CENA 01: JARDIM BOTÂNICO DE CURITIBA, EXTERIOR, TARDE.
João e Clara passeiam pelo belíssimo Jardim Botânico, no centro da capital paranaense. É um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Eles caminham de mãos dadas, se beijam, comem algodão doce, tiram fotos… logo, eles sentam-se num banco e observam a paisagem deslumbrante.
JOÃO – Sabia que eu tenho um segredo pra te contar?
CLARA – Segredo? Qual?
JOÃO – Eu tenho um irmão gêmeo.
Clara se espanta e João olha sério para o horizonte, com um leve sorriso.
CLARA – Deixa de ser mentiroso, seu bobo! Você é filho único que eu sei!
JOÃO – Mas é sério, Clara! Você sabia que eu sou fruto de uma fertilização artificial?
CLARA – Não sabia… Sério isso?
JOÃO – Sim. Meus pais procuraram a clínica de um geneticista famoso e pediram para haver uma fertilização artificial. E houve! Só que dessa fertilização, resultou em dois embriões. Ou seja, eu tenho um irmão gêmeo sim.
CLARA – Meu Deus! Mas cadê o seu irmão então? Eu não o vi na mansão e também não vi seus pais falarem dele.
JOÃO – Claro, pois ele não nasceu, ficou congelado lá na clínica.
CLARA – Congelado? Como assim, João?
JOÃO – Meus pais não quiseram gerar os dois embriões, então pediram que o geneticista congelasse um deles. Eu fui gerado, mas meu irmão tá lá no botijão de hidrogênio da clínica. Se um dia minha mãe quiser gerá-lo, é só ir lá e implantar no útero.
CLARA –Mas isso é fantástico! Se a sua mãe gerar esse embrião agora e ele nascer, você terá um irmão gêmeo de 20 anos de diferença. Que loucura!
JOÃO – Pois é, meu amor, mas eu acho que mamãe não vai querer gerá-lo mais, ela já está com 40 anos e gravidez nessa idade é perigoso.
Clara concorda, ainda extasiada com o relato de João. Logo, eles se beijam e continuam aproveitando o Jardim Botânico pelo resto da tarde.
CENA 02: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, INTERIOR, TARDE.
Cecília está fazendo costura na sala. Miguel chega do trabalho, cansado e suado. Sogra e genro nem se olham ou se falam após a discussão de dias atrás. Ele vai até a geladeira, bebe água e senta no sofá. Porém, Cecília não se aguenta e puxa assunto.
CECÍLIA – Luiza me disse hoje de manhã que vocês vão começar o tratamento amanhã. É verdade?
MIGUEL – É.
CECÍLIA – E como é esse tratamento?
MIGUEL – Muito complexo, difícil explicar tudo.
CECÍLIA – Sei… Vão fazer sexo no laboratório, é?
MIGUEL – Que pergunta é essa, Dona Cecília? Aquilo é uma clínica, não um bordel!
CECÍLIA– Que eu saiba, só se faz filho com sexo.
MIGUEL – Tá bom, Dona Cecília, se a senhora não quer entender os avanços da ciência, então eu vou pro meu quarto fazer um cochilo.
Miguel levanta-se do sofá e caminha em direção ao quarto.
CECÍLIA – Tem umas pedras no quintal pra trocar de lugar, eu quase caí nelas hoje. Troca pra mim?
MIGUEL – Faz melhor: não caminha no quintal.
Cecília não gosta da ironia do genro, que entra no quarto e sesteia.
CENA 03: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, NOITE.
Marina, Ivan e João estão jantando. Alegres, eles conversam sobre vários assuntos, sempre unidos, até que o jovem resolve revelar ao pai algo que lhe perturba.
JOÃO – Pai, eu gostaria de falar com você sobre um assunto sério. Eu já falei com a mamãe dias atrás.
IVAN – É mesmo? Bom, pode falar, meu filho. O que é?
Marina já sabe do que se trata e fica cabisbaixa. João respira fundo e toma coragem.
JOÃO – Eu quero trocar de curso, pai. Não quero mais ser engenheiro mecânico, agora eu quero fazer faculdade de Serviço Social.
Ivan fica surpreso com a notícia. Ele olha para Marina, que desvia o olhar.
IVAN – Serviço Social? Mas meu filho, você já está na metade da faculdade de Engenharia Mecânica, vai trocar agora?
MARINA – Foi isso que eu falei a ele, Ivan, mas ele não quer entender.
JOÃO – Eu quero trabalhar naquilo que eu gosto, que eu me sinto bem, e não é mais como engenheiro. Eu amo fazer trabalhos voluntários e quando eu descobri o que significa a faculdade de Serviço Social, eu percebi que a minha vocação estava nela. Vocês ficarão chateados se eu trocar de curso?
IVAN – Olha, meu filho, eu não gostaria que você trocasse, mas se isso for te fazer feliz, então troque. Só que eu não vejo futuro a você como assistente social, o mercado de trabalho a esse profissional é muito restrito e mal remunerado.
JOÃO – Todos os profissionais têm suas dificuldades, não é só assistente social. E você, mamãe, o que diz sobre a minha vontade?
MARINA – Eu acho uma loucura. Você pode seguir com seu trabalho voluntário após se formar em engenharia, pra quê parar a faculdade?
JOÃO – Porque eu não me sinto mais bem nela, mãe! É difícil entender isso?
Marina levanta-se da mesa e joga o guardanapo no prato.
MARINA – Eu não aceito! Eu quero um filho engenheiro!
João fica pasmo e Marina sai da sala de jantar, subindo as escadarias até seu quarto. Ivan fica pasmo com a reação da esposa.
CENA 04: QUARTO DE MARINA E IVAN, INTERIOR, NOITE.
Marina está deitada na cama, chorando. Olga entra no quarto e se aproxima da cama.
OLGA – Dona Marina, eu estava na cozinha e acabei ouvindo a discussão no jantar. A senhora quer alguma coisa? Um chá de marcela pra se acalmar?
MARINA – Não, obrigado. Eu não posso acreditar que o meu filho vai trancar a faculdade de engenharia… Desde pequeno ele disse que iria seguir essa carreira!
OLGA – Oh, Dona Marina, mas filho é assim mesmo, ainda mais jovem, eles mudam de opinião muito rápido. O João é um filho tão bom, interessa tanto assim a carreira profissional que ele vai seguir?
MARINA – Interessa sim! Interessa pra mim! Era o meu sonho ser engenheira, sabia? Mas eu não consegui passar no vestibular. Logo depois, eu conheci o Ivan e a gente se casou. Engravidei e aí eu deixei o sonho de lado. O meu mundo floresceu quando eu descobri que o meu filho queria seguir a profissão que eu não consegui, é como se meu sonho tivesse passado pelo DNA… Mas agora ele quer largar tudo? Poxa, Olga, eu estou sem chão!
Marina continua a chorar, enquanto Olga não sabe o que fazer. Ela sai do quarto e deixa a patroa sozinha, remoendo sua tristeza.
CENA 05: CLÍNICA DE DR. Vitor, INTERIOR, MANHÃ.
Luiza e Miguel estão na clínica para fazer a coleta de seus materiais genéticos. Cada um em uma sala, é coletado por enfermeiros os óvulos de Luiza e os espermatozoides de Miguel sendo levados ao botijão de hidrogênio para congelá-los.
CENA 06: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, INTERIOR, MANHÃ.
Luiza e Miguel chegam a casa após a coleta e Cecília está cozinhando o almoço. O casal senta no sofá da sala, sorridentes.
LUIZA – O enfermeiro ficou surpreso com a quantidade de óvulos que ele coletou, disse que as chances de fazer o embrião é alta!
MIGUEL – Pois é. O que eu mais me espantei foi que o enfermeiro me disse que para cada óvulo coletado, há de 100 a 200 mil espermatozoides coletados.
Luiza se espanta e dá um selinho em Miguel. Cecília continua a cozinhar, mas não fica calada.
CECÍLIA – Nem com essa quantidade toda você não conseguiu engravidar a Luiza? É, teu caso é complicado!
LUIZA – Mamãe, controle-se!
MIGUEL – É, minha sogra, acho que a senhora precisa de um namorado pra tomar conta, por que eu já tenho a Luiza pra cuidar de mim.
CECÍLIA – Namorado? Mas que absurdo! O único homem da minha vida foi o pai da Luiza, que já faleceu há 20 anos. Nunca mais tive homem nenhum e nem vou ter, sou da época em que a mulher tinha apenas um homem à vida inteira.
Cecília fecha a panela e vai para se quarto, brava. Luiza e Miguel riem e se beijam, contentes com o tratamento.
CENA 07: QUARTO DE MARINA E IVAN, INTERIOR, MANHÃ.
Marina e Ivan estão acordando. Ela senta em frente a sua cômoda para maquiar-se e colocar seus brincos e colares. Ivan coloca seu terno para trabalhar na empresa.
IVAN – Meu amor, eu não esperava por aquela sua explosão ontem no jantar. O João ficou muito surpreso também.
MARINA – Surpreso fiquei eu, com essa vontade de trancar a faculdade. Esse menino não pode fazer isso, Ivan, fale com ele!
IVAN – Mas a vida é dele, Marina, a gente tem que deixá-lo viver do jeito que ele quiser! E além do mais, o nosso filho tem vocação pra caridade mesmo, acho que vai ser bom ele ser um assistente social.
Naquele momento, João está passando pelo corredor e, como a porta do quarto dos pais está entreaberta, ele acaba ouvindo a conversa.
MARINA – Eu sei, mas eu queria que ele se formasse em engenharia.
IVAN – Eu sei por que você quer isso ou acha que eu me esqueci que era o seu sonho ter um diploma de Engenharia Mecânica? Meu amor, você não pode obrigar o seu filho a se formar naquilo que você queria!
Marina fica calada e João entra no quarto, tenso.
JOÃO – Então é por isso que você não quer aceitar que eu troque de curso, mamãe? Quer que eu realize o seu sonho, é isso?
MARINA – Que isso, João? Deu de ficar ouvindo atrás da porta?
JOÃO – Foi por acaso e não mude de assunto. Me responda: você quer que eu me forme em engenharia porque você não se formou?
Marina fica cabisbaixa. Ivan se aproxima de João e põem a mão em seu ombro.
IVAN – A sua mãe sempre quis ter um diploma, mas não conseguiu passar no vestibular. Um tempo depois, quando você nasceu, ela dedicou a vida para te criar.
JOÃO – E por isso agora eu tenho que seguir a profissão que ela queria ter seguido? Francamente mamãe, eu não sabia que a senhora era tão mesquinha!
MARINA – João eu não admito que fale comigo nesse tom. Eu nunca quis que você seguisse o meu sonho, mas quando você disse por livre e espontânea vontade que queria ser engenheiro mecânico, com apenas 7 anos, eu fiquei encantada! Nunca, até hoje, você havia falado em seguir outra profissão a não ser essa! Nunca! Eu apenas alimentei a fantasia de ver o meu filho se formando naquilo que eu sonhei pra mim.
Marina fica cabisbaixa e uma lágrima escorre de seu rosto. Comovido, João vai até ela e a abraça. Marina chora no ombro do filho.
IVAN – A sua mãe não é um monstro como certos pais por aí que obrigam os filhos a seguir a carreira que eles querem, ela apenas ficou deslumbrada com a sua vontade de ser engenheiro. Foi uma coincidência você querer ser o que a sua mãe queria, sem ela influenciar em absolutamente nada.
João e Marina se afastam do abraço. Ele limpa as lágrimas no rosto da mãe com sua mão.
JOÃO – Mãe, eu sinto muito se decepcionei a senhora em querer trocar de curso, mas hoje eu tenho maturidade pra saber que não tenho vocação pra engenharia.
MARINA – Tudo bem, meu filho, faça aquilo que te traz felicidade. E me desculpa por ter sido grossa nas duas vezes em que você me falou sobre troca de curso. Eu não quero que você fique com raiva de mim porque eu te amo demais!
JOÃO – Oh, mãezinha, eu também te amo muito!
João abraça Marina novamente. Ivan aproxima-se e abraça ambos.
CENA 08: CLÍNICA DE DR. VITOR, INTERIOR, TARDE.
Sozinho na sala de trabalho, Dr. Vitor pega os materiais genéticos de Luiza e Miguel e começa o processo de fertilização. É um trabalho melindroso, que exige paciência e concentração. Após fecundar os óvulos com os espermatozoides, os pré-embriões são colocados em um meio de cultura e ficarão de 48 a 120 horas para ocorrer o desenvolvimento.
CENA 09: DIAS DEPOIS.
Marina aceitou que João troque de faculdade e o filho já trancou sua matrícula em Engenharia Mecânica. Luiza e Miguel seguem trabalhando pesado como faxineira e pedreiro, juntando dinheiro para o futuro.
CENA 10: SHOPPING, INTERIOR, TARDE.
Marina e Clara caminham pelo shopping, olhando as vitrines e conversando animadas. É a primeira vez que sogra e nora passeiam juntas.
MARINA – Olha Clara, você é uma menina muito querida. O meu filho teve sorte em te conhecer!
CLARA – Obrigada, Dona Marina! A senhora é uma sogra muito gente boa.
MARINA – Pois é, nem todas as sogras são terríveis como falam por aí. Aliás, eu queria combinar uma coisa com você: semana que vem é o aniversário do João, o que você acha de prepararmos uma festa surpresa?
CLARA – Acho uma ótima ideia! O João merece.
Marina concorda e as duas acertam os detalhes sobre a festa surpresa.
CENA 11: CLÍNICA DE DR. VITOR, INTERIOR, TARDE.
Luiza e Daniel estão na sala de Dr. Vitor, que lhes dá uma boa notícia.
VITOR – Houve desenvolvimento de um embrião. O filho de vocês já está aqui na clínica, só falta colocá-lo no útero da Luiza.
MIGUEL – Que notícia maravilhosa! Mas o que houve com os outros óvulos fecundados?
VITOR – Nem todos os pré-embriões se desenvolvem, Miguel. É muito comum em haver gêmeos ou trigêmeos em reprodução assistida, mas nem sempre isso acontece.
Miguel compreende e Luiza solta um espirro na sala. Dr. Vitor fica desconfiado.
VITOR – Você está doente, Luiza?
LUIZA – Não, é só uma reação alérgica. Limpei uma casa muito empoeirada ontem, aí acordei assim, bem atacada.
VITOR – Ah, então sinto muito, mas não poderemos realizar a inseminação na senhora hoje.
LUIZA – Porque não? Doutor, se o meu filho está aí prontinho, eu o quero dentro de mim logo! O que tem demais num espirro?
VITOR – Luiza, veja bem. O espirro sinaliza que seu organismo está desequilibrado pela reação alérgica, é perigoso inseminá-la nessas condições porque pode haver um aborto. Você precisa estar com a saúde perfeita para haver o desenvolvimento do embrião dentro do seu útero.
MIGUEL – Poxa Dr., que pena… E quando poderá haver a inseminação?
VITOR – A sua esposa deve ir até uma farmácia e tomar medicamentos para tratar dessa alergia. Assim que ela estiver totalmente melhor, vocês marquem com a minha secretária o dia que quiserem para inseminar.
Miguel e Luiza ficam desapontados, por acreditavam que sairiam da clínica com o filho sonhado, mas compreendem a recusa do geneticista.
CENA 12: DIAS DEPOIS.
João viajou com amigos para o interior do Paraná para fazer trabalho voluntário e acampar. Luiza trata da sua alergia. Marina e Ivan preparam a festa surpresa para João. Miguel continua com sua relação melindrosa com Cecília.
CENA 13: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, EXTERIOR, MANHÃ.
O jardim da mansão está todo decorado para a festa de aniversário de João, que completará 19 anos. Muitas mesas com salgadinhos, doces, flores, bebidas no balde de gelo; além de cadeiras decoradas espalhadas pelo jardim e um palco em que sua banda preferida irá cantar. Marina caminha pelo jardim, com seu vestido longo e usando joias.
OLGA – A decoração está muito linda, Dona Marina! A senhora sempre teve muito bom gosto pra festas. E olha só, tá vestida como uma rainha!
MARINA – Muito obrigada, Olga. Eu quero que o João chegue hoje de tarde da viagem e tenha uma comemoração como ele merece. Eu não podia ter tido um filho melhor que ele.
Olga sorri e vai auxiliar os demais empregados da mansão. Logo, Ivan se aproxima de Marina e lhe dá um beijo.
IVAN – Hoje, o nosso filho está completando 19 anos. Quem diria né? Parece que foi ontem o tratamento pra fertilização…
MARINA – É verdade, meu amor. Naquela época, inseminação artificial assustava as pessoas, você lembra como a minha mãe ficou nervosa quando a gente disse que o nosso filho seria feito no laboratório?
IVAN – Lembro sim, ela quase teve um treco! Tadinha da minha sogra, que Deus a tenha… Já pensou se nós tivéssemos gerado o outro embrião também? Hoje, teríamos dois filhos fazendo aniversário. Seria lindo né?
MARINA – Sim, eu acho lindo ter filhos gêmeos, mas naquela época nós não tínhamos as condições de vida que temos hoje, não dava pra ter gêmeos. Acho que o João bastou pelo irmão que nunca nasceu, ele vale por dois, vale ouro.
Ivan concorda e beija Marina, em meio a belíssima decoração do jardim.
CENA 14: CLÍNICA DE DR. VITOR, INTERIOR, MANHÃ.
Luiza está na sala especial para fazer a inseminação artificial. Vestindo apenas uma roupa verde, típica de pacientes e médicos em salas de operações, ela está deitada na maca e aguarda o procedimento. Dr. Vitor vai até o botijão de hidrogênio e procura no arquivo o embrião de Luiza e Miguel. Os embriões são registrados pelo sobrenome e, neste caso, está como AMARAL. Porém, o geneticista se atrapalha e pega o embrião cujo está registrado como AMORIM. Sobrenomes parecidos, que confundiram Dr. Vitor. Ele fecha o botijão e vai até a sala onde está Luiza. Com muito cuidado, o geneticista introduz o embrião na vagina com um bico de pato e, através do ultrassom, ele consegue se orientar para saber o local certo para depositar o embrião. Luiza sente-se um pouco desconfortável, algo normal nesse tipo de procedimento. Após o término, Dr. Vitor tira as luvas e a máscara, e Luiza senta na maca com ajuda de uma enfermeira.
VITOR – Pronto! A inseminação artificial foi um sucesso.
LUIZA – Então, eu já estou grávida, doutor?
VITOR – Mais ou menos… O embrião está no seu útero, vamos aguardar o período de 12 ou 14 dias para saber se houve desenvolvimento. Aguardarei seu retorno, Luiza. Ficarei na torcida!
Luiza sorri e sai da maca com ajuda da enfermeira, caminhando vagarosamente até uma sala para colocar sua roupa.
CENA 15: CLÍNICA DE DR. VITOR, SALA DE EXPERIÊNCIAS, INTERIOR, MANHÃ.
Dr. Vitor entra na sala aonde está o arquivo dos embriões, sêmens e óvulos congelados, além de culturas e experiências em andamento nas mesas. Ele registra a inseminação artificial de Luiza no computador. Em seguida, ele vai até o botijão de hidrogênio guardar o frasco vazio do embrião, mas se impressiona ao notar que há um embrião registrado no sobrenome AMARAL. O geneticista fica tenso e percebe que o sobrenome seguinte do botijão é AMORIM; logo, ele percebe que cometeu um erro. Ao notar que no AMORIM não há nenhum embrião, ele começa a suar frio. Ele larga o frasco vazio em cima da mesa e senta numa cadeira.
VITOR – Eu troquei os embriões… Não é possível! Eu nunca cometi um erro em 24 anos de carreira! O que eu faço agora?
Dr. Vitor limpa o suor de sua testa com um pano, muito nervoso com a situação.