CENA 01: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, EXTERIOR, TARDE.

Miguel estaciona seu carro em frente à sua casa e Davi observa pela janela do veículo, entusiasmado por estar ali outra vez. Luiza sorri e desce do carro, assim como eles.

DAVI: – Meu Deus, que saudade dessa casa!

LUIZA: – Agora, você vai morar aqui com a gente de novo.

DAVI: – Que maravilha! Eu queria muito morar com vocês de novo! Eu amo vocês!

Davi abraça Miguel, que o segura no colo e Luiza acaricia seus cabelos. Antonia, que varre a calçada da Pensão, vê a cena e se espanta, correndo até eles.

ANTONIA: – Davizinho, você voltou! Quer dizer então que…

MIGUEL: – Sim, Dona Antonia, nós vencemos o caso na justiça. O Davi será reconhecido como nosso filho.

ANTONIA: – Ah, sangue de Cristo tem poder! Eu sabia que isso ia acontecer, não tinha cabimento vocês terem perdido a guarda. E você, Davi, tá feliz?

DAVI: – Muito! Tô com saudade do meu quarto, ainda tem?

LUIZA: – Claro, meu anjo, eu e seu pai cuidamos do seu quarto todo esse tempo que você morou fora, pois a gente tinha esperança que você voltasse.

MIGUEL: – Vamos entrar, Antonia, aí você toma um cafezinho com a gente.

Antonia compreende e entra na casa com Luiza, Miguel e Davi, todos sorridentes.

CENA 02: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, TARDE.

Marina entra na mansão, aos prantos, e Ivan entra atrás, tentando consolá-la. Dr. Bruno entra também, aflito.

IVAN: – Meu amor, você precisa se acalmar. Vou pedir pra Olga fazer um chá.

MARINA: – Eu não quero chá, eu quero o Davi! O Davi, entendeu?

Marina continua a chorar compulsivamente, até que Olga entra na sala e se espanta.

OLGA: – Mas o que tá acontecendo aqui, meu Deus? Cadê o Davi?

IVAN: – Nós perdemos a guarda dele, Olga. O Davi voltará a morar com a Luiza e o Miguel.

MARINA: – Tudo culpa desse advogado incompetente!

BRUNO: – Não diga isso, Dona Marina, eu fiz o possível e o impossível.

MARINA: – Que ódio dessa vida! Eu queria morrer agora!

OLGA: – Virgem Santíssima, não fala uma coisa dessas!

IVAN: – Dr. Bruno, nós podemos recorrer, não é?

BRUNO: – Sim, mas será a última vez. Não podemos ficar travando uma disputa judicial pela eternidade. Eu vou enviar um pedido ao fórum ainda essa semana.

MARINA: – Sai da minha frente, Dr. Bruno, sai da minha frente ou eu não respondo por mim!

IVAN: – Que isso, meu amor? Eu não estou te reconhecendo!

Marina se irrita, pega um vaso de flores e atira em direção a Dr. Bruno, que sai correndo da mansão e o vaso quebra na parede. Ivan aproxima-se da esposa e a abraça, ambos chorando e se consolando, deixando Olga nervosa.

CENA 03: HOSPITAL, INTERIOR, TARDE.

Heloisa e Inês estão na recepção do hospital, aguardando o parecer do médico que está tratando Pietra. Minutos depois, Dra. Clara chega à recepção.

CLARA: – As senhoras são parentes da Pietra Trajano?

HELOISA: – Sim, eu sou a mãe! Como ela está, doutora?

CLARA: – A Pietra sofreu uma convulsão do tipo atômica, quando há perda do controle muscular e a pessoa desmaia ou cai. O estado dela não é bom. Vocês fizeram os primeiros-socorros corretamente?

HELOISA: – Sim, eu coloquei um travesseiro na cabeça dela e afastei os objetos próximos. Mas doutora, porque o estado da minha filha não é bom, o que ela tem?

CLARA: – Lendo o prontuário da Pietra, eu verifique que ela sofre de câncer e isso debilitou a sua saúde, logo, uma convulsão prejudica ainda mais. A Pietra terá que ficar internada por alguns dias para tratar melhor esse quadro clínico que ela se encontra.

HELOISA: – Ai meu Deus…, Mas ela vai melhorar, não vai?

CLARA: – Nós faremos o tratamento possível, confie em nós.

Dra. Clara se afasta, deixando Heloisa chocada e abraçando Inês, ambas chorando na recepção do hospital.

CENA 04: RUA, EXTERIOR, MADRUGADA.

Nas ruas do centro de Curitiba, garotas de programa ficam à espera de clientes. Sorridente, Shirley caminha pela rua, vestindo uma roupa extravagante e uma maquiagem pesada, com os cabelos ao vento, admirando a beleza da noite curitibana. Shirley aperta o bumbum de um garoto de programa que está debruçada num carro, o rapaz sorri pra ela e Shirley dispara um sorriso safado, seguindo sua caminhada, entusiasmada e sem rumo.

CENA 05: PENSÃO TITITI, INTERIOR, MADRUGADA.

Shirley entra aos risos na pensão, no meio da madrugada, jogando sua mini bolsa em cima do sofá. Antonia desce as escadas da pensão, bocejando, e se impressiona com o vestuário de tia.

ANTONIA: – Shirley? Que trajes são esses?

SHIRLEY: – Tava na night, meu bem! Não sabia que Curitiba fervia tanto assim.

ANTONIA: – Você não acha uma decadência se prostituir na terceira idade?

SHIRLEY: – E você acha que se eu tivesse tido outra opção na vida, eu teria seguido essa profissão? Foi o que me restou, Antonia, mas eu não vou ser hipócrita em dizer que não gosto dessa vida louca, mas se eu pudesse escolher, faria outra coisa.

ANTONIA: – Eu também nasci pobre e mesmo assim abri uma pensão, não precisei me prostituir.

SHIRLEY: – Sua história é sua história, não é um padrão a ser seguido nem parâmetro de qualidade. Olha, minha sobrinha, eu queria muito ter uma convivência em paz contigo, mas você não quer mesmo né.

ANTONIA: – Já disse que você me envergonha…

SHIRLEY: – O que eu faço de errado hein? Vendo meu corpo? Tudo bem, mas quem eu prejudico com isso? Só eu mesma, Antonia. Não é porque eu me prostituo que eu não sou uma boa pessoa ou que eu não tenho sentimentos.

ANTONIA: – Falando assim, nem parece à mulher vulgar de dias atrás…

SHIRLEY: – Ai Antonia, para de ser chata! Você cansa minha beleza, vou pro meu quarto descansar que hoje eu trabalhei muito…

Shirley sobe para seu quarto, enquanto Antonia vai à cozinha e bebe água, pensativa.

CENA 06: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, MANHÃ.

Ivan está arrumando sua mala de trabalho com ajuda de Olga, quando se ouve passos na escada. Era Marina, que desce vagarosamente, com um vestido preto, longo e de renda, como se usa em velórios. Ivan e Olga observam Marina, perplexos.

IVAN: – O que é isso, Marina? Porque se vestiu assim?

MARINA: – Tô de luto. O Davi não está mais aqui.

OLGA: – Ai Dona Marina, não diga uma coisa dessas! Luto é quando uma pessoa morre e o Davi tá vivo!

MARINA: – Estou de luto pela sentença do juiz, pela ausência do Davi, pela memória do João. De luto pela vontade de viver.

IVAN: – Oh meu amor, não diga isso… ele aproxima-se e a beija no rosto. – Eu queria muito ficar do teu lado o dia todo, mas preciso trabalhar, a empresa não funciona sem mim. Quando eu voltar, prometo ficar bastante contigo.

Marina sorri timidamente e Ivan sai para o trabalho. Olga vai para a cozinha e Marina caminha pela sala, aflita, até que vê a grande imagem do Sagrado Coração de Cristo. Ela aproxima-se lentamente e, frente a frente com a estátua no altar, Marina lembra-se do dia em que quebrou a imagem após voltar do velório de João.

MARINA: – Você me abandonou uma vez, mas me presenteou anos depois. Agora me abandona de novo? Que espécie de salvador você é?

Marina observa a imagem do Sagrado Coração de Cristo fixamente, deixando uma lágrima escorrer. Logo, ela pega a estátua nas mãos e caminha pela sala, sentindo vontade de quebrá-la. Olga retorna da cozinha e se espanta.

OLGA: – Dona Marina, o que a senhora tá fazendo! Não me diga que vai quebrar a estátua?

MARINA: – Ele me abandonou, Olga! Brincou comigo outra vez!

OLGA: – Não faça uma blasfêmia dessa, Dona Marina! É um pecado muito grande! Dá a estátua pra mim, por favor!

Marina encara fixamente a imagem e desaba em lágrimas, sentando no chão e colocando a estátua deitada ao seu lado. Olga pega a estátua e põe no altar, consolando a patroa em seguida.

CENA 07: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, INTERIOR, MANHÃ.

Luiza, Miguel e Davi tomam café da manhã juntos, pela primeira vez, após nove meses. Sorrindo e conversando, eles estão muito felizes.

DAVI: – Poxa, foi tão legal dormir no meu quarto depois de tanto tempo! Que saudades da minha cama, dos meus brinquedos, de tudo!

MIGUEL: – Que bom, meu filho! Hoje de noite, você vai dormir comigo e com a mamãe. Estamos com saudades de dormir abraçadinhos com você, seu moleque!

DAVI: – Eba! Adoro dormir na cama com meus pais! A Marina e o Ivan me deixavam dormir às vezes com eles também.

Luiza e Miguel se olham, mas se calam. Davi segue comendo seu cereal.

LUIZA: – Filho, nós precisamos ver com ficará teus estudos agora né.

DAVI: – Mas eu já tenho escola, mamãe, é ótima!

MIGUEL: – Só que é muito cara, Davi, nós não temos dinheiro pra pagar a mensalidade que a Marina e o Ivan pagavam. Você terá que voltar pra escola antiga, aquela perto daqui de casa.

DAVI: – Ah, mas eu já tinha feito tantos amigos lá, as professoras são muito legais! Poxa… E minha aula de violão, como fica? Posso continuar fazendo?

MIGUEL: – Bom… Não sei, talvez sim.

DAVI: – Eu adorava as aulas de violão! Também gostava de estudar outras línguas, a professora particular era muito divertida.

LUIZA: – Meu filho, você precisa entender uma coisa: nós somos teus pais e te amamos muito, mas não temos dinheiro como a outra família que você morou nos últimos meses. A vida que você tinha lá, você não vai ter aqui, nós não temos condições.

DAVI: – Tudo bem… Já que eu não vou pra escola hoje, posso assistir desenho na TV?

Luiza e Miguel permitem e o menino vai até a TV na sala, emburrado. O casal se olha, tensos, com medo de que Davi não se readapte ao padrão de vida inferior ao qual ele vivia antigamente.

CENA 08: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, TARDE.

Inês está servindo um calmante para Heloisa na sala da mansão, quando Ricardo chega da refinaria com sua maleta de trabalho e se aproxima, vagarosamente.

RICARDO: – Como você está, Heloisa?

HELOISA: – Não te interessa!

INÊS: – Seu Ricardo, a sua esposa está muito nervosa porque aconteceu algo muito sério com a Pietra. Ela sofreu uma convulsão nessa madrugada.

RICARDO: – Convulsão? Mas, porque você não me ligou, Heloisa? Eu viria correndo de Araucária!

HELOISA: – Não quis atrapalhar o encontro com a Vanessa, não é no teu apartamento em Araucária que vocês se encontravam?

RICARDO: – Ah, Heloisa, que paranoia! Dona Inês, aonde a Pietra está agora?

INÊS: – No hospital particular que os senhores têm convênio, ela está sendo tratada, mas a médica disse que ela deve permanecer internada por algum tempo.

RICARDO: – Eu vou tomar um banho e irei ao hospital ver minha filha. Vem comigo, Heloisa?

HELOISA: – Acabei de voltar do hospital, preciso dormir.

Ricardo compreende e sobe para o quarto. Logo, a campainha toca e Inês vai atender. Ao abrir, Vanessa entra com o carrinho do bebê na mansão, deixando Heloisa indignada. A jovem aproxima-se do centro da sala com o carrinho, sorridente.

VANESSA: – Boa tarde, Heloisa. Tudo bem? O Ricardo está?

Heloisa a encara seriamente, sem acreditar no que vê. Ela levanta-se do sofá e caminha um pouco pela sala, enquanto Vanessa acaricia seu filho no carrinho.

HELOISA: – Você é muito pretenciosa, menina. Vir na minha casa falar com o seu amante e com esse bebê… Quem você pensa que é?

VANESSA: – Qual é o problema em vir aqui se o pai do meu filho mora aqui? Por acaso a casa é só sua e da sua filha?

HELOISA: – Não envolva a Pietra nessa história suja que você viveu com o Ricardo! Ponha-se daqui pra fora! Eu não tenho sangue de barata pra ficar te aturando! Eu fui muito calma quando a Paula e você me contaram da traição do meu marido, mas eu tô prestes a explodir! Fora daqui!

VANESSA: – Nossa, que estresse! Dona Inês, prepara um cafezinho que eu vou esperar o Ricardo chegar, quero que ele veja o filho dele.

Vanessa senta no sofá, ao lado do carrinho, enquanto Heloisa observa perplexa. Inês vai para a cozinha, pasma.

HELOISA: – Será que você não tem noção de que está sendo desprezada nessa casa? Ninguém gosta de você aqui, vai embora!

VANESSA: – O Ricardo gosta e só ele me importa aqui. Pare de drama, Heloisa, esse estereótipo de fidelidade é ultrapassado! Uma traiçãozinha não tem mal nenhum… Vai dizer que nunca traiu o Ricardo?

HELOISA: – Eu não tenho razão pra ficar ouvindo suas asneiras, dá o fora, garota!

VANESSA: – Já disse que só saio daqui depois que o Ricardo conhecer o nosso filho! É um bebê lindo, não é? Agora sim o Ricardo vai ter um filho pra se orgulhar, um filho normal com cara de criança.

Heloisa percebe a indireta para a Pietra e se indigna com a brincadeira. Revoltada, Heloisa aproxima-se de Vanessa no sofá e segura se cabelo, erguendo-a e segurando seus ombros.

HELOISA: – Cuidado com o que você diz da Pietra! O que você tá querendo hein, sua desaforada? Acha que eu vou ouvir tudo calada?

VANESSA: – Eu só disse a verdade! A Pietra é uma doente! Eu dei ao Ricardo uma filha com cara de criança, saudável, eu fui mulher de verdade pra dar a ele uma filha de verdade.

Heloisa se irrita e dá um tapa em Vanessa, que se surpreende. Elas se encaram por alguns segundos, até que Vanessa revida e esbofeteia Heloisa. Ambas se encaram, novamente.

CENA 09: PENSÃO TITITI, INTERIOR, TARDE.

Antonia se despede de dois hóspedes, que estão deixando a pensão. Vera come uma banana enquanto vê a cena.

ANTONIA: – Ai, que destino triste! Minha pensão está no fundo do poço.

VERA: – Pois é, Antonia, agora só tem eu e sua tia de moradoras.

ANTONIA: – Uma é cleptomaníaca e a outra é prostituta… Eu mereço! Isso só pode ser macumba daquela Paula, que ódio daquela mulherzinha!

Vera se cala e segue comendo a fruta, quando começa a se ouvir uma música eletrônica. Antonia e Vera se olham, intrigadas, e resolvem subir para o andar dos quartos.

CENA 10: PENSÃO TITITI, QUARTO DE SHIRLEY, INTERIOR, TARDE.

Antonia e Vera entram no quarto de Shirley e se deparam com a idosa vestindo um espartilho vermelho e preto, fazendo o pole dance. De ponta-cabeça, Shirley nota a presença delas.

SHIRLEY: – Olá, queridas! Querem umas aulinhas de pole dance?

ANTONIA: – A senhora é louca ou o quê? Quer fraturar um osso?

VERA: – Desça daí, pode ser perigoso!

Shirley ri e desce do poste, ajeitando o decote do seu espartilho. Antonia desliga o som.

SHIRLEY: – Meus amores, eu tenho doutorado em pole dance, fiz muito no bordel da Madame Xereca. Saudades daquele tempo!

ANTONIA: – A senhora tem 80 anos, devia criar juízo e fazer um crochê.

SHIRLEY: – Sobrinha, eu sou velha na idade, não na alma! Deixem eu me divertir em paz!

Shirley liga o som e sobe no palco improvisado, fazendo o pole dance de novo, deixando Antonia e Vera impressionadas com a elasticidade e ousadia da idosa. Ao terminar de comer a banana, Vera atira a casca no chão e, por azar, Shirley pisa na casca enquanto dança e leva um tombo.

SHIRLEY: – Ai, eu acho que quebrei meu pé! Merda!

Shirley geme de dor, enquanto Antonia e Vera prestam os primeiros socorros, tensas.

CENA 11: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, TARDE.

Heloisa e Vanessa estão se encarando após se agredirem.

MAGARIDA: – Se você pensa que virá na minha casa falar mal da minha filha e me bater, você tá muito enganada… Vagabunda!

Heloisa dá uma bofetada muito forte em Vanessa, que cai no chão. Heloisa pisa na mão de Vanessa com seu sapato, que grita. Ela chuta suas pernas e sua barriga, ambas gritando.

VANESSA: – Socorro!

MAGARIDA: – Toma! Toma, sua vadia! Toma!

Imediatamente, Heloisa sobe em cima de Vanessa e aperta seu pescoço, encarando-a com fúria nos olhos.

VANESSA: – Para com isso, sua louca! Por favor!

HELOISA: – Tá com medo? Mas eu ainda nem comecei a bater de verdade…

Heloisa solta o pescoço de Vanessa e começa a desferir vários tapas em seu rosto. O ecoo da agressão e dos gritos são escutados do quarto de Ricardo e da cozinha de Inês. Eles se dirigem até a sala e se chocam com Heloisa esbofeteando Vanessa.

HELOISA: – Vagabunda! Ordinária! É isso que você merece! Você me enoja!

Heloisa segue batendo em Vanessa, que está com a boca sangrando e o rosto todo arranhado. Ricardo aproxima-se e retira a esposa de cima da jovem, segurando-a enquanto ela se debate. Inês aproxima-se do carrinho de bebê para acalmá-lo, pois ele está chorando.

RICARDO: – Acalme-se, Heloisa! O que tá acontecendo aqui!

HELOISA: – Tô batendo na sua amante! Essa piranha teve a coragem de debochar da Pietra pela aparência dela!

Ricardo se choca, pois não conhecia Vanessa ainda. A jovem levanta-se do chão, vagarosamente, sentindo muitas dores e olhando para Ricardo pela primeira vez.

VANESSA: – A sua mulher é uma louca, agora entendo porque você procurou afogar suas mágoas em mim.

HELOISA: – Cachorra! Sai da minha casa agora! Sai!

RICARDO: – Então, você é a maluca que está inventando essa história só pra destruir o meu casamento?

VANESSA: – Não tô inventando nada, você que não quer admitir a traição. Eu trouxe o nosso filho pra você conhecer, Ricardo. Não é lindo? É a sua cara!

Ricardo continua segurando Heloisa, que bufa de raiva. Vanessa pega o carrinho e aproxima de Ricardo, que observa o bebê.

RICARDO: – Seu filho é muito bonitinho, mas eu não sou o pai dele. Você já criou confusão demais por hoje, vai embora.

VANESSA: – Insensível! Eu vou embora mesmo porque não mereço ser tratada dessa maneira. Sabia que eu posso te processar por agressão e difamação, Heloisa?

Heloisa se debate em fúria enquanto Vanessa pega o carrinho de bebê e vai embora, mancando de uma perna e com o rosto ferido. Ricardo solta Heloisa, que senta no sofá.

INÊS: – Que cena lamentável, estou chocadíssima!

HELOISA: – Eu me descontrolei, Dona Inês, essa mulher me tirou do meu eixo.

RICARDO: – Você se machucou? Quer que eu faça curativo?

HELOISA: – Não se aproxime de mim! Vá ver a Pietra no hospital e me deixe.

Ricardo fica cabisbaixo e sai para o hospital, enquanto Heloisa tenta acalmar os nervos.

CENA 12: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, QUARTO DE DAVI, INTERIOR, NOITE.

Ivan está sentado na cama de Davi, alisando o cobertor e observando os móveis e brinquedos. Emocionado, ele chora ao ver o porta-retrato de família no bidê, pegando-o e acariciando.

IVAN: – Que saudades de você, meu pequeno… Que Deus te traga pra mim de volta! Eu não sei mais viver sem você, Davi.

Ivan deita na cama e abraça o porta-retrato, lembrando dos momentos que viveu com Davi durante os nove meses.

CENA 13: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, NOITE.

Marina observa a Lua da janela da sala, com a brisa da noite batendo em seu rosto. Em silêncio, ela tenta se recuperar da sua tristeza. Logo, ela ouve barulhos suaves de passos. Marina vira-se para trás e se surpreende com o que vê: era João.

Ela fica imóvel, incrédula, emocionada. João sorri para Marina e ela sorri timidamente, tentando entender o que está acontecendo. Vagarosamente, ela aproxima-se de João e, ao estar frente a frente, uma lágrima escorre de seus olhos.

JOÃO: – Eu estava com saudades, mãe… Vem comigo?

MARINA: – Filho? É você, meu amor?

Marina ergue sua mão e, lentamente, aproxima do rosto de João. Logo, ela consegue tocá-lo e acariciá-lo, despertando uma paz interior muito grande.

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