CENA 01: PENSÃO TITITI, QUARTO DE PAULA E VANESSA, INTERIOR, NOITE.
Vanessa entra correndo no quarto, com um papel nas mãos e um largo sorriso no rosto.
VANESSA: – Mamãe, você não vai acreditar! Eu fiz um teste e eu tô grávida!
Paula abre um sorriso enorme e Vanessa entrega o teste de gravidez para a mãe, que analisa e confirma o resultado.
PAULA: – Ai meu Deus, que notícia maravilhosa! Finalmente, a gente vai tirar a barriga da miséria! Você tá gerando um filho do Ricardo Trajano, nós estamos milionárias!
Vanessa dá pulos de alegria e Paula abraça a filha, comemorando muito a gravidez. Vera aproxima-se e abraça Vanessa também.
VERA: – Querida, eu tenho muito orgulho de você. Uma menina guerreira, que sabe o que quer, correu atrás do seu sonho e agora tá aí, grávida do ricaço. Parabéns!
VANESSA: – Obrigada! Ai gente, eu estou sem palavras, é muita emoção!
PAULA: – Bom, vamos comemorar! Vou ligar pro barzinho entregar uma pizza e um engradado de cerveja, hoje eu quero ver estrelas!
Paula dá uma gargalhada e Vera concorda, enquanto Vanessa alisa sua barriga pensando no filho que cresce em seu ventre.
CENA 02: MANSÃO DA FAMÍLIA TRAJANO, EXTERIOR, MANHÃ.
Heloisa e Ricardo estão sentados num banco do jardim, próximos a piscina, aonde Pietra nada com auxílio de uma boia.
RICARDO: – A refinaria de petróleo tem ido muito bem, estou pensando em começar a programar nossa viagem para algum lugar com neve.
HELOISA: – Será fantástico, meu amor! O sonho da Pietra é conhecer a neve. A gente podia ir ao Chile, é aqui pertinho. Seria até uma novidade para nós, pois não conhecemos ainda a Cordilheira dos Andes.
RICARDO: – Tem razão, meu amor. Eu adoraria continuar com vocês aqui, mas preciso ir a Araucária. Volto daqui alguns dias.
Ricardo dá um beijo em Heloisa e acena para Pietra, indo até seu carro e partindo para a cidade vizinha. Miguel, que estava lustrando o carro, aproxima-se da piscina e observa Pietra na água.
PIETRA: – Tio Miguel, traz o Davi pra brincar comigo de novo? Tô com saudades dele…
HELOISA: – Ah, seria ótimo se ele viesse para brincar contigo na piscina. Ele gosta de piscina, Miguel?
Miguel fica abalado com os pedidos e se afasta sem responder nada, deixando Heloisa e Pietra sem compreender o que houve.
CENA 03: MANSÃO DA FAMÍLIA AMORIM, INTERIOR, MANHÃ.
Marina e Davi estão brincando de adoletá na sala. Marina se atrapalha com a brincadeira, mas Davi ensina para ela. Logo, Olga entra na sala com uma bandeja de suco e uma fatia de bolo, colocando na mesa de centro na sala.
OLGA: – Ai, mas que alegria ver os dois se divertindo!
MARINA: – Pois é, Olga. Eu e o Davi estamos nos dando muito bem né?
DAVI: – É, você é muito legal comigo.
MARINA: – E o Ivan, não é legal?
DAVI: – É sim, mas ele fica pouco em casa.
MARINA: – Davi, amanhã você começa a estudar na sua nova escola. Você vai conhecer novos amigos, novas professoras, será muito legal. Tenho certeza que você vai gostar, é uma escola linda!
DAVI: – O meu irmão gêmeo estudou lá?
Marina e Olga se olham, impressionadas com a espontaneidade de Davi.
MARINA: – O João estudou lá sim, ele gostava muito dessa escola, sempre teve muito carinho pelas professoras. Tomara que você goste tanto quanto ele!
Davi sorri e desce do sofá, indo até o banheiro. Olga senta ao lado de Marina no sofá.
OLGA: – Dona Marina, o Davi chamou o João de irmão! Tô pasma!
MARINA: – Estamos tendo um lento progresso, Olga. Aos pouquinhos, o Davi está se aproximando de nós. Ele ainda pergunta da Luiza e do Miguel, mas é menos que antes.
OLGA: – Mas ele ainda não te chamou de mãe e o Ivan de pai, não é?
MARINA: – Infelizmente não… Dói não ser reconhecida por ele, mas eu tenho fé que logo ele vai me reconhecer! Bom, eu vou passear pelo shopping um pouco, volto mais tarde. Cuida bem do meu filho!
Olga compreende e Marina pega sua bolsa e sai de casa.
CENA 04: SHOPPING, INTERIOR, MANHÃ.
Luiza está caminhando pelo shopping, fazendo algumas compras. Ela observando os preços das vitrines e admira as roupas, mas compra somente o que está em liquidação. É quando ela avista Marina caminhando pelo corredor do shopping e fica pálida. Luiza sente um misto de sentimentos e não sabe se aproxima-se ou não. Movida por um desejo maternal, ela se aproxima. Quando Marina percebe Luiza em sua frente, ela também fica pálida. Elas se olham fixamente em silêncio por um tempo.
MARINA: – Oi, tudo bem?
LUIZA: – Tudo péssimo. E você?
MARINA: – Tudo bem, graças a Deus.
LUIZA: – E o Davi? Como ele está?
MARINA: – Tá bem, se adaptando a nova vida.
LUIZA: – Ele pergunta muito de mim e do meu marido?
MARINA: – Luiza, eu preciso ir embora agora. Até qualquer dia!
Marina põe óculos escuros e sai, mas Luiza a segue.
LUIZA: – Na minha casa ou na sua?
Marina para de caminhar e se vira para Luiza, intrigada.
MARINA: – O quê?
LUIZA: – A gente precisa conversar seriamente. Vai ser na minha casa ou na sua?
Marina fica pensativa e Luiza a encara seriamente.
CENA 05: PENSÃO TITITI, QUARTO DE VERA, INTERIOR, TARDE.
Vera está lendo uma revista na cama quando Antonia entra no quarto sem bater.
VERA: – Isso são modos, sua louca?
ANTONIA: – Cale-se e me pague o aluguel!
VERA: – Pago sim, com o meu silêncio.
ANTONIA: – Querida, eu pouco me importo com a morte da sua língua, eu só quero o pagamento do aluguel do seu quarto. Vamos, dá a grana!
VERA: – O meu silêncio vale ouro, Antonia. Esqueceu que eu sei do seu caso com o Gean? E você presa com algemas na cama dele, não tem nem como negar, ele pagava o aluguel com sexo. Que pervertida hein, sua papa-anjos!
ANTONIA: – Cale-se, sua cleptomaníaca! Eu vou contar pra todo mundo que você foi a ladra do aluguel do mês passado! Não duvido nada que tenha roubado até a Paula mesmo sendo amiga de fofoca dela!
VERA: – Isso é um distúrbio, eu roubo por um defeito no DNA, já você é uma safada que se esconde embaixo de uma carcaça de santa!
ANTONIA: – Se você é cleptomaníaca, então eu sou ninfomaníaca e fim de papo! O Gean já foi embora e só você nos flagrou, então, será a sua palavra contra a minha. Em quem todo mundo vai acreditar? Em mim, que sempre fui uma pessoa exemplar e dona de uma pensão de família, ou em você, que é uma ladrazinha vulgar? Vamos nos poupar, querida, paga o aluguel em dinheiro ou tá na rua!
Vera sente-se pressionada e vê que perdeu o trunfo contra Antonia. Ela abre a bolsa, pega o dinheiro do aluguel e entrega a Antonia.
ANTONIA: – Você não trabalha, então, quantas pessoas você rouba pra pagar o aluguel, fora essas bijuterias vagabundas e essas roupas de brechó que você usa?
Vera fica calada e Antonia sai do quarto, rindo.
CENA 06: PENSÃO TITITI, INTERIOR, TARDE.
Paula entra na pensão com um maço de dinheiro nas mãos, contando as notas de reais. Logo, Antonia desce as escadas e vê o dinheiro, arrancando das mãos de Paula.
PAULA: – Que isso? Devolve meu dinheiro, sua maluca!
ANTONIA: – Hoje é dia do pagamento de aluguel, esqueceu?
PAULA: – Mas eu fiz o jogo do bicho e ganhei, o dinheiro é meu!
Antonia conta o dinheiro e dá cinco reais para Paula.
ANTONIA: – Toma, sobrou isso do jogo do bicho, o resto é o aluguel. Você tem sorte, parabéns!
Antonia ri e vai cobrar outros moradores, deixando Paula enfurecida.
PAULA: – Que ódio dessa mulher! Mas eu vou suportá-la por pouco tempo, pois tem uma mina de ouro crescendo na barriga da Vanessa, logo eu saio dessa espelunca.
Paula respira fundo e sobe para seu quarto, revoltada.
CENA 07: CASA DA FAMÍLIA AMARAL, INTERIOR, TARDE.
Marina entra pela primeira vez na casa de Luiza e Miguel. Ela observa a simplicidade da casa, local aonde Davi cresceu até hoje. Fotografias de família espalhadas pelos móveis despertam a curiosidade de Marina.
LUIZA: – Minha casa não é nenhum luxo, mas a gente vive com muito amor.
MARINA: – Dinheiro e amor nunca foram sinônimos. Bom, diga o que você gostaria de falar comigo, Luiza.
LUIZA: – Só há um assunto que nos une: o Davi. Vejo que você está muito feliz com o Davi na sua casa. Mas eu estou em pedaços.
MARINA: – Olha, eu imagino a sua dor, mas se coloque no meu lugar. Eu perdi meu filho com 20 anos de idade e quando resolvo trazer a vida o irmão gêmeo dele, eu descubro que está em outra família.
LUIZA: – Se coloque no meu lugar também. Eu fui até a clínica para fazer uma fertilização in vitro, o embrião foi feito e inseminado em mim, aí 5 anos depois eu descubro que esse embrião era de outro casal.
MARINA: – Nós duas fomos vítimas do Dr. Vitor.
LUIZA: – O doutor é culpado sim, mas será que você também, não é?
MARINA: – Eu? Mas que culpa tenho, Luiza? Fui eu quem te inseminou errado?
LUIZA: – Você não sabe o que é ser mãe de verdade. Se soubesse, não diria que entre eu e o Davi não há ligação alguma.
MARINA: – Eu não sei o que é ser mãe? Luiza, você não sabe o que diz! Eu sempre tive o sentimento materno aflorado, eu fui uma excelente mãe para o João, eu defendi meu filho com unhas e dentes, o amei incondicionalmente! Agora com o Davi, eu o senti como filho desde o primeiro dia em que o vi, foi um sentimento maternal imenso! E você vem dizer que eu não sei o que é ser mãe?
LUIZA: – Se você tivesse esse sentimento maternal mesmo, não seria capaz de dizer que eu fui uma mera barriga de aluguel. Você acha que entre mães e filhos só há ligação de sangue? Somente a consanguinidade que importa? O Davi pode não ter meu sangue, mas ele é meu filho. Eu sinto o Davi como meu filho e ele me sente como mãe. Você e o Ivan podem ter transmitido todo o DNA ao Davi, mas isso não significa que eu vou deixar de ser mãe dele. Os laços de afeto que me ligam ao Davi são inquebráveis e não tem DNA no mundo que vai destruir isso!
MARINA: – Eu não questiono o seu papel na vida do Davi, foi importante sim. Você e o Miguel criaram o Davi com muito amor, mas como fica eu e o Ivan nessa história? Ele tem o nosso sangue, há uma ligação entre nós com essa criança. O Davi é gêmeo do João, isso nos liga ainda mais! Os laços de afeto são importantes, mas os laços de sangue também são. Se alguma pessoa tivesse gerado o seu embrião, você não lutaria pela guarda dele? Não o consideraria como filho?
LUIZA: – E se você descobrisse que o João não era seu filho, que houve uma troca de embriões, você aceitaria entregá-lo a família genética sem lutar?
MARINA: – Luiza, nós não vamos chegar a lugar algum com essa conversa. Eu entendo a sua revolta, mas eu não tenho culpa nenhuma. O Dr. Vitor trocou os embriões, o Davi tem o meu sangue e é gêmeo do meu filho falecido, eu não abro mão de exercer meu papel de mãe na vida dele. Eu amo o Davi, ele já faz parte da minha vida e eu sinto muito se aquele geneticista destruiu o seu sonho e do Miguel.
LUIZA: – O DNA pode transmitir algumas características importantes para as pessoas. A personalidade, a cor dos olhos e dos cabelos, a imunidade a doenças, mas uma coisa o DNA não transmite: os sentimentos. O Davi está vivendo com você, mas ele não te sente como mãe. É a mim que ele sente como mãe, eu o criei.
MARINA: – Eu e o Ivan estamos criando afinidade com o Davi e um dia ele vai nos reconhecer como pais. As ligações sanguíneas também são fortes, Luiza, elas sabem “falar” quando o assunto é família. Espero que você e o seu marido consigam digerir essa situação logo, pois não há como remediar. Agora, eu vou voltar pra casa, tenha um bom dia!
LUIZA: – Antes que você saia, fique sabendo que o meu advogado está estudando uma forma de recorrer da sentença. Eu tenho fé em Deus que o Davi vai voltar pra mim.
MARINA: – Se Deus for realmente justo, o Davi vai continuar comigo, pois eu sou mãe dele sim e isso é inquestionável. Eu já reconheci o papel importante que você desempenhou na vida do Davi, agora abaixe o seu orgulho e reconheça que eu e o Ivan também somos importantes na vida desse menino daqui pra frente. Passar bem, Luiza.
Marina põe os óculos e sai da casa, deixando Luiza desolada. Ela senta no chão e chora compulsivamente, enquanto observa os porta-retratos de família.
CENA 08: MESES DEPOIS.
Nove meses se passaram. Davi continua sob guarda de Marina e Ivan. O menino demorou muito para se acostumar com a nova família e com a saudade de Luiza e Miguel. Davi tem carinho por Marina e Ivan, mas tem dificuldades em chamá-los de pais. Luiza e Miguel seguem revoltados com a realidade, não aceitando a falta de Davi. Eles nunca mais viram o menino e seguem na esperança do advogado conseguir recorrer da sentença. Vanessa fez todos os exames necessários durante a gestação e o bebê se desenvolveu bem. Antonia segue com sua ganância pelo aluguel e sua mesquinhez na pensão, deixando Paula e Vera indignadas, assim como os outros moradores. Dr. Vitor ainda não foi julgado pelo Conselho Regional de Medicina do Paraná, pois a burocracia do órgão público sempre adia o julgamento. Ricardo e Heloisa seguem felizes com seu casamento, mas aflitos com o tratamento de Pietra, que teve altos e baixos com sua saúde nesses meses.
CENA 09: PRAÇA MUÑOZ GERMANO, PUNTA ARENAS CHILE, EXTERIOR, TARDE.
O sorriso no rosto de Pietra estampa a felicidade em tocar na neve pela primeira vez. Ricardo e Heloisa assistem a cena, emocionados. Pietra pega um pouco de neve nas mãos com luvas e joga para o alto, se divertindo muito. A família está de viagem ao Chile, no extremo sul do país, numa colônia chamada Punta Arenas. É inverno e neva muito, tanto que a Praça Muños Germando está com o chão e as copas das árvores cobertas de neve.
HELOISA: – E então, filha, tá gostando da neve?
PIETRA: – Sim, é uma delícia essa areia fofinha!
RICARDO: – Neve não é areia, Pietra, é água congelada. Tá vendo como tá caindo neve do céu? Pois é, no inverno, tem cidades que ao invés de cair chuva, cai neve!
PIETRA: – Poxa, no Brasil devia cair neve também, seria muito legal! Eu acho que vou levar um pouquinho de neve pra Tia Inês.
HELOISA: – Meu amor, quando você chegar ao Brasil, a neve já estará derretida e virou água. Venha, vamos passear pela praça.
Heloisa segura na mão de Pietra e caminha com ela e Ricardo pela praça famosa. Eles observam os monumentos e as belezas da paisagem. Ao fundo da cidade, é possível ver a Cordilheira dos Andes, uma das maiores cadeira de montanhas do mundo. Pietra vê uma estátua gigante e fica em frente a ela, intrigada.10
PIETRA: – Quem é, papai?
RICARDO: – Essa estátua é em homenagem a Fernão Magalhães. Ele era um navegador de Portugal e se tornou importante ao ser o primeiro europeu a chegar nessa cidade em 1520. Nós estamos numa cidade no extremo sul do mundo, filha, imagina como deve ter sido difícil para ele chegar aqui de navio há mais de 500 anos atrás?
PIETRA: – Meu Deus, que corajoso! Mas porque a praça tem outro nome? Quem foi a pessoa que deu nome à praça, papai?
RICARDO: – A praça tem esse nome em homenagem a Benjamin Muñoz Germano, que foi um importante político no Chile. Ele foi senador do país e foi até governador aqui de Punta Arena, em 1850.
HELOISA: – Nossa, meu amor, como você é inteligente! Eu nunca tinha ouvido falar dessa cidade nem dessas pessoas.
PIETRA: – O papai tem um livro dentro da cabeça, só pode! Quando eu crescer, eu quero me formar na faculdade e ser tão inteligente como você!
Ricardo e Heloisa sorriem e abraçam Pietra coletivamente, com a neve caindo em suas cabeças e o vento frio batendo em seus rostos.
CENA 10: PARQUE BARIGUI, EXTERIOR, TARDE.
Marina, Ivan e Davi fazem um piquenique num sábado ensolarado. Felizes, eles sentam embaixo da sombra de uma árvore e aproveitam a beleza do parque de Curitiba.
IVAN: – Tem coisa melhor do que passar uma tarde gostosa em família? Ao lado da mulher que eu amo e do melhor filho do mundo, eu estou no paraíso!
MARINA: – Seu bobo! Você é que é muito especial!
Marina beija Ivan e Davi ri, inocente, achando graça da situação. O casal ri também, felizes com a paz entre eles.
DAVI: – Eu acho que já ouvi o nome desse parque lá em casa. Barigui… não me é estranho!
IVAN: – Você deve ter ouvido porque foi nesse parque que o seu irmão morreu. O carro do João capotou aqui no parque e caiu no lago, ele desmaiou com o impacto e morreu afogado.
DAVI: – Nossa, coitado!
MARINA: – Pois é, mas não vamos lembrar de coisas tristes, vamos falar de coisas boas!
Ivan e Davi concordam e seguem conversando e comendo os quitutes feitos por Olga. Naquele momento, Miguel passeia de bicicleta pelo parque, em meio a outros ciclistas e pedestres. Vestindo uma roupa esportiva, ele passeia bastante, até que cansa e faz uma pausa na sombra de uma árvore. Ele bebe um pouco de água na garrafa que trouxe e observa a paisagem. Porém, ao olhar para o lado, ele vê Davi fazendo piquenique com Marina e Ivan. Miguel fica em choque, pois é a primeira vez que vê o filho desde que saiu a sentença do juiz, há nove meses. Sem pensar duas vezes, Miguel se aproxima deles, com os olhos marejados e sem nenhum notar sua aproximação.
MIGUEL: – Davi?
Davi vira para trás e vê Miguel. Marina e Ivan notam sua presença e ficam pálidos. Miguel sorri e se ajoelha, abrindo os braços. Davi levanta-se e corre até Miguel, sorrindo.
DAVI: – Papai, que saudades!
Davi abraça Miguel com força, que deixa escorrer uma lágrima. Marina e Ivan observam a cena com descontentamento, pois não queriam esse reencontro. Miguel e Miguem seguem abraçados e emocionados.