CENA 01: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, MANHÃ.

Meritíssimo Armando Ramos analisa alguns documentos antes de iniciar o julgamento. Dr. Bruno e Dr. Samuel se entreolham, ansiosos, enquanto Marina, Ivan, Luiza e Miguel tentam se acalmar.

ARMANDO: – Estamos aqui reunidos hoje para a reabertura da disputa judicial pelo reconhecimento da maternidade e paternidade do menor Davi Amorim. O pedido foi feito pelo advogado, Dr. Samuel Ferraz, que solicitou um novo exame de DNA e trouxe argumentos contundentes para o caso. Passo a palavra para os senhores advogados.

Dr. Samuel e Dr. Bruno se olham, sérios, e respiram fundo para iniciar.

BRUNO: – Meritíssimo, eu creio que este pedido do advogado Dr. Samuel Ferraz, é inútil. O caso já foi decidido há nove meses, o menor Davi já possui todos os reconhecimentos legais sobre Marina Amorim e Ivan Amorim. Além disso, o teste de DNA e o depoimento do geneticista Dr. Vitor Vasconcellos são provas inquestionáveis de que está criança pertence aos meus clientes.

SAMUEL: – Meritíssimo, todo caso é passível de se recorrer da sentença, independente do tempo em que o mesmo tivera resolvido. Dr. Bruno Quadros, um caso complexo como este merece uma segunda audiência, visto que a sentença não foi agradável e justa para os meus clientes. Durante esses meses, eu pesquisei muitos casos jurídicos sobre disputa de filiação e demorei muito até encontrar uma informação que pudesse ser utilizada neste caso.

ARMANDO: – Gostaria de informar ao advogado, Dr. Samuel Ferraz, que o exame que analisei foi bastante surpreendente, visto que eu jamais havia analisado um exame desta natureza.

BRUNO: – Eu e meus clientes estamos curiosos para saber que exame foi este, pois nós não compreendemos até o presente momento.

SAMUEL: – Nós somos formados em Direito e, portanto, nos centramos no estudo das leis. Porém, num caso como este, é necessário nos debruçarmos sobre os conhecimentos de Biologia. Foi assim que eu consegui descobrir um vínculo genético entre Luiza e Davi.

Marina, Ivan e Dr. Bruno se surpreendem, pois não imaginam do que se trata.

SAMUEL: – O DNA foi descoberto pelo norte-americano James Watson e pelo britânico Francis Crick em 1953, ou seja, há apenas 62 anos. Este composto orgânico transmite as características hereditárias dos pais para os filhos, em todos os seres vivos do Planeta Terra. Não é pauta desta audiência em pedir a anulação do exame de DNA realizado há nove meses, pois é inquestionável que Marina Amorim e Ivan Amorim são os pais biológicos do menor Davi Amorim. Contudo, é importante destacar que o avanço científico permitiu à descoberta de novas informações genéticas, afinal, a descoberta do DNA ainda é muito recente se comparada a outras descobertas pelo mundo.

BRUNO: – Senhor advogado, não compreendo aonde o senhor quer chegar. Que tipo de exame foi realizado semanas atrás? O senhor mesmo acaba de admitir que os meus clientes são os pais biológicos do menor, que defesa o senhor fará aos seus clientes?

SAMUEL: – No fim da década de 90, descobriu-se a existência de outro DNA, denominado por DNA do plasma. Cientificamente, é conhecido por DNA mitocondrial. Este novo código genético é diferente do DNA nuclear, cujo é realizado os exames de maternidade e paternidade por todo o mundo. O DNA mitocondrial encontra-se no interior das mitocôndrias, que são organelas citoplasmáticas responsáveis pela respiração celular. As mitocôndrias são doadas pela mãe durante a gestação, ou seja, as mitocôndrias que o Davi Amorim possui são de Luiza Amaral e não de Marina Amorim.

Marina, Ivan e Dr. Bruno se chocam com a revelação, enquanto Luiza e Miguel observam a reação do juiz Armando.

SAMUEL: – O DNA do plasma não transmite nenhuma característica genética como cor dos olhos, tipo de personalidade, duração da vida, mas é a prova de que a minha cliente deixou um registro nas células do Davi Amorim. O menor carrega em si uma parte pequena de Luiza Amaral e isso demonstra que ela não teve apenas a importância na criação, mas também na composição dos genes.

Dr. Bruno segue chocado, tentando encontrar argumentos para defender Marina e Ivan, que temem a sentença do juiz.

CENA 02: PENSÃO TITITI, INTERIOR, MANHÃ.

Shirley está na sala da pensão, usando um roupão amarelo com plumas roxas, lendo o Kama Sutra ilustrado. Vera está no outro sofá da sala, assistindo TV, assim como outros moradores do estabelecimento. Logo, Antonia desce as escadarias e vê a tia lendo, ficando pasma e aproximando-se dela.

ANTONIA: – Mas que indecência é essa? Leia isso na sua privacidade, não em público.

SHIRLEY: – Qual é o problema, Antonia? Eu peguei esse livro no seu quarto, qual o espanto?

Antonia fica corada de vergonha e todos os moradores começam a rir baixo e cochichar.

ANTONIA: – Velha mentirosa! Eu jamais teria um livro desse tipo, eu sou “cult”, leio obras de William Shakespeare e Machado de Assis!

SHIRLEY: – Pois esse Kama Sutra tem até dedicatória pra você na contracapa. Aliás, tem uma página marcada com uma posição enlouquecedora: candelabro italiano. Ui, deu até uma coceirinha! Já tentou fazer, minha sobrinha?

ANTONIA: – Me poupe, sua pervertida!

VERA: – A Antonia usa uma capa de amorimismo, mas quem não se lembra do vídeo na internet?

Todos começam a rir e deixam Antonia furiosa.

SHIRLEY: – Eu conheço esse vídeo, virou até memme no Facebook. Quando eu vi, reconheci a minha sobrinha na hora. A Antonia algemada na cama, só de calcinha e sutiã, com um chicote do lado… sadomasoquista, puxou a tia!

ANTONIA: – Calada! Nem mais uma palavra, Shirley! Eu não admito que falem desse vídeo nesta pensão. Entendeu, Vera?

VERA: – Ok, desculpa…, Mas Shirley, você tem Facebook?

SHIRLEY: – Claro, sou uma mulher tecnológica! Me adiciona: Shirley Boca Gulosa.

Shirley dispara uma gargalhada e deixa todos pasmos com o nome que a idosa usa em seu perfil nas redes sociais. Antonia vai para a cozinha, furiosa.

CENA 03: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, MANHÃ.

O clima segue tenso no fórum, com juiz mediano a sessão.

BRUNO: – Confesso que estou impressionado com o exame de DNA mitocondrial, eu realmente não sabia da existência do mesmo. Independente disso, creio que o exame de DNA convencional tenha mais créditos, pois ele é o responsável por transmitir as características genéticas de pais para filhos, diferente do DNA mitocondrial que, segundo o advogado, é responsável apenas pela respiração celular, o que independe das mitocôndrias serem de Luiza Amaral ou de Marina Amorim.

SAMUEL: – O DNA mitocondrial é a herança genética que a Luiza Amaral deixou no Davi Amorim, quebrando o paradigma que o DNA nuclear dissemina no mundo. De qualquer forma, a reabertura deste caso é fundamental para analisarmos a amplitude da palavra “mãe”. O que é ser mãe? Geneticamente, é gerar, ter o parto e a consanguinidade. Neste sentido, Luiza Amaral e Marina Amorim dividem a função genética, pois a primeira gerou e pariu, enquanto a segunda possui a consanguinidade. Teoricamente, ser mãe é ter ligações afetivas a partir da convivência e da criação. Neste sentido, Luiza Amaral cumpriu seu papel integralmente, sem participação de Marina Amorim.

BRUNO: – Protesto, Excelência! A Marina Amorim não solidificou seus laços afetivos com o menor Davi Amorim por culpa da troca de embriões cometida por Dr. Vitor Vasconcellos!

ARMANDO: – Protesto aceito.

SAMUEL: – O que estou querendo dizer é o quão importante é o papel da criação de uma criança, do quão fundamental é a convivência para a construção dos afetos. Luiza Amaral teve seu papel de mãe totalmente ignorado na última audiência, só por não possuir vínculos genéticos com Davi Amorim. Mas e a criação? E os sentimentos? Aplicar leis humanas para o subconsciente sentimental é muito complicado… foi comprovado pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, que 60% da personalidade é herdado pelos genes. Sendo assim, os outros 40% da personalidade são moldados pela criação, pelo meio em que a pessoa vive.

BRUNO: – Senhor advogado, a própria ciência põe a sua defesa em contradição. Se 60% do Davi Amaral é herdado de Marina Amorim e Ivan Amorim, como os 40% moldados por Luiza Amaral e Miguel Amaral são mais importantes?

SAMUEL: – Lamento se o senhor não consegue perceber a influência do ambiente em que a criança vive. Matematicamente, 40 é menor que 60, mas quem disse que a Biologia é exata como a Matemática? Acredito que seja unânime nesta sala a história emblemática de Amala e Kamala, irmãs que foram criados por uma loba na Índia, em 1920. Muito pequenas, eles adquiriram hábitos selvagens devido à criação. Ao serem encontradas, as “meninas-lobos” foram encaminhados a um orfanato e houve um processo difícil de socialização, já que as crianças não falavam, não sorriam, andavam de quatro, uivavam para a lua e sua visão era melhor à noite do que ao dia. Amala e Kamala tinham a genética humana, mas a influência do ambiente tornou-as selvagens como lobos. Desta forma, eu proponho uma reflexão: até que ponto os 60% de influência genética na personalidade são superiores aos 40% da moldagem da criação?

Dr. Bruno sente-se pressionado, enquanto Marina e Ivan soam frio com as palavras de Dr. Samuel. Luiza e Miguel comemoram internamente, pois veem que o juiz está dividido.

CENA 04: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, QUARTO DE HELOISA E RICARDO, INTERIOR MANHÃ.

Inês está servindo um chá para Heloisa, que está com dor de cabeça.

INÊS: – Beba tudo, Dona Heloisa, esse chá de gengibre vai fazer sua enxaqueca passar.

HELOISA: – Minha cabeça tá latejando e girando, Dona Inês, um horror!

INÊS: – Isso tem a ver com a briga que a senhora e o Seu Ricardo tiveram, não é? Longe de mim querer me intrometer, mas como eu ajudei a criar o seu marido, eu me sinto na liberdade de perguntar: o que realmente aconteceu?

Heloisa bebe um gole do chá e suspira, aflita.

HELOISA: – Ai Dona Inês, é uma coisa que me machucou muito. Lembra aquela mulher que veio me visitar dias atrás?

INÊS: – Sim, uma jovem que teve a ousadia de se anunciar como amante do Seu Ricardo.

HELOISA: – Pois é, mas ela era amante do Ricardo mesmo. Ela veio me contar do caso deles, Inês, ela até engravidou!

INÊS: – Ah Dona Heloisa, que absurdo! A senhora não está acreditando nisso né?

HELOISA: – Dona Inês, aquela moça me explicou tudo perfeitamente! Eles se encontravam em Araucária, quando o Ricardo ficava dias fora. Foram meses de caso, quando ela engravidou, eles romperam. Agora que o bebê nasceu, ela quer pensão.

INÊS: – Meu Deus, estou chocada! Essa mulher só pode estar mentindo, eu praticamente criei o Ricardo e sei que ele não seria capaz de te trair, muito menos ter um filho fora do casamento. O Ricardo é um bom homem, Dona Heloisa, ele te ama.

HELOISA: – As evidências mostram o contrário, Dona Inês…

INÊS: – Que evidências? A palavra dessa garota? Isso deve ser um golpe!

HELOISA: – Eu não quero mais falar sobre isso… Me deixe sozinha, por favor? Quero terminar o chá e dormir um pouco.

Inês compreende e sai do quarto, deixando Heloisa deitada na cama com dores.

CENA 05: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, MANHÃ.

Meritíssimo Armando Ramos interroga Davi, na presença de Dr. Samuel, Dr. Bruno, uma psicóloga e o escrivão.

ARMANDO: – Davi, você poderia contar pra nós como foi sua vida com Marina e Ivan nesses meses?

DAVI: – Foi boa, foi legal. Eles são pessoas muito queridas. A Marina é muito carinhosa comigo, me mima muito. O Ivan fica bastante tempo fora de casa, mas sempre que está, ele conversa e brinca comigo.

ARMANDO: – Você gosta deles, Davi? Você os vê como seus pais?

DAVI: – Eu gosto deles sim, mas meus pais… Bom, eles são meus pais sim, a Tia Olga me disse que eu tenho duas mães e dois pais. Mas eu sinto a Luiza e o Miguel como meus verdadeiros pais, sei lá, gosto mais deles.

ARMANDO: – Você sente saudades de morar com a Luiza e o Miguel?

DAVI: – Sim, sinto muita, muita, muita, muitas saudades! Eu fiquei um tempão sem ver eles, só fui ver no meu aniversário há poucos dias.

BRUNO: – Davi, diga ao juiz se a Marina e o Ivan te maltrataram alguma vez.

DAVI: – Não, nunca, nunquinha! Eles são muito legais comigo, nunca gritaram nem bateram em mim.

SAMUEL: – Davi, se você tivesse que escolher hoje para qual família você queria morar, qual você escolheria: Marina e Ivan ou Luiza e Miguel?

PSICÓLOGA: – Eu acho que essa pergunta é muito tendenciosa, Meritíssimo.

ARMANDO: – Discordo, eu gostaria de saber a opinião da criança sobre o questionamento do Dr. Samuel Ferraz. Pode responder, Davi.

Davi pensa um pouco e olha para todos os presentes na sala, coçando a cabeça.

DAVI: – Bom, eu escolheria a Luiza e o Miguel, eu sinto muita a falta deles.

Armando compreende e Dr. Bruno sente-se desconfortável, ao contrário de Dr. Samuel, que comemora.

CENA 06: MANSÃO DE PAULA, EXTERIOR, TARDE.

Vanessa está passeando com o carrinho do bebê pelo jardim da mansão, cheio de árvores e flores. Minutos depois, uma limosine rosa entra no pátio e estaciona ao lado da garagem. Em seguida, Paula desce do veículo, de óculos escuros e vestindo uma roupa de pele. Vanessa aproxima-se, com o bebê no colo.

VANESSA: – Nossa, mãe, que carrão é esse!

PAULA: – Gostou? Comprei agorinha! É um presente pra você, sempre soube da sua paixão por limosine.

VANESSA: – Ai mãe, obrigada! É muita linda! Mas custou quanto?

PAULA: – Nunca mais diga isso! Rico não pede preço, isso é coisa de pobre! Rico só assina o cheque. Tô voltando de Araucária agora, acredita que o Ricardo se negou a pagar as nossas contas?

VANESSA: – Eu já esperava por isso… O Ricardo é um homem inteligente, mãe, só vai dar dinheiro pra nós depois que for comprovado à paternidade dele.

PAULA: – Nosso advogado ligou, disse que hoje chega à intimação na casa dele. Na próxima semana, será feito a coleta de sangue.

VANESSA: – Não vejo a hora de acabar com esse tormento! Só quero ganhar meu dinheirinho todo mês, não quero ver a cara da Heloisa e do Ricardo.

PAULA: – Mas deixa eu te contar a melhor! O ricaço me disse que a Heloisa rompeu com ele. Viu só como a tua visita foi poderosa? Eles brigaram!

VANESSA: – Ai mãe, que horror! Eu não quero ser responsável pelo divórcio de ninguém.

PAULA: – A Heloisa é uma songa-monga, tenho certeza que ela se divorcia do Ricardo após o exame der positivo. Já pensou se você se casa com ele?

VANESSA: – Tá louca! O Ricardo nunca vai olhar pra mim e eu também não quero me casar com ele.

PAULA: – Ai, deixa de ser ignorante! Uma pensão todo mês é maravilhosa, mas se você se casar com ele, terá direito há 50% do patrimônio financeiro, além do bebê ter direito há 25% da parte dele. São 75% no total contra 25% da Pietra, que doente do jeito que é, vai morrer cedo. Ou seja, você será herdeira unânime! Já pensou, que sonho?

Vanessa está pasma com as palavras de Paula, que ri de seus planos.

CENA 07: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, QUARTO DE PIETRA, INTERIOR, TARDE.

Pietra está pintando seu caderno de atividades, entusiasmada, mas se sentindo um pouco enjoada. Por algumas vezes, os braços e a pernas fazem movimentos involuntários, contra a vontade de Pietra. Aos poucos, a menina se sente tonta e seus olhos desviam. Pietra entra em estado de convulsão. Ela cai no chão e começa a se debater. Pouco depois, muita saliva começa a expelir de sua boca, enquanto se debate sem parar, machucando-se. Minutos depois, Inês entra no quarto com uma bandeja com o lanche da tarde, mas fica pasma ao ver Pietra em convulsão. A governanta deixa a bandeja cair e grita por ajuda. Logo, Heloisa aparece e se choca ao ver o estado da filha, sentando ao lado dela.

HELOISA: – Meu Deus, a Pietra está convulsionando! Liga pra ambulância, Inês, rápido!

Inês sai do quarto, nervosa. Heloisa pega um travesseiro e põe a cabeça de Pietra para evitar que ela se afoga com a saliva expelida, além de afastar todos os objetos próximos para evitar que ela se machuque. Heloisa chora ao ver Pietra naquele estado, mas tenta se controlar e aguarda a chegada da ambulância.

CENA 08: FÓRUM, SALA DE AUDIÊNCIA, INTERIOR, TARDE.

Marina, Ivan, Luiza, Miguel, Davi, Dr. Bruno e Dr. Samuel ficam em pé com a entrada de Armando, que carrega nas mãos a sentença do julgamento. Após ele sentar, todos sentam, ansiosos para o resultado.

ARMANDO: – Estamos aqui reunidos para solucionar essa disputa judicial pelo menor Davi Amorim, que dura quase um ano. Para a lei, o parâmetro de filiação é a genética. Pais e filhos são ligados por consanguinidade ou então por meio da adoção legal. Porém, como estipular um parâmetro para algo tão complexo como o sentimento de maternidade e paternidade? Como usar a lei para os sentimentos de uma criança frágil, que está recém construindo suas vivências? Difícil… Não é fácil ser um juiz num momento desses. Vislumbrando tudo o que foi debatido hoje e analisando o exame de DNA mitocondrial e o depoimento de Davi Amorim, o fórum chega a uma conclusão.

Luiza, Miguel, Marina e Ivan se encaram, com os olhares temerosos.

ARMANDO: – O exame de DNA mitocondrial foi uma grande surpresa ao fórum, provando que existe uma ligação genética entre Luiza e Davi, mesmo que mínima. Além disso, o menor disse em seu depoimento que preferia voltar a morar com os pais de criação. O advogado Dr. Samuel Ferraz foi audacioso em seus pronunciamentos, mostrando que a influência do ambiente é mais forte que a genética na vida de um ser humano, com o exemplo clássico das “meninas-lobos” da Índia. Sendo assim, afirmo que Davi Amorim deverá voltar para a guarda de Luiza Amaral e Miguel Amaral, sendo reconhecidos legalmente como seu filho. A partir de hoje, Marina Amorim e Ivan Amorim não possui mais vínculos jurídicos com a criança. ele bate o martelo. – Está encerrada a sessão.

Marina e Ivan estão chocados. Luiza e Miguel sorriem e se abraçam. Dr. Bruno fica cabisbaixo, revoltado por ter perdido. Dr. Samuel comemora, respirando aliviado.

CENA 09: FÓRUM, EXTERIOR, TARDE.

Marina e Ivan estão chorando, com Davi no colo dela. Luiza e Miguel estão em frente ao casal, esperando para ter o filho de volta. Dr. Bruno e Dr. Samuel estão mediando à entrega.

MARINA: – Isso não é justo… Eu sou a mãe, o juiz mesmo afirmou na audiência anterior!

LUIZA: – Aquela audiência foi injusta, hoje sim a justiça foi feita! Em que parte do mundo na História, uma mulher que gerava uma criança não foi considerada sua mãe?

MARINA: – E daí que você gerou, e daí? Só por causa disso o Davi não pode ser meu filho? Ele tem o meu sangue, é irmão gêmeo do João, como ele não é meu filho?

LUIZA: – Cala a boca, Marina! Chega, eu cansei de ouvir suas histerias! O Davi sempre foi meu filho, não importa essa troca de embriões, ele é meu filho sim! E vocês dois, Marina e Ivan, vocês nunca gostaram do Davi de verdade, vocês gostam é da imagem que ele representa: o João jovem!

SAMUEL: – Acalme-se, Dona Luiza… Por favor, Dona Marina, entregue o Davi.

IVAN: – Espera aí, Dr. Samuel, o senhor ouviu os absurdos que sua cliente está dizendo? Olha, eu queria que…

MIGUEL: – Nós não temos mais paciência para ouvir vocês, chega! A Luiza tem razão: vocês não gostavam do Davi, vocês gostavam do gêmeo do João. Vocês não amavam o Davi por ele mesmo, vocês amavam era o João ter “ressuscitado”.

LUIZA: – Exatamente! Só que o Davi não é o João! Eles são gêmeos, mas não são a mesma pessoa! Vocês podem ter o sangue dele, mas é a mim e ao Miguel que ele tem afinidade!

MARINA: – Vocês estão sendo muito duros nas suas palavras…

LUIZA: – Há muito tempo eu estou com isso engasgado, vocês precisavam ouvir a verdade! Eu e o Miguel já escutamos demais, não sei como eu não explodi antes. Agora, nos devolvam o Davi.

Marina se irrita, mas se controla. Ela dá um beijo no rosto de Davi, assim como Ivan. Na sequência, o casal põe Davi no colo de Luiza, que juntamente com Miguel, abraçam e beijam o filho. Davi demonstra extrema felicidade em estar com eles novamente, deixando Marina e Ivan desolados. O casal Amaral vai embora de carro, enquanto o casal Amorim assiste tudo, juntamente com seu advogado.

 

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