CENA 01: PENSÃO TITITI, INTERIOR, NOITE.
Antonia sai da cozinha com uma vasilha de feijão nas mãos, quando vê Shirley na sala. Antonia fica pálida e tensa, perdendo as forças e deixando a vasilha cair e espedaçar, sujando todo o chão.
ANTONIA: – O que essa piranha está fazendo aqui?
Shirley fica incomodada e Vera fica feliz com o conflito que criou. Antonia encara seriamente a tia.
SHIRLEY: – Obrigado pelo elogio, querida! Não vai dar um abraço na sua tia?
ANTONIA: – Como você chegou aqui? Com que direito você aparece na minha pensão? Fora daqui imediatamente!
SHIRLEY: – Nossa, que agressividade! Isso é falta de sexo, sabia? Uma voltinha comigo no calçadão e o seu humor melhora num segundo! Aliás, tem calçadão em Curitiba? Ui, eu não vivo sem um calçadão!
ANTONIA: – Cala essa boca imunda e fora daqui agora! Velha periguete!
SHIRLEY: – Sou e com muito orgulho! Eu sou mulher de atitude, ao contrário de você! Eu vim de Florianópolis pra te fazer uma visita e é assim que você me trata? Tua tia, de 80 anos, tenha mais respeito!
ANTONIA: – Quer respeito? Então, comece a usar roupas da sua idade, não compre mais esses modelos infantis e adolescentes. Me poupe da sua decadência!
SHIRLEY: – Ah, me poupe do seu recalque, Antonia! Tá vendo, Vera? Foi uma péssima ideia termos planejado essa surpresa.
ANTONIA: – Quer dizer que foi a Vera quem planejou isso tudo?
VERA: – Bom… Eu, assim…
SHIRLEY: – Para de gaguejar, tá parecendo um motor de fusca. Pega minha mala e leva pra um quarto vazio.
ANTONIA: – Nem pensar! Aqui você não fica, sua abusada!
SHIRLEY: – Vai ter coragem de deixar a tua tia dormir na rua?
ANTONIA: – Eu não te reconheço como minha tia, eu tenho vergonha de você!
SHIRLEY: – Vergonha de mim por quê? Só porque eu sou prostituta? ela gargalha. – E daí? É algum crime se prostituir? Meu bem, essa é a profissão mais antiga do mundo e você pode negar o quanto quiser, mas nós temos uma ligação de sangue e eu vou ficar aqui sim! Agora, eu vou subir aos meus aposentos e descansar minha beleza.
Shirley atira um beijo no ar para Antonia, irritando-a. A idosa sobe para o segundo andar da pensão e Vera vai atrás com sua mala, enquanto Antonia bufa de raiva na sala.
CENA 02: MANSÃO DE PAULA, INTERIOR, NOITE.
Vanessa está amamentando o bebê na sala, assistindo TV. Logo, Paula chega, com muitas sacolas de compras e várias joias, sentando no sofá.
PAULA: – Ai, minha filha, coisa boa ser rica! Cansei de caminhar, mas é diferente caminhar pelo shopping e ver gente chique do que caminhar naquela vila fedida a óleo com gente pobre.
VANESSA: – Mãe, a senhora não tá exagerando não? Pra quê tanta compra?
PAULA: – Querida, agora eu sou sogra de um dos maiores petroquímicos do Brasil, tenho que ter um guarda-roupa a altura né? E você também, vai comprar uns modelos chiquérrimos, chega de andar com esses trapos, isso aí agora é pano de chão!
VANESSA: – E esses brincos, esse colar e esses anéis? Não me diga que são joias!
PAULA: – Claro que são, pensou que eu andaria com bijuteria? Essa fase já passou, aleluia! Meus brincos são esmeraldas, o colar é de pérolas e meus anéis são de ouro com um rubi. Tô me sentindo uma rainha! Mereço né?
VANESSA: – A senhora só pode viver em Marte, não é possível! A gente tá devendo milhões por comprar essa mansão sem ter dinheiro, agora a senhora gasta em joias que devem ter custado milhões também! Mãe, a gente tá atolada em dívidas!
PAULA: – Deixa de drama, Vanessa! Depois que o Ricardo assumir a paternidade desse bebê, é só mandar as contas pra ele pagar. Simples assim!
VANESSA: – E custava esperar ele assumir a paternidade antes de gastar o que nós nem temos ainda?
PAULA: – Vanessa, eu não tô te reconhecendo! Você não queria ser rica sem esforço? Não queria sair daquela pensão xexelenta da Antonia? Então, pare de reclamar! Você tá morando numa mansão dentro de um condomínio de luxo, meu bem, e pra completar tá carregando no colo uma mina de ouro! Reclamar de barriga cheia é pecado.
VANESSA: – Eu não gosto quando a senhora se refere ao seu neto como um negócio.
PAULA: – E ele não é? Eu amo esse meninão, mas ele é um negócio. Não seja hipócrita, você mesma aceitou o golpe, pare de bancar a santa! E não se esqueça que amanhã você vai falar com a Heloisa, vai dizer tudinho que nós já combinamos. Agora, eu vou dormir porque você esgotou minha beleza!
Vanessa fica calada e Paula pega suas sacolas e sobe ao seu quarto.
CENA 03: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, QUARTO DE MARINA E IVAN, INTERIOR, NOITE.
Marina e Ivan estão vestindo seus pijamas no quarto, após o fim da festa de aniversário do Davi.
IVAN: – Foi lindo o primeiro aniversário que passamos com o nosso filho né?
MARINA: – Foi! É tão emocionante ver o Davi completando 6 anos de idade, sendo que ele está conosco há nove meses apenas.
IVAN: – E o meu medo é que logo nós teremos que entregá-lo de volta a família antiga.
MARINA: – Mas é claro que não! O exame de DNA deu positivo para nós, diante disso ninguém pode negar, você viu o que o Dr. Bruno Quadros falou!
IVAN: – Eu sei, mas você viu a arrogância que o Miguel falou comigo? Dizendo que eu queria comprar o amor do Davi. Que absurdo!
MARINA: – Não dê atenção para isso, nenhum juiz no mundo vai tirar a guarda do Davi da gente!
Ivan está apreensivo e Marina o abraça. O casal se beija apaixonadamente e deitam abraços, dormindo em seguida.
CENA 04: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, MANHÃ.
A campainha da mansão toca por várias vezes, até que Inês vai atender. Era Vanessa.
INÊS: – Bom dia! O que deseja?
VANESSA: – Eu gostaria de falar com a Heloisa Trajano, ela está?
INÊS: – Está sim. Qual é seu nome?
VANESSA: – Diga que é a filha da Paula, a empregada substituta da mansão.
Inês compreende e permite Vanessa de entrar na mansão. A governanta sobe ao quarto de Heloisa, enquanto a jovem fica na sala, observando o luxo e o tititi da residência.
CENA 05: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, QUARTO DE HELOISA E RICARDO, INTERIOR, MANHÃ.
Heloisa está se arrumando em frente ao espelho, quando Inês entra no quarto.
INÊS: – Dona Heloisa, desculpe o incômodo, mas a senhora tem visita.
HELOISA: – Visita? Há essa hora? Quem é?
INÊS: – Ela não disse o nome, apenas que é filha da Paula.
Heloisa fica chocada e sua memória lembra-se da acusação que Paula fez, de que o Ricardo era amante da sua filha.
HELOISA: – Diga que eu já vou descer. Por favor, fique com a Pietra no quarto, eu não quero que a minha filha presencie essa conversa.
INÊS: – Por quê? Algum motivo em especial?
HELOISA: – Faça o que eu pedi, Inês, depois eu lhe explico.
Inês compreende e sai do quarto, enquanto Heloisa segue se arrumando, aflita.
CENA 06: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, MANHÃ.
Na sala, Vanessa vê porta-retratos e percebe como essa família é feliz, sentindo um pouco de remorso por ter aplicado o golpe. Logo, Heloisa desce as escadarias da mansão e aproxima-se vagarosamente de Vanessa. Ambas se observam dos pés à cabeça.
HELOISA: – Bom dia. O que você quer comigo?
VANESSA: – Eu sou Vanessa, filha da Paula, que foi empregada temporária aqui na mansão. Acredito que você já saiba o motivo que me traz aqui.
HELOISA: – Talvez eu saiba, mas pra ter certeza eu quero ouvir da sua boca.
VANESSA: – Tudo o que minha mãe disse é verdade, Heloisa. Eu fui amante do seu marido por meses e acabei engravidando dele.
HELOISA: – Eu me recuso a acreditar nisso! O Ricardo me ama!
VANESSA: – O Ricardo é infiel, nós tivemos um caso por meses. Sabe onde eram os encontros? Em Araucária, onde fica a refinaria de petróleo que ele trabalha. Às vezes, ele passa alguns dias naquela cidade né? Pois então, nesses dias, eu estava com ele.
HELOISA: – Mas… Eu não consigo acreditar que o Ricardo seja tão cretino!
VANESSA: – Mas ele é, não apenas contigo, mas comigo também. Assim que ele descobriu da gravidez, ele me deu um pé na bunda e nunca mais me procurou. Mas agora que o bebê nasceu, eu não posso criar sozinha, preciso de ajuda nas despesas e quero que meu filho tenha o sobrenome do pai.
Heloisa está receosa e com os olhos marejados. Vanessa tira da bolsa uma foto do bebê e mostra a Heloisa, que chora.
VANESSA: – Esse é meu filhinho, o amor da minha vida. O Ricardo já foi o amor da minha vida, mas agora não é mais. O que a gente viveu foi muito lindo e intenso, mas ele jogou tudo fora.
HELOISA: – Teu filho é muito bonito, parabéns! Como o Ricardo foi capaz de me trair? A gente tem uma filha deficiente, ele não podia ter feito isso…
VANESSA: – Ele disse que traia por estar exausto dos problemas. O trabalho era cansativo, mais a síndrome da filha e a falta de amor por você.
HELOISA: – Ele disse tudo isso?
VANESSA: – Sim e muito mais! Olha, eu não quero estragar o seu casamento, eu quando me envolvi com o Ricardo nem sabia que ele era casado, só fui saber depois, mas já estava apaixonada. Eu não quero que vocês se divorciem nem quero tirar os direitos da sua filha por esse patrimônio financeiro, eu só quero que o meu filho seja reconhecido legalmente como filho do Ricardo.
Heloisa chora e Vanessa não sabe mais o que dizer, sentindo um forte remorso por todo o golpe, mas sabe que agora precisa seguir em frente.
VANESSA: – Bom, eu vou indo então… Avise ao Ricardo que meu advogado vai procurá-lo.
Heloisa olha para Vanessa com o rosto inundado de lágrimas. A jovem pega sua bolsa e sai da mansão, enquanto Heloisa segue atordoada e chorando compulsivamente.
Desequilibrada, ela começa a destruir a sala. Heloisa rasga as almofadas do sofá, quebra vasos de flores, arremessam na parede alguns porta-retratos de família, tudo isso em meio a muitos gritos. Logo, Inês desce as escadarias da mansão e fica chocada com o surto de Heloisa, aproximando-se dela e segurando seus braços.
INÊS: – O que é isso, Dona Heloisa? O que a senhora tem?
HELOISA: – Dor de amor, Inês! O Ricardo não vale nada, ele me enganou!
INÊS: – Como assim, meu Deus? Cadê a jovem que estava aqui? O que ela queria?
HELOISA: – A jovem era amante do Ricardo, ela veio me contar do caso deles e do filho que ela tem do meu marido! Eu quero morrer, Inês! Morrer!
Heloisa empurra Inês e sobe para seu quarto, chorando sem parar. A governanta fica pasma com a acusação, sem entender direito o que aconteceu.
CENA 07: PENSÃO TITITI, QUARTO DE SHIRLEY, INTERIOR, TARDE.
Shirley está maquiando-se em frente ao espelho, quando Antonia entra no quarto.
ANTONIA: – Precisamos conversar seriamente!
SHIRLEY: – Também acho! Traga um champanhe para acompanhar, por favor.
ANTONIA: – Pra você, é água da torneira e olhe lá! Vamos ao que interessa: porque você apareceu aqui? Como descobriu onde eu morava?
SHIRLEY: – Na verdade, eu é quem fui descoberta. A Vera encontrou uma foto minha no seu quarto, aquela que eu te dei com uma dedicatória atrás. Ela entrou em contato comigo e me convenceu a vir te visitar. Eu não vi nenhum problema, afinal somos parentes.
ANTONIA: – Parentes? Me poupe! Eu não tenho tia prostituta!
SHIRLEY: – Tem aceite ou não, mas você tem sim! Oh Antonia, tá na hora da gente se acertar né? Você é a única parente viva que eu tenho, eu sou a única parente viva que você tem, então porque continuar nessa guerra?
ANTONIA: – Não me interessa, eu quero você longe da minha pensão! Quando eu descobri que eu tinha uma tia, eu esperava outra pessoa, não do jeito que você é. Quem espera uma tia que se prostitui na terceira idade? Me admira você conseguir clientes mesmo com essas pelancas todas, ainda mais ter fôlego nessa idade…
SHIRLEY: – Minha querida, pra sexo não tem idade, tem apetite! E isso eu tenho de sobra! Sabe qual é o teu problema? O pudor! Você carrega em si um pudor horrendo, que te prende e te sufoca. Aí você se conflita quando se encontra comigo, que sou o oposto. Eu sou liberal, alto astral, experimentei de tudo nessa vida…
ANTONIA: – Poupe-me do detalhe da sua vida promiscua! Eu só te quero longe de mim, é pedir demais?
SHIRLEY: – E é pedir demais me dar abrigo por alguns dias? Não é porque eu sou prostituta que irei transformar essa pensão num bordel.
ANTONIA: – Se ficar, vai pagar o aluguel do quarto.
SHIRLEY: – Ai, que absurdo! Sua mesquinha, pedindo aluguel pra tia! Eu vou acionar o Estatuto do Idoso pra processá-la por maus-tratos!
ANTONIA: – Devia processar os homens que saem com a senhora, devem destruir a sua coluna.
SHIRLEY: – Não destruindo o meu material principal nos “países baixos” tá ótimo!
Shirley gargalha e deixa Antonia furiosa, que sai do quarto rapidamente.
CENA 08: ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA, INTERIOR, TARDE.
Luiza e Miguel estão no escritório de Dr. Samuel, que acaba de receber um mandato da justiça.
SAMUEL: – Eu chamei os senhores porque tenho uma boa notícia. O resultado do exame de DNA do plasma já saiu. O juiz acabou de marcar a audiência no fórum para semana que vem.
LUIZA: – Nossa, que ótimo! E qual foi o resultado do exame?
SAMUEL: – Isso nós só vamos saber na hora da audiência. O juiz vai revelar o resultado do exame e dar sua sentença. Ambas as partes irão se defender antes, é claro.
MIGUEL: – E qual será a nossa defesa?
SAMUEL: – Confiem em mim, eu tenho tudo pronto. Não sei o resultado do exame, mas tenho praticamente certeza dele e preparei tudo.
LUIZA: – O Davi vai depor outra vez?
SAMUEL: – Sim, o juiz e a psicóloga do fórum precisam saber como é a vida dele com a família biológica. Mas não se preocupem com o depoimento do Davi nem com a defesa do Dr. Bruno Quadros, preocupem-se com o resultado do exame, é essa a cartada final que nós vamos dar, é nossa última chance!
MIGUEL: – Caso o Davi volte para a nossa guarda, por acaso a Marina e o Ivan poderão reivindicar novamente a guarda dele?
SAMUEL: – Sim, eles são pais biológicos e isso não dá pra negar de forma alguma. Porém, eu farei de tudo para que o Davi permaneça sob a tutela dos senhores após essa audiência caso o juiz devolva a criança aos senhores.
Luiza e Miguel compreendem e depositam toda a esperança no Dr. Samuel.
CENA 09: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, INTERIOR, NOITE.
Ricardo está chegando em casa após passar alguns dias em Araucária e fica impressionado com a destruição da sala. Inês sai da cozinha após perceber que o patrão chegou e aproxima-se dele.
RICARDO: – O que foi que aconteceu aqui, Inês? Passou um furacão?
INÊS: – A Dona Heloisa enlouqueceu após receber a visita de uma mulher, eu não sei direito o que aconteceu. Ela chorou muito, quebrou tudo isso, eu não consegui limpar porque é muita coisa pra minha idade.
RICARDO: – Não se preocupe quanto a isso, amanhã as outras empregadas limpam. Sobre essa visita, quem era essa mulher?
INÊS: – Ela não disse o nome a mim, só que era filha da Paula. Depois, a sua esposa me disse coisas sem nexo, que essa tal mulher era sua amante e que vocês tinham um filho juntos. Pode uma coisa dessas?
Ricardo se choca e sobe as escadarias rapidamente até o quarto, deixando Inês intrigada.
CENA 10: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, QUARTO DE HELOISA E RICARDO, INTERIOR, NOITE.
Ricardo entra no quarto e vê Heloisa deitada na cama, com o travesseiro molhado de lágrimas. Ao notar sua presença, ela fica em pé e o encara.
HELOISA: – Como você foi capaz, Ricardo? Como?
RICARDO: – Capaz do quê? O que aconteceu aqui, Heloisa?
HELOISA: – Eu recebi a ilustre visita da sua amante. Os encontros em Araucária eram animados né? Resultou num filho, inclusive.
RICARDO: – Meu amor, você não vai acreditar nisso né? Nós estamos casados há 10 anos, eu nunca te traí, isso é mentira! A Paula e a Vanessa estão querendo aplicar um golpe em mim, mas elas não vão conseguir porque eu tenho a consciência limpa.
HELOISA: – Consciência? Você tem isso? Ricardo, a gente se casou por amor e eu sei que todos os casamentos têm seus altos e baixos, mas eu jamais poderia esperar de você uma indiferença tão grande a ponto de ter uma amante fixa por meses e engravidá-la. A Pietra sofre de câncer que pode matá-la a qualquer momento, nem isso foi capaz de banir seus impulsos eróticos em me trair.
RICARDO: – Você vai acreditar nelas? E o nosso amor? E a nossa cumplicidade?
HELOISA: – A Paula e a Vanessa relataram com tanta certeza o envolvimento contigo que fica difícil não acreditar. Elas se dispõem a fazer um teste de DNA no bebê, se elas estivessem aplicando um golpe, acha que se exporiam dessa forma sabendo que perderiam o caso? Confesse a sua traição, Ricardo! Seja homem pra confessar, não só pra ficar com outras mulheres! Seu cafajeste.
RICARDO: – Que isso, Heloisa? Eu não estou te reconhecendo! A mulher com quem eu me casei não tinha surtos a ponto de quebrar nossa sala nem de usar esses adjetivos pejorativos.
HELOISA: – E o homem com quem eu me casei não mentia pra mim, não traia minha confiança e não iludia a própria filha com uma farsa de família.
RICARDO: – Heloisa, me ouve: eu nunca te traí! Nunca! Em 10 anos de casamento, eu nunca olhei pra outra mulher, nunca toquei em nenhuma outra, eu juro! A Vanessa está mentindo, ela não foi minha amante e esse bebê não é meu filho. Eu faço o que você quiser pra acreditar em mim! Eu juro pela vida da Pietra!
HELOISA: – Cretino! ela dá um tapa em Ricardo. – Eu quero o divórcio!
Ricardo olha fixamente para Heloisa, pasmo com a agressão e com o pedido.