguem para a lancheira.

CENA 08: INSTITUTO MÉDICO LEGAL IML, INTERIOR, TARDE.

Luiza e Paula entram na sala do IML, tensas e abaladas. Em meio há alguns corpos cobertos, elas aguardam o perito mostrar o corpo de seus possíveis parentes, pois elas ainda insistem em negar o fato. Quando o perito descobre os corpos de Cecília e Ernesto, não há mais como negar: Luiza e Paula se chocam. Luiza começa a chorar desesperadamente, mas Paula derrama apenas uma lágrima e logo a limpa, pois está muito magoada com o marido.

CENA 09: INSTITUTO MÉDICO LEGAL IML, EXTERIOR, TARDE.

Miguel e Vanessa aguardam Luiza e Paula fora do instituto. Pouco tempo depois, elas aparecem. Luiza corre até Miguel e o abraça, chorando compulsivamente. Paula se aproxima de Vanessa e segura a mão da filha, que já entende tudo e chora.

MIGUEL: – Quer dizer então que é verdade, Luiza?

LUIZA: – É sim, Miguel… Minha mãe se foi! Ai, que tristeza, meu Deus! Eu não acredito nisso…

PAULA: – Eu também não acredito como o Ernesto teve a coragem de me trair! E justo com a Cecília, a minha inimiga!

VANESSA: – Mãe, agora não é hora…

LUIZA: – A senhora não está triste pela morte do Seu Ernesto?

PAULA: – Tô sim, pois eu gostava dele, mas minha mágoa é maior que a tristeza, por isso eu não choro. Esse salafrário morreu na cama como a tua mãe, você quer que eu sinta pena dele? Ah, faça-me favor! Tua mãe também não era nenhuma santa, ela roubou meu marido!

MIGUEL: – Por favor, Dona Paula, respeite a dor da minha esposa!

VANESSA: – Mãe, vamos embora pra começar organizar o velório?

Paula concorda e sai sem se despedir de Luiza e Miguel. Vanessa se envergonha pela mãe, mas abraça Luiza e Miguel. Os três choram e Vanessa vai embora com Paula.

MIGUEL: – Que a situação é inusitada, isso ninguém pode negar, mas não é hora pra ficar de picuinhas. Vamos fazer um velório bem religioso como a Dona Cecília gostava.

Luiza concorda, ainda muito abalada e chorando.

CENA 10: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, TARDE.

Marina e Ivan descem as escadarias da mansão com muito entusiasmo. Olga os espera no fim da escada, sorrindo.

OLGA: – Chegou o grande dia?

MARINA: – Chegou, Olga! Hoje eu volto grávida pra casa!

IVAN: – Grávida do nosso gêmeo, será uma emoção tão grande… Faça um jantar bem caprichado, Olga, o dia é para festa!

OLGA: – Pode deixar, eu vou fazer o prato preferido dos senhores!

Marina e Ivan sorriem e saem da mansão. Olga corre até seu quarto, nos fundos da mansão, e acende uma vela em frente a seu altar.

OLGA: – Oh meu Deus, abençoe esse casal que sonha em ter esse filho. Eles renegaram o Senhor, mas eles têm a alma boa, merecem serem felizes. Permita que o gêmeo do João nasça, isso vai renovar as esperanças dessa casa. Amém!

Olga faz o sinal da cruz e retorna a cozinha, confiante que tudo vai dar certo.

CENA 11: CENTRO COMUNITÁRIO, INTERIOR, NOITE.

Na vila, ocorrem os velórios de Cecília e Ernesto no centro comunitário. O local foi dividido ao meio com uma cruz de madeira: à direita, o velório de Cecília; à esquerda, o velório de Ernesto. Luiza chora sob o caixão da mãe, inconformada com sua morte precoce. Vanessa está ao lado do caixão do pai, chorando. Miguel conforta Luiza com seus abraços e também está abalado pela morte da sogra. Davi compreende pouco, pois tem apenas 5 anos, mas está triste também. Alguns familiares e amigos de Cecília e Ernesto chegam ao velório e oram. Porém, Paula não está presente.

MIGUEL: – A Paula nem apareceu no velório do marido ainda, que mulher degenerada.

LUIZA: – Pois é, deixou a coitada da Vanessa tomar providência de tudo sobre o velório. Eu não quero nem pensar o que eu vou ter que ouvir a partir de amanhã, será inevitável os comentários maldosos sobre a índole da minha mãe.

Miguel concorda e dá apoio a Luiza. Vera chega ao velório e faz uma oração, aproximando-se de Vanessa.

VERA: – Meus pêsames, querida! Cadê sua mãe?

VANESSA: – Obrigada! A mamãe ainda não apareceu.

VERA: – Como assim? Mas ela é a esposa do Ernesto, devia estar aqui desde o início do velório, apesar do teu pai ter aprontado com ela.

Vanessa fica calada e segue rezando. De repente, Paula surge na porta do centro comunitário e recebe os olhares apavorados de todos.

De vestido longe e vermelho, com unhas pintadas de vermelho, batom vermelho, cabelo arrumado e salto alto vermelho, parece que Paula está pronta para uma festa. Ela caminha vagarosamente até o caixão de Ernesto e olha com desprezo ao marido. Todos do centro voltam a rezar, mas cochicham o vestuário da viúva.

VANESSA: – Mãe, que roupa é essa?

PAULA: – O que tem demais, minha filha? Só porque todo mundo usa preto em velório eu tenho que usar também? Eu não sou todo mundo!

Vanessa se envergonha da mãe e sai do velório para respirar ar puro, enquanto Paula segue frígida.

CENA 12: CLÍNICA DE DR. VITOR, INTERIOR, NOITE.

Dr. Vitor está se arrumando para ir embora quando é surpreendido pela chegada de Marina e Ivan em sua sala. O geneticista fica tenso, mas tanta disfarçar.

VITOR: – Boa noite, senhores. Eu já imagino sobre o que se trata a presença de ambos.

MARINA: – Pois é, hoje foi o dia marcado para realizarmos a inseminação artificial. Eu estou numa ansiedade que o senhor nem imagina!

VITOR: – Eu imagino sim, Dona Marina, mas eu sinto muito em informar que não poderá haver inseminação alguma.

IVAN: – Como não? Os exames da minha esposa mostraram que ela está com a saúde perfeita para engravidar.

MARINA: – E o dia e hora da inseminação estavam marcados há semanas, o que aconteceu agora, Dr. Vitor?

O geneticista sente-se pressionado pelo casal e não encontra outra saída a não ser revelar a verdade que escondeu por anos.

VITOR: – Eu não posso mais fugir, eu tenho que contar a verdade. Acho melhor o casal sentar, a conversa será longa e difícil.

IVAN: – Do que o senhor tá falando, Dr. Vitor?

VITOR: – Sentem-se!

Marina e Ivan se olham, intrigados, mas sentam. O geneticista faz o mesmo, tentando encontrar as palavras certas para seu desabafo.

VITOR: – Eu não sei nem como falar isso, é muito difícil tanto para eu falar quanto será para vocês ouvirem.

MARINA: – Diga logo, Dr. Vitor, eu estou ficando nervosa!

VITOR: – A senhora não vai poder gerar o embrião que deixou congelado por 25 anos porque ele já foi gerado. Eu cometi uma troca de embriões há cinco anos e o embrião de vocês foi gerado por engano por outra mulher. Eu sinto muito!

Marina e Ivan estão chocados com a revelação e não conseguem dizer uma palavra sequer, apenas olham fixamente para Dr. Vitor que se sente intimidado.

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